domingo, 26 de janeiro de 2025
[Bíblia] Jó
[Livro] Inesquecível Aventura / Sonhos do Passado
Em uma situação de nervos beirando o colapso, Clare é levada pela avó que a cria como uma mulher forte. Mas nunca foi capaz de esquecer o que aconteceu no passado. Agora, com a avó muito doente, ela se vê forçada a largar seu emprego no ramo de hotelaria para cuidar dela e os custos da cirurgia são muito altos. Por isso, aceita o emprego de governanta na casa de Giles, um empresário no ramo do paisagismo. Clare tem a sensação de já tê-lo visto antes, mas sua mente se recusa a acreditar que ele é o mesmo homem que a tocou anos atrás.
Giles, porém, a reconhece e vai usar todo o seu poder para se vingar dela por ter sido enganado anos atrás, algo que culminou na destruição da sua vida.
Olha, não importa o quanto o sentimento seja profundo, mágoa ou "amor", não é não. Forçar uma mulher a ter relações sem consentimento, mesmo que o corpo dela grite por isso, se a boca diz NÃO, o homem PARA. É como deve ser. O mesmo vale pro contrário. Quando cheguei em determinada parte desse livro não tive como não me sentir muito enjoada e enojada. Estupro não tem justificativa. Romantizar isso com amenizações só torna tudo pior. Me lembrava muito pouco dessa história, mas fiquei realmente chocadíssima quando vi aquelas cenas absurdas de chantagem dele. Repito: NADA JUSTIFICA.
Pra mim esse é o tipo de crime mais covarde e hediondo que se pode cometer contra uma mulher. Então, seja em livro, drama, série, no que for, quando ler sobre um CEO ou multimilionário humilhando mulheres, tratando-as como objeto pra se vingar de X ou Y que aconteceu na sua vida, mas depois se arrepende como cachorrinho por descobrir que não era culpa dela, não ache bonito e nem torça por ele só pela boa aparência.
A segunda história se redime um pouco, embora não seja muito melhor em termos de problema. Mas vamos lá. Sorrel é uma jornalista enviada pelo seu editor para conseguir provas de que o banqueiro milionário Matt Ramirez tem parte no comércio ilegal de armas e drogas. O que ela não esperava, contudo, era se apaixonar por Matt no meio da sua investigação. Porém, Matt é avisado por um amigo sobre o fato de ela ser jornalista e a confronta, colocando um fim ao relacionamento dos dois e no noivado que planejava iniciar.
Devastada, ela vai embora, larga o emprego no jornal e tenta esquecer de Matt, embora não tenha sucesso nessa parte. Cinco anos depois, agora sócia de uma empresa de tecnologia, Sorrel tenta levar sua vida da melhor forma, doente, se refugia alguns dias na praia, na casa do seu sócio. Todavia, o destino está mais que empenhado em colocar Matt na sua vida e, sem querer, eles acabam se encontrando num momento muito ruim. Dois empresários poderosos do país dele estão travando um grande acordo comercial e, desconfiado que ela está ali apenas para espioná-los para o jornal, ele a sequestra.
Sim. Sequestro. Essas autoras americanas tem uns fetiches bem duvidosos. Contudo, ao contrário do embuste da história anterior, esse pelo menos respeita o "não" da personagem. Sempre que está para acontecer uma coisa e ela expressa que não quer, ele recua como deve ser. Pelo menos isso. Claro que os velhos sentimentos começam a dar as caras, mas ela acaba perdendo a esperança de provar inocência porque não importa o que diga ele não acredita nela. E mesmo quando se prova que ela não estava ali para espiar, ele continua desconfiando dela.
