quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

[Anime] Tonari no Kaibutsu-kun [+Live Action]

Original: となりの怪物くん (lit. o vizinho monstro)
Gênero: Comédia romântica
Autor: Robico
Direção: Hiro Kaburaki
Ano: 2012 (OVA em 2013)
Episódios: 13

Sinopse: Tonari no Kaibutsu-kun é focado na relação entre Shizuku Mizutani, uma garota que não tem nenhum interesse, a não ser em estudar e em seus planos no futuro, e um garoto chamado Haru Yoshida, que senta ao seu lado na escola, porém raramente a frequenta. Um dia, Shizuku é encarregada de levar os deveres de classe na casa de Haru. Dessa forma, começa a estranha amizade entre uma garota fria e calculista com um garoto problemático e ingênuo.

Qual não foi minha surpresa quando, após ver o live action desse anime, me dar conta que não tinha escrito resenha dele no blog (inteligentona, a menina!). Lá vai eu assistir tudo de novo pra poder escrever a resenha dos dois sem negligenciar a história, a coisa é que demorou porque minha internet não andou cooperando muito esses dias então, era uma vida pra esperar cada episódio carregar bonitinho e eu relembrar o que acontecia.

Na época em que assisti esse anime (não lembro se esse ano ou ano passado), inicialmente eu não dei muito nele não, levou uns quatro a seis episódios para eu me entrosar de verdade na história. O plot é simplinho, mas não simplista, e envolve algumas questões muito bacanas da cultura japonesa de uma maneira leve, mas que faz a gente refletir no final.

A história é contada sobre o ponto de vista de Mizutani Shizuku, uma garota do ensino médio que não tem amigos e é dona de uma personalidade fria e indiferente com relação a tudo que não sejam seus estudos. A garota é uma verdadeira nerd, dorme estudando e acorda para estudar, para ela, estar em primeiro lugar no hanking escolar é o mais importante na vida. Shizuku vive com o pai e o irmão mais novo, a mãe dela é uma workaholic que nunca para em casa e aquém do dinheiro na conta, não faz mais nada pela família. Tanto é que ela nem aparece no anime. Por isso, desde criança, Shizuku aprendeu que a única compensação que teria na vida era o resultado dos seus esforços e os estudos supriam não apenas a falta da mãe, mas lhe proporcionavam uma fuga da realidade e uma sensação de reconhecimento que ela não encontraria em mais ninguém. Mais ou menos como acontece com quem pratica exercício para liberar endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina.

Porém, seus dias de estudo estavam prestes a serem ameaçados por Yoshida Haru, o garoto que deveria sentar ao lado dela, mas que desde o início do ano nunca foi a uma aula sequer. Preocupada com ele, a professora pede a Shizuku que leve à casa do garoto as matérias dadas até então e uma advertência de que ