terça-feira, 30 de janeiro de 2024

[Livro] A Chave de Sarah

Original: Elle s'appelait Sarah / Sarah's Key

Autora: Tatiana de Rosnay

Gêneros: Romance, Ficção histórica

Ano: 2006

Páginas: 400

Sinopse: Julia Jarmond é uma jornalista Americana que vive em Paris há 25 anos e é casada com o arrogante e infiel Bertrand Tézac, com quem ela tem uma filha de onze anos. Julia escreve para uma revista americana, e seu editor pede que ela cubra o sexagésimo aniversário da grande concentração no Vélodrome d’Hiver – um estádio no qual dezenas de milhares de judeus ficaram presos antes de serem enviados para Auschwitz. Ao se aprofundar em sua investigação, Julia constata que o apartamento para o qual ela e o marido planejam se mudar pertenceu aos Starzynski, uma família judia imigrante que fora desapossada pelo governo francês da ocupação, e em seguida comprado pelos avós de Bertrand. Ela resolve descobrir o destino dos ocupantes anteriores. É revelada então a história de Sarah, a única dos Starzynski a sobreviver. A família de Sarah foi uma das muitas brutalmente arrancadas de casa pela polícia do governo colaboracionista francês. Michel, irmão mais novo garota, se esconde em um armário, e Sarah o tranca lá dentro. Ela fica com a chave, acreditando que em poucas horas estará de volta. Julia é então impelida a retraçar a sofrida jornada de Sarah em busca de liberdade e sobrevivência, dos terríveis dias em campos de concentração aos momentos de tensão na clandestinidade, e por fim seu paradeiro após a guerra. E à medida que a trajetória da garota é revelada, mais segredos são desenterrados. Ao escrever sobre o passado da França com uma clareza implacável, Tatiana de Rosnay oferece em A Chave de Sarah um contundente retrato da França sob a ocupação nazista, revelando tabus e negações que circundam este doloroso período da História francesa.

Em 1942 o mundo da pequena Sarah muda para sempre quando a polícia chega à noite em seu apartamento para levar sua família embora. Com onze anos de idade, ela não entende o que está acontecendo, seus pais não lhe contam nada, embora ela seja esperta o bastante para saber que algo não andava certo nas últimas semanas. Seu irmão de quatro anos, Michael, se recusa a sair. Assim, ela o esconde no armário secreto em seu quarto e tranca a porta, levando a chave consigo, acreditando que logo voltará para casa e libertá-lo-á, ficando tudo bem.

Sua família é levada para o Velodróme D'hiver onde fica confinada em condições desumanas junto de várias outras famílias judias. Sarah presencia todos os tipos de crueldade e desespero enquanto tem um pai preso no desespero e uma mãe apática pela falta de esperança. O tempo todo, ela pensa no irmão preso no armário, enlouquecida com a verdade de que não poderá voltar para ajudá-lo. Pessoas que antes ela conhecia e sorriam para ela, hoje lhe viram as costas e rostos como se ela fosse uma criminosa.

Em um trem de gado, ela é levada para um campo de concentração francês e separada de seus pais. Junto com as outras crianças, algumas morrendo devido as condições de descaso e nenhuma higiene, ela vive os maiores horrores sozinha até conseguir fugir com uma das outras meninas, ajudada por um policial que a conhecia. Elas passam por dificuldades até chegar em uma fazenda, onde são acolhidas por um casal de idosos que as esconde. Mas a outra menina fica doente e é levada de volta ao campo de concentração pela polícia. Por sorte, o casal consegue salvar Sarah que só tem uma coisa em mente: voltar para Paris e resgatar seu irmão.

Em 2005, a jornalista americana radicada na França, Julia Jarmond é encarregada por seu chefe de escrever uma matéria sobre os eventos de 1942 que está próximo de comemorar 60 anos. Primeiro, ela fica chocada por não saber nada sobre a batida policial francesa, depois, torna-se obcecada em conseguir mais informações a respeito e tentar entender por que aquilo não é ensinado nas escolas, porque ela mesma nunca ouviu falar na escola (exemplificando claramente o sistema egocêntrico de ensino americano). 

Passando por uma crise no casamento e com uma filha de onze anos, ela está prestes a se mudar para o antigo apartamento da avó do seu marido que foi internada em um asilo por conta da demência. A vida de Julia vira mais pelo avesso quando em suas pesquisas ela esbarra com Sarah, a menina que pode ter sobrevivido ao holocausto e, possivelmente, ter alguma ligação com a família do seu marido.

Investigando mais a respeito do assunto, ela viaja para lugares esquecidos, procura ressuscitar pessoas das quais ninguém quer lembrar enquanto reconstrói a odisseia de Sarah e seus últimos passos rumo a um destino ignorado. Sua pesquisa causa um abalo na família de seu marido e pode mudar para sempre o rumo da sua própria história.

Esse é um daqueles livros que entra na seleta lista de histórias incríveis com adaptações que eu não vou ter coragem de ver.

Dos parcos livros ambientados nesse período negro da história do mundo, esse foi um dos poucos que pode ser equiparado lado a lado com O Pianista, foi difícil de ler e isso é um eufemismo! É aquele tipo de livro cuja história fica na sua cabeça, revira seu estômago e te faz repensar sua fé na humanidade ao mesmo tempo em que a reaviva. A história intercala entre a visão de Sarah dos horríveis momentos da prisão e a trajetória de Julia com seu casamento fracassado e sua pesquisa.

Além de indigesto e cruel, o que me deu mais dificuldade em continuar a história foi a própria Julia. Sério, ela é o arquétipo de personagem que eu mais detesto acompanhar. Sabia que o marido estava traindo, sabia que seu casamento estava acabado, mas ainda insistia em continuar porque não queria aceitar o fato que estava acomodada com aquela vida, independente disso fazer mal a ela ou não.

Por vezes, conversando com minha irmã sobre a história (porque eu precisava mesmo falar com alguém ou não conseguiria terminar de ler), ela me perguntava sempre por que eu continuava lendo aquele tipo de livro. É uma resposta simples: é necessário. A gente não pode, nunca, esquecer esses eventos e todas as pessoas que foram vítimas dos piores e mais indizíveis tipos de crueldade humana. Essas histórias nos fazem refletir sobre a sociedade que construímos hoje, sobre nosso papel nela, sobre nossa humanidade ou a falta dela.