Age como idiota, admite que é um idiota e pede perdão. Dos ruins, foi o mais justificável e só relendo isso é que vejo como a falta de criticidade e informação na adolescência pode ser perigoso quando vemos certos comportamentos sendo romantizados e achamos perdoável ou normal quando, na verdade, não é. Basicamente é sempre homens cheios de dinheiro se achando no acima de qualquer lei com mulheres de espírito fraco sendo coagidas por problemas financeiros e ficando à mercê desses homens. Masculinidade tóxica e mulheres que perdem qualquer argumento quando veem um corpo sarado. Deus, eu era uma adolescente muito cabeça oca mesmo. Pelo menos se justifica que, na minha época, falar de sexo era tabu, não é como hoje que se conversa sobre isso no chá da tarde, ainda assim, preocupante.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
[ Livro] Irresistível atração/ Ardiloso Sedutor
Autor: Allison Kelly / Lynne Graham
Coleção Bianca Duas Historias, nº 634
Gente, esse é o puro suco da minha adolescência! Li esse livro na escola pelo menos três dezenas de vezes, não pela primeira, mas pela segunda história. Inclusive, esses livrinhos foram minha porta de entrada para a escrita de romances e me ensinaram os meus primeiros passos para criar minhas primeiras histórias numa época em que eu não fazia ideia do que era escrita criativa. Como bem dizem, eu tinha uma caneta e um sonho hahahaha
Esse não foi o primeiro que li, mas um que resenharei em seguida, contudo, era um dos meus favoritos e pude, muitos anos depois, encontrá-los em um sebo online, fiquei bastante alegre, porque eram histórias que desejava muito revisitar.
Na primeira história, Bart está a espera da sua nova contadora, indicada pela sua irmã, Marilyn, embora ele não acredite muito no potencial de Alessandra quando ela chega de short, blusa colada e cabelos curtos descoloridos no rancho dele. Por mais linda que fosse, ela era diferente de qualquer mulher que ele houvesse conhecido e, sobretudo, do que achava que uma mulher devia parecer segundo seu ponto de vista.
Contudo, para sua surpresa, ela se mostra não apenas eficiente com os números, mas com o trabalho braçal também, além de ser inteligente. Bart tem uma filha adolescente na fase rebelde a quem quer impor a imagem da mãe falecida e, sem intenção, Alessandra começa a se envolver na vida da adolescente cumprindo o papel de irmã mais velha. E isso começa a incomodar Bart, uma vez que os modos de Alessandra não são os mais femininos, porém, em contrapartida, ele se vê loucamente atraído por ela (sem motivo nenhum) e a recíproca é verdadeira.
Só que, para isso dar certo, ele precisa não somente admitir que sente alguma coisa por ela, mas parar de ter medo disso.
Te dizer, lembrava zero dessa primeira história e não gostei tanto não. Além dessa atração instantânea entre os personagens que não se justifica em nada além de atração física, achei a Alessandra bem irresponsável em alguns momentos com a ideia errada de passar a pose de "liberal". Talvez eu tenha outros valores. Mas a primeira vez que li lembro vagamente de não ter gostado muito também, tanto é que não recordava.
Já em Ardiloso Sedutor nós temos vizinhos de infância, cujas famílias alimentam rancor mútuo bem ao estilo Romeu e Julieta, que se reencontram muitos anos depois. Chrissy é uma jovem naquela personalidade de Paulina Martins, boa demais que chega a ser besta. Desde a infância, sendo a mais nova e não planejada, ela era excluída pelo pai e vivia às voltas com uma mãe deprimida que não tinha nenhum afeto do pai novo rico cujo único amor era o dinheiro.
Blaze, um herdeiro milionário, é conhecido pelos seus casos amorosos cheios de escândalo e por não levar nenhuma mulher a sério. No passado, ele estava noivo da irmã mais velha de Chrissy, mas um crime cometido por ela e o pai pôs fim ao noivado, só que Chrissy nunca soube disso. Além do mais, ela e Blaze protagonizaram um evento traumático que nunca lhe saiu da mente e a assombrava ainda na vida adulta.
O reencontro não é dos melhores e ela ainda perde o emprego por causa dele. Sozinha e sem ter o que fazer, ela se pergunta o que será da sua vida quando Blaze reaparecer para descobrir a enrascada que ela se meteu por estar criando uma criança sozinha. Criança essa que é sua irmã, fruto do relacionamento da mãe com o amante que a abandonou logo depois, mas ela não desmente quando ele acha que é sua filha. A última coisa na sua lista é se envolver com Blaze, mesmo ele se mostrando atencioso e gentil com ela.
