terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

[Livro] O Alienista


Autor:
Machado de Assis

Ano: 1882

Gênero: Ficção

Sinopse: O livro conta a história do Dr. Bacamarte, um alienista (a designação de psiquiatra na época), que cria a Casa Verde, um local para realizar estudos inéditos sobre a mente humana, mas acaba se perdendo na sua própria loucura.


Já quero começar dizendo que a resenha desse continho não vai ser uma análise. Primeiro, porque não sou versada em Machado, embora ele seja meu autor brasileiro clássico favorito, segundo porque me faltam bases para fazer uma análise literária competente, uma vez que, infelizmente, literatura foi uma cadeira que quase não vi na faculdade, as aulas eram parcas e rápidas demais, de modo que não pude estudar nenhuma obra a fundo e os contextos históricos foram passados de forma tão resumida que nem considerei um estudo. Ainda assim, sigo amando a literatura de Machado, acho ele muito engraçado, ácido e irônico, além de altamente inteligente. Assim, essa resenha vai ser a visão de um leitor leigo mesmo, só da história e do que eu achei dela, okay?

Bom, o livro conta sobre o alienista Simão Bacamarte, um estudioso que recebeu reconhecimento até mesmo da Coroa, mas recusou o trabalho ao rei para se dedicar ao que realmente amava: a ciência. Alojando-se em Itaguaí, entrou com um pedido na Câmara para construir um hospício (a grosso modo falando) afirmando que desejava estudar a fundo os diversos tipos de loucura. Após grandes ponderações e discussões, foi-se aprovada a construção e esta iniciou-se sob os olhares tortos dos habitantes.

Bacamarte era casado com dona Evarista, uma mulher simples, nada bonita, mas saudável de quem ele esperava filhos que nunca vieram. Lhe tinha, é verdade, alguma espécie de estima, embora fosse de fato casado com seu ofício. Preocupados com a construção, algumas pessoas foram a procura da nobre senhora a fim de que ela dissuadisse o marido da ideia de tal construção, mas persistindo ele, nada teve ela a fazer e logo deu-se conta — quando a fortuna começou a surgir — que um punhado de "doudos" podiam ser de grande serventia, afinal.

O problema começou quando mais da metade da cidade começou a ser colocada dentro da Casa Verde, nome do asilo construído por Bacamarte. Qualquer tipo de mania, costume incomum ou mesmo hábito que lhe parecesse estranho era motivo de loucura e ele mandava trancar a pessoa para ser estudada e, em breve, curada. Assim seguia, a população de Itaguaí começou a temer o alienista, dia após dia, não importava classe social, proximidade ou posição, se atraísse dele a atenção em destaque, era metido na Casa Verde.

Tal foi a indignação dos moradores da cidade que, liderados por um barbeiro com desejos de política, fizeram uma revolta para pôr abaixo a Casa Verde e levar à morte Simão Bacamarte. Mas, embora com mortos e feridos de resultado, a revolta nada mudou e o barbeiro, junto com um punhado de rebeldes, foi trancafiado também no hospício. O homem chega ao extremo de meter na cela dos insanos até a própria esposa!

Em meio ao caos e com reviravoltas, o alienista começa a se questionar se a loucura não esteve, o tempo todo, dentro de si próprio.

Achei o livro bem engraçado, os personagens são muito gente como a gente e fica bem fácil se colocar no lugar deles, de modo que mesmo hoje gera conexão. Machado usou várias referências a poetas e filósofos gregos, além de outras bem clássicas no meio do texto e precisei fazer algumas pesquisas, mas na maior parte do tempo as notas de rodapé dessa edição deram conta do recado e ajudaram muito na compreensão da história. 

Bacamarte é a melhor exemplificação daquele tipo de pessoa cética, insensível e obsessiva como, geralmente, são retratados os cientistas. Engraçado que, enquanto lia, lembrava muito da minha mãe quando, no meio da adolescência, começou a implicar com meus hábitos de leitura, já que eu praticamente lia o tempo todo e só parava para estudar. Ela implicava dizendo que ler demais ia me deixar "doida" e vendo o rumo do caminho do alienista, essa memória me vinha muitas vezes durante a leitura.

Sem fazer nenhum aprofundamento ou análise inteligente sobre, posso dizer que o livro é engraçado, o fato de ser curtinho ajuda a ler rapidinho, a história é interessante e as personagens formam um conjunto, ao mesmo tempo, cômico e muito atual. Sério, impossível não reparar em algumas situações do livro e não pensar em alguém que a gente conhece ou mesmo em nós. Recomendo demais.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

[Drama] Táxi Driver 2 e a Promessa de um final triste - Primeiras Impressões

 Eu decidi escrever esse post porque queria conversar um pouco com vocês sobre os quatro primeiros episódios da segunda temporada do sucesso Taxi Driver que rendeu muito na sua estréia trazendo uma subversão muito bacana das histórias que estamos acostumados a ver, com personagens que lidam com o crime pelo lado esquerdo da lei, fora da margem e essa subversão nos traz reflexões sobre a flexibilidade penal que muitas vezes favorece mais o criminoso do que a vítima e a construção das histórias nos leva a ver exatamente o lado da vítima e, com isso, desejar a justiça para ela. Justiça essa que, pela lei, não aconteceria. Por mais errado que possa ser, poderíamos dizer que é um drama que instiga a vingança.

Essa subversão do certo e do errado, nos fazendo refletir acerca dos nossos valores morais, éticos e religiosos, isso ainda acrescido de narrativas consistentes que geram, em simultâneo, empatia e revolta, lutas bem coreografadas e cheias de emoção, além de personagens muito bem construídos com conflitos internos que nos aproximam deles e nos levam a torcer por eles. Claro que tinha tudo para dar certo e deu.

