Título Original: Waterfall
Autor: Lauren Kate
Ano: 2015
Páginas: 308
Sinopse: Com apenas uma lágrima, Eureka inundou o mundo e deu início à ascensão de Atlântida. Se derramar mais duas, nada impedirá o maligno rei Atlas. Herdeira da Linhagem da Lágrima, ela é a única capaz de detê-lo, e precisará atravessar o oceano para encontrar Solon, um Semeador foragido que sabe como enfrentar o rei.
Mas a revelação que o amor de Ander e Eureka faz o menino envelhecer mais rapidamente a faz se sentir ainda mais incapaz de vencer Atlas. Se continuarem juntos, ele morrerá em breve.
Agora Eureka precisa se reconciliar consigo mesma e com o que seu sofrimento causou ao mundo. E um segredo sobre a Linhagem da Lágrima pode mudar tudo... passado, presente e futuro. Com esse conhecimento, ela é capaz de conseguir a chave para derrotar Atlas. Mas seu coração partido pode pôr tudo a perder.
Esse ano tive por meta não ter meta. Queria ler aleatoriamente livros que me dessem vontade e sem me preocupar com atualizações ou prazos. Já tinha um tempo que eu percebera estar lendo por certa "obrigação" e não pela real vontade de desfrutar de um livro. Contudo, meu plano parece não ter dado muito certo, apesar de só ter escolhido realmente o que me deu na telha e passado por algumas ótimas experiências, das 27 leituras de 2021, grande parte das páginas foram sofríveis de ler. Acho que funciono melhor fazendo cronogramas como fazia até então, depois de velha talvez tenha aprendido a valorizar organização.
Dilúvio foi uma decepção sem precedentes, minha segunda com a Kate esse ano, a primeira foi A Canção da Órfã que abandonei quase na metade, este, porém, ainda pretendo dar outra chance, talvez tenha pego em um mau momento ou não ser adulta suficiente para entender para entender a proposta do "livro adulto" da autora. Mas Essa duologia da lágrima não dá para salvar não. Me forcei a ler Teardrop de novo esse ano, pois havia lido pela primeira vez em 2013 se não me engano e já boa parte da história havia sido esquecida em detalhes. O primeiro livro, aquém de alguns problemas, não é de todo ruim, traz uma boa proposta que, infelizmente, não é aproveitada nessa sequência sofrível. Concordo completamente com uma leitora no Skoob que diz que "a autora se perdeu completamente. Nada faz sentido, nada se conecta, a autora parece que esqueceu o que escreveu no primeiro livro." É um fato.
Já começamos pela problemática que comentei na releitura do primeiro livro, esse romance descabido de Eureka com Ander que não tem qualquer base. É muito história da Disney, sabe? Ela não conviveu com ele, não o conhece, não sabe praticamente nada dele, mas acha que o ama com tudo que tem. Se isso fosse uma crítica à frugalidade e impulsividade adolescente eu super concordaria, mas a autora parece levar realmente a sério que os dois estão apaixonados quando ela passou trezentas páginas no primeiro livro sem oferecer base nenhuma para esse suposto sentimento. Eles se amam por quê? Por que estão ligados pela maldição dos seus ancestrais? Gente, não dá. Eles trocam dez diálogos o livro todo e estou chutando alto, para ela vir dizer que se amam, pelo amor de Deus!
O segundo volume começa de onde o primeiro terminou, Eureka, o pai, Ander, Cat e os gêmeos, ainda por causa do aerólito, estão submersos tentando encontrar a localização de Solon, o semeador que pode ajudá-los a parar a bagunça que ela começou e lutar contra Atlas que está no corpo de Brooks. Entra em cena as bruxas que mantêm a caverna de Solon protegida com feitiços para impedir que os outros semeadores o encontrem em troca de borboletas que ele cria e é forçado a dar elas por pagamento. Esse ponto me lembra muito aquela série da Serena Valentino com aquelas irmãs bruxas que, sendo franca, eu acho um pé no saco, mas não vem ao caso aqui. Essas também são irmãs, chatas e falam por enigmas. Fazendo um resumo bem básico, quando chegam à superfície, Eureka se separa dos demais e o pai acaba sendo gravemente ferido, o mundo virou um mar salgado que acabou com tudo e as poucas pessoas que sobreviveram não tem recursos, nem comida, nada.