Contudo, quando ele lhe oferece um emprego de governanta, ela se vê forçada a aceitar por causa de Rosie, a menina precisava de estabilidade e todo o conforto que Chrissy pudesse oferecer. Mas as coisas se complicam quando sua irmã reaparece disposta a conquistar Blaze e passa a infernizar a vida de Chrissy lançando dúvidas no motivo dele a estar ajudando e fazendo tudo para tirá-la da vida dele.
Para salvar o bebe da irmã, Chrissy acaba inventando uma mentira cruel para Blaze da qual vai se arrepender amargamente depois.
Embora me lembrasse de boa parte da historia, alguns detalhes haviam escapado da minha memória. Ainda gosto muito dela, claro, mas com a maturidade algumas coisas começam a incomodar como a relação não totalmente consensual entre os dois no casamento forçado, por mais que a autora tenha colocado que a personagem não conseguia resistir, ela não estava realmente de acordo com aquilo e mesmo magoado Blaze devia ter respeitado o não dela. Isso foi um ponto que me incomodou muito.
Outra coisa foram as atitudes quase infantis da personagem, ela passava uma imagem de trouxa, no sentido mais amplo da palavra. Não digo para buscar vingança contra a família, mas insistir em quem só nos faz mal é burrice, mesmo que seja do nosso próprio sangue. Tiveram umas atitudes dela que eram muito idiotas. Ainda assim devo ser mais trouxa, porque gostei tanto quanto da primeira vez que li.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
[Livro] Os Elefantes Não Esquecem (+Filme)
Autor: Agatha Christie
Ano: 1972
Gêneros: Mistério, Ficção policial
Sinopse: “Foi a mãe dela que matou o pai ou foi o pai que matou a mãe?” Ariadne Oliver fica pasma com a impertinência da sra. Burton-Cox ao lhe perguntar, tão casualmente, sobre o trágico passado de sua afilhada, Celia Ravenscroft. Mesmo assim, a questão desperta sua curiosidade, pois o caso nunca foi esclarecido. Para investigar esse crime, Ariadne pede ajuda ao detetive Hercule Poirot. Ele tem certeza de que a resposta ainda está na memória das antigas testemunhas – e agora cabe a ambos remexer o passado e descobrir como as peças desse complexo quebra-cabeça se encaixam. Publicado em 1972, Os elefantes não esquecem foi um dos últimos livros escritos por Agatha Christie. Para além de um mistério intrigante, o romance esconde nas entrelinhas revelações autobiográficas sobre a autora.
Por alguma razão que não me lembro, quando li esse livro pela primeira vez em 2016 não escrevi resenha alguma sobre ele. Ano passado, fazendo meu caderno de leitura, me dei conta disso e coloquei como uma das releituras desse ano. Cá estamos.
Como uma leitora até voraz de Agatha, pois li bastante livros dela, não posso considerar esse como um de seus melhores trabalhos, tampouco é o pior, até agora o que menos gostei foi Noite sem Fim, contudo, é um livro clássico dela, daqueles envolvendo um mistério intrigante e, à primeira vista, insolúvel, especialmente por ser um caso acontecido mais de dez anos atrás.
Trazendo como uma das protagonistas a escritora Ariadne Oliver, ela vai por curiosidade a um almoço onde está sendo homenageada com outros escritores, é então abordada por uma matrona com ares autoritários que lhe faz um questionamento ousado e fora de tom sobre uma de suas afilhadas, Celia, referente a uma tragédia ocorrida com seus pais. Ela queria saber se foi o pai que matou a mãe ou o contrário, uma vez que ambos foram encontrados mortos em um penhasco. Chocada e furiosa, Ariadne diz à mulher que não pode ajudar e vai embora. A razão do questionamento se dá porque Celia está noiva do filho dela, Desmond.