Quando anunciaram a sequência, acredito que não apenas eu, mas todos os expectadores da série entraram em polvorosa e estava ansiosa para a estreia. Surgiram as primeiras notícias de que a atriz Esom não participaria da segunda temporária por conflitos na agenda (por mim tudo bem, eu não gostava muito da personagem dela de todo modo), fiquei me perguntando como eles resolveriam a lacuna dela já que esperava, pelo posto dela como promotora, a facilitação de algumas coisas no trabalho deles, pois ela se juntara à equipe. Mas continuei esperando e eis que finalmente este mês estreou a segunda temporada e já veio com tudo.

Os primeiros episódios refletem muito o ritmo e a cadência dos anteriores, mantendo o mesmo nível de qualidade, com narrativas bem construídas que geram empatia. Achei, apesar de um pouco mais violento no quesito dos crimes, as lutas um pouco menos exploradas, algo de que senti falta porque ninguém resiste ao lindo Lee Je Hoon em ação! Mas o que me deixou realmente "encasquetada" foi a aparição de um personagem que, até agora, não tem contexto e nem narrativa. Dois, a verdade. No segundo episódio aparecem, ao mesmo tempo, um atirador de elite e um novo motorista para a frota de táxis de fachada. 

Enquanto o atirador permanece anônimo e agora descobrimos que está investigando Kim Do Gi em específico, mas toda a equipe em conjunto, o motorista deu as caras limpas e, mesmo o roteiro se esforçando muito para fazê-lo parecer inocente e livre de suspeita, está bem na cara que ele foi inserido ali para criar confusão e trazer o caos para o trabalho do táxi de luxo. Especialmente quando vimos, no prelúdio, o presidente Jang sendo preso. Agora que esse cara descobriu o elevador, claro que ele vai chegar à central do táxi de luxo e, se não fingir se tornar um deles, vai ser uma ameaça. Um dos dois. De toda forma, ele está ali contra eles, isso é bem claro.

Juntando esses pequenos detalhes estou com a impressão triste que a história vai seguir rumo a um final ruim. Vocês sabem que eu não costumo acompanhar dramas em lançamento, sempre espero finalizar e vejo o final para ver se vale meu tempo, mas dada a primeira temporada do drama, abri uma exceção e tenho sofrido esperando novos episódios todas as sextas e sábados. Porém, essa impressão amarga de final triste está tornando a experiência dessa sequência bem azeda e espero muito voltar aqui alguns meses depois e dizer que estava errada na minha resenha de conclusão. 

Mas e vocês, estão acompanhando a segunda temporada também? O que estão achando?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

[Livro] Onde Está Daisy Mason?

Original: Close to Home

Autora: Cara Hunter

Gênero: Suspense

Ano: 2017

Sinopse: Ontem à noite, Daisy Mason, uma garotinha de oito anos de idade, desapareceu de uma festa de família. Ninguém naquela discreta e silenciosa rua residencial viu nada ― ao menos é o que estão dizendo. Mas como é possível uma criança desaparecer sem deixar rastros? O detetive Adam Fawley precisa manter a mente aberta e desconfiar de cada ação suspeita. No entanto, ele sabe que, em cada dez casos como este, nove revelam que o culpado é alguém que a vítima conhece. Isso significa que alguém está mentindo… e que, para Daisy, o tempo está se esgotando.


Minha irmã e seu dedinho acertado para escolher bons livros! Deve ser uma espécie de dom, porque até hoje ela nunca errou.

Em uma festa de quintal, Daisy Mason de oito anos desaparece e o Detetive Adam Fawley começa a correr contra o tempo na esperança de encontrá-la ainda com vida. No percurso da investigação, todos são suspeitos, os participantes da festa, os vizinhos, e principalmente a própria família. 

A mídia sensacionalista cai em cima muitas vezes atrapalhando a investigação, a internet fazendo seus próprio pré-julgamentos enquanto a polícia tenta montar o quebra-cabeças que envolve o caminho feito por Daisy antes de desaparecer. O passado que os pais gostariam de esconder vêm à tona trazendo problemas, acusações falsas e uma crise familiar envolvendo negligência e traição.

Ninguém parece estar dizendo a verdade e o tempo de Daisy está se esgotando.

Eu amei cada página desse livro, no começo confesso que não estava dando muito nele, com medo até do final ser ruim, mas me enganei em todas as minhas conjecturas a respeito da história. Quanto mais lia, mais presa ficava na saga dos detetives para descobrir o paradeiro da menina e, contar, que guria endiabrada viu? Para uma moleca de oito anos a pirralha era perigosa. 

Ao longo do percurso vamos acompanhando também o drama pessoal do detetive Adam (eu amo esse nome!) e os problemas de alguns de seus colegas próximos. Temos nosso próprio julgamento da família Mason, a mãe detestável que, mesmo com todos os antecedentes, não conseguiu me fazer sentir nada por ela além de repulsa, o pai sem vergonha que, embora não prestasse, ainda assim mereceu a sentença que teve. 

Somos apresentados à hipocrisia da sociedade, de uma maneira bem lúdica até, do problema da midia sensacionalista que muitas vezes só atrapalha sob o pretexto de informar. E o fato do livro não ser dividido em capítulos, mas passar direto, só aumenta a sensação de urgência e o ritmo frenético do nosso coração cada vez que surge um novo plot twist que muda todo o rumo da história e do destino de Daisy.

Confesso que fiz muitas apostas erradas, mas nunca ia imaginar aquele final. E, apesar de tudo, me senti completamente satisfeita com ele. Achei não apenas uma excelente vingança para uma criança vítima de uma mãe doente e um pai imprestável, quanto para a outra criança que foi adotada só para ser maltratada e negligenciada por um casal que estava na cara não ter capacidade de cuidar dele adequadamente.

Absolutamente vou procurar mais livros da Cara! Amei demais. Foi alucinante e elétrico como um bom livro de suspense deve ser!

[Drama] Demon Emperor's Little Matchmaker

Título nativo: 妖皇大人的小红娘

País: China

Episódios: 30 (4 min)

Gêneros: Romance, Fantasia

Sinopse: Li Wu You é o herdeiro do Imperador Demônio, que sofreu muito por causa de sua linhagem meio-humana, meio-demônio. Ele desenvolveu um caráter retraído e indiferente, não querendo aceitar nenhuma mulher. Qiao Chu Chu foi enviado ao mundo para casar Li Wu You.

Onde achar: Wei Fansub, Dramaclub, Pi Fansub

Estava procurando um drama curtinho pra ver, porque comecei a assistir My Lethal Man, mas ainda não terminei e queria finalizar algo porque o drama ficou numa fase meio chata. Acabei caindo nessa comediazinha que comecei com um pé meio atrás já antevendo final ruim. Sorte que estava errada.

Como o drama é muito curtinho, cada episódio tem em média 4 minutos, não dá pra falar muita coisa senão vai acabar saindo spoiler. Basicamente, o drama trata da história de Li Wu You, um híbrido de humano e demônio que vive no palácio com seu tio, o imperador. Contrariando todas as regras e oposições, sua mãe, a princesa, se apaixonou e se casou com o rei demônio, morrendo logo após dar à luz, devastado pela dor, após dar metade de seu cultivo para ajudar a esposa no parto, o rei demônio usou o resto do seu cultivo para forjar uma pérola e também se dissipou. 

Crescendo com a hostilidade da imperatriz e a distância do tio, Li Wu You se fechou completamente para o mundo, especialmente para o amor. Todas as noivas que eram arranjadas para ele acabavam passando mal ou morrendo ao contemplar sua verdadeira aparência e isso só o tornou mais amargo. Preocupado, a dinvindade casamenteira não sabe mais o que fazer já que o híbrido não tem raízes amorosas, é quando Qiao Chu Chu, sua aprendiz, se oferece para conseguir uma noiva adequada para ele e, se for bem sucedida na tarefa, poderá ascender como uma deusa casamenteira.

Ela então parte para a terra sob a promessa de não poder usar seus poderes e, sob nenhuma hipótese, se apaixonar por seu cliente. Assim, ela entra no palácio na pele de uma consorte para o príncipe meio demônio e, ao contrário de todas as outras até então, nem se intimida com sua aparência real e nem com seu mau gênio. Aos poucos, Qiao Chu Chu vai conseguindo fazer Li Wu You se abrir para o mundo, o que ela não contava era conseguir o afeto dele e, ainda mais, perder seu próprio coração.

Dizer para vocês, é um drama bem fofinho, mais puxado para o lado da comédia pastelona, sabe? Tem umas cenas ali que é muito vergonha alheia hahaha, ainda assim achei legal, bonzinho de assistir, bem rapidinho e tem uns momentos bem fofinhos. Claro, o melhor de tudo é ser uma regra na maldição chinesa do final ruim, apesar do final ter deixado um pouco a desejar, achei fofinho e valeu a pena. Se você estiver procurando algo rapidinho de ver e divertido, apesar de meio bobinho e com atuações duvidosas, vale a pena hahahaha.  

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

[Livro] O Oitavo Andar

Autor: Ana P. Stokes

Ano: 2020

Páginas: 219

Sinopse: Beatriz Freire é uma jovem universitária que está prestes a curtir as férias de verão na bela cidade de Gramado, no interior do Rio Grande do Sul. Quando está perto de chegar na rodoviária e encontrar sua prima Bete, que vive há seis meses na cidade, Bia é surpreendida por uma cena inesperada. Da janela de seu ônibus, ela enxerga uma Kombi escolar velha e, entre os entulhos dos bancos traseiros, percebe que há o corpo de uma menina. Atônita, Bia decide fazer a denúncia no mesmo dia, mas enquanto tira fotos do veículo, acaba flagrada pelo motorista.

O que era para ser uma viagem divertida de um mês na companha da prima e melhor amiga, se transforma em um pesadelo. Bia se vê em uma perseguição de gato e rato e conta com a ajuda de Fred, o belo namorado de sua prima e nativo da cidade, para virar o jogo. O que eles não esperavam, no entanto, é que o assassinato da menina fosse apenas uma peça em uma rede de segredos nebulosos, mentiras e criminosos que farão de tudo para abafar o caso. "O Oitavo Andar" é um suspense eletrizante, repleto de ações, paixões e tensões do primeiro ao último capítulo. Um romance de leitura rápida e cheio de surpresas.


Já faz uns três dias que eu estou pesando em algo para dizer desse livro além de "bem escrito". Esse vai ser o tipo de resenha que eu jamais gostaria de ler sobre uma história minha, mas realmente não consegui encontrar nada que me fizesse recomendar essa leitura além do fato de ser bem escrita e, por si só, isso não sustenta uma história. Desde que comecei a estudar sobre storytelling — e já deixo aqui registrado que a autora desse livro é professora nessa área — aprendi que, mesmo que você escreva uma história para incomodar, dê ao leitor pelo menos um personagem para quem ele possa torcer. Não importa quão ruim ou difícil sua história seja, se o leitor gostar de um personagem que seja, já valeu a pena.

