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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

[Bíblia] Sabedoria [II]

 O estilo de texto lembra um pouco o de Provérbios nessa primeira parte, como uma espécie de guia para a vida. Logo no capítulo dois uma reflexão interessante sobre a ideologia do "carpe diem", não que haja, realmente, uma ideia errada sobre ela, mas sua interpretação pode gerar alguns comportamentos duvidosos.

É verdade que somos livres, mas nem tudo na liberdade nos cabe, a misericórdia de Deus não é permissiva e nem cega a condutas erradas conscientes sem reflexão ou verdadeiro arrependimento e este se traduz no compromisso de não repetir a conduta ofensiva ao Senhor. Só porque "a vida é curta" não implica que devemos vivê-la de modo desenfreado nos entregando nas mãos da perdição para "aproveitar ao máximo", de que vale alguns anos de êxtase aqui para uma eternidade de sofrimento? Nós já vivemos em um mundo com a praticamente ausência do temor a Deus e estamos diante dos resultados, uma eternidade disso não parece nada atraente.

Precisamos resguardar nossa alma e tentar viver da forma mais plena e santa possível às nossas limitações, é por esquecer os valores divinos que o mundo mergulhou nessa escuridão.

Outro ponto que me tocou, este no capítulo um, se refere ao poder do nosso pensamento na nossa relação com Deus. Embora a ciência muito nos alerte sobre a força deles na vida, a bíblia fala que o mesmo se aplica ao Senhor, pensamentos ruins afastam Deus de nós e nós dele, tal como a força das nossas palavras, tão poderosas para o bem ou o mal quanto nossa mente. E a palavra é clara, cada pequena palavra saída da nossa boca tem um peso que será cobrado de nós. Então devemos nos abster de criticar o outro, maldizer, praguejar e amaldiçoar.

Desde Provérbios, os livros vêm com certo enfoque na sabedoria, ora ela se personifica como alguém advindo de Deus, uma força sobrenatural provinda do alto, ora ela é mostrada como o próprio Deus, Senhor e dono de todas as coisas. Por isso, os autores a buscam com afinco e expressam de modo ardoroso seu desejo de alcançá-la porque apenas através dela é possível viver de uma maneira que agrada ao Senhor e conhecer sua vontade. A oração de Salomão pela sabedoria é belíssima e mostra, mesmo antes de receber o sopro sábio do Senhor, quão sábio já era em si.

Além de reconhecer as obras criadas por Deus e a trajetória do papel dela na história do povo, o livro aponta um ponto importante que culmina na vinda de Cristo e, usando a história do povo, dá como prova o fato irrefutável do amor de Deus para com a humanidade. Se a vinda de Cristo foi o ponto alto do amor de Deus, ao longo do caminho que a antecedeu esse amor já se manifestava.

Teria sido fácil para Deus, em diversas ocasiões, ter destruído toda a humanidade egoísta e desobediente. Mas, mesmo em sua cólera, prevalece sempre a misericórdia, o desejo que houvesse conversão, arrependimento. Ele punia duramente, mas sempre com peso calculado para mostrar onde se estava errado e oferecer chance de rendenção. Até o último segundo, Deus tenta nos salvar, mesmo conhecendo nossa natureza perversa, seu coração continua esperando nosso retorno.

Para minha surpresa, o livro mostra o que seria a origem da idolatria e vem de um pai que, devastado pela perda precoce do filho, manda fazer uma imagem dele e passa a lhe prestar culto, passando essa tradição aos outros membros de sua família e estabelecendo certos rituais. Isso me lembrou bastante a cultura do culto aos ancestrais do continente Asiático. Na verdade, todo esse capítulo soou como uma dura crítica a religiões como o xintoísmo, fundamentada no culto à natureza. E desde aqui o livro já alertava sobre seitas com preceitos estranhos que podemos acompanhar ao longo da história e que, vez ou outra, são descobertas por aí.

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