Como vocês sabem, estou lendo a bíblia e, apesar das postagens no blog estarem no começo, já avancei alguns livros. Acompanhando a história do povo escolhido desde o começo, sua gênese, tudo que fizeram e passaram, não conseguia não pensar nisso durante a leitura desse livro, embora a questão aqui siga muito além de somente religião. Mesmo os personagens desse livro sendo fictícios, os fatos aconteceram, pessoas reais viveram esses horrores e pensar nisso, sequer imaginar isso, é suficiente para despertar toda a revolta que possuímos em nós.

Mesmo sendo difícil, tendo que parar para ver algo mais leve, para distrair a cabeça com outra coisa, acho que é sim um livro que todo mundo devia ler, sentir, pensar, falar sobre. Não somos hoje muito diferentes da França de 1942, aquela que fecha os olhos, que escolhe não pensar nisso, não sentir empatia, esquecer, culpar outros. Precisamos desse tipo de história para nos sacudir, nos lembrar o que nos torna humanos, nos fazer lembrar o que realmente importa na vida.

Ficamos tão imersos nos comentários em redes sociais, nas roupas que "precisamos" comprar, no celular novo, na festa que precisa ser gravada. Tudo hoje é voltado para o hibope da nossa vida imaginária. Quando lemos esse tipo de histórias relembramos que um céu azul, um abraço de mãe, o conforto de um irmão, uma história doce e um pouco de água e comida é tudo que precisamos realmente para ser feliz. Dói sim, é horrível de ler, mas continuo pegando esse tipo de livro para me lembrar disso. Me lembrar deles e do que eles passaram pela crueldade de pessoas como eu e você, pela indiferença e o ato de virar o rosto para não ver.

.זכור.  אל תשכח

(Zakhor. Al tichkah.)

Lembre-se. Nunca esqueça.

domingo, 28 de janeiro de 2024

[Drama] Miss Mystery

Título original: 迷情庄园

País: China

Episódios: 24 [15min]

Gêneros: Histórico, Romance, Drama

Ano: 2023

Sinopse: Xue Tong, filha de uma família rica, testemunhou toda a sua família sendo massacrada na infância. Dezoito anos depois, Xue Tong retornou à sua cidade natal sob o pseudônimo de Lin Bao’er e traçou um elaborado plano para eliminar os assassinos de sua família. No entanto, seus planos foram interrompidos por um noivado, e ela inesperadamente se tornou noiva de Zhu Guanwen, filho de seus inimigos... Sob o disfarce de um flerte habilidoso, quem sairia vitorioso neste jogo?

Onde encontrar: DorameirasOn Fansub (telegram)

No Seu aniversário de seis anos, a pequena Xue Tong teve sua festa com seus pais interrompida por súbitos barulhos do lado de fora. De repente, seu pai parecia assustado e a pegou nos braços, escondendo-a no armário atrás da parede e lhe entregando um relógio de bolso fazendo-a prometer não sair dali e proteger aquilo com a sua vida. Confusa, a menina obedece e, pelas frestas do armário, vê seus pais sendo assassinados por quatro homens, entre eles o criado principal da sua casa.

Então, o incêdio começou, encobrindo os rastros. Xue Tong se manteve escondida como seu pai ordenou e, dias mais tarde, foi encontrada por um menino que lhe ofereceu um doce, mantendo-a escondida ali sem revelar seu paradeiro. 

Anos mais tarde, ela retorna à sua cidade natal, agora como Lin Bao Er, a filha de um importante comerciante do sudeste asiático. Rica, linda, inteligente e letal, chegou a hora de se vingar dos seus inimigos e limpar a memória de seus pais. Para isso, ela usa como alvo Zhu Guan Wen, o filho do homem responsável por todo o esquema que destruiu sua família. 

No início, Bao Er estava apenas usando ele para dar suporte à sua vingança e Guan Wen sabia disso tanto quanto sabia quem ela era e estava mais que disposto a se deixar usar. Ela não o reconheceu como o garotinho que salvou sua vida. Um a um, seus inimigos começam a cair, mas o que fazer quando precisa contar ao marido que está usando que seu próximo alvo é ninguém menos que o pai dele?

Confessar que eu não tinha muitas expectativas com esse drama não, embora tenha ouvido muita gente comentando sobre ele e como era bom. Fui ver apenas porque era curtinho e terminaria rápido. Mas me surpreendi. Mesmo sendo um mini drama, a história é bem amarrada, deixa muito pouca coisa sem resposta e traz um casal principal com muita química. As atuações foram excelentes, nada caricatas e artificiais, a gente compra mesmo a briga da mocinha e sua causa de injustiça.

Já tinha visto essa atriz na péssima adaptação live-action de Spiritpact, mas ela me surpreendeu muito aqui. Sua personagem, extraordinariamente construída, demonstra força sem abrir mão da sua vulnerabilidade e isso a torna muito real. Esse ator, por outro lado, não conhecia e gostei muito da atuação dele, conseguiu passar toda a credibilidade de cínico apaixonado. Para quem curte uma história de vingança, fica aí uma boa pedida.



sábado, 27 de janeiro de 2024

[Bíblia] Corrupção da Humanidade

 

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O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam voltados para o mal. Gn 6,5

Pela primeira vez, Deus se arrependeu do trabalho que cumpriu com tanto esmero, pois sua criação foi maculada pelo homem. Com o surgimento do homem, surgiu o pecado que corrompei o projeto do Senhor, cada vez mais os homens se multiplicavam e se voltavam para o mal causando dor ao coração do Senhor, mas por causa de um justo, Noé, fomos salvos e por outro maior, Jesus, as faltas do mundo seriam mais uma vez redimidas.

Deus continua a nos dar chances de ser pessoas melhores como fomos criados para ser, mas constantemente insistimos em ferir seu coração e nos voltamos para o mal. Após a destruição, o Senhor prometeu que não mais faria sofrer a terra por causa do homem, já que este era mal por sua natureza desde a juventude (entende-se Adão, Eva e Caim), somos descendentes da nova povoação da terra que por vezes voltou a corromper-se; ainda magoamos o coração de Deus que com insistência busca nos salvar, mas até quando ele continuará suportando a rebeldia cruel de sua cria?

O homem só destrói, o mundo e a si mesmo, estamos alcançando um ponto perigoso e nada impede que o Senhor se levante outra vez, não contra a criação, mas contra sua cruel e corrupta criatura.

A Humanidade Nova

Todo aqueleque derramar sangue humano terá seu próprio sangue derramado pelo homem, porque Deus fez o homem à sua imagem." Gn 9,6

Compreendo que o Senhor não está de olhos vendados ao que está acontecendo no mundo e todas as vidas tiradas serão reclamadas por sua justiça, que nos chegará em seu momento. Ele ouvirá o pranto e o clamor dos que sofrem.

A Aliança e descendência de Noé

O Senhor fez a promessa de nunca mais destruir o mundo com outro dilúvio (daí a teoria que a nova destruição virá pelo fogo, embora ele tenha dito que não ia mais ferir a terra...) e para firmar essa aliança, pôs no céu o arco-iris como símbolo dessa aliança. Daí em diante, os filhos de Noé se disperasam e povoaram novamente o mundo.

Outra observação interessante: em um episódio de embriagez, Cam vê o pai ficar nu em sua tenda e vai contar aos irmãos, que o cobrem. Quando fica sóbrio, ciente do acontecido, Noé amaldiçoa o neto, filho de Cam, Canaã (não entendi por que) mesmo nome da terra prometida à Moisés mais adiante.

A Torre de Babel

Essa é uma parte interessante que levanta algumas perguntas. Alguns homens se estabeleceram em uma planície de Senaar, no oriente, e ali começaram a construir uma cidade e uma torre que alcançasse o céu para que "tornemos assim célebre nosso nome e não sejamos dispersos pela face de toda a terra" (Gn 11,4). Então, Deus desceu para ver a cidade e atorre e confundiu a linguagem que era uma só, para que não mais se compreendessem, pois, "nada futuramente os impedirá de executarem os seus empreendimentos" (Gn 11,6) caso continuassem se entendendo. A questão que fica é: por quê? Seria o motivo o fato de eles almejarem ser maiores que o Senhor ao elevar seus nomes através da construção? Ou, por ser Deus, isso apenas seria uma metáfora para o que acontece nos dias de hoje?

Bem, creio que esse é o evento que ilustra o nascimento das línguas.

[BL] Our Dining Table

 Título original: 僕らの食卓

Roteirista: Shimo Ayumi

Roteirista e Diretor: Ishibashi Yuho, Kashou Iizuka, Kamimura Naho

Gêneros: Comida, Romance, Vida, Família

País: Japão

Episódios: 10 + 1 especial

Sinopse: Comer perto de outras pessoas é uma luta para o assalariado Yutaka, apesar de seu talento para cozinhar. Tudo isso muda quando ele conhece os dois irmãos Minoru e Tane que lhe pedem para ensiná-los a fazer sua comida deliciosa! Yutaka logo se vê tendo uma mudança de opinião enquanto espera pelas refeições que eles compartilham juntos.

Onde achar: Lianhua Fansub, Meow Fansub

Yutaka é funcionário em um escritório de design e, embora seja competente em seu trabalho, não é muito próximo de seus colegas, sempre recusando convites na hora do almoço e saídas após o expediente. Recluso, ele almoça sozinho em um parque próximo da empresa. Um dia, em uma dessas ocasiões, um menininho se aproxima dele e lhe pede o seu enorme onigiri. Curioso, ele entrega o bolo de arroz para a criança enquanto pergunta onde esta a família dele. Vendo o menininho comer com gosto, sente-se feliz, logo aparece o irmão mais velho da criança que descobre se chamar Tane. 

Com cabelos louros e uma pose um pouco estressada, o jovem parece à primeira vista bem intimidador para Yutaka, mas ele não comenta. Alguns dias depois, o jovem volta e pede a ele que vá até sua casa ensinar Tane a fazer o onigiri, pois o menininho não fala em outra coisa. Mais por medo que por vontade, Yutaka aceita o convite sem imaginar que aquele simples evento mudará para sempre sua vida. Tane é uma criança adorável e se mostra realmente feliz com a sua presença e a tarde de aprendizado se torna não só uma festa, mas um divisor de águas na vida de Yutaka que, pela primeira vez em muitos anos, come na frente de alguém com o incentivo de Minoru.

A partir desse dia, uma sucessão de visitas ocorre e aproxima mais Yutaka da simpática família. Envolvido com eles, o jovem designer começa a ser exposto a um passado do qual quer fugir enquanto descobre segredos do passado de Minoru e do seu próprio, embarcando na jornada do primeiro amor.

Esse drama me deu todos os feeling de Cherry Magic, não consigo expressar quão fofo ele é e boa parte disso se deve ao fofíssimo ator que interpreta o Tane, ao contrário de outros dramas que já assisti com crianças, Tane não é uma criança birrenta que faz escândalo por qualquer coisa ou inferniza a vida do irmão mais velho. Ao invés disso, ele é apenas adorável, como uma criança fofa e educada deve ser. Tem as travessuras dele de criança, mas é simplesmente adorável.

A relação de Yutaka com Minoru se desenvolve de uma forma tão delicada e gradual que a gente se vê torcendo como louca por eles e é muito gostosinho assistir ambos se ajudando a superar seus traumas e começar uma nova história. Creio que no mangá há mais desenvolvimento dessas questões, mas dentro do seu tempo achei que o drama cumpriu bem o papel de nos colocar dentro dos traumas de Yutaka e a progressão dele foi muito natural na superação dessas dificuldades. E gente, eu apenas perdi tudo com o Tane agarrado no braço do Yutaka perguntando se ele foi intimidado! 

Se você procura um draminha rápido, fofo e pra terminar com o coração super quentinho, essa é a pedida perfeita!

domingo, 21 de janeiro de 2024

[Bíblia] O nascimento do pecado

 


Estaríamos vivendo em uma remota parte do Éden maculada pelo homem? Havia quatro rios no jardim, dois dos quais se deu o berço das civilizações como conhecemos hoje. O homem nasce puro e sem mácula através de sua inocência, é o meio que o corrompe. Quando os barulhos do mundo nos impedem de ouvir a voz do Senhor, somos levados ao pecado e à morte.  Tivemos um dia a chance de uma vida plena sem dor e preocupações, mas criamos nossa própria ruína ao dar ouvidos ao mal e esquecer de Deus.

A culpa se deu quando tomamos discernimento do certo e errado, afastando-nos da inocência, e é por isso que Deus ama as crianças, porque elas são como sua criação original. Será que maculamos realmente uma parte do jardim e, agora, somos impedidos de encontrar o caminho de volta? Será que manter a inocência a salvo é a maneira de nos salvar também? Isso é possível em um mundo como esse?