Criar personagens é difícil. Acho que é mais fácil você escrever seis livros em um ano do que criar um personagem com total consistência. De toda a área de criação literária, essa é a que dá mais trabalho e a primordial, porque se você não tem um protagonista e um antagonista igualmente fortes, seu enredo não vai pra frente e o leitor não vai comprar a tua ideia. Essa também é uma das lições dada e martelada pela autora em suas aulas, mas ela parece ter esquecido disso quando escreveu esse livro. Pelo menos no que me toca.

Apesar de thriller não ser minha escolha primária quando vou procurar um livro, eu gosto do gênero. Gosto muito. Toda essa parte de ficção policial me chama a atenção e, se bem feita, me rende boas horas de entretenimento. Não foi o caso aqui. E o que me deixa mais triste é o fato de dizer isso de uma autora nacional, porque sendo do mesmo ramo, eu ficaria muito triste de ouvir isso sobre um livro meu. Contudo, tendo em vista outros autores muito bem sucedidos no gênero e já resenhados aqui, cito Raphael Montes que, embora a prosa não me agrade tanto, é extremamente eficaz em construir narrativas sólidas e personagens marcantes, também há a talentosíssima Andressa Tabaczinski que foi uma das minhas últimas resenhas do gênero ano passado se bem me lembro, que em seu livro de estreia, Crisálida, soube trazer uma história cheia de tensão, com personagens que saltavam das páginas e um mistério tão bem montado que tornou quase impossível largar o livro.

É por causa dessas resenhas que me senti um pouco "livre" para expressar meu pensamento a respeito de O Oitavo Andar, ainda que, repito, me doa muito dizer isso de um autor conterrâneo. Mas vou dividir com vocês, da maneira mais sincera, o que achei desse livro e por que não gostei.

Como a própria sinopse já entrega, a história acompanha Beatriz, uma estudante de turismo que, nas férias, vai para Gramado se hospedar na casa da sua prima Bete com quem pretende ficar por um mês e explorar todos os pontos turísticos da cidade. A prima tem um namorado rico chamado Fred que está louca para apresentar a ela. Quando chega na cidade em direção à rodoviária, o ônibus começa a ir mais devagar por causa do trânsito e é quando Beatriz vê um corpo dentro de um velho ônibus escolar, na tentativa de tirar uma foto, ela acaba se atrapalhando pelo nervosismo e tira uma foto do motorista do ônibus e consegue anotar a placa. Só que o motorista acaba vendo ela.

Após isso, ela começa a receber ameaças para deletar a foto e perde a coragem de denunciar o crime à polícia, porque Disk Denúncia simplesmente não existe nesse livro. Então ela decide, junto da prima e do namorado dela, investigar sozinha o caso e juntar material suficiente para fazer a denúncia e garantir que o motorista vá preso. Nisso, acaba descobrindo que o esquema criminoso é bem mais complexo do que parece e que a morte da menina é a pontinha do iceberg, há uma ligação com o oitavo andar de um renomado hospital na cidade e o próprio diretor pode estar envolvido no esquema. Conforme se aproxima mais de descobrir a verdade com o tempo atuando contra seu favor, ela acaba se envolvendo com o namorado da prima.

A grosso modo, a história é isso. E, acredite, parece muito mais empolgante do que é de verdade. Pelo menos foi o que eu senti enquanto lia. Para começar, achei a trama muito rasa, muitas coisas atrapalhavam demais a verossimilhança, como essa parte do disk denúncia e algumas atitudes dos personagens que facilmente faziam eu imaginar três adolescentes e não três adultos.  Não suficiente, a narrativa é arrastada, com várias descrições desnecessárias e um monte de informações que não me acrescentou em nada no enredo e nem serviu para gerar simpatia pela protagonista que, me desculpe, é muito chata e insossa. 

E, para mim, esse foi um dos maiores problemas em ler essa história, eu não conseguia me importar com nenhum personagem. Juro. Beatriz é insossa, chata, às vezes age de modo infantil e não encontrei uma única qualidade que me levasse a torcer por ela. Fred é o típico boy lixo que se acha a última bolacha do pacote e se confia demais na própria aparência. Bete é vazia, para dizer o mínimo, vive de aparências, daquele tipo de mulher detestável que não existe sem um macho pendurado no braço e o esforço da autora em fazer ela parecer "descolada"só reforçou ainda mais a futilidade da personagem. Mesmo os antagonistas soavam bem fracos, não tinham nada que justificasse suas atitudes além da ganância e nada que gerasse o mínimo de conexão além da repulsa.

Junto a tudo isso, ainda teve o final bem meia boca que acho, na visão da autora e de alguns leitores, deve ter sido surpreendente, mas pra mim foi só ruim mesmo e achei, inclusive, bem desnecessário, não uma evolução real ou válida para a personagem que, a meu ver, não evoluiu foi nada nessa história, começou chata e terminou mais chata ainda. Para quem está acostumado a ler suspense com uma montagem mais refinada, como os autores supracitados, ou mesmo os clássicos como Agatha Christie, tem boas chances de achar O Oitavo Andar quase infantil e bem fraquinho.

E é isso, essas foram as minhas impressões da história. 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

[Filme] Soul Contract Live Action

Título original: 灵契

Diretor: Xue Ling

Gêneros: Wuxia, Sobrenatural

País: China

Lançamento: Mar 11, 2018

Sinopse: Yang Jing Hua é um jovem herdeiro de uma famosa família de exorcistas, mas agora ele é pobre e abandonado a si mesmo desde a morte de seus pais. Este jovem dono de quadrinhos tenta sobreviver dia após dia, mas o azar ainda está com ele. Uma noite, ele conhece um exorcista rico e bonito chamado Duanmu Xi enquanto ele eliminava um espírito existente. Yang Jing Hua foge , mas na próxima vez que Duanmu Xi apareceu bem na frente dele, Yang Jing Hua já estava morto por ter sido atingido por um peso pesado. Yang Jing Hua faz um contrato com Duanmu Xi e sua nova vida começa.

