segunda-feira, 17 de junho de 2024

[Bíblia] Samuel

 

Pode-se dizer que Samuel é o último juiz da bíblia, já que seus dois livros funcionam como um prelúdio para o livro de reis, quando Deus deixa de ser o governante do povo que passa a ser liderado por Saul e, posteriormente, Davi.

O nascimento de Samuel se deu pela oração da sua mãe, Ana, que era intimidada pela outra esposa do seu marido por não poder ter filhos. Ela prometeu que lhe consagraria seu primogênito e Ele a atendeu. Ela, então, levou Samuel para o santuário e o entregou nas mãos de Heli que era o sacerdote. Os filhos de Heli, contudo, pecaram contra o Senhor que se enfureceu com ele por não tê-los corrigido mesmo sabendo que agiam errado.

Deus, contudo, via o coração devoto de Samuel e, em uma época onde a intimidade dos homens com o Senhor já não era tão grande, Ele falou com o menino através dos sonhos. Ele atuou no meio do povo pelo Senhor e ficou enraivecido quando  Israel pediu um rei, rejeitando a liderança de Deus.

É quando entra em cena Saul que, a princípio, era um homem bom, mas deixou-se corromper pelo poder mais tarde. No começo o Senhor estava com ele e lhe concedeu abundantes vitórias. Porém, pecou contra o Senhor que tirou dele seu favor. O filho de Saul, Jônatas, torna-se muito amigo de Davi quando este, após derrotar Golias, é mantido no palácio. Contudo, quanto mais Deus favorece Davi, mais Saul tenta matá-lo. É por sua amizade forte com Jônatas e a graça de Deus que Davi continua vivo e assume o trono de Israel, mesmo que inicialmente tenha sido aceito como rei apenas em Judá.

A amizade de Davi e Jônatas foi o que inspirou Cassandra Clare a criar o vínculo parabatai, mas a meu ver a bíblia é muito vaga e às vezes até mesmo ambígua quando relata o relacionamento entre eles.

O livro de Samuel abrange todo o reinado de Saul e Davi, os primeiros monarcas do povo eleito e os primeiros também nessa linha a falhar em seu posto, desobedecendo a vontade de Deus. Saul tem uma morte violenta e, infelizmente, Jônatas também padece. Confesso que, por ele ser autor de boa parte dos salmos, eu tinha uma expectativa um pouco maior com a história dele (Davi), mas me decepcionei um pouco. Ele passa boa parte da história fugindo.

Uma coisa que me chamou atenção nesse livro foi, após a morte de Samuel, Saul procurar uma necromante para falar com ele. Não sei se fiquei mais estupefata por ele fazer isso ou por ter dado certo '-'. O reinado de Davi é cercado por guerras e conflitos familiares, especialmente quando um dos seus filhos tenta usurpar o trono. Ele comente contra Deus o pecado do adultério e sua morte marca o fim do segundo livro de Samuel.

Vejam vocês, se com Deus liderando tudo "pessoalmente" a coisa com o povo não tava fácil, imagina um homem falho liderando um bando de gente cabeça dura? Claro que ia dar errado. Isso me faz pensar um pouco sobre os líderes religiosos, muita gente tende a pensar que padres, pastores, freiras e afins são "santos" ou quase, e não é verdade. São seres humanos e pecadores tanto quanto qualquer um de nós, apenas desempenham, com suas falhas, um trabalho em prol de Cristo, ou pelo menos deveria ser. 

Por isso, quando um deles cometer um ato ruim, vamos parar de culpar toda a instituição e os fiéis como se fôssemos os próprios santos. Precisamos lembrar que o único homem destituído de toda falha e pecado foi Cristo. Os demais, seja de que ordem for, são humanos como nós, falhos e pecadores. Então quem de nós é apto a atirar a primeira pedra? Uma das coisas que mais ouço é que a igreja católica cometeu atos terríveis no passado, não desminto. É verdade. Mas a igreja somos nós, quem cometeu atos hediondos no passado foram papas, padres, cardeais, homens de carne e osso. Seja em nome do poder, do dinheiro ou do prazer, como os próprios reis no início da monarquia do povo hebreu. Nenhum deles é diferente. 