Solon, em sua caverna, trabalha com dois assistentes que fazem parte de uma comunidade miserável de sobreviventes. Contudo, ele tem secretamente um estoque de comida, pois vinha se preparando há anos para o novo dilúvio. Com a ajuda das bruxas, Eureka e os outros conseguem chegar à caverna dele só para descobrir que ele é um babaca (nada de novo no reino da Dinamarca), mas acaba aceitando ajudá-los. Nesse entremeio, Eureka descobre que Atlas anda rondando a caverna, mas ao invés de ficar longe ela, contrariando todos os conselhos e na ilusão ridícula que Brooks pode ser salvo, insiste em mantê-lo por perto. Sério, o romance entre ela e o melhor amigo soa mais verossímil que esse amor sem fundamento por Ander. Para piorar, ela ainda descobre que o "amor" que une Ander a ela o faz envelhecer, então ele vai ficar velho mais rápido, sofrer todas as dores da idade muito avançada sem nunca morrer de fato e o único jeito de parar isso é deixando de amá-la ou ela morrendo.
Depois disso ela tem um surto e começa a afastá-lo da forma mais infantil. Nesse ponto do livro eu já não tinha paciência para a página seguinte que dirá o capítulo. Um dos assistentes de Solon descobre que ele tem comida escondida, rouba um pouco e leva para a aldeia onde conta para todo mundo. A caverna é então invadida por uma multidão furiosa e faminta que destrói tudo e a anciã da aldeia acaba por matar o pai de Eureka na frente dela, a menina tem outro surto e mata a velha espancada (literalmente com as próprias mãos). Uma cena bárbara que, apesar do possível propósito da autora, achei desnecessária. A partir disso ela começa a encher linguiça com uma protagonista sem foco, sem objetivo claro que parece não ir a lugar nenhum e não ter outro motivo para existir além de testar nossa paciência.
A mitologia de Atlântida é mal explorada tanto quanto as próprias personagens, não explicada praticamente nada de Atlas, muitas perguntas sem resposta e um desfecho que pelo amor de Deus, foi ridículo de tão absurdo. Chamar o fim desse livro de deus ex-machina seria um elogio. O que foi aquilo de os gêmeos ficarem sob os cuidados de Esme (uma das bruxas) após perderem os pais de forma brutal na frente deles duas vezes, Cat vira uma bruxa quando no começo tudo que ela queria era saber o que aconteceu com família, mas depois se conforma tão rápido que não fez o menor sentido, a morte do Poeta não influiu, contribuiu ou emocionou em nada; mas principalmente o destino de Eureka e Brooks que morrem e vão viver felizes como se nada tivesse acontecido. Terminei me sentindo uma palhaça, sendo honesta com vocês. Tudo se resolve muito rápido depois de ela encher linguiça no livro inteiro deixando um meio enorme, cheio de sub-plots mal desenvolvidos e, a meu ver, desnecessários, numa prosa maçante, sem saber para onde vai.
Eu fiquei tão frustrada depois desse livro que não consegui ler mais nada. Tanto é que terminei em outubro, mas só estou fazendo a resenha agora e de lá para cá não li nada. Cansativo, estressante e me mostrando mais uma vez que não vale a pena insistir em leituras que não fluem, muito melhor abandonar o livro. Acho que foi a pressão que fez Lauren Kate desperdiçar uma ideia tão boa dessa maneira esdrúxula. Me recuso a acreditar que ela escolheu escrever algo tão ruim. Claro que esse é apenas meu ponto de vista, não é uma declaração mundial que a obra é ruim, e ainda há rumores que virá um terceiro livro, me pergunto "por que diabos ela ainda esticaria isso?" Não quero nem passar perto de mais páginas dessa história. Quem gostou da história, tenha meu respeito, ou eu li o livro errado ou não sou empática o bastante para gostar desses personagens.