Só consegui encontrar essa adaptação em live action no site da IQYI, mas não recomendo a legenda em português, não tem o menor sentido a maioria das frases, melhor ver com a legenda em inglês mesmo. Sendo sincera, não gostei. Claro que eu sabia que a relação quase romântica dos personagens não ia acontecer, mas a partir do momento que trocaram o foco praticamente para Shin Qiyao e um relacionamento que era para ser unilateral com Duanmu Xi ficou pior.

O rumo dos acontecimentos também foi alterado, como o fato de Yang Jinghua aceitar quase de imediato se tornar a alma imagem de Duanmu Xi, os efeitos especiais são até bons, mas um pouco mal aproveitados a meu ver. Apesar das atuações serem razoáveis, especialmente nas cenas que pretendiam ser um alívio cômico se tornaram meio forçadas e findaram por não funcionar. 

Não gostei do roteiro também, tanto eclipsando personagens quanto mudando o rumo dos eventos. Duanmu Xi no filme não consegue conquistar nossa empatia, terminando por não nos conectarmos ao personagem, e Yang Jinghua ficou um tanto superficial e forçado, mas ainda conseguiu imprimir um fraco carisma. Comparado com a história original o filme é abaixo do mediano e, sinceramente, não achei uma boa indicação.

[Relendo e Resenhando] Eclipse

Original: Eclipse

Ano: 2007

Autor: Stephenie Meyer

Série: Twilight #3

Sinopse: Enquanto Seattle é assolada por uma sequência de assassinatos misteriosos e uma vampira maligna continua em sua busca por vingança, Bella está cercada de perigos outra vez. Em meio a isso, ela é forçada a escolher entre seu amor por Edward e sua amizade com Jacob - sabendo que essa decisão tem o potencial para reacender o conflito perene entre vampiros e lobisomens.

Com a proximidade da formatura, Bella tem mais uma decisão a tomar: vida ou morte. Mas o que representará cada uma dessas escolhas?

Eu me lembrava de tão pouca coisa desse livro que voltei a ficar surpresa. É a parte boa de passar anos sem visitar uma história e voltar para ela, você lembra o enredo, mas não os pormenores. É gostosinho.

Após a volta de Edward, Bella ainda está de castigo por viajar sem consultar o pai. Ele lhe propõe que ela passe mais tempo com seus outros amigos em troca da sua liberdade de volta, além disso, faz uma pressão a mais para que ela se reaproxime de Jacob, de quem se afastou após a volta do namorado. Ela concorda, mesmo sabendo que o antigo amigo talvez não deseje a proximidade dela, já que não retorna as suas ligações.

Sem confiar nos lobos, Edward começa a arquitetar planos para impedi-la de visitar o amigo na reserva, o que deixa Bella furiosa. Leva algum tempo — e algumas fugas — para ele finalmente confiar nela e em Jacob com ela mesmo sabendo dos sentimentos do lobo por ela. Jacob, por sua vez, começa a jogar pesado para convencer a amiga não apenas de que ela está apaixonada por ele, mas de que ela deve escolhê-lo.

Enquanto isso, uma verdadeira onda de assassinatos e desaparecimentos começa a abalar Seattle, deixando os Cullen preocupados. Quando descobrem que o alvo do novo exército é Bella, eles se unem aos lobos para montar uma estratégia para protegê-la e destruí-los antes que os Volturi se envolvam. Paralelo a isso, a batalha pelo coração de Bella continua e ambas as guerras estão próximas do seu clímax.

Jacob é um pé no saco. Meu pai, que guri mais chato, quanto mais a menina dizia que não queria ele, mais ele ficava no pé, que irritante! Não que Edward esteja livre de culpa, teve algumas atitudes dele que torci o nariz, mas ao menos o personagem tem um agravante para suas atitudes que se deve tanto à sua idade quanto a época em que ele nasceu. Seu pensamento difere e mesmo de forma sutil isso transparece.

Bella é um caso a parte, começo a pensar que boa parte do hate sofrido por essa saga se deve a escolha dela como narradora, se isso fosse sob a perspectiva de Edward ou, ao menos, com pontos de vista alternados, como aconteceu em Amanhecer, a recepção teria sido mais positiva. Acontece que a personagem, aquém de suas muitas qualidades, é chata. Ela tem vários momentos que age com uma infantilidade que nos fazem questionar o que um vampiro com 109 anos vê nela. Tem horas que você só quer socar ela e pronto.

Para dizer a verdade, todo esse pseudo-romance que a Meyer tentou enfiar goela abaixo entre Bella e Jacob desde Lua Nova soou muito forçado, não importa de que ângulo eu olhe, eles simplesmente não são shippáveis. E piorou ainda mais com a saída que ela escolheu para resolver isso em Amanhecer, só reforçou ainda mais essa forçação de barra que não passou de um recurso narrativo bem fraco para dramatizar mais o ticking clock do enredo.

Todavia, de modo geral eu gosto muito desse volume, não somente por mostrar a história de Jasper, que é um personagem muito fascinante da série, como por mostrar a história de Rosalie e a evolução dela com relação a Bella, algo que a adaptação peca muito em construir e que refletiu em Amanhecer quando, subitamente, ela passa do ódio ao amor. O livro trabalha melhor essa relação, é gradual e faz sentido. 