Sem conseguir deixar de pensar no ocorrido, ela recorre a Poirot para saber o que fazer a respeito. Em algum lugar da sua mente também está curiosa com o que aconteceu já que, na época, nenhuma conclusão pautável foi encontrada pela polícia que fechou o caso como duplo suicídio. A própria Celia passa a ser assombrada pelo ocorrido com os pais, embora não tenha presenciado por estar em um pensionato na Suécia quando a tragédia aconteceu. Ariadne recorre então, junto com Poirot, aos "elefantes", pessoas que estavam por perto do casal na época dos fatos e que possa rememorar, com o máximo de precisão, sobre eles e o acontecido.
Refazendo os passos dos pais de Celia, Poirot vai montando um quebra-cabeças improvável que envereda por segredos sombrios de família e uma trama meticulosa envolvendo as pessoas do presente.
Ao contrário de outros livros de Agatha, esse não tem um desenvolvimento tão expansivo, as coisas se desenrolam até rápido demais. Poirot, como sempre, muito carismático não dá qualquer sinal de doença ou fraqueza para justificar seu doloroso final no próximo e último livro da autora, Cai o Pano. Aqui, pode-se dizer, ele está em sua melhor forma, embora não na mais ativa delas hahaha. Gostei do livro, é bom pra quem procura um suspense bem feito, um caso intrincado, mas sem muita enrolação.
A adaptação do livro está no primeiro episódio da décima terceira temporada da Série Agatha Christie's Poirot, como sempre é apenas parcialmente fiel ao livro, o filme criou algumas conexões e personagens que não estão presentes no livro, a linha de raciocínio é a mesma, mas certos eventos não acontecem na história. Contudo, manteve-se fiel por boa parte.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
[Livro] Uma farsa doce como mel
Autor: Thais Bergmann
Ano: 2024
Sinopse: Melissa não tem (e nem quer ter) sorte no amor. Apesar de ter uma vida social bastante agitada, não quer um compromisso sério. O problema é que, muitas vezes, os homens com quem ela sai acabam se apaixonando, não é à toa que ganhou o apelido de lábios de Mel. É por isso que Melissa já tem um plano pronto para colocar em ação sempre que um homem insiste em levar o relacionamento adiante: ela pede que Heitor, seu vizinho gostoso, finja que é seu namorado ciumento. Em geral, a tática dá certo, mas quando seu chefe — com quem ela passou uma única noite bêbada — aparece em sua porta, nada parece capaz de convencê-lo a deixá-la em paz. Então, quando Mel descobre que a empresa está planejando um evento em um ecoresort que vai durar um final de semana inteiro, convence Heitor a acompanhá-la como seu namorado de mentira. Ela só não esperava que fosse gostar tanto da sua companhia e muito menos que seu chefe fosse aparecer com uma esposa da qual Mel sequer sabia da existência.
[Livro] Contos de Fantasia Chineses
Ano: 2022
Gênero: Ficção
Sinopse: Há muito considerado uma obra-prima do fantástico e do misterioso, Contos de fantasia chineses é uma coleção de contos sobrenaturais compilados de antigas histórias folclóricas chinesas por Pu Songling no século XVIII. Esses contos de fantasmas, magia e outras coisas bizarras e fantásticas são um verdadeiro clássico da literatura chinesa e dos contos sobrenaturais em geral. Esta primeira edição brasileira contou com organização de Yao Feng e tradutoras que converteram a obra ao português brasileiro pela primeira vez. De preferência, pedimos ao leitor e à leitora que aproveite a leitura desses contos de arrepiar com as luzes apagadas em uma noite tranquila.
Embora mencione o budismo em alguns contos, prevalece aqui a crença taoísta. São contos de fantasmas e raposas de nove caldas, sobre pessoas que voltam à vida e romances improváveis bem a cara do que estamos acostumados a ver em dramas chineses de fantasia, com a diferença de não haver aqui grandes batalhas. Porém, nem todos os contos são meras histórias para entreter crianças ou adultos, boa parte deles tem uma moral séria que leva a algumas reflexões, e outros utilizam de metáforas, curiosamente usando lobos, para tecer críticas à corrupção das autoridades (e fiquei bastante curiosa sobre a razão de usar lobos para isso uma vez que, pelo meu parco conhecimento, eles são leais, prezam e respeitam a família e a hierarquia).
Algo interessante é que o próprio autor comenta ao fim de alguns contos, dando uma espécie de "explicação" para a história que escreveu. E em um dos contos, ele cita a si mesmo como amigo de uma das personagens e expressa que aquela história era uma reprodução do seu relato. Boa parte dos contos mostra como eram as relações na China antiga, tanto familiares quanto sociais, o que traz pra gente um bom tanto de cultura em especial para os curiosos com a história chinesa. E, algo que me chamava muito a atenção, era a espécie de "distanciamento emocional" sempre soava estranho pra mim, talvez por vir de uma cultura calorosa e de muita aproximação familiar. Em algumas historias, os filhos sumiam e os pais apenas lidavam como se fosse algo normal, em outras os pais apenas deixavam os filhos e iam embora como se não fosse nada de mais como em "A Imortal Qing E", pra nós, ocidentais, parece impensável.
Outros contos como "Sequelas de Um Sonho" devia ser lido por todo mundo. Algo muito legal nos contos chineses é que eles são, de alguma forma, bastante parecidos com as fábulas da gente, tem uma moral que nos lembra de valores que a sociedade parece ter esquecido. Outros nos levam a reflexões até bem bíblicas de alguma forma.
"(...) persuadir as pessoas a fazer o bem é como lhes dar uma azeitona. Embora de início seja amargo, a doçura virá com o tempo. Por outro lado, tentar as pessoas a fazer o mal é como dar-lhes um pedaço de carne podre. Quando a comem, podem não reparar em nada, a princípio, mas ao fim de algum tempo, caem mortas. Aqueles que ouvem maus conselhos devem sentir-se responsáveis, porém não devem também ser responsáveis aqueles que os dão?"
Gostei bastante do livro, demorei um pouco mais que o previsto para terminar, mas curti a leitura, algumas histórias mais que outras. Recomendo bastante para quem gosta de cultura e mitologia chinesa, embora seja uma mitologia bem reduzida se comparada ao número de criaturas e deidades dentro de suas religiões.
domingo, 5 de janeiro de 2025
[Livro] Frenesi
Gênero: Ficção literária
Ano: 2006
Sinopse: O livro reúne seis contos que têm em comum personagens que gostam de ler histórias de terror e acabam atormentados pelo medo na vida real, quando o que está nas páginas de seus livros começa a acontecer de verdade. De forma muito bem amarrada, as tramas se desenrolam num ritmo envolvente em que aquele friozinho na barriga indispensável a qualquer boa história de terror vem junto com uma curiosidade irresistível de virar a próxima página. O duplo terror do título está ligado à idéia de narrativas que carregam outras narrativas. Alguns contos fazem referências a clássicos do gênero de terror, como em "Gatos pretos", em que um rapaz está lendo o célebre conto "O gato preto", de Edgar Alan Poe, e vê surgir em sua janela, no décimo andar, um gato negro de olhos cintilantes que irá mudar sua percepção das coisas; no último conto do livro, "Frenesi", uma história que se passa em pleno carnaval carioca, os homenageados são João do Rio e Jean Lorrain e seus assustadores "O bebê de tarlatana rosa" e "Os buracos da máscara". Para quem está acostumado com as crônicas delicadas de Heloísa Seixas sobre o cotidiano carioca, Frenesi é uma surpresa. No entanto, a autora é fã de histórias de terror desde criança e conhece muito bem a vasta literatura do gênero. Ao misturar histórias inspiradas na literatura fantástica do século XIX a personagens jovens e cenários atuais, ela conquista leitores de todas as idades e mostra, mais uma vez, que é uma escritora de múltiplos talentos.
Em A Ilha, cinco amigos vão em uma viagem inóspita para viverem uma aventura longe de qualquer civilização. Entre eles está Lucas, o amigo de um dos amigos que passou por recentes problemas psicóticos, mas está, segundo o outro, curado. Explorando a ilha, eles encontram um velho presídio onde, anos atrás, aconteceu uma tragédia e Lucas fica em estado de transe, se separando dos demais, algo muito estranho está acontecendo.