Durante muito tempo, e me incluo nessa geração, fomos levados a acreditar que o sexo era o pecado original. Contudo, o pecado original foi a desobediência aos desígnios de Deus. Esse foi o pecado que acompanhou a humanidade desde sua gênese e causou a ruína do povo escolhido. Desde a queda de Lúcifer, pelo orgulho de desejar ser igual a Deus e, com isso, desobedecendo suas ordens, esse foi o pecado que acompanhou todos nós e nunca foi tão severo quanto nos dias de hoje.

Caim e Abel

O nascimento do segundo pecado dos sete: a inveja. Enquanto Lúcifer inaugurou o primeiro, o orgulho, Caim vem personificar esse segundo. Filho de Adão e Eva, se virou contra seu irmão mais novo, Abel, porque o Senhor não olhou com agrado sua oferta, mas para a de seu irmão. Embora não fique explícito, deduz-se que o coração de Caim não era sincero e, assim, ele abriu espaço para a escuridão findando por ceifar a vida do seu irmão.

Esse capítulo também corrobora a teoria de que vivemos em uma parte do Éden já que, ao ser expulso, Caim vai para o oriente do jardim. Apesar de seu pecado, o Senhor não permitiu que nenhuma outra criatura tirasse sua vida, matando sete vezes aquele que tentasse, corroborando que Deus concede a vida e apenas Ele tem direito de tirá-la, assim, aqueles que tentam e tiram a vida do próximo serão cobrados com rigor, pois só a Deus cabe o julgamento dos crimes.

Descendência de Caim


Não é mais mencionada a descendência de Caim. A história continua com a segunda descendência de Adão e Eva que eu trago pra vocês no próximo post :)

[Livro] Love Sky

 Original: Love Sky พระพายหมายฟ้า

Autor: MAME

Ano: 2008

Páginas: 445

Sinopse: Uma situação crítica acaba forçando Sky a uma situação ruim, tendo que se vender para sobreviver. Pense nisso apenas como sexo de uma noite. Suando e se separando, o que o jovem Sky não faz ideia é que o astuto PhraPhai não pretende terminar tão facilmente. Sendo paquerador, atrevido, narcisista e mentiroso até o Sky quase desmaiar! Mas as feridas do passado ainda vão atormentar o casal. Quando será um dia claro sem nuvens para o céu?

ESSE LIVRO CONTÉM GATILHOS DE ESTUPRO, VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA.

Esse é o segundo livro da MAME que eu leio, o primeiro foi Love By Chance cuja série eu vi antes de ler. Por aqui, comentei ano passado que Love in The Air foi um dos meus dramas favoritos dos que vi, então é claro que eu fui atrás da novel. Negócio é que a MAME é bem problemática, ela cria muito bem seus personagens, mas não se responsabiliza por eles como aconteceu com o Type, o Thecno e o Tar. Contudo, embora tenha alguns problemas, ela não se saiu de todo horrível nesse drama. A coisa é que parece que o sistema policial tailandês não funciona em dramas BL, em alguns como Manner of Death tem uma explicação que era a corrupção do órgão, mas no mameverso ela parece nem existir! Corrupta ou não. Penso que, ou ela não se interessa em saber mais sobre o sistema penal do pais dela e tudo bem, eu mesma não me interesso, ou ela é só irresponsável mesmo.

Mas vamos lá. Love Sky é o segundo volume dessa série, focado no casal Sky e Prapai (não sei porque esse monte de 'h', mas ok), o bacana é que não precisa necessariamente ter lido o primeiro livro pra entender esse, ambos são relacionados, mas independentes. Após Rain ter sido pego por Payu ao entrar de penetra na corrida, Sky acaba ficando para trás e é perseguido pelos guardas, mas acaba sendo ajudado por Prapai que se oferece para tirá-lo de lá se ele dormir com ele. De início ele estava brincando, mas passada a surpresa de Sky ter aceitado, bom galinha que é, ele topa.

Após essa noite, a última coisa que Sky quer é encontrar aquele homem de novo. Parece que sua sorte só coloca idiotas no seu caminho. Agora ele quer apenas esquecer e ler seus mangás. Porém, seu azar acaba recolocando o estranho no seu caminho e ele está disposto a persegui-lo não importa quantas vezes Sky o recuse ou o ignore. Isso começa a trazer à tona memórias que o garoto quer esquecer, porém, quanto mais próximo fica de Prapai, mais percebe que embora seja um galinha ele tem um coração bom.

Por sua vez, Prapai está cada minuto mais louco por esse garoto gelado. Não importa o quanto tente, Sky se recusa a cair na sua rede e isso só o instiga mais, não apenas a conquistá-lo, mas a descobrir o que aconteceu no passado que machucou tanto esse garoto ao ponto de ele não ter consciência do próprio charme e se recusar com tanta garra a acreditar no amor. Sobretudo, convencê-lo que ele está mesmo falando sério sobre seus sentimentos se mostra tão ou mais desafiador que permanecer cinco minutos no dormitório sem uma ameaça de estilete.

Quando Sky fica muito doente por causa da exaustão, Prapai se prontifica a cuidar dele e o faz com tal dedicação que surpreende até a si mesmo. Esse evento acaba aproximando-os um pouco mais, embora Sky permaneça relutante em deixá-lo se aproximar. Por fim, numa tentativa desesperada de deixá-lo logo cansado, o garoto decide dar o que ele quer e se percebe realmente apaixonado pelo homem narcisista e sem vergonha. Mesmo tentando com todo afinco proteger seu coração de um novo trauma, Sky percebe que o entregou para Prapai e teme não se recuperar disso quando ele finalmente for embora.

Aos poucos, as coisas que Prapai tinha por prioridade começam a ser substituídas por Sky. Sua mente não consegue desconectar do garoto e cada vez mais seus sentimentos estão aumentando. Ele quer provar que é capaz de ser fiel e se dedicar a uma única pessoa, mas será capaz de salvar Sky do medo do seu passado? O que ele esconde? Os fantasmas de um trauma doloroso estão prestes a colocar seus sentimentos à prova, os dois conseguirão superar isso juntos?

Olha, eu sei que cada pessoa reage e lida de maneira diferente de um trauma. Isso depende de centenas de fatores e muito da personalidade de cada um. Aceito. Porém não posso deixar de mencionar a forma irresponsável como a Mame lida com isso. Em TharnType o trauma do Type é usado só como um recurso narrativo para aproximá-lo do Tharn, não tem nenhum tipo de impacto ou consequência real na vida do personagem que, poucos capítulos depois, já está na cama de um homem para pagar uma dívida. Quer dizer, não faz o menor sentido. Ela acha que colocar um único pesadelo é capaz de criar empatia com a condição do personagem? E eu nem vou comentar a questão do Thecno ou a do Tar.

