domingo, 30 de maio de 2021

[BL] HIStory 4 - Close to You

Título original: HIStory4-近距離愛上你

Roteirista: Shao Hui Ting

Diretor: Nancy Chen

Gêneros: Comédia, Romance

País: Taiwan

Episódios: 20

Ano: 2021

Classificação do Conteúdo: 15+ - 15 anos ou mais (Insinuação sexual)

Sinopse: Xiao Licheng (Shancun) é o gerente do departamento comercial de uma empresa e busca conquistar Liu Meifang (XinLing), uma garota fujoshi que é o seu primeiro amor. Por conta disso, ele se junta a Teng Muren (Li’an) para formar um casal BL falso e chamar a atenção dela.Mas ele acaba se apaixonando por Mu Ren.

Fu Yong Jie é um estudante de medicina que tem duas faces - uma para o público e outra privada, especialmente para com seu meio-irmão mais velho, que é inocente e afetuoso. Vamos vê-los se apaixonar.

No começo eu não ia ver esse drama, pelo menos não estava nos planos haha, mas eu ando com tanta dificuldade de me prender em alguma coisa que acabei indo ver por curiosidade e maratonei! Por aí vocês tiram quão bom ele é.

Xiao Licheng, Teng Muren e Ye Xing Si são conhecidos como o trio de ferro da empresa de casamentos na qual trabalham, eles são diretores de setores importantes da empresa além de muito bonitos. Mesmo sendo sociável, lindo e carismático, Licheng não consegue superar a beleza de Teng Muran quando o assunto é atenção feminina, toda a empresa é louca por ele, mas o jovem diretor é fechado, frio e sempre muito direto, apesar de esconder um coração sensível. Eles são três melhores amigos que compartilham uma casa e uma relação fraternal invejável. 

Quando Liu Meifang vem trabalhar no setor de design da empresa, Xiao Licheng tem um colapso ao reconhecê-la como seu primeiro amor de infância. Não demora muito para que peça ajuda aos amigos a fim de se aproximar dela. Ele não contava que, devido a sua imaturidade na infâcia, ela guarde muitas mágoas a seu respeito e mine qualquer tentativa sua de se aproximar.

Frustrado, Licheng começa a observá-la e percebe que ela ficou muito próxima de uma das funcionárias e setor, então decide sondar a mulher e acaba por descobrir que Meifang é uma aficionada por BL. Sem saber o que é, ele se passa por fã também para poder se aproximar dela e ter assunto para conversar, o negócio é que ele não fazia ideia do que era BL (kkkkkkk) e descobrir não ajudou muito a situação.

Como saída, ele acabou mentindo para ela dizendo que estava interessado em Teng Muren quando ela percebeu que a proximidade deles era muito grande e os dois se completavam muito bem. Mas o amigo não ficou nada satisfeito quando descobriu sobre o plano, ainda assim aceitou ajudar e se passar por namorado falso de Licheng.

O problema é que, quanto mais o fingimento aumentava, mais os sentimentos de ambos se tornavam confusos. Será possível a amizade evoluir para algo mais?

Por outro lado, Ye Xing Si esconde de todos sua orientação sexual com medo de não ser aceito, inclusive pelos amigos. Porém, quando Teng Muren é atacado por um garoto misterioso, ele vem a descobrir que seu irmão Fu Yonjie bateu no seu amigo por ciúmes dele. Mesmo não tendo relação de sangue e serem irmãos apenas por causa do casamento de seus pais viúvos, a tensão de sentimentos entre eles se torna cada vez mais difícil de controlar, mas como dizer a verdade aos pais e, sobretudo, aceitar os sentimentos pelo seu irmão caçula?

Conheci a franquia HIStory por acaso, não são todos os arcos que curtos, o obsessed, my hero, por exemplo, são arcos que não curti muito. Até então, meu arco favorito era o Crossing The Line porque eu achava muito amorzinho, até gostei do Trapped, mas não ao ponto de achar o melhor arco.

Contudo, esse quarto arco da franquia parece ter reunido as melhores partes dos melhores arcos de maneira dez mil vezes melhorada porque aqui além de uma dose de comédia equilibrada com pontos de drama bem distribuídos e personagens cativantes além de maravilhosamente construído tem um plot que eu super amo que é amigos que se apaixonam!