[Anime] Soul Contract

Original:  灵契

Ano: 2016

Episódios: 20

Generos: Action , Fantasy , Sobrenatural

Sinopse: Yang Jinghua teve um acidente. No momento em que ele acordou, ele parecia se transformar durante a noite 10 anos mais jovem. Yang Jinghua pensou que ele havia renascido e quando ele estava prestes a entrar no caminho para um novo começo, um cara de cabelo branco, rico e bonito chamado Duanmu Xi, apareceu bem na frente dele. Ele não apenas disse Yang Jinghua que Yang Jinghua já estava morto, ele até pediu um convite: "Meu jovem, você quer assinar um contrato comigo e ficar comigo para o resto da sua vida"

Esse ano estou tentando ver mais coisas da China, para acostumar a ouvir o idioma e ver se ocorre algum milagre que me permita distinguir os tons na fala, porque eu juro, gente, eu não escuto esse povo falar um único tom! Com isso em mente, podem imaginar como foi difícil montar a lista de séries esse ano, já que a China não tem um apreço por finais bons. 

Fui assistir Ling Qi com um pé atrás, confesso. Tanto pela apreensão de ter um final ruim, quanto pela sinopse que não parecia muito promissora. É tão difícil encontrar donghua, gente, a maioria dos donghuas são todos em 3D e simplesmente não consigo ver, parece uma cutscene de PS4, não rola. Então minha lista de animação esse ano foi bem reduzida. Estou vendo menos animes japoneses, a bem verdade, passei a consumir cada vez menos coisa do Japão.

Uma das coisas mais difíceis em relação a Ling Qi é que donghuas não são muito populares no Brasil, agora a demanda está melhor por causa de Mo Dao Zushi, mas o Japão ainda lidera no consumo de animação, então só achava a segunda temporada desse donghua dublada em japonês, não achei com o áudio original de jeito nenhum, acabei não vendo. 

A história de Ling Qi gira em torno de Yang Jinghua, um jovem herdeiro de uma família de exorcistas que passava por maus bocados financeiros. Seus pais haviam morrido anos atrás e ele gastou toda a herança tendo agora que trabalhar como adivinho, além de consertar computadores para conseguir se manter. Em uma noite, quando estava no ferro velho em busca de peças para consertar um PC, ele acaba dando de cara com um belo jovem enfrentando uma garotinha e acha que eles estão gravando uma série coreana.

Mas suas suposições logo se mostram muito erradas. Na volta para casa, ele é atropelado por um caminhão e morre. Acordando no hospital, encontra o mesmo belo jovem de cabelos brancos que lhe diz ser uma espécie de exorcista, herdeiro de uma renomada família. Seu nome é Duanmu Xi. Ele faz a Yang Jinghua a proposta de ser sua alma imagem, mas o jovem inicialmente recusa, até que as circunstâncias o obrigam a aceitar.

Agora, preso ao seu mestre, Yang Jinghua vai precisar trilhar um caminho difícil para desvendar o passado de Duanmu Xi enquanto descobre mais sobre a estranha ligação que os une.

Confessar, me surpreendi por ter gostado mais do que eu esperava, para um anime de 2017 quando vi o primeiro beijo entre os personagens quase caí da cadeira hahahaha. A história é boa, deixa algumas perguntas sem resposta, mas pesquisei e o manhua ainda não está finalizado (e já passou de 500 capítulos), o casal Duanmu Xi e Yang Jinghua se sustenta muito bem e prende o bastante para a gente se pegar torcendo por eles o tempo todo e ficando mais agoniada conforme os episódios vão passando e tudo só piora.

A animação é bem bonita, tem um alívio cômico muito bom e mesmo estando curiosa para saber como a história continua, me sinto bem pouco inclinada a ver a segunda temporada com a dublagem em japonês, especialmente porque o dublador do Duanmu Xi tem uma voz muito sexy. Ainda assim recomendo muito.

[Filme] Cherry Magic e The maid of the blind Master


Original: チェリまほ THE MOVIE ~30歳まで童貞だと魔法使いになれるらしい~

Ano: 2022

Direção: Hiroki Kazama

País: Japão

Sinopse: Por algum motivo Adachi ainda tem o poder de ler a mente de outras pessoas tocando-as. Ele vive feliz com Kurosawa e está satisfeito com sua vida. No entanto, Adachi recebe uma ordem de transferência para a prefeitura de Nagasaki, que fica a 1200 km de distância. Agora em um relacionamento à distância, os dois começam a pensar no futuro.

Onde Achar: Meow Fansub, Lianhua Fansub, P'tieris Fansub

Esse filme passou totalmente batido por mim! Quando dei por mim já tinha saído ha eras e olha que Cherry Magic é de longe meu BL favorito, coisa mais fofinha dessa vida! Claro que eu não podia deixar de assistir e carregar minha irmã para ver comigo. 

Nessa sequência do drama, Adachi ainda tem seus poderes de ler a mente porque, na noite em que a gente achou que eles tinham afogado o ganso, aconteceu um imprevisto e acabou não rolando. Kurosawa parecer viver bem com o fato do namorado ler a sua mente sempre que o toca e o relacionamento deles caminha de bem a melhor, cheio de felicidade e planos para o futuro.

Porém (sempre tem um porém, é claro!), com a abertura de uma nova filiam em Nagasaki, o diretor de departamento acaba escolhendo Adachi como gerente para supervisionar a nova loja e, apesar de ser uma oportunidade incrível, o tímido rapaz pensa em recusar a proposta, pois ficar longe do namorado a essa altura parece impensável, especialmente depois de saber todo o sofrimento que Kurosawa viveu amando-o secretamente por todos aqueles anos na empresa.