O que aconteceu com o Sky é semelhante ao que houve com o Tar. Nesse ponto, eu dou um voto de aprovação porque o Tar realmente era a personificação de uma pessoa que sofreu uma violência hedionda como essa e, à sua maneira, pela própria personalidade que construiu para lidar com isso, o Sky é igualmente retratado assim. Ele criou uma espécie de barreira para protegê-lo das pessoas e ele tem medo de relacionamentos, mas, mais do que isso, o evento impactou de forma brutal sua autoestima. Aqui, na construção do personagem faz muito mais sentido. O que não me convenceu muito foi a maneira leviana como ele trata o sexo casual logo no primeiro capítulo depois de um trauma semelhante, não soa muito verossimil, mas até certo ponto dá pra engolir.

Se for para comparar, nessa novel ela tratou a questão psicológica do personagem de maneira muito melhor. Já a resolução do problema, bem, não foi o viés mais aceitável. Não tenho ideia se a justiça tailandesa é frustrante como a brasileira em casos como esse, mas confesso que por mais errado que seja foi até certo ponto bem satisfatório ver o Gun pagar uma ínfima parcela do seu crime nos punhos do Prapai. E, a novel é um pouco mais clara que o drama que o Chai, a pedido do Pai, vai torturar o Gun, contudo não tem a certeza que o piloto encomendou mesmo a morte do lixo escroto embora fique ali a ideia nas entrelinhas. De todo modo, ainda fica o jeito errado de lidar com a situação.

Outra coisa foi a solução "curado pelo amor" que ela escolheu no final para a superação do Sky depois de quase passar o mesmo pesadelo de novo (e a novel não deixa claro se aconteceu mesmo ou o Prapai chegou a tempo). De certo ponto, podemos tirar alguns vestígios que tornaria isso acreditável? Poderíamos. O primeiro deles é a própria personalidade do Sky desde o acontecido e a maneira como ele lidou com isso. A segunda é a certeza de ter encontrado alguém que não vai fazer a mesma coisa. Ainda assim, não soa muito crível essa escolha dada a cadeia de acontecimentos. Porém, admito que ela foi muito mais responsável que no caso do Tar, por exemplo, que foi apenas esquecido no churrasco sem qualquer tipo de punição. Inaceitável é pouco (isso falando do drama, porque eu não li a novel).

Entretanto, embora esses pontinhos despertem alguns pensamentos, passei pano pra essa novel? Passei. Amei cada página, vibrei, shipei desesperadamente e torci muito pelo casal Prapai e Sky. Foi o arco do drama que eu mais gostei e com o livro não foi diferente. Aliás, a novel é muito bem adaptada, praticamente tudo que a gente lê foi pra tela, alguns eventos foi mudado em detalhes pequenos e as cenas NC que, obviamente, não entratam na íntegra. A única coisa que não mostrou no drama e quem lê a novel vê é a família do Prapai. Ela aparece um pouco mais na novel e é bem legal ver essa interação deles e do Sky também. Amei? Amei. Fazia muito tempo que eu não lia algo  pra me deixar tão viciada.

[Anime] Tian Guan Ci Fu 2

Original: 天官賜福 貳

Ano: 2023-2024

Episódios: 12

Sinopse: Xie Lian era o nobre príncipe herdeiro do reino de Xian Le, amado pelos cidadãos e queridinho do mundo. Sem surpresa, ele ascendeu para os céus muito jovem, porém, quem diria que, após se tornar um deus marcial imortal adorado e admirado por milhões, ele seria rebaixado tão abruptamente, completamente desonrado, se tornando a chacota dos três reinos?

Oitocentos anos após sua queda, Xie Lian ascendeu novamente, mas, desta vez, como um deus sem qualquer devoto ou mérito. Parece que com o tumulto de sua re-ascensão, ele chamou atenção de Hua Cheng, que controla o reino dos fantasmas e amedronta todos no reino celestial. Mas, por que um mero deus falido atrairia a atenção de alguém como o famoso e temido Rei Fantasma?

A sequência da primeira temporada finaliza o primeiro livro da série (de 5!) contando sobre a missão de Xie Lian na Cidade Fantasma a mando do imperador e seu reencontro com Hua Cheng, dessa vez na sua verdadeira forma. Além disso, temos o arco de Yong An também, no qual aparece aquele odioso primo de Xie Lian, Qi Rong. Pelo que me lembro, está bem fiel ao livro tal como aconteceu na adaptação de MDZS. O problema é que aqui é só o primeiro livro e, ao contrário de MDZS não é algo que se resolva em três temporadas elipsando praticamente um livro inteiro.

Duas temporadas para um único livro, e além de todo o rolo que deu, eu tenho minhas dúvidas se vai sair o resto da adaptação e, sinceramente, se for pra fazer como MDZS é melhor que nem saia. É uma história muito mais complexa, cheia de arcos que se interligam e subtramas, não dá certo mesmo pincelar por cima e acabar tudo na próxima temporada. Nem faz sentido. Pra quem leu os livros, ótimo, pra quem não leu paciência porque não vai entender nada.

A fotografia do anime segue linda e a animação de encher os olhos. Essa temporada foi um pouco mais lenta que a anterior, mas o começo é assim mesmo. Gostei muito, mas não tenho expectativas. Espero que publiquem os livros no Brasil, ao que parece vai ser a saída mais viável já que não dá para confiar nos estúdios de animação. Nem espero mais o drama, perdi qualquer esperança de que vá sair.

[Mangá] Beldade Presa na Gaiola

Original: 鳥籠の麗人

Autor: Yuya Kirimi

Ano: 2019

Volumes: 1

Sinopse: Reiri Yukino foi amaldiçoado por um onmyoji e chefe de um grande grupo financeiro, Toshiaki Amano, ficando aprisionado nas profundezas de uma mansão. Mesmo após a morte de Toshiaki ele continuou a ter relações com os chefes da família por gerações. Até que um dia, surge Kenji, o novo chefe da família. Mas ele parece ser diferente dos demais…

Quem me acompanha ha mais tempo sabe que eu me tornei fujoshi não tem muito, acho que uns três anos, mais ou menos e quem me colocou nisso foi Mo Dao Zushi. O primeiro BL que eu assisti foi a adaptação de uma obra da MAME, TharnType, seguido por Until We Meet Again e, de lá pra cá, se teve uma coisa que aprendi é que esse é um gênero no qual você só aproveita a viagem sem pensar muito porque, se for problematizar, sério, não dá pra ver nada. Boa parte do universo de autoras desse gênero é bem problemático, nem todo BL consegue ser Cherry Magic com as fofurinhas e a dose certa de cada coisa. Assim, eu comecei a aproveitar a vista e não deixar esses problemas afetarem minha degustação da coisa, embora algumas vezes fique bem difícil, aí a gente reclama, né? Fazer o quê?