Logo que o Tan Muren e o Xiao Licheng apareceram de cara a interação deles não me fez shippar e isso é muito bom, porque você vai se apaixonando com eles conforme a relação dos dois evolui, é uma experiência maravilhosa e tão intensa que eu queria esquecer o drama para ver de novo e sentir novamente. Certo que tem aquela questão da possessividade bem comum nos BLs que gera discussão e divide opiniões e mesmo que o Licheng se mostre algumas vezes um pouco além do limite, eu não senti exatamente um lado perigoso nesse ponto. E shippei horrores os dois. 

A química entre esses dois foi explosiva chegando, a meu ver, a superar trapped. Quando eles apareciam roubavam a cena, não apenas com uma atuação excelente que representava com maestria suas personagens, mas a interação dos dois que era realista, consistente e muito, MUITO FOFA! Enquanto Teng Mure tinha aquela fachada fria e séria, mas no fundo era um coração mole muito docinho (apesar de ter uma fase de eu querer dar na cara dele), Xiao Licheng começou parecendo um galinha, mas se mostrou o homem mais fofo dos BLs, ele era uma mistura de P'Dean com Tharn e um toque de Tang Yi que, mano! Sem falar naquele sorrisinho adorável que ele tinha.

Já o mesmo eu não posso dizer de Ye Xing e Yonjie. Não shippei, achava o Yonjie até mesmo um tanto sociopata e manipulador. Aquela cena de ele embebear o irmão e dormir com ele foi o estopim pra estragar de vez o casal. O fato de eles serem "irmãos" nem me incomodou tanto já que não havia qualquer tipo ou suspeita de laço sanguíneo, então eles eram praticamente estranhos acoplados por casamento na mesma casa. Não vi problema real em relação a isso, foi o mesmo caso de Ani Ni Aisaresugitte Komattemasu. 

A coisa é que eles realmente não tinham tempero. Era uma relação tão morna que só o que segurava eles em cena era o conflito familiar mesmo. Teng Muren e Xiao Licheng levaram esse drama nas costas. Isso, claro, é o meu ponto de vista. 

E o que me deixou ainda mais satisfeita com o arco foi o final bonitinho e redondinho dele. Deu aquela sensação de conclusão ao mesmo tempo que deixou aquele gostinho de querer mais sem qualquer sombra de frustração. AMEI. Mais que recomendo!

sexta-feira, 28 de maio de 2021

[Anime] The Demonic King Who Chases His Wife (Xie Wang Zhui Qi) 1ª Temporada

 

Título Original: 邪王追妻

Ano: 2019

País: China

Episódios: 13

Gêneros: Ação , Comédia , Drama , Romance , Artes Marciais , Fantasia

Classificação: PG-13 (violência)

Sinopse: Ela, uma assassina renomada do século 21, na verdade atravessou para se tornar a mais inútil quarta miss inútil da Manor Su Manor. 

Ele, a alteza imperial do Império Jin, era um tirano demoníaco dominador de emoções com talento inigualável. 

Todos sabiam que ela era e inútil e a intimidavam como quisessem. Mas só ele, o tirano arrogante com o olho criterioso, não a deixaria ir, mesmo que sua vida dependesse disso. 

Por enquanto, vamos ver como o teimoso versus teimoso se choca e joga neste bom show do caçador e do perseguido.

Su Luo é a ladra mais talentosa de sua corporação. Contudo, o mundo perigoso em que vive não lhe permite viver o amor que sente por seu parceiro de crime, Qi Yun. Mas isso está prestes a mudar quando eles são incumbidos de roubar um artefato antigo, depois disso ela tinha esperança que conseguiriam sair da corporação e viver suas vidas longe de tudo aquilo, o que não esperava era ser traída por Qi Yun.

Quando fogem com o anel, ele a apunhala no estômago para conseguir a joia e se consolidar como o maior nome dentro da corporação, mas ele tampouco contava com a inteligência de Su Luo que, furiosa e magoada, pulou com o anel no mar. Nenhum deles sabia que o anel era mágico e, ao morrer no século XXI, ela foi transportada para o passado no corpo de uma jovem de baixa nobreza prometida ao príncipe herdeiro do império Jin.

 O negócio é que ela ela renasceu como a Quarta Dama mais inútil da Residência Su dentro da Terra Bi Luo, desprezada por todos incluindo a própria família. Além disso, ela tem uma irmã que é amante do príncipe herdeiro - que, deixo registrado aqui, é um babaca - e quer a todo custo tirar a irmã do jogo para poder ficar com o príncipe para ela.

A única pessoa que parece apoiá-la é o príncipe Jin, irmão do herdeiro. Ele é um tanto quanto arrogante e adora implicar com ela, mas parece ser sua única saída além de ser um dos únicos que está realmente disposto a guiá-la para atingir seu máximo potencial como uma mestre do espaço-tempo, um poder há muito adormecido naquele mundo. 