Contudo, Kurosawa acaba descobrindo sobre a promoção por causa do colega do namorado e o confronta, incentivando-o a aceitar. Adachi não acredita muito que a separação faria bem a ele, especialmente agora que os dois estavam no início do relacionamento, mesmo sendo por um período curto de tempo, os dois poderiam sobreviver a um namoro à distância? 

Embora use uma temática até meio clichê e continue com o mesmo tom do drama, Cherry Magic The Movie trouxe algumas quebras de paradigma que me agradaram muito. Não apenas por se manter fiel ao caráter dos personagens, mas por não regredir Adachi a estaca zero como geralmente acontece, o personagem só evoluiu mais e se tornou mais forte, foi muito adorável acompanhar isso. Além disso, Kurosawa voltou mais fofo e apaixonado que nunca e a maneira como ele conduz o relacionamento só tiram da gente qualquer possibilidade de acreditar no amor na vida real hahaha.

O filme toca no lado sensível da aceitação da sociedade japonesa ao relacionamento homossexual sem se aprofundar, mas nunca de maneira superficial, dando o equilíbrio necessário para o dilema, sem nunca entregar mais drama que o necessário e com alívios cômicos pontuais que suavizam a tensão e deixam a gente ainda mais apaixonado pela trama. Após acompanhar seis episódios de sofrimento do pobre Kurosawa no drama, podemos dizer que a felicidade veio com os juros e a correção monetária em dia! Valeu a pena cada minutinho desse açuquinha que foi Cherry Magic e nem mesmo o final aberto à interpretações estragou a experiência. Recomendadíssimo.


Título original: 盲少爷的小女仆
Diretor: Chu Hui Lin
Gêneros: Romance
País: China
Ano: 2016

Sinopse: Ren Hao Ming é um rico executivo cego que contrata Ruan Qing Tian como sua assistente/cuidadora. Embora Qing Tian fosse forçada a aceitar o emprego por causa de sua madrasta, ela acaba se apaixonando por Hao Ming mediante as íntimas interações diárias
Hao Ming é submetido a cirurgia na córnea e recupera a visão. Ele vai em busca de Qing Tian para propô-la em casamento, mas Ruan Xin Xin, madrasta de Qing Tian, se intromete e finge ser ela para casar com ele.
Será que Hao Ming descobrirá que casou com a mulher errada?

Nem vou colocar onde vocês podem achar isso porque é uma perda de tempo ver essa joça. Dando um google para procurar as informações desse trem pavoroso descobri que ele faz parte de uma cadeia de filmes de qualidade duvidosa como The Love que é horrível para dizer o mínimo. Não sei se é um monte de produções de baixo orçamento ou o que, mas dizer que esse filme tem problemas é ser gentil.

Começo a acreditar que fizeram o drama, recentemente resenhado aqui, para se desculpar com a plateia que assistiu essa produção pavorosa. Uma ideia boa, nas mãos do diretor certo e com um elenco de qualidade pode ser aproveitada, o drama fez isso muito bem, enquanto o filme, seu predecessor, beira o ridículo de tão mal feito.

Com parcas discrepâncias, o enredo do filme é quase o mesmo do drama. Ren Hao Ming é o CEO de uma empresa que ficou cego após um acidente. Ele então decide contratar uma enfermeira para ajudá-lo em suas atividades. A madrasta de Ruan Qing Tian a obriga a fazer a seleção mesmo ela não querendo aquilo e, Hao Ming acaba ouvindo as palavras grosseiras que ela diz no elevador sobre ser empregada de um cego.

Ao contrário de sua versão atual, proativa, sempre um passo a frente do inimigo, inteligente e, mesmo um tanto explosivo, empático, o Hao Ming do filme é um completo embuste, sério, não dá para defender. O homem é arrogante, estúpido, age como um inválido e por vezes chega a ser infantil. Qing Tian também não fica atrás, a guria é infantil, lenta, tenta parecer aquele tipo animada e pra frente, a atriz não soube lidar com o papel de modo a passar empatia e ela se torna só chata e mais um dos fardos que a gente tem que suportar durante pouco mais de uma hora de filme.

A irmã de criação dela, Xin Xin é outra que a atriz é péssima (e fez parte daquela montanha de filme ruim do qual esse faz parte), me pergunto como essa mulher ainda tá na indústria. A vilã aqui ficou com a madrasta que também não cumpre bem esse papel. Na verdade, se for olhar bem todo o elenco estava empenhado a fazer esse filme não funcionar. Zero emoção, zero carisma, zero química entre o casal, além do roteiro mal feito. Se eu tivesse visto isso primeiro talvez nem tivesse dado uma chance pro drama com medo do que ia achar. Por sorte não fiz isso.

Não percam seu tempo precioso, vejam o drama e esqueçam que esse filme existe.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

[Livro] O Fantasma da Ópera

Original: Le Fantôme de l'Opéra

Autor: Gaston Leroux

Ano: 1986

Gêneros: Romance, Ficção gótica, Terror

Sinopse: Pela Ópera de Paris circulam bailarinas, cantores, funcionários... e rumores. Após uma sequência de acontecimentos estranhos e funestos, a nova direção da casa passa a levar a sério o que até ali julgara impossível: um fantasma assombra o teatro.

Criatura mutilada e de passado enigmático, arquiteto de trotes e tragédias, o Fantasma da Ópera habita os labirínticos porões da construção e usa sua voz, suas lições e seu poder para seduzir a cantora Christine Daaé. Mas, quando ela rompe o pacto implícito entre eles, é arrastada para o subterrâneo – numa espiral de mistério, horror e música.