Ganhei esse mangá tem um bom tempo e de lá pra cá já devo ter lido umas dez ou doze vezes. Se não fiz resenha até agora foi por não saber bem como se sentia em reação a ele. Lendo de novo sei lá por qual vez, notei o motivo de ter gostado tanto dele logo de cara: a ideia é muito boa. Sério, se tratada da maneira correta ela seria incrível, mas pensando bem não é o mais problemático que já li.

Falando de maneira bem resumida para não dar muito spoiler, a história gira em torno de Reiri, um jovem que sofria de problemas do coração. Durante a segunda guerra mundial, ele foi preso por um Onmiyoji em uma mansão e, de maneira bem cruel, obrigado a se tornar um ikigami, no folclore japonês seria uma divindade em forma humana. Preso na mansão por 60 anos, foi obrigado a servir aos chefes da família Amano, pertencente a esse Onmiyoji. A parte interessante dessa história é o fato de que os poderes dessa família se concentram em usar espíritos que estão dentro de livros, criados das formas mais cruéis e diferentes possível. A autora, contudo, não aborda bem esse lado da história, nem como os livros podem ser usados, nem mais sobre eles.

Bem, um dos últimos chefes aparece uma noite na mansão e leva um livro que Reiri tinha advertido ser muito perigoso pra ele. Então, no dia seguinte, um homem estranho aparece anunciando ser o filho desse homem e agora novo chefe da mansão. Reiri percebe que embora ele "use" muito ele, não parece interessado no poder dos livros.  Por mais que ache aquilo estranho, não tem outra opção além de servir a ele. Seu nome é Kenji. Após tantos anos sendo tratado como um mero objeto, por que Kenji Amano parece, de algum modo, tratá-lo diferente dos outros chefes da família?

O problema desse mangá pra mim foi mais como ela escolheu construir a história do que a ideia em si. Como disse antes, a ideia é muito boa, mas fica difícil se convencer que personagem X é diferente dos outros quando ele age igual logo de cara. Há muitas perguntas sem resposta também, todavia é praticamente a mesma coisa de ler um conto, já começa perto do final então nos resta preencher as lacunas sozinhos. Ainda assim, sendo bem sincera, eu gosto muito desse mangá. Se estivesse apta a escrever BL faria uma fanfic dele porque tem muita coisa que poderia ser explorada aí. 

Se a autora tivesse desenvolvido a relação do Kenji com o Reiri de forma diferente, teria ficado muito mais fácil de shipar eles. Mas isso é algo recorrente no gênero, não só certo "sadismo" por parte dos ativos, mas relacionamentos que nem sempre começam da maneira mais saudável. E, como disse antes, se a gente vai problematizar o que lê ao invés de aproveitar a viagem, esse é um gênero perdido, até hoje eu vi pouquíssimas obras sejam mangás, audiovisual ou livros que sejam realmente isentas de problemática. Algumas extrapolam? Sim. Mas mesmo as que parecem mais inocentes, se prestar atenção, vai ter algum tipo de absurdo.

domingo, 7 de janeiro de 2024

[Bíblia] A Criação

 Somos exortados à paciência, esmero e amor em tudo que fazemos

Não quero entrar aqui no mérito da criação em si, cada um acredita no que lhe aprouver. O papa deu uma declaração interessante tempos atrás a esse respeito dizendo que "Deus não era nenhum mágico" e concordo. Depois de começar a ler a bíblia e tentar entender o máximo que conseguisse, comecei a perceber a lógica perfeita de Deus por trás de cada prodígio. Um exemplo disso está em Êxodo, quando ele divide o mar. Não foi apenas Moisés colocar o cajado na água e a as águas se partiram do nada, o texto é claro quando diz:

Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a noite. E pôs o mar a seco. As águas dividiram-se e os israelitas desceram a pé enxuto no meio do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda.

Claro, há alguns prodígios divinos cuja explicação se torna complicada, mas nem tudo vindo do alto carece de explicação senão a fé daquele que pediu e do maior que o atendeu. Todavia, o que quero dizer aqui é que as coisas não acontecem "do nada". E do mesmo modo ocorre com a criação do mundo. Creio firmemente na mão do Senhor em cada detalhe da criação, ele, inclusive, imprimiu sua assinatura nela, basta olhar par ao funcionamento do nosso próprio corpo e veremos como a criação é completa e perfeita em tudo.

Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Podia ter feito em um? Podia. Mas lendo esse texto meses atrás, me veio à mente que ele é mais como uma lição do que como um manual de como o mundo foi construído parte por parte. Pensa comigo, isso nos ensina a paciência e o esmero em tudo que fazemos na vida. Nada com pressa sai bem feito e o descanso é necessário. Se Deus, dono de tudo, descansou, por que nós, mero pó da terra, insistimos em nos matar e levar à exaustão por um trabalho quando nossa real preocupação é dedicar nossa atenção e zelo na medida necessária?

A criação nos ensina o equilíbrio, fazer nossas tarefas com amor, disciplina e zelo, mas descansar. 

Apresentando a tag Bíblia!

Por muito tempo fui aprisionada pela ideia de que a Bíblia era difícil de ler. De fato, pode ser um tanto desafiador quando você é criança e não entende um tanto de palavras já não usadas mais nos dias de hoje. Todavia, esse ano, coloquei como meta me inteirar da palavra, reavivar dentro de mim a fé no Deus do impossível em quem eu creio e para quem oro desde que aprendi a falar.

É claro que tudo escrito aqui vai ser subjetivo, minha visão e interpretação dos livros conforme for lendo-os. Sou uma leiga sem qualquer formação em teologia, mas tanto as dúvidas quanto os pensamentos — talvez errôneos — que surjam no caminho são parte da edificação e da jornada em conhecer a trajetória do povo de Deus e, ainda mais, nossa como filhos salvos pelo sacrifício de Cristo.

Sou aberta a correções e complementações, é claro, desde que feitos com respeito e educação. Saliento, todavia, que essa é uma tag católica, embora os irmãos protestantes sejam bem-vindos, nossas Bíblias não são as mesmas e nossas visões também não, por isso, peço que se abstenham de comentar, obrigada.

