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domingo, 6 de outubro de 2024

[Bíblia] Judite — Parte II

A Vitória do Povo Judeu

Chegando Holofernes a Betúlia, cortou o arqueduto que levava água para a cidade e pôs guardas em todas as fontes impedindo o fornecimento. O povo começou a se impacientar e dizer a Ozias que entregasse a cidade antes que começassem a morrer de sede. Este, porém, pediu-lhes que esperassem mais cinco dias pela resposta do Senhor. 

Ora, tudo isso chegou aos ouvidos de Judite, viúva de um rico homem que morrera no campo e mulher muito temente a Deus. Ela era muito estimada em sua comunidade e os repreendeu duramente por sua conduta que poderia inflamar a ira do Senhor contra eles. Aconselhando-os a mostrar sinceridade em seu clamor e orar por ela no empreendimento que planejava executar.


Judite então entrou em seu oratório e, prendendo seu cilício na altura dos rins, cobriu a cabeça de cinzas e fez uma prece suplicante para que o Senhor a atendesse e colocasse em suas mãos o inimigo que ameaçava seu povo. Terminando sua oração, saiu do oratório e desceu à sua casa, pedindo a sua criada para lhe ajudar a vestir, ornou-se com suas melhores vestes e joias e o Senhor lhe concedeu graça e formosura ainda maiores, a fim de que alcançasse seu propósito. Saiu então de Betúlia e desceu o caminho, sendo encontrada por guardas assírios que lhe indagaram quem era e para onde ia.

Ela, então, mentiu dizendo ter fugido do meio dos judeus, pois eles seriam mortos por Holofernes e, desse modo, unir-se-ia a ele para lhe revelar um meio de entrar com sucesso na cidade. Encantados por sua beleza, levaram-na para o general que imediatamente foi capturado pela formosura dela. Questionada novamente por ele a respeito de sua partida do meio de seu povo, proferiu um discurso sobre como Deus estava irado pela iniquidade do povo e a enviou como um sinal de que os entregaria nas mãos de Holofernes por intermédio dela. Agiu de maneira altiva, mas forjando certa submissão, encantando ainda mais o general. Rejubiloso por aquelas palavras, se viu muito satisfeito e concordou em proceder de acordo com as orientações dela.

Holofernes mandou instalar Judite em uma tenda, mas ela recusou o ouro e as provisões que lhe concedeu, pedindo apenas a liberdade para sair e orar a Deus, ao que o general ordenou aos seus homens que lhe permitissem sair quando lhe aprouvesse. Manteve-se, então, pura por três dias enquanto pedia a Deus que guiasse seus passos no empreendimento de libertar o seu povo.

O general de Nabucodonosor ofereceu, no quarto dia, um banquete aos seus convidados e enviou seu eunuco para persuadir Judite a se juntar a ele e ser sua concubina. Ela se vestiu com requinte e apresentou-se diante dele, mas cuidou de não tocar na comida pagã e comeu apenas o que sua serve preparou enquanto Holofernes embriagou-se. À noite, saindo todos os oficiais e o eunuco do general, Judite disse à serva que ficasse fora vigiando e orou pedindo força a Deus. Aproximou-se da cama onde Holofernes dormia bêbado e decepou-lhe a cabeça com sua própria espada. Enrolou-a no cortinado da cama e entregou à sua serva para colocar na cesta de provisões. Como tinha permissão para sair, ninguém as parou quando atravessaram o acampamento e, assim, retornou vitoriosa para Betúlia.

Sob sua orientação, após exibir a cabeça do inimigo, os hebreus saíram em marcha contra os assírios. Aos descobrirem morto seu general, foram tomados de pavor e fugiram sendo perseguidos pelos judeus que os aniquilaram. Todos os despojos abandonados no acampamento foram confiscados pelos judeus e grande festa se celebrou em toda a cidade. Aquior foi circuncidado e acolhido no meio do povo e Judite foi aclamada por todo povo pela demonstração de coragem, virtude e castidade.

O livro de Judite é um chamado à coragem em tempos difíceis. Deus favorece aqueles que andam em seu caminho e guardam seus mandamentos, protegendo-os do mal. Como uma guerreira, confiando naquele que lhe deu a vida, Judite não abdicou de sua pureza e não usou seu corpo para atingir seu objetivo. A sensualidade não deve ser confundida com promiscuidade ou vulgaridade. Somos templos do Senhor e nossa imagem deve refletir o conteúdo do nosso coração. Vale recordar que, no antigo testamento ainda prevalece a sangrenta lei de Talião onde a crueldade e a vingança eram os meios que justificavam os fins. Cristo, em sua vinda, ressignifica essa lei em favor da compaixão, mansidão, perdão e confiança na justiça divina. Não devemos jamais espelhar nossas ações na lei antiga, mas na nova aliança firmada por Jesus.

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