Histórias de Fantasma conta sobre o vigia de um museu histórico mal assombrado que começa a ter vislumbres de outra presença dentro do prédio. Para se acalmar e não prestar atenção às assombrações, ele começa a contar e rememorar histórias de terror que sua avó costumava contar na infância. Meses atrás, o museu havia sido assaltado e, desde então, o guarda relata que tudo estava "diferente", o que poderia de fato estar errado?
Em gatos pretos, Pedro é um fã de histórias de terror, mas não as modernas cheias de sangue e vísceras desnecessárias, e sim as clássicas, onde o medo reside nos detalhes e sussurros do vento pelas frestas de uma casa velha. Introduzido desde cedo a vários autores renomados no gênero, ele iniciou sua leitura de Poe e ficou fascinado com o conto do Gato Preto, qual não é sua surpresa ao terminar o conto e notar um gato preto muito similar ao do conto parado na sacada do seu quarto.
Frio da Noite nos transporta de novo para a natureza onde Mariana, contrariada, acompanha o namorado Caio para praticar esportes radicais. Na pousada onde ficam, ela acaba encontrando um livro que tem um conto se passando exatamente onde ela vai descer o rio no dia seguinte, é verdadeiramente assustador e a deixa nervosa. Quando eventos estranhos e muito similares ao conto começam a acontecer no meio de seu passeio radical, Mariana começa a se perguntar até onde o conto é ficção.
A seguir vem Passos na Areia, durante uma festa de Halloween, Malu é convidada pelos amigos a comemorar e se depara com uma estranha figura que parece observá-la. Curiosa, ela a segue e, em paralelo, é contada a história de Natanael que, anos atrás, foi perseguido pela mesma figura macabra. Realidades se chocam e, de repente, a festa de Malu não será a mesma.
Frenesi se passa no carnaval, um grupo de amigos faz fantasias tradicionais para seguir seu bloco favorito, mas essas fantasias calham de ser as mesmas de uma história de terror. Uma das integrantes do grupo é atraída por um mascarado misterioso durante a passeata e se depara com algo que pode acabar não sendo humano.
Esse livro é bem antigo, pra ter noção minha irmã trocou na época do orkut! Tinha lido a primeira vez em 2012, mas, por alguma razão, não resenhei. Bem, fazendo meu caderno de leitura ano passado me dei conta disso e decidi reler. Não lembrava que ele era tão sinistrinho assim hahaha. São uns contos pra deixar a gente com o cabelo em pé mesmo, tem um clímax ótimo e como todo bom texto do gênero dá espaço para nossa tenebrosa imaginação. Quem curte histórias de terror está aí uma boa indicação. Leitura fluida, rápida e bem macabra.
sábado, 4 de janeiro de 2025
[Filme] And Yet You're So Sweet
Diretor: Shinjo Takehiko
Gêneros: Romance, Juventude
País: Japão
Ano: 2023
Sinopse: Kisaragi Maaya, 16 anos. A primeira declaração de amor de sua vida terminou em completa rejeição. Ela promete “nunca mais confessar a alguém” na presença do estoico, mas popular Chigira-kun, enquanto estão juntos em serviço na biblioteca. Ao se encontrarem novamente e vê-la abatida enquanto relembra o passado, ele propõe que realizem um “jogo de amor não correspondido fingido”. À medida que o coração de Maaya começa a se curar, seus pensamentos se voltam para se aproximarem ainda mais… no entanto, ela definitivamente não pode se apaixonar pelo inatingível Chigira-kun…?
ONDE ACHAR: WEI FANSUB
Maaya finalmente conseguiu coragem para se declarar para Yamada, o garoto da escola por quem era apaixonada, mas além de ser ignorada, ele ainda falou mal dela nas redes sociais. De coração partido e envergonhada, ela recebe de Chigira, o garoto mais popular da escola, a proposta de persegui-lo para curar seu coração, concentrando todas as suas energias nele. No começo, ela pensa que se trata apenas de um jogo e estipula suas regras.