A Bíblia que eu uso é a Ave Maria e é por ela que vou fazer todas as anotações dos posts. Espero com isso incentivar outras pessoas a lerem a Bíblia também, no nosso meio católico ainda há uma parcela muito pequena que, de fato, lê a palavra e com isso não quero dizer ficar decorando versículos, mas conhecer, tentar entender e, sobretudo, sentir as palavras de um povo que de algum modo também nos simboliza.

A jornada dos hebreus nos ensina muito, não somente sobre obediência, mas sobre o que nos torna humanos e como Deus nos ama independente das nossas limitações. Mesmo hoje, com todos os recursos tecnológicos, eu vejo muito da rebeldia e da cegueira daquele povo recém-liberto no Antigo Testamento.

Vai ser uma experiência bastante interessante pra mim e quero compartilhar não só as anotações das minhas leituras, mas também músicas que eu gosto muito e sobre o que elas falam. Não refino as músicas que eu escuto a católica ou protestante, refino em "uma música bonita que glorifica a Deus". Posts, por enquanto, nos domingos.

Um abraço!

[Filme] Our Secret Diary

 Título original: 交換ウソ日記

Roteirista: Yoshikawa Nami

Diretor: Takemura Kentaro

Gêneros: Romance, Juventude

País: Japão

Lançamento: Jul 7, 2023

Duração: 1 hr. 50 min.

Onde Achar: Mahal Dramas

Sinopse: Nozomi Kuroda está no 2º ano do ensino médio. Um dia, ela encontra uma carta numa carteira da sala de aula. A carta tem apenas a palavra “gostar” escrita nela. A pessoa que escreveu a carta é Jun Setoyama. Ele acontece de ser o garoto mais popular da escola. Nozomi Kuroda se sente envergonhada, mas eventualmente deixa uma resposta em um armário de sapatos na escola. É assim que começa seu diário secreto de trocas de mensagens. Nozomi Kuroda logo descobre que a destinatária da primeira carta era sua melhor amiga. No entanto, Nozomi Kuroda se sente atraída por Jun Setoyama, que expressa seus pensamentos e sentimentos de maneira diferente dela. Ela não consegue contar a ele a verdade de que a pessoa trocando mensagens é ela e não sua melhor amiga.

Já tinha um tempo que eu estava órfã de um bom filme japonês colegial fofinho. Na verdade, de qualquer filme asiático fofinho. Passeando pelos fansubs a maioria do que eu encontrava era suspense e terror... li a sinopse desse filme por acaso e fiquei interessada, era o tipo de história que eu gostava de ver e minha irmã, por coincidência, se interessou pelo mesmo filme, então, baixamos para assistir e tivemos nossa fome de amorzinho selada com sucesso.

A sinopse do filme entrega tudo né? Então vou resumir pelos altos por aqui. São quase duas horas de longa contando a história de Nozomi, uma colegial que participa do clube de rádio e, um dia, encontra sob sua mesa um bilhete de Setoyama Jun, simplesmente o garoto mais popular e bonito da escola, dizendo que gosta dela. O choque de Nozomi não poderia ter sido maior. Após pensar um pouco e achar que não podia ser verdade, ela responde pedindo desculpas e dizendo que não o conhece direito, mas não assina o bilhete.

A resposta, é um pedido para saírem juntos.

Incrédula, Nozomi não aceita o pedido de cara, então os dois continuam trocando mensagens até Jun propor que ela o conheça melhor e os dois decidem compartilhar um diário. Só que logo de cara ela descobre que Jun acredita estar falando com Erino, sua melhor amiga. Abalada, mas sem coragem de dizer a verdade, ela continua conversando com ele pelo diário se passando por Erino e, quanto mais o conhece e os dois se aproximam, mais seus sentimentos passam a sair do controle, mas o que fazer quando acredita que ele é apaixonado pela sua melhor amiga?

No começo, a gente tem umas atuações bem tímidas, mas conforme o filme avança os atores vão parecendo mais confortáveis um com o outro e a gente recebe uma verdadeira mostra de fofura, amizade e um romacinho bem açuquinha que se desenvolve devagar como deve ser. Confesso que eu só vim shipar eles de verdade depois da cena do parque. Minha irmã, inclusive, apontou uma coisa que me deixou pensando muito depois, o ator principal desse filme lhe lembrou o Haruma Miura que nos deixou em 2020. E sabe, concordo com ela.

Para quem gosta desses romancinhos adolescentes cheios de fofura que dão aquele calorzinho no coração, esse filme é o remédio perfeito. Atuações decentes, história fofa, um romance de bom desenvolvimento e uma fotografia muito bonita. Inclusive, a título de curiosidade, a banda favorita dos dois personagens, The Hormone, realmente existe hahaha. Eu gosto de metal, então fui dar uma conferida no álbum que eles escutam no filme e, bem, é diferentão hahaha. Parece um monte de estilos diferentes jogados no liquidificador produzindo uma espécie de sei lá o que. Ainda assim, dá pra ouvir.

Sério, só vejam esse filme. Não vão se arrepender.

[Livro] As Luzes de Setembro (Releitura)


Original:
 Las Luces de Septiembre

publicação: 1995

Gênero: Ficção

páginas: 232

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Sinopse: Durante o verão de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansão Cravenmoore com a esposa doente. Lazarus demonstra ser um homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecânicos que criou: objetos tão bem-feitos que parecem poder se mover por conta própria. Já Irene, fica encantada com a beleza do lugar e por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa. Os dois logo se apaixonam. Todos estão animados com a nova vida quando acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de Cravenmoore: Hannah é encontrada morta, e uma sombra misteriosa toma conta da propriedade. Juntos, Irene e Ismael, desvendam o segredo da espetacular mansão repleta de seres mecânicos e sombras do passado, enfrentam o medo e investigam as estranhas luzes que brilham através da névoa em torno do farol de uma ilha. Em As luzes de setembro, aquele mágico verão na Baía Azul será para sempre a aventura mais emocionante de suas vidas, num labirinto de amor, luzes e sombras.


Nove anos depois, revisito esse que foi meu primeiro contato com a prosa hipnótica de Zafón. Lembro que minha irmã comprou esse livro devido ao título, já que ela nasceu em setembro. Lá em 2016, curiosa (porque ela só compra livros, mas não lê) decidi me aventurar nas páginas daquela história desconhecida e, embora seja o último livro da trilogia da névoa, fico feliz por começar por aí, talvez se fosse diferente eu não tivesse mais investido no autor posteriormente dados os finais trágicos de Palácio da Meia-Noite e Príncipe da Névoa.