Da mesma forma, pastores cometem crimes. E quero acreditar que os protestantes continuam indo às suas igrejas pelo mesmo motivo que nós católicos: Cristo. Não vamos à igreja pelos padres, vamos por Jesus. Até porque, se a gente for procurar igreja só com gente "perfeita" e "boa" não vamos para nenhuma. O sentido é Cristo, o centro de tudo, da nossa fé. Ler Samuel e o livro de reis me fez pensar com mais atenção a respeito disso.





domingo, 16 de junho de 2024

[Mangá] Zettai Ni Tokimeite Wa Ikenai!

Original: 絶対にときめいてはいけない!

Autor: Tsukishima Haru

Gêneros: Comédia, romance, drama, vida escolar

Sinopse: Sakura se confessa para Hatano-kun no verão e é rejeitada rapidamente, mas ela sequer tem tempo de ficar depressiva, porque quando ela volta para sua casa ela conhece o seu novo "irmão mais novo". O que ela não esperava é que seu ele fosse maior do que ela...

Quero muito agradecer a pessoa que comentou indicando esse mangá na minha postagem de obras japonesas de incesto! Notei esses dias que fazia um bocado de tempo desde que li um mangá, desde que descobri o ceratocone também tenho sido mais cautelosa e até medrosa com meu tempo de tela, especialmente porque minha lente esquerda não está ajudando muito. Contudo, desde que comecei a ler, também descobri o quanto tempo faz que eu não fico presa em um mangá dessa forma. 

A história é de incesto, mas não exatamente, isso porque apesar dos pais de ambos terem se casado, isso não faz deles irmãos de verdade, nem meio irmãos considerando que não tem nenhuma relação sanguínea, então só considero incesto porque os pais se casaram e a sociedade passa a vê-los como irmãos, bem ao contrário do que acontece no começo de True Love. Inclusive, esse mangá me lembrou muito True Love e senti uma tentação gigantesca de lê-lo de novo.

Após ser rejeitada por Hatano, nada menos que o garoto mais bonito e cobiçado da escola, Sakura achava que sua vida não podia piorar, mas descobriu que estava errada, ela havia sido vista por alguém apenas para descobrir que essa pessoa era seu "irmão mais novo". Naquele dia, o novo marido da mãe chegaria com seu filho e eles começariam a ser uma nova família feliz, isso claro até ela vê-lo e ambos não começarem exatamente com o pé direito. Contudo, Sakura está disposta a fazer isso dar certo e se tornar uma boa irmã mais velha para Kaede. Até aquele ponto, ela jamais esperava se apaixonar por ele.

Para ambos é bem difícil a adaptação, especialmente porque, até então, ambos viviam sozinhos com seu pai e mãe, dois homens e duas mulheres, mas, aos poucos, Sakura começa a entender melhor as sutilezas de Kaede e, lentamente, começa a vê-lo com outros olhos enquanto ele passa a demonstrar se preocupar com ela e se aproximar mais e mais. Como evitar? Mas o que os dois farão quando a familia acabou de começar e seus sentimentos não podem ser evitados?

Eu amei esse mangá! Ele ofereceu tudo e mais um pouco, personagens adoráveis, pais cativantes, amigos de verdade e momentos de acelerar o coração. Apenas não conseguia largar e fiquei muito feliz por ele estar completo ou teria tido uma síncope ansiosa. Li em inglês porque a tradução estava em andamento no português e eu não queria esperar, foi até bom pra praticar um pouco a leitura. Inclusive, indico. Mangás tem um vocabulário relativamente simples e são cheios de expressões do dia a dia, pode ser uma boa para quem quer começar a ler em inglês.

Shippei dolorosamente Kaede e Sakura e acompanhar a evolução deles e o amor deles crescendo em cada capítulo foi a coisa mais adorável das minhas últimas semanas. Por mim, ele teria mais uns 5 volumes hahaha. Uma das coisas que mais curti foi que os pais deles super entenderam seus sentimentos, embora o pai do Kaede tenha ficado meio protetor com a Sakura hahaha, compreensível, mas ele não colocou obstáculos no meio. Ao contrário da mãe deles em True Love que, com a morte do pai, teve uma atitude egoísta terrível com ambos, especialmente a Ai. Foi um super ponto positivo.