Enquanto os dois convivem naquele mundo em busca do despertar de Su Luo, seus sentimentos também vão evoluindo, mas será que o segredo que Jin Wang carrega consigo poderá manter a fé que Su Luo constrói nele?

Esse foi um daqueles animes que me venderam como uma coisa e no fim eram outra, eu vi ele num MV não lembro se no tiktok ou no instagram, mas super fui achando que era uma super fantasia e acabei ganhando um romance meio... né? Aquele começo meio Bu Bu Jin Xin foi muito "oi?" e o fato dos capítulos serem muito curtos dão a impressão que a história é mal desenvolvida.

A personagem principal tem seus pontos fortes, mas em boa parte eu achava ela muito chata. O relacionamento dela com Jin Wang é até bonitinho aquele lance de provocação e companheirismo e você começa gradualmente a ver que ele se importa com ela, mas né... 

Tiveram umas partes muito pesadas nesse primeiro arco, a tortura da criada dela foi de revirar o estômago, eu me lembrei muito de Corpse Party naquela cena, foi indigesta e cruel, além disso não achei que os pais ou a irmã dela - que mereciam uma punição - receberam o que lhes cabia, fiquei indignada. 

No demais, não gostei muito não, vi que tem uma segunda temporada já lançada, mas não me sinto inclinada a ver.

sábado, 22 de maio de 2021

[BL] Manner of Death

Título original: พฤติการณ์ที่ตาย

Também conhecido como: Manner of Deathพฤติการณ์ที่ตาย , Manner of Death The Series , Manner of Death: A Série , Manner of Death , O Mistério dos Mortos

Diretor: Chookiat Sakveerakul, Aum Natthaphong Aroonnet

Roteirista: Nirattisai Ratphithak

Gêneros: Suspense, Mistério, Romance, Crime

País: Tailândia

Episódios: 14

Ano: 2020

Classificação do Conteúdo: 18+ Restrito (violência e palavrões)

Sinopse: O Dr. Bunnakit é um médico legista que trabalha em um hospital provincial. Um dia, após realizar uma autópsia no corpo de uma mulher que aparentemente se enforcou, o Dr. descarta o suicídio, pois suas descobertas apontam para homicídio. Sua conclusão de repente o torna alvo de alguém muito poderoso.

Quando um homem anônimo invade sua casa e o ameaça a mudar sua denúncia para suicídio, o Dr. Bunnakit decide não levar a sério a ameaça. Mas tudo muda quando um de seus amigos, um promotor público, desaparece de repente. O Dr. conduz, paralelamente,  sua própria investigação a fim de chegar à verdade. Todas as pistas levam a um suspeito, um homem chamado Tan, que nega qualquer envolvimento. Porém Tan convence o Dr. Bunnakit a unir-se a ele, a fim de encontrar o verdadeiro assassino.

Onde encontrar: P'Tieris Fansub, Meow Fansub, Lianhua Fansub, Kingdom Fansub

Está aí um BL perfeito para quem quer fugir do lugar comum e passear por um universo onde as personagens não estudam engenharia (ahaahaha). Manner of Death, ou causa da morte em português, é um BL tailandês  baseado em uma novel homônima que tem como estrelas o casalzinho queridinho das fujoshis Max e Tul (que recentemente foi devidamente quebrado pelo anuncio corajoso de namoro do Max).

A trama vai se passar em uma pequena cidade interiorana para onde o Dr. Bun (Tul) está regressando após muitos anos para ocupar o posto de médico legista. Tão logo ele chega a essa cidadela, ele reencontra Jane, sua melhor amiga, e é presenteado com o cadáver de uma jovem estudante - que por sinal é aluna de Jane - que ele descobre ter sido assassinada vítima de drogas e atividades sexuais envolvendo violência. Contudo, até um primeiro momento, parecia só mais uma garota vítima de um troglodita.

Saindo com os amigos para uma boate na cidade, o doutor Bun acaba bêbado e tropeça em Tan, um misterioso homem que é professor de biologia na mesma escola que Jane. Ele acaba beijando o homem sem muitas reservas e acorda com uma violenta ressaca na casa dele. O problema é quando em um evento da cidade ele encontra esse mesmo sujeito na companhia de Jane e acaba achando que os dois são namorados, bem nessa noite, Tan acaba se envolvendo em uma briga com o irmão Pued aparentemente por causa de Jane.

No dia seguinte, sua melhor amiga é encontrada morta.