Contudo, Chigira é sempre atencioso e solícito com suas necessidades. O garoto popular que não presta atenção em ninguém e não liga para nada, parece sempre ter os olhos em cada detalhe dela. Cada vez mais próxima dele, Maaya se vê aos poucos se apaixonando e colocando o jogo que começaram em risco. As atitudes de Chigira também não ajudam muito, ele sempre age como se correspondesse aos sentimentos dela, dizendo e fazendo coisas que confundem mais o seu coração.
Quando uma foto deles juntos é postada e os alunos da escola começam a difamá-la, cabe a Maaya escolher fugir como da primeira vez ou enfrentar os seus sentimentos por Chigira.
Desse eu gostei bem mais. Um casal fofinho e embora a dinâmica da perseguição não seja das mais saudáveis, a história é bonitinha, focando em amizade, autoestima (e, gente, pelo amor de Deus, como aquele povo pode dizer que a Maaya é feia?! São cegos ou o quê? Queria eu ser feia daquele jeito!). O final não foi bem o que eu esperava, embora tenha sido bem previsível, achei corrido demais. Contudo, ainda gostei. Recomendo, é um filminho bem fofo pra deixar o coração quentinho.
[Livro] Um Vizinho Perfeito
Ano: 2004
Páginas: 128
Sinopse: À frente da lareira do aconchegante chalé, Helena e Louis entregam-se a um turbilhão de carícias. A mera simpatia inicial de novos vizinhos se transformou em uma paixão mais do que avassaladora.
Louis sabia que aquele amor não seria para sempre, pois estava ali só se passagem. Logo voltaria para seu mundo,longe da quietude das montanhas solitárias.
Difícil seria esquecer o fascínio ingênuo dessa mulher envolvente e prosseguir em seu caminho sem olhar para trás...
Feliz ano novo, pessoas!
Esse livro funcionou mais pra mim na primeira vez que o li, talvez naquela época ainda alimentasse alguns devaneios adolescentes que, agora, mais velha, não existem mais.
A história acompanha Helena, uma carteira que vive com o irmão em uma região montanhosa meio isolada onde só se tem acesso por via aérea. Como carteira, ela também desempenha funções de enfermeira e leva suprimentos quando é necessário já que possui um avião. Ela se aproxima de Louis, um engenheiro civil que se isolou nas montanhas após ser deixado pela noiva e sofrer um processo por causa de uma ponte que caiu e ele estava envolvido no projeto, mesmo depois de ser considerado inocente, sua vida não foi mais a mesma.
Com o tipo de personalidade que acha ter de salvar todas as almas perdidas, Helena força sua aproximação do novo vizinho mesmo quando ele claramente não a quer por perto. Não somente pela personalidade meio intrometida dela, mas pela atração instantânea (literalmente falando) entre eles. Depois de um término público e complicado, a última coisa que ele quer naquele momento é outra mulher bagunçando sua vida. Contudo, Helena não é o tipo que desiste fácil, ela o quer e não vai se deixar intimidar até consegui-lo.
O irmão dela, Adam, é contra a insistência. Trabalhando como minerador em busca de ouro, eles vivem juntos do outro lado da montanha, paralelo a Louis. Embora aconselhe a irmã de todas as formas, Helena se mostra surda e continua visitando o engenheiro e a atração entre eles se torna mais e mais difícil de controlar. Louis, por mais incendiado que esteja, se mantem cauteloso, ele quer aventura sem compromisso enquanto Helena parece esperar um conto de fadas. A "inocência" dela o assusta.
Entre vai e volta, problemas e o desaparecimento de Adam dentro da mina, os dois começam a se dar conta da verdade de seus sentimentos, mas Helena não tem certeza se Louis é capaz de romper com o passado.
A história não é ruim, aquele livro pra ler num domingo à tarde com uma música baixa e alguns chocolates. Negócio é que o joguinho de gato e rato, as situações meio forçadas com soluções quase miraculosas não me convenceu muito. Por ser um livro muito curto, alguns personagens ficam meio de escanteio, como o irmão dela, o foco é quase todo na quase pegação ou na pegação dos dois e isso é bem desnecessário, além de na maior parte do tempo Helena se magoar com o ar ou Louis agir como um adolescente medroso.