Os amigos de Kaede e Sakura também foram super adoráveis e um ponto mais que positivo em tudo, não apenas por não julgar os dois errado, mas por ajudarem como podiam. Era muito legal de ler o apoio e a gente passa a desejar ter amizades assim também, algo infelizmente muito raro. Colocaram um triangulozinho amoroso no meio, o que eu não gostei muito, mas que foi uma ferramenta até bem útil ao roteiro de certa forma. 

Enfim, super recomendo! Entrou no meu hanking de mangás favoritos da vida. E se você não curte o plot incesto propriamente, pode ler de boa porque desde o começo fica claro que eles não são irmãos de verdade.


domingo, 9 de junho de 2024

[Bíblia] Rute

Em meio a todo caos e violência de Juízes, Rute aparece como uma parábola, uma pausa para nos trazer reflexão e amenizar um pouco a tão difícil leitura do seu antecessor. Com um dos parcos protagonismos femininos da bíblia do lado de Ester e Judite, Rute é uma das poucas a ganhar destaque com um livro.

Ela não era hebreia, mas moabita casada com um judeu. Em decorrência da morte de seu sogro, cunhado e marido, se viu sozinha com a sogra Noemi e a cunhada. Sabendo que não tinha muito a fazer por elas que ainda eram jovens, Noemi as dispensa de volta às suas famílias para que se casem de novo e formem nova família. Apesar de a cunhada logo aceitar a oferta, Rute declina e se recusa a abandonar a sogra sozinha.

As duas voltam juntas à Belém, terra natal de Noemi, e Rute começa a trabalhar para um dos parentes da sogra a fim de sustentá-la. Com alguns arranjos de Noemi, Rute acaba se casando com esse homem e continuando o nome do falecido marido além de zelar pela sogra. Um livro sobre piedade filial. Apesar de ser uma história até bonitinha, percebe-se como as mulheres valem pouco na sociedade judaica. Como ainda hoje, suscetíveis aos horrores dos homens, muitas vezes nem salvas pelo casamento, sempre submissas e com o rosto por terra...

Uma coisa interessante de observar, e volto a salientar, é que Rute não era judia. Devemos perceber que houve pouco favor dos povos que cercavam os judeus ao longo dos livros até aqui. E, desde o início, a ordem de Deus era destruir todos os povos que ocupavam a terra prometida, embora presumo que Ele já soubesse que eles não iam fazer... Então, esse acontecimento ilustra, a meu ver, claro, uma certa abertura para nós, povos que não foram escolhidos, mas acolhidos por Cristo e, mesmo assim, vale lembrar que o ministério de Jesus era direcionado especificamente aos judeus, a gente tá falando de uma época bem anterior a isso.

Rute era viúva do filho de Noemi, mas não tinha motivo algum para continuar ao lado dela, mulheres não tinham voz e vez na sociedade e elas provavelmente passariam fome sem a proteção de um homem. Contudo, ao contrário da cunhada, cuja nacionalidade não é mencionada, ela permanece ao lado da sogra porque sabe que, com a perda dos filhos, ela não vai ter ninguém para olhar por ela, mesmo se alojando na casa de algum parente homem. E essa atitude de Rute, generosa e desprendida, nos remete ao mandamento de honrar pai e mãe, pois, no momento em que se casou, a mãe do marido passa a ser sua também. Pelo menos é como devia ser. E tem certo cunho pedagógico ao mostrar que ser fiel e obediente rende bons frutos ao filho.

Ainda assim, é uma história bonita, dá esperança. E conheci de onde veio o juramento parabatai feito por Cassandra Clare.

sábado, 8 de junho de 2024

[Livro] A Livraria dos Achados e Perdidos

Original: The Lost and Found Bookshop 

Autora: Susan Wiggs

Gêneros: Ficção, Romance contemporâneo, Romance de amor

Sinopse: Após uma tragédia, Natalie Harper herda a charmosa mas praticamente falida livraria antiga de sua mãe, localizada num prédio histórico no centro de São Francisco, na Califórnia, e a responsabilidade de cuidar do seu avô doente, Andrew.

Com a recusa de Andrew em vender a loja, Natalie deixa sua antiga vida — segura, confortável e previsível — para trás e volta para São Francisco determinada a recuperar a livraria que um dia foi seu lugar favorito no mundo. Porém, sua vida se parece mais com um livro de horror do que com um conto de fadas. O prédio está caindo aos pedaços, as dívidas se acumulam rapidamente, a saúde do avô entra em declínio e ela não consegue ver uma luz no fim do túnel.