Chocado, revoltado, triste, Bun é o responsável por fazer a autópsia dela e descobre os mesmos traços de violência da aluna de Jane em sua amiga, logo, apesar de tudo ter sido montado para forjar um suicídio, ele conclui que Jane foi assassinada. Com essa afirmação em mente, ele insiste em impedir que a polícia arquive o caso e isso o coloca na mira de pessoas perigosas que tem o intuito de silenciá-lo.

Enquanto isso, Sorawit nota que sua amiga Nam está agindo de modo estranho. Enquanto tenta investigar o que está acontecendo com ele acaba pedindo a ajuda de That, um subordinado de Tan. O Dr. Bun, ainda desconfiado que Tan tem alguma coisa a ver com a morte de sua melhor amiga começa a confrontá-lo, mas é ironicamente salvo por ele diversas vezes e os dois acabam unindo forças para descobrir a verdade. Seguindo o rastro de Nam e as pistas que Jane deixou para trás eles vão descobrir um submundo macabro na cidade manipulado pelos altos escalões de poder.

Sem poder confiar em ninguém e com suas vidas em risco, Bun e Tan terão como única arma a inteligência, suas poucas conexões e o amor um do outro para sobreviver.

Confessar que no início eu estava um tanto receosa de ver esse BL, eu já tinha visto Together With Me com esse casal e não curti muito, todavia, a premissa diferentona do drama acabou me atraindo e decidi dar uma chance. Ainda acho que Max e Tul não tem essa química toda em cena, fica claro que eles se sentem confortáveis um com o outro, mas de resto é só fan service mesmo. Desde TWM eu não acho esse calor deles nada genuíno então fica bem difícil comprar os dois como casal. Isso, claro, é opinião minha.

A história, porém, foi adaptada de modo tão bem feito (e eu não li a novel, então me refiro apenas a produção) que o romance dos dois se torna uma consequência e não o foco. Além do outro diferencial de ser um único casal em foco. A direção acertou em cheio colocando sempre planos frios que mergulham a gente naquele clima de tensão, suspense e melancolia, o jogo de personagens que não são o que parecem também foi trabalhado de forma excepcional. E os plot twists são de te deixar pasmo.

Tudo é bem encadeado e por mais que em determinado momento não pareça que vá ter, o final é sim feliz, com algumas pequenas coisas que deixam a gente meio frustrado como o final de alguns vilões. Todavia, vale muito a pena a experiência, é um suspense bem construído, com personagens bons, o elenco não é de todo ruim, dando boas interpretações, alguns soam bem artificiais, mas em geral a maioria se sai bem. 

Vale salientar que esse aviso de +18 não é em vão. Apesar de não ser um drama explícito, tal como acontece em Precisamos falar sobre Kevin, a violência está nos detalhes e é uma produção que fala de temas muito pesados como estupro, tráfico sexual, aborto ilegal, e tem algumas cenas de violência também. No caso dos palavrões eu não senti tanto talvez porque o pessoal que legendou amenizou a legenda (a propósito, obrigada por isso!). 

Eu gostei muito do drama, foge do lugar comum na maioria dos BLs, sabe trazer os temas de forma pertinente e encadeá-los de maneira adequada, mantêm a gente preso em clima constante de suspense e funciona muito bem como romance em segundo plano. Recomendo!

[Livro] História de 50 Metros

 

Autor: Luiz Henrique F. Cunha

Ano: 2015

Páginas: 133

Gênero: Antologia

Onde Encontrar: Amazon

1. Leia se puder, se não puder esqueça

Nesse conto somos convidados a compartilhar das ideias de uma personagem que não quer ser personagem, mas quer saltar das páginas e, por ser personagem e não autor, não sabe contar história, mas conta apenas o que vê, nisso nos provoca, provoca nossa existência e pensamento crítico numa sociedade cada vez mais automática. Com uma prosa poética e até mesmo filosófica, essa personagem sem forma e nome nos faz perceber aquilo que nos passa batido por manter os olhos sempre nas telas e não na realidade que nos cerca. Afinal, quanto em nós é humano e quanto já é máquina fria e sem empatia?

"Todos estão ocupados em ser protagonistas de uma história de sucesso, aventura, amor verdadeiro, desilusão plena ou comédia pura. Aceitam figurantes e coadjuvantes sem problemas."

Até onde estamos sendo verdadeiros autores da nossa história? Será que não estamos apenas sendo protagonistas de algo escrito por outra pessoa que sequer sabe nossos sonhos e ambições (se é que os temos)? Forçando-nos a nos encaixar em um estereótipo que nos torna aceitos, mas não autênticos? E, sobretudo, esse foco todo no 'eu' que despreza e ignora o outro, o 'nós' acaba nos tornando ferramentas de um mundo materialista e egocêntrico que culminará na aniquilação de nós por nós mesmos.

"Os olhos presos ao celular nos roubam vozes ao redor, paisagens, pessoas que não vimos há tempos. Mas não devemos julgar quem perde paisagens tão cinzas, pessoas tão repetidas e vozes que revelam almas vazias." 

Ao dizer que deseja ser esquecido - e afirmar que de fato o será - o personagem não deseja ser figura nesse mundo indiferente ao mesmo tempo em que deseja viver e, nesse paradoxo, nós começamos a nos questionar se estamos realmente lendo um personagem ou o personagem está nos lendo. Quem está de que lado? E até que ponto nossa indiferença está tornando dispensáveis pessoas, momentos, experiências em prol do mundo ilusório que criamos diante de nós nos displays?

2. História de 50 Metros

"E tentava responder a si mesmo o porquê de tantas lágrimas. Por mais que exagerasse no uso de palavras e enumerasse milhões de causas, no fim, "existir" parecia motivo suficiente."

Essa é uma prosa poética filosófica que usa de simbolismos para representar indagações humanas sem realmente respondê-las e, ao mesmo tempo, respondendo-as nos dando o caminho de encontrar nossas próprias resoluções. Uma personagem vai atravessando uma rua e se depara com um copo atrás de uma árvore, naqueles poucos metros que separam ela do objeto e do seu destino, ela cria uma história cheia de simbolismos imersa em filosofia que nos arremata em uma viagem na psique humana.

De início parece um tanto quanto desconexo e sem sentido, mas quando você começa a mergulhar no texto e entender suas nuances e os simbolismos nos apresentados, começa a perceber o turbilhão de emoções entre as linhas. Mais ou menos quando você se pega parado sem vontade de nada e começa a divagar sobre a vida e você mesmo. 

3. Crônicas

Engana-se quem pensa que escrever contos e crônicas é mais fácil que escrever um romance. Amigos, eu sou escritora, acredite em mim quando digo que escrever um conto exige muito mais de você que um romance de 500 páginas. São sete contos que abordam situações diversas e refletem sobre a vida, o eu, o nós, o mundo. Precisos, diretos, surpreendentes, com alguma dose de humor em determinadas partes e sem abrir mão da prosa poética envolvente do professor.

Gostei muito do livro como um todo, Uma viagem externa-interna que nos leva a levantar reflexões e nos força a pensar.


sábado, 15 de maio de 2021

[Livro] O Hobbit

 

Título Original: The Hobbit

Autor: J. R.R. Tolkien

Páginas: 400

Sinopse: Bilbo Bolseiro era um dos mais respeitáveis hobbits de todo o Condado até que, um dia, o mago Gandalf bate à sua porta. A partir de então, toda sua vida pacata e campestre soprando anéis de fumaça com seu belo cachimbo começa a mudar. Ele é convocado a participar de uma aventura por ninguém menos do que Thorin Escudo-de-Carvalho, um príncipe do poderoso povo dos Anãos.

Esta jornada fará Bilbo, Gandalf e 13 anãos atravessarem a Terra-média, passando por inúmeros perigos, sejam eles, os imensos trols, as Montanhas Nevoentas infestadas de gobelins ou a muito antiga e misteriosa Trevamata, até chegarem (se conseguirem) na Montanha Solitária. Lá está um incalculável tesouro, mas há um porém. Deitado em cima dele está Smaug, o Dourado, um dragão malicioso que... bem, você terá que ler e descobrir.

Bilbo Bolseiro estava feliz na sua pacífica vida no Vale em sua toca de hobbit até um belo dia receber a inconveniente visita de um mago que estava de passagem perguntando-lhe se ele estava disposto a ir em uma aventura. Claro que, na sua idade, o hobbit recusa o convite e diz que não está interessado, o que ele não podia esperar era que o mago aceitasse sua recusa e, ainda naquele fim de dia, uma verdadeira convenção de anões se formou na sua casa.

Em meio as conversas entre eles, Bilbo se via mais e mais interessado na jornada, a ideia era atravessar a terra média até a Montanha de Smaug, antigo lar dos anãos, onde estava escondido um enorme tesouro roubado que os anãos queriam de volta. A tarefa de Bilbo nessa jornada? Um ladrão. Para ele, deixar sua vida confortável e pacífica para se meter em uma empreitada sem segurança de retorno era improvável estava fora de cogitação, mas por alguma razão ele acaba no meio dessa jornada com a roupa do corpo e, pasmem, sem um lenço!

No percorrer do tortuoso caminho que fazem pelas florestas negras, vales povoados de trolls e elfos, gobelins e aranhas gigantes (entre outros perigos iguais ou piores), Bilbo começa não apenas a repensar sobre seu papel naquela aventura como a gostar dele (e desgostar algumas vezes) se vendo modificar conforme se torna o único capaz de ajudar os anãos em momentos de real necessidade e, no fim, sua recompensa não foi outra senão a própria evolução como pessoa e a expansão do seu mundo pessoal.

"Se mais de nós dessem valor à comida, à alegria e às canções acima do ouro entesourado, este seria um mundo mais feliz."

Confesso que O Hobbit foi um pouco diferente do que eu imaginava e em muitas partes do jeito bom. A primeira coisa que me encantou no livro foi a maneira como ele é narrado, de forma quase fabulesca, e de alguma forma essa não deixa de ser uma fábula para adultos, aquela fantasia com gosto de infância que carrega nas entrelinhas reflexões válidas sobre a vida e nossa postura diante dela.

Já começa que esse livro, apesar de ser uma verdadeira escola sobre a jornada do herói, não se trata, propriamente, de um herói, pelo menos não de um como geralmente nos vem à cabeça quando pensamos na palavra. E é justamente essa simplicidade e o estado perdido do Bilbo que é a jogada de mestre do autor, porque isso nos faz automaticamente traçar um paralelo com a nossa própria tragetória e o quanto evoluímos com ela.

Nós acompanhamos a jornada de um grupo para roubar um dragão sob aquela velha ideia que "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão", e ainda mais, um grupo que está unicamente focado no tesouro ao seu alcance e não no obstáculo e certamente não nas pessoas que podem ser implicadas graças aos seus atos. Isso é claro e exemplificado ao longo de quase todo o livro. Isso torna o que a gente está lendo de alguma forma verossímil porque não estamos acompanhando os amiguinhos da justiça se é que se pode colocar dessa forma.

E as surpresas do livro não são mirabolantes plot twists, mas reflexos das próprias ações das personagens em prol dos próprios objetivos, é isso que torna o livro tão bom, ao mesmo tempo em que mostra a amizade, a lealdade e o senso de autopreservação de modo livre dos estereótipos perfeitos e encaixados dos livros que costumamos ler, isso dentro de um universo mágico. É simplesmente magistral. Caso eu não esteja me fazendo clara, vou exemplifcar, em determinado momento crítico, personagem X mesmo pensando no que precisa fazer pelos outros, tenta ver aquilo, antes, pela perspectiva do que é melhor para ele e do que lhe gera menos ou nenhum dano. Sem heroísmos altruístas. 

Além disso, a história levanta, de maneira muito sutil, várias reflexões a respeito da natureza humana e sua postura diante de algumas situações. Isso acaba te forçando a se posicionar a respeito, talvez graças a esses fatos reunidos, o Hobbit siga como um clássico atemporal da alta fantasia. Acompanhar a evolução de Bilbo ao longo das páginas é sentir dentro de nós alguma evolução também, do mesmo modo que ele não sai o mesmo de todas aquelas provações, nós igualmente somos mexidos quando fechamos as páginas de volta a casa da realidade.

Recebemos o convite de abrir a porta e experienciar a aventura de viver, expandir também o nosso mundo, escapar da bolha de conforto e sofrer provações, dificuldades, mas encará-las (mesmo com certa rabujice) como uma forma de crescer, de aprender, de nos expormos a ideias e universos diferentes do nosso modelo padrão e quadrado com apenas um tipo de certo e errado. Assim como Bilbo, somos chamados a pensar nos nossos obstáculos com inteligência e mesmo diante do esmorecer e do desânimo, continuar firmes na busca do nosso 'momento Eureka'.

Em relação aos filmes, eu sempre faço a resenha dos livros e linko as adaptações no mesmo post. A coisa é que não estou muito inclinada a assistir as adaptações desse livro. Sei lá, só pelo trailer eu já vi que mudaram muita coisa então ainda estou pensando o assunto. Caso acoteça, eu faço uma resenha separada dizendo o que achei!

sexta-feira, 14 de maio de 2021

[BL] The Wedding of Nobleman Yu

Título Original: 류선비의 혼례식

País: Coreia do Sul

Episódios: 8

Ano: 2021

Gêneros: Histórico, Comédia, Romance, Drama

Sinopse: Na noite de núpcias, Ryu descobre que na verdade se casou com Ki Wan, irmão de sua noiva, que fugiu. Ele quer anular o casamento, mas sua mãe o impede e  eles tem que sustentar a relação! Acontece que Tae-Ho, colega de Ryu, se apaixona por Ki Wan.