O livro é narrado por um repórter que fez investigações acerca da lenda que permeava a maior casa de Ópera de Paris e afirma: O Fantasma da Ópera existiu. Em seu relato, ele dá depoimentos de testemunhas que entrevistou e provas físicas que conseguiu da existência da sombra que se esgueirava pela casa de Ópera tramando as mais diversas atrocidades e mudando para sempre o destino de um casal.

Tudo começa quando os diretores da Casa de Ópera oferecem uma pequena festa para passar adiante a diretoria que agora ficará nas mãos de outros dois homens, eles passam para esses outros as exigências de uma suposta entidade que "por trás da cortina" (figurativamente falando) é quem de fato comanda a casa. Além de uma taxa mensal que deve ser paga a ele, autointitulado Fantasma da Ópera, o camarim VIP nº 5 deve ser reservado para ele assistir as apresentações. Os novos diretores claramente acreditam ser uma pegadinha dos antigos e deixam claro que não vão compactuar com tal fantasia. Nessa mesma festa está presente o visconde Raoul de Chagny com seu irmão, o conde Philipp e ambos ficam deslumbrados com a apresentação de Christine Daaé, que até então ela delegada ao elenco de apoio e choca a todos com seu desempenho excepcional nessa noite.

A coisa é que, desde a morte do pai, um exímio músico, o brilho de Christine apagou. Ela foi adotada por uma rica senhora para quem seu pai trabalhou e esta incumbiu-se de sua educação, inclusive a musical. Mas a passagem da moça pelo conservatório foi mortiça, sem qualquer tipo de empenho real apesar de sua bela voz. Antes de partir, seu pai prometera que lhe enviaria o "Anjo da Música" dos céus para olhar por ela e eis que, ela revela, este lhe apareceu e treinou-a para atingir o máximo da sua potência como cantora. Ela e Raoul se conheceram na infância, tornando-se amigos, mas o tempo acabou separando-os e, tendo a oportunidade de se reaproximar dela, o visconde tenta se aproximar, mas é repelido pela moça que finge não lembrar-se dele.

Apaixonado, Raoul insiste com Christine, mesmo quando descobre que ela já tem um pretendente misterioso. Qual não é sua surpresa quando, dias depois, lhe chega uma carta da cantora anunciando que fará uma passagem para visitar o túmulo de seu pai no mesmo lugar em que se conheceram na infância. Encarando isso como um convite, o visconde vai atrás dela, e a soprano lhe revela sobre o anjo da música e sua melhora como cantora, mas o rapaz não lhe dá crédito até ver com os próprios olhos a apresentação fantasma no cemitério, algo que ele não soube explicar. Por mais que insistisse em aproximar-se, Christine sempre o repelia, anunciando ser impossível qualquer coisa entre eles, ao mesmo tempo, mostrava-se ambígua em suas atitudes demonstrando, sutilmente, amá-lo.

Quando finalmente lhe revela os terrores que sofreu nas mãos de Erik, o temido "Fantasma da Ópera" que, em verdade, é bem humano, e como ele a enganou se passando pelo anjo da música prometido por seu pai, Raoul tem a confirmação de que ela o ama tanto quanto seu destino parece estar ameaçado e preso ao monstro que se esconde nas profudezas sombrias da Ópera de Paris. Agora, resta-lhes uma verdadeira luta contra o tempo e contra um dos mais perigosos homens que já pisaram a Paris do século XIX.

Confessar para vocês, não foi nada do que eu esperava. Nada mesmo. Quando vi pela primeira vez o filme achei que era uma historinha noir de um triângulo amoroso, é exatamente essa a impressão que as adaptações dão, mas não tem nada a ver com o conceito da obra. Já começa com essa aura gótica do romance que me pegou desprevenida, o fato de Erik ser persa e não o branquelo que é pintado nas adaptações, além de que, quase sempre, colocam um homem bonito com o rosto parcialmente coberto para representar um homem que é tão desfigurado que quase não tem pele no rosto. E mais, embora não conte o motivo, dá-se a entender que ele nasceu desse jeito.

E apesar de ser um exímio músico, na verdade Erik era mágico, um dos melhores e mais sádicos ilusionistas, além de assassino nas horas vagas. Ou seja, isso aqui não é o simples romancinho água com açúcar que tanto a peça quanto o filme pintam. A narrativa, boa parte do tempo, me soou bem desinteressante, especialmente nas partes de Raoul e Christine que eu achava meio enfadonha, apesar da história deles criança e a parte do pai de Christine terem sido bem legais. Contudo, compensa tudo a narrativa do Persa contando a história de Erik. De longe essa é a melhor parte do livro.

Há referências a várias peças de ópera na história, algo que eu gostei muito, embora as adaptações usem sempre as músicas autorais de Weber e não mostrem a Christine com o real potencial vocal que ela adquire graças as aulas de Erik. Também tiraram toda a parte sombria da história dele para reduzir a algo como um incêndio do qual ele foi vítima e isso tira um pouco do brilho quando você lê o livro e descobre a verdade por trás dos fatos, ainda que as músicas da adaptação sejam boas.

Num cômputo geral, gostei do livro. Não foi lá a melhor leitura que já fiz, mas de certo modo foi interessante, especialmente nos aspectos que eu citei. A construção de Erik foi magistral, mesmo sendo um antiheroi ele engole o brilho da narrativa para si sem ser o autor dela. E toda a cadeia que o tornou o monstro que ele é, obsessivo, sádico e brilhante, nos leva a algumas reflexões bem acertadas. Vale muito a pena conhecer a história, depois de ler as adaptações se tornam bem menos encantadoras.