Natalie precisa de um sinal, ou pelo menos de um livro que a ajude a resolver seus problemas, mas em vez disso recebe Peach Gallagher, contratado por sua mãe para fazer reparos no prédio. À medida que Peach começa seu trabalho, Natalie se vê envolvida numa jornada de novas conexões, descobertas e revelações, de artefatos antigos escondidos nas paredes da livraria até verdades inexploradas sobre sua família, seu futuro e seu coração.

Agora, sempre que vou comprar um livro, mando minha irmã escolher. Embora ela não goste muito de ler, suas mãos são mágicas para encontrar as melhores histórias. Um dom que eu, leitora maluca, não tenho. Na maior parte das vezes acabo comprando livros que findo por não gostar, mas até hoje não houve um livro que minha irmã escolheu que não fosse incrivel. Acho que deve ter algo a ver com a natureza generosa e mágica dela mesma que a faz ser atraída pelas melhores histórias.

De uma hora para outra a vida de Natalie Harper vira do avesso. Ela se vê sozinha cuidando do avô com problemas de memória e uma livraria à beira da falência. Sem rumo, pensando em tudo que perdeu, Natalie decide dar adeus ao seu trabalho estável e odioso para tentar reaver a livraria em nome do bem-estar do avô, mas logo descobre que esse empreendimento vai ser mais difícil do que parece. E isso ainda tendo que lidar com o charmoso e inteligente Peach, que sua mãe contratou para reformar a livraria mesmo sem ter nem metade do dinheiro para isso. Se virando nos trinta enquanto tenta equilibrar sua vida e superar os traumas, Natalie luta contra seus sentimentos por Peach e se envolve com Trevor, o escritor mais famoso do país que parece estar escondendo um enorme segredo.

Confesso que no começo achei o livro bem chato. A leitura começa um pouco arrastada e a gente só vai realmente engatar a história ali pelo capítulo seis ou oito. Contudo, uma vez presa nela, não conseguimos mais largar e era disso que eu precisava, um romancinho doce para deixar o coração quentinho e me lembrar porque eu amo tanto ler e criar histórias. E nada melhor que um livro sobre livros. Esse é aquele tipo de livro que nos faz recordar como livros são mágicos e podem fazer diferença significativa nas nossas vidas. Concordo com a mãe de Natalie quando diz que pode encontrar as respostas nos livros. É verdade. Embora boa parte dos meus professores de escrita criativa julgue como ruim qualquer coisa que escape do sacro clássico literário, livros como esse, tido por "ficção de venda" ou, como eles gostam de chamar "leitura ruim", podem ensinar e fazer a gente refletir sobre muita coisa. Até porque, nem todos de nós tem pretensão de ser o próximo Machado de Assis.

A história alterna pontos de vista entre Natalie, a maior parte do tempo, Andrew, o avô dela, e Peach. Ler os capítulos do avô dela era bem triste, ele sofria de demência e, lentamente, as memórias de toda a sua vida iam se extinguindo, tinha vezes que ele não reconhecia Natalie. Não consigo imaginar quão duro deve ser conviver com um ente querido que tem essa doença... e pra mim ele foi o personagem melhor construído na história, embora eu gostasse muito de Peach.

O personagem do escrito nem conseguiu me enganar, vejo que os livros de Agatha finalmente surtiram efeito quando vejo de cara um personagem que não é o que parece, embora a motivação dele tenha sido diferente do que eu imaginei. Natalie era nem verde nem vermelho pra mim, eu não desgostava dela enquanto personagem, mas não conseguia me conectar com ela tampouco. A mãe dela, por outro lado, era uma personagem que eu amei conhecer mesmo que pouco. Peach era ótimo, o tipo de personagem não perfeito demais para a gente desacreditar que existisse, mas na dose certa para fazer a gente se apaixonar por ele.

Gostava muito das suas tiradas irônicas e da forma como ele sabia agir no momento certo. Ele passava sempre aquela sinceridade e desprendimento de alguém que aprendeu lições da forma mais difícil. Os funcionários da livraria, embora não aparecessem tanto. E uma das coisas que mais gostei foi isso, a maneira como a autora tornava todos os personagens importantes mesmo não aparecendo muito, ela os construiu bem.

[Anime] Gekai Elise

 Original: 外科医エリーゼ

Gêneros: Fantasia, Romance

Episódios: 12

Ano: 2024

Sinopse: Em sua primeira vida, a renomada e genial cirurgiã Dra. Aoi Takamoto foi Elise de Clorance, uma vilã de ascendência nobre. O egoísmo, a insolência e o amor obsessivo de Elise por seu noivo - o príncipe Linden de Romanoff - levaram à morte de seus familiares e, eventualmente, dela mesma. Só depois de renascer é que Elise percebeu o erro de seus caminhos e decidiu que, em vez de arruinar vidas, se dedicaria a salvá-las. Mas um trágico acidente de avião rouba-lhe os sonhos cedo demais.

Por um milagre, Elise acorda em seu corpo original antes de seu noivado oficial com Linden. Reconhecendo a oportunidade de valorizar a sua amorosa família e libertar Linden de um casamento indesejado, Elise deseja usar o seu conhecimento médico avançado para continuar no caminho de salvar vidas. Num acordo com o imperador, Elise tem apenas seis meses para provar que o seu verdadeiro lugar não é no trono, mas sim junto dos feridos e doentes que precisam desesperadamente da sua ajuda.

Pelo amor do príncipe herdeiro, Elise de Clorance armou todas as ciladas possíveis para se tornar a rainha. Competitiva, fútil e cruel, sua ascensão foi tão difícil quanto sua queda foi rápida, terminando sem o amor que desejava e levando a um fim trágico os remanescentes da sua família. Com sorte, conseguiu renascer na modernidade e, para se libertar do seu passado sombrio, enfrentou as dificuldades de ser uma criança órfã e solitária, estudando para se tornar uma médica e salvar todas as vidas que pudesse. Com gentileza, diligência e disciplina. Elise, agora Aoi, se tornou a melhor cirurgiã do país, sendo chamada até mesmo internacionalmente para realizar procedimentos de risco.

Aoi é adorada por toda a equipe do hospital em que trabalha, além de respeitada e admirada por sua posição profissional e ousadia nas operações mais difícil as quais na quase totalidade conclui com êxito. Contudo, prestes a fazer uma cirurgia na Alemanha, o avião em que viajava sofre um grave acidente e, ferida, Aoi dá sua vida para salvar todos os passageiros que consegue, mas não consegue ser resgatada, morrendo assim que a ajuda chega. Todavia, talvez por suas boas ações, acaba acordando de volta no seu corpo de Elise, precisamente anos antes de se casar com o príncipe e se tornar a pior imperatriz da história do reino.

Tendo consigo o conhecimento médico da era moderna e sabendo tudo que vai acontecer, ela tenta desviar seus passos da vida que teve antes, fugindo do casamento com o príncipe que não nutria sentimentos por ela e a fez infeliz, além de lutando para ser reconhecida como médica e salvar o máximo de pessoas que puder, apagando qualquer vestígio da garota fútil e cruel que foi outrora. Porém, ela será mesmo capaz de mudar todo o seu destino nessa segunda chance em meio a luta de poder das facções dos dois irmãos?

Olha, fazia muito tempo que eu não ficava tão presa em um anime! Senti muitas saudades dessas histórias fofinhas e amo um plot de volta no tempo. Romancinho fofo, comédia na medida certa, um pouquinho de suspense e uma protagonista inteligente e corajosa, me lembrou um pouco de Shirayuki Hime, amei demais. Inclusive, se vocês souberem de mais animes nessa vibe, por favor, me indiquem. Já tinha um tempo que não via animes porque as histórias não estavam me chamando a atenção. 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

[Bíblia] Juízes


 

Introdução

Juízes delineia a história do povo hebreu durante um período de cerca de 200 anos, da morte de Josué a meados do século XI antes da nossa era. É uma série de narrações de homens chamados juízes que eram, sobretudo, chefes militares em épocas perigosas. É um período de decadência política e religiosa, as tribos de Israel não têm força para se impor às populações cananéias — não totalmente conquistadas durante a vida de Josué e algumas até "perdoadas" pelos israelitas apenas sujeitos a impostos, contrariando as ordens de Deus — e filisteus, então começa a se deixar seduzir pela vida fácil e práticas idólatras desses povos.

Considerações pessoais

É preciso ter muito cuidado ao ler esse livro. Boa parte das histórias são bem chocantes e algumas práticas abomináveis. Poderia dizer que foi aqui que o povo hebreu começou a declinar de vez e, se pensarmos com atenção, veremos que até aqui era o próprio Deus que os liderava, imagina quando começarem a ser governados por outros homens! Sinceramente falando, a maior lição que eu tiro é que a humanidade é podre, desde o berço. O ser humano é péssimo, a cada capítulo novo tudo que eu sinto desse povo é raiva e vejo que Deus é pura misericórdia quando não dizimou essa gente toda de uma vez e começou a criação do zero.

Finalmente temos um protagonismo feminino! Acho que boa parte das religiões que vê a mulher como um ser inferior se pauta no antigo testamento. Embora seja o povo eleito, não acredito que os costumes ou o povo judeu seja o melhor exemplo a ser seguido, prova disso é que sabemos como o rumo das coisas culmina. Débora surge em juízes como uma das primeiras profetizas e juízas de Israel. É por ela que Deus comanda o povo contra Jabin, rei de Canaã. Gedeão, cuja história li em um livro bíblico infantil quando criança, também foi um juiz, escolhido para livrar o povo de Madiã que o oprimia. Detalhe que os pais de Gedeão, da tribo de Manassés, filho de José, também adorava outros "deuses" da terra de Canaã, mas Deus inspirou e escolheu seu filho como um juiz. Seu filho Abimalec, contudo, anos mais tarde, não honrou a progenitura assassinando seus irmãos a sangue frio para se tornar rei de Siquém. Um dos irmãos, contudo, escapou e expôs seu crime, mas ele ainda reinou por três anos em Israel. Seu fim, contudo, se deu por uma mulher em mais um protagonismo feminino.

O próximo juiz foi Jefté que lutou por Israel contra os amonitas, mas prometeu a Deus que, caso vencesse, ofereceria em holocausto o primeiro de sua casa que saísse para recebê-lo e eis que sai sua única filha! Ele então, cheio de remorso e tristeza, cumpre sua promessa. Porém nem todos os juízes eram realmente justos, a história de Sansão é uma prova. Outra das histórias bíblicas mais famosas, não sabia que era desse livro, sua saga, curta e trágica, conta que tal como os outros ele foi escolhido por Deus, mas a meu ver sua conduta não era reta e sua luxúria culminou na punição.

Mas de todos o mais ultrajante é o último capítulo, já nos apêndices, isso havia acontecido no Gênesis e volta a se repetir aqui, dessa vez tendo por crime a tribo de Benjamin. Um levita chega a uma cidade benjaminita, está de passagem para Efraim, um velho lhe dá abrigo pela noite, mas os habitantes da cidade se reúnem na frente da casa do velho e ordenam que façam sair o homem para que eles o conheçam, já expliquei o que isso significa. O velho, então, tal como Ló em Sodoma, oferece sua filha virgem e a concubina do levita para serem violentadas no lugar dele! Gente, qual o problema desse povo? Quer dizer, violentar uma mulher tudo bem, mas um homem jamais porque é uma infâmia abominável.

No fim eles atacam a concubina até matar! E depois jogam o corpo dela na frente da casa do velho e, se ela tivesse sobrevivido, o levita não teria feito nada, aposto. Contudo, ele pega o cadáver, esquarteja e manda um pedaço para cada uma das outras onze tribos que se revoltam e vem contra Benjamin. Quase aniquilam a tribo toda, mas no fim ainda a perdoam e não a retiram de Israel!!!! A "punição" é só que nenhum benjaminita pode mais casar com uma mulher das outras onze tribos, e é isso. Fim do Juízes, de novo ponto para os homens.

Poderia dizer que esse livro é considerado uma espécie de "pedagogia divina" e com isso não quero dizer que violentar mulheres tá liberado. As desgraças são consideradas como casrigo e a libertação como perdão. Deus é o único senhor e o único guia do seu povo. Jefté e sua história decepcionante nos mostram que os herois do povo de Deus, afinal, não passam de simples homens, mesmo escolhidos por Ele. Sansão, ainda como um eleito, é desobediente e enfrenta a punição divina. Mesmo cumprindo sua missão recebe o castigo por sua desobediência embora no fim alcance a misericórdia.

As duas histórias no apêndice: a construção do santuário e o episódio horroroso da violação de hospitalidade por parte de Benjamim que culminam em represálias violentas e cruéis, devem ser encaradas como uma representação da época que ainda era regida pela Lei de Talião na qual unicamente a crueldade servia para reprimir os abusos ou infrações ao direito comum. Deve-se notar, entretanto, que a relação não termina por um castigo ou exterminação, mas pela reintegração de Benjamin sinal de magnanimidade e perdão que só Deus tem, porque sinceramente.

Concluo que sou humana demais e falha demais para aceitar algumas coisas, como mulher me coloco no lugar daquela que suportou os horrores de uma morte cruel e sádica. Não sei se seria capaz de perdoar jamais a tribo de Benjamim e vejo porque o perdão é o mandamento mais difícil de Cristo. Apesar de um claro avanço com as personagens femininas, a bilblia ainda segue tratando mulheres como objetos de prazer e procriação. O maldito legado de Eva! Não à toa tantas religiões por aí se pautam nesses livros para oprimir, humilhar e matar mulheres. Realmente triste.

Mas, como disse antes, é preciso ler esse livro considerando o contexto histórico, ele reflete, sobretudo, o ápice da desobediência do povo que declina por se envolver com os pagãos, desobedecendo a Deus e se afastando ainda mais, não importando quantas punições e provações sejam enviadas para corrigi-los. E o tempo todo só fico me lembrando para não deixar de ser compreensiva porque fico cada livro menos simpática com Israel.

sábado, 1 de junho de 2024

[Drama] Passionate Love

Título original: 烈爱

Diretor: Xi Zi

Gêneros: Histórico, Romance, Drama

País: China

Episódios: 24 (15 min.)

Ano: 2023-2024

Sinopse: Duan Xun Chu, cuja família foi exterminada, interpretou mal sua cunhada mais velha, Lin Wen Yu, como filha de seu inimigo. Depois de conviver com o ódio por muitos anos, ele se tornou um general senhor da guerra e voltou em busca de vingança. Os dois continuaram a ter conflitos e mal-entendidos sob o emaranhado de ressentimentos familiares. No processo de separação, eles se apaixonaram secretamente e finalmente resolveram o mal-entendido, e os dois deram as mãos para avançar em direção ao futuro.

Anos após o massacre da sua família, do qual apenas ele e sua futura cunhada saíram ilesos, Xuan Chu retorna à cidade em busca de vingança. A primeira pessoa que ele vai destruir é sua antiga cunhada, responsável por avisar os inimigos que destruíram sua família e mataram seu irmão, Wen Yu. Porém, ao reencontrá-la com uma nova identidade e tocando um negócio de medicina, Xuan Chu se vê dividido entre o dever e os sentimentos que afloram dentro de si, não apenas dos anos que viveram juntos e nos quais ela cuidou dele, mas naqueles que luta para esconder porque ela era a noiva prometida de seu irmão.

Wen Yu, todavia, jura que tanto ela quanto o pai eram inocentes e ela jamais havia traído a família Duan. Buscando provar sua inocência e limpar o nome do seu pai, ela embarca em uma jornada perigosa e, contrariado, Xuan Chu a acompanha, pois não é capaz de deixá-la se machucar — aparentemente só ele mesmo pode fazer isso — aos poucos, a antiga confiança começa a retornar, mas ele não está disposto a acreditar nela ou a aceitar os sentimentos confusos no seu peito até ter absoluta certeza de que ela não é a responsável pelo fim da sua família.

A premissa desse drama é um pouco semelhante à Miss Mystery e desconfio que o tempo histórico seja o mesmo. Contudo, esse casal aqui foi zero química, zero parceria e zero shippagem. Xuan Chu parecia um troglodita a maior parte do tempo, fosse por acreditar que Wen Yu era sua inimiga, fosse por ter um ciúme doentio dela que, no final, não fazia o menor sentido. De sua parte, como protagonista feminina, a mulher só tinha a lábia de corajosa e destemida, mas no fim das contas só arrumava problema para si mesma e os outros e findava por ser a donzela em perigo, bem como aconteceu no drama supracitado.

Não gostei. Achei a história bem previsível, muito mais do mesmo porque parece que a maioria dos romances desses mini dramas dessa época se resume no mesmo plot desde de Maid's Revenge, um casal que era pra ser amor e ódio ou enemies to lovers, mas só entrega uma relação meio tóxica e cheia de problemática desnecessária. Não senti empatia por nenhum dos personagens e nem foi um drama que vibrei querendo terminar num só dia.  Pra piorar, achei a conclusão insossa e incompleta para dizer o mínimo. Ganhou um 6,0.

[Filme] O Último Capítulo

Original: I Am the Pretty Thing That Lives in the House

Ano: 2016

Diretor: Oz Perkins

Sinopse: Uma enfermeira é contratada para cuidar de uma escritora de livros de terror em sua casa, onde cada canto guarda um segredo.

Vi esse filme com a minha irmã no fim de semana passado. Como estou planejando uma história que envolve terror e suspense, me empenhei em ver filmes do gênero — apesar de não gostar de terror — para entrar na atmosfera. Contudo, me vi bastante surpresa com esse filme e logo vou dizer o porquê.

Após um término complicado, a enfermeira Lily aceita o contrato para cuidar de Iris Blum, uma renomada autora de terror que vive em uma casa antiga afastada de tudo. Porém, tão logo chega, ela consegue sentir que tem alguma coisa errada com o lugar, embora não saiba o que é e pense que não passa do seu medo de tudo, pois ela é muito impressionável. Iris não parece ser uma idosa difícil de cuidar, ela segue uma rotina simples e, mesmo não tendo televisão, Lily logo descobre que o tédio não será seu companheiro quando tenta descobrir quem é Polly, a pessoa que a escritora parece confundi-la constantemente.

Vindo a saber que Polly foi a personagem de um dos livros mais famosos de Iris, Lily, apesar de amedrontada, tenta ler a história para descobrir o que aconteceu com a garota no livro, contudo, não consegue ir muito longe por causa do medo. E é quando o fantasma de Polly passa a ser uma presença constante esgueirando-se nos cantos da casa escura como se quisesse dar um sinal. Iris continua chamando por Polly e parece nunca obter uma resposta. Em suas cautelosas investigações, Lily pode acabar chegando ao desfecho de um mistério macabro envolvendo a casa onde está que pode lhe custar muito caro.

O Último Capítulo é um terror atmosférico, nada de cenas violentas ou jump scares do nada a toda hora. Usando de uma narrativa poética que parece que estamos "vendo o filme" de um livro, ele nos envolve no seu clima de terror deixando a gente preso do início ao fim e oferecendo apenas o que precisamos saber sem jamais dar respostas para todas as charadas, abrindo espaço para tirarmos nossas próprias conclusões. É um "terror de detalhes", a história é lenta e contada em camadas e o tempo todo somos tomados pelo frio na espinha do que pode vir a qualquer momento.

Fiquei bem surpresa com isso. É um filme intrigante, a fotografia alternando planos escuros e claros que se casam com um ambiente inóspito, mas não decadente, e uma personagem medrosa tem os elementos perfeitos do que se poderia chamar de terror elegante. O foco não é a história ou o desenvolvimento dos personagens, mas o ambiente, o clima em si, a atmosfera criada. E, pode acreditar, assusta muito. Confesso que determinado acontecimento no final do filme me fez rir, não posso contar porque é spoiler, mas tanto eu quanto minha irmã ficamos divididas entre a incredulidade e as risadas.

Quebrando a tradição de fantasmas vingativos que descontam nos outros o que aconteceu com eles, aqui nós temos um fantasma que apenas quer, podemos dizer, "explicar" o que falta no último capítulo do livro de Iris. Lily, todavia, é o típico personagem medroso de filme de terror, mas muitas das suas atitudes contradiziam esse aspecto da sua personalidade. Ela era corajosa demais para alguém covarde, entendem?

Se você gosta do terror tradicional com monstros, fantasmas vingativos e sedentos de sangue ou tripas para todo lado, passe longe desse filme. O último capítulo é um terror conceitual, recheado de subtextos e entrelinhas. O próprio espectador é quem vai fechar as linhas e responder às questões deixadas para trás. Recomendo demais. Dá para ver com a família e discutir no final o que aconteceu.