Por sorte, quando fui ver esse drama não estava com expectativas tão altas, simplesmente juntei minha irmã na frente do computador e começamos a assistir sem esperar demais. Temos alguns rostinhos conhecidos por aqui, o Jang Eui Soo de Where Your Eyes Linger faz uma aparição bem especial no drama que ainda conta com Kang In Soo (Wish You) e Lee Se Jin (Pacemaker for Him) o que mostra que a indústria do BL na Coréia está criando raízes e o que falta de verdade é coragem de criar produções que firmem de vez o gênero no país parando de fazer esses dramas de oito episódios que mal tem vinte minutos, obrigada.

Na história, nós acompanhamos Ki Wan, um jovem nobre cuja irmã estava prometida a Ryu, contudo, ela foge na noite anterior ao casamento e deixa o irmão em maus bocados. Conversando com o pai, Ki Wan não vê outra saída além de se passar pela irmã para não trazer ruína para a família. Assim, ele se veste de mulher e se casa com Ryu. Na noite de núpcias ele conta ao nobre que é um homem, mas de tão bêbado que está, Ryu não escuta e acaba pegando no sono. Quando acorda, depara-se com a realidade de que está casado com um homem.

Imediatamente ele pensa em cancelar o casamento, mas Ki Wan pede que o ajude a encontrar sua irmã e após isso tudo voltará ao normal, mesmo relutando inicialmente, ele acaba aceitando e os dois começam a fingir ser um casal enquanto investigam o que aconteceu com a irmã de Ki Wan. Em meio as adversidades que enfrenta fingindo ser uma mulher, Ki Wan precisa enfrentar o ciúme da irmã mais nova de Ryu que começa a fazer da sua vida um inferno, a se esconder de sua sogra e, sobretudo, despistar Tae Ho, um amigo de Ryu que se apaixona por ele.

Todavia, seu maior desafio é aceitar os sentimentos que começa a nutrir por Ryu e que este admite sentir por ele. Quando sua irmã finalmente volta para casa, qual será o destino dos dois?

Confesso que o drama não foi nada do que eu esperava. Na época, pela sinopse, eu achei que ia ser diferente, mas o fato de ter visto sem esperar muito acabou ajudando a não sair decepcionada. No quesito atuação continuamos mantendo um padrão muito bom, surpreendentemente teve beijinho e a história - que poderia ter sido melhor desenvolvida - foi bem feita e bem amarrada no tempo que lhe foi dado. 

É um draminha leve, tem suas partes engraçadas e apesar de não empolgar tanto quanto WYEL e Color Rush, tem seus méritos. Recomendo.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

[Livro] A Noite das Bruxas (+Filme)

Título Original: Hallowe'en Party

Autora: Agatha Christie

Ano de publicação: 1969

Gêneros: Romance, Mistério, Romance policial, História de detetives, Ficção policial

Sinopse: Em uma festa de Dia das Bruxas organizada por Mrs. Ariadne Oliver, Joyce, uma adolescente com o costume de mentir para chamar a atenção, revela já ter testemunhado um assassinato. Ninguém acredita nela, mas, poucas horas depois, seu corpo é encontrado afogado próximo a uma bacia cheia de maçãs. Diante de um caso tão tenebroso, Mrs. Oliver decide pedir ajuda para a única pessoa que considera capaz de encontrar o culpado: Hercule Poirot.

Minha relação com Agatha Christie começou na escola, havia alguns livros dela por lá e eu aluguei o primeiro, Os Quatro Grandes, por curiosidade e me vi encantada pela prosa misteriosa e surpreendentemente simples no que se refere à linguagem. Lembro que este foi um dos livros dela que mais gostei, contudo, como já tem um tempo considerável desde que deixei a escola, foi uma alegria maravilhosa revisitá-lo em idade adulta.

Na trama, nós somos levados aos preparativos de uma inocente festa de halloween para crianças, organizada pela rica e controladora Sra. Drake, ao que parece, a líder da pequena sociedade. Na festa enconta-se Ariadne Oliver, a autora de livros policiais amiga de Hercule Poirot e comedora assídua de maçãs. Enquanto organizam a casa para o evento que ocorrerá à noite, em uma tentativa de impressionar Ariadne, uma das meninas da festa, Joyce, afirma ter visto um assassinato. Por ser uma mentirosa compulsiva e todos saberem disso, ninguém dá atenção a ela no começo por mais que a menina afirme que fala a verdade.