Após o falecimento do marido que deixou para trás um sem número de dívidas, Simone Sauvelle e seus dois filhos passam pelas mais árduas dificuldades, além de perder tudo que tinham, são forçados a sobreviver da bondade de outros e é quando descobrem seus verdadeiros amigos. Devastada com tudo, ela vê na proposta de emprego oferecida por Lazarus Jann em uma terra distante da Normandia como a verdadeira definição de milagre. Sem pensar duas vezes, deixa a vida em Paris para trás e abraça esse renascimento com todas as suas forças.

O emprego não era muito exigente, o salário mais que generoso, seu patrão um verdadeiro cavalheiro e sua nova casa charmosa e confortável. Nem mesmo as estranhas histórias correndo na cidade a respeito de Lazarus seriam capazes de demover o coração agradecido da viúva vendo seu futuro e dos filhos seguro após tantos meses de tristeza e amargura. Sua filha mais velha, Irene, faz amizade com a cozinheira da mansão Cravenmoore, Hannah, uma jovem agitada e simpática que tem um primo bonito e fascinante chamado Ismael por quem seu interesse é imediatamente desperto.

Entre passeios de barco e conversas profundas sobre lendas locais, Ismael e Irene se apaixonam gradualmente enquanto, na mansão, uma faísca se acende entre Simone e seu patrão, mas é sempre apagada pela presença fantasmagórica da esposa doente de Lazarus, Alexandra. Porém, a lenda das luzes de setembro parece estar intimamente ligada à Cravenmoore e quando começam a investigar o assunto após a sombria morte de Hannah, o jovem casal desenterra um passado obscuro entranhado nas paredes da mansão do fabricante de brinquedos que vai mudar suas vidas para sempre.

Misturando suspense, terror e romance de maneira fabulosa, Zafón tece sua teia de intrigas tão perfeitamente nas nossas mentes que uma vez com seu livro nas mãos a gente não consegue mais largar até descobrir o desfecho. Dono de uma prosa poética única, ele cria personagens tão profundos que nos esquecemos de estar lendo um livro e mergulhamos naquele mundo criado por ele. Revisitar esse livro tanto tempo depois me fez abrir novas portas esquecidas, relembrar personagens que gostei muito de ter conhecido e me transportar para um período da minha vida em que eu estava serena e despreocupada com o futuro. 

Nem preciso dizer que está mais que recomendado!

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

[Drama] Zhao Ge Fu

Título original: 朝歌赋

Diretor: Zhou Xiao

Gêneros: Histórico, Romance

País: China

Episódios: 29 (3 min)

Sinopse: Su Zhao Ge foi separada de seu namorado de infância e forçada a um relacionamento com o imperador. O Imperador foi cruel e despótico, o que obrigou Su Zhao Gae a tirar vantagem de sua vida. No entanto, o nono príncipe, Xiao Zhi, que simpatizava com Su Zhao Ge, fez todo o trabalho sujo para ela. No final, o nono príncipe ascendeu ao trono e Su Zhao Ge, a quem foi concedido o status de Imperatriz Viúva, mudou-se do Palácio Imperial para o Palácio Yongle. Cinco anos depois, Xiao Zhi leva Su Zhao Gae de volta e começa uma história cheia de astúcia, ódio e amor.

Feliz Ano Novo, pessoas!

Comecei o ano com o pé esquerdo e já de cara com um drama triste ( ̄  ̄|||) isso que dá cair de cara em mini drama sem olhar o final como eu já fazia, mas tudo bem... seguimos.

A história no começo é muito confusa porque os episódios são diminutos demais e fiquei um bom tempo perdida no churrasco. Como é um drama muito curto não tem muita coisa que eu possa dizer sem largar um spoiler ou outro, então não posso garantir nada, continue lendo por sua conta em risco.

Su Zhao Ge era uma jovem considerada muito bela e ainda jovem subiu ao cargo de imperatriz. Aos olhos dos seus súditos, contudo, ela não passa de uma vergonha para o país, uma mulher frívola que não se importa com nada além de brincar com diversos homens em seu palácio. Ninguém, claro, sabe que ela foi forçada a se casar com o falecido imperador a quem tramou para assassinar por vingança com a ajuda de um dos filhos dele, Xiao Zhi, que era apaixonado por ela e a quem Zhao Ge colocou no trono no lugar do pai.

Anos depois, já estabelecido no trono, Xiao Zhi vai buscar a imperatriz viúva de volta para o palácio contrariando os conselheiros e os súditos que a desprezam, mas faz isso para protegê-la de rebeliões que atentam contra sua vida. Enquanto isso, Zhao Ge mexe os pauzinhos para se vingar de todas as famílias responsáveis pelo seu destino trágico matando impiedosamente todos eles com sede de sangue (mais que justificada, diga-se de passagem). E, por mais preocupado que esteja com ela, Xiao Zhi falha em todas as tentativas de torná-la sua imperatriz.

Quando um homem misterioso surge no palácio e tem a aparência exata do falecido noivo de Zhao Ge antes de ela ser confinada no palácio, o doloroso segredo do seu passado ameaça vir à tona e, com ele, a ameaça de uma rebelião que pode machucar severamente Xiao Zhi. O que ela pode fazer para impedir que, tal como seu noivo, o homem que ela aprendeu a amar também saia ferido por causa da posição que ocupa?

Por mais que eu tenha entendido o final do drama, não consegui ficar com aquela ponta de decepção pela atitude dela. Depois de um começo de ano péssimo, a última coisa que eu precisava era entrar de cara num drama tão triste. Embora diga-se que é apenas a primeira temporada, pouco provável que saia mesmo uma segunda e, se sair, não vem tão cedo. Pesando todos os prós e contras talvez a atitude dela tenha sido tomada por rejeitar a pessoa que se tornou e não desejar magoar Xiao Zhi a quem ela amava e não admitia nem sob pena de morte.

Mas sabe, havia sim outras formas de reverter a situação, até porque nem ela e nem ele ocupavam posições tão simples de destruir. Umas coisas ficaram sem explicação, outras tiveram uma explicação bem estapafúrdia que eu não engoli, mas te dizer, que draminha bom. O final trágico não tira a beleza dele e como foi doloroso e um tanto divertidinho de assistir. Se você não se importa com tristeza, recomendo. Não é um drama que eu veria de novo, mas fica aí só a vontade de fazer fanfic dele também. Dava uns pano para manga? Dá.