Minutos mais tarde ela é encontrada morta. Afogada no balde onde a brincadeira de pescar maçãs com a boca foi realizada.

O choque afeta a todos, sobretudo Ariadne, que fica abalada com o ocorrido e resolve chamar Poirot para ajudar a resolver. A primeira coisa que o detetive Belga averigua é a veracidade das palavras da garota, ora, se ela foi assassinada então sua afirmação de ter presenciado um assassinato não pode ser outra a não ser verdadeira, contudo todos afirmam e reafirmam que Joyce era mentirosa e não merecia crédito. Com a ajuda de Spence, um policial aposentado que mora com a irmã, ele levanta uma lista de pessoas mortas em circunstâncias estranhas nos últimos anos que poderiam ter sido presenciadas por Joyce.

A lista envolve a tia de Rowena Drake, uma senhora com problema de coração que morreu de ataque cardíaco. Essa mulher tinha uma criada estrangeira que cuidava dela, vinda para a Inglaterra por um programa de au pair, chamada Olga Seminoff, ela havia desaparecido após ser acusada de falsificar o codicilo do testamento da velha senhora no qual afirmava que ela deserdava a esposa do sobrinho  e deixava todos os seus bens para Olga. A outra morte envolvia um advogado que fora esfaqueado e cujo assassino jamais fora pego e por último uma professora primária que morrera afogada

Ajudado por Ariadne e alguns dos moradores locais, Poirot vai em busca da solução dessas mortes do passado para assim chegar ao assassino de Joyce, contudo, as coisas começam a se complicar quando o irmão da garota, Leopold, aparece afogado, assassinado pelo provável mesmo assassino da irmã. O cerco vai se fechando e as investigações se mostram mais perigosas, a prioridade de Poirot se torna proteger a próxima vítima do assassino enquanto uma suspeita improvável começa a rondar seus pensamentos.

Passado e presente se mesclam em uma trama cheia de ganância, preconceito, paixões doentias e unilaterais e a loucura narcisista de um assassino sem piedade.

Só revisitando esse livro eu percebi porque era um dos meus favoritos na história. Ao contrário da maioria dos fãs de Agatha em sua época, que amavam seus assassinatos sangrentos, eu gosto muito mais da forma lógica e inteligente que ela conduz a investigação daquele crime. Acho que isso vem muito da influência de programas como CSI que eu gostava de ver no início da adolescência.

A complexidade e o fato de inclusive de ter mais de uma morte no mesmo livro a ser investigada, torna a trama de Agatha não apenas instigante, mas deixa a gente querendo fazer ligações entre os casos e a morte da menina, o que ela poderia ter visto? Até onde ela poderia ter dito a verdade? E o que o irmão dela sabia para findar com o mesmo destino? Inclusive, fui pega de surpresa no desfecho por não me lembrar com nitidez do assassino de fato. Apesar de ter conseguido identificar um deles, o outro fiquei bem passada quando terminei. Agatha dispensa comentários e recomendações, mas deixo aqui minha recomendação por essa história apenas pelo fato de ser minha queridinha. Foi o livro que me introduziu no romance policial.

Falando agora da adaptação, a noite das bruxas apareceu na 12ª temporada da série Poirot, terceiro episódio. Como em toda a adaptação eles fizeram muitas mudanças no enredo. Foi uma "enxugada" por assim dizer. Introdução de personagens que não existiam e elipse de personagens que tinham um papel até importante na trama como Spence e sua irmã Elspet. Os cenários também foram diminuídos para um mesmo local, e mesmo a morte de algumas personagens foi modificada.

Talvez isso tenha sido uma desatenção minha, mas no que diz respeito à morte da professora primária, no livro não me lembro bem do aspecto da homossexualidade dela, talvez tenha ficado implícito e não prestei atenção nas sugestões, mas no filme essa questão foi tratada de modo claro, apesar de sutil. A resolução do caso teve várias mudanças em comparação ao livro e mesmo que David Sucher tenha sido uma representação fabulosa do detetive Belga, algo que realmente salva a produção como um todo, o livro é inegavelmente melhor.

Muitos detalhes foram alterados ou ficaram de fora. Personagens foram tirados e até mesmo a personalidade de algumas personagens foi drasticamente modificada. Ainda assim, o filme vale como um passatempo para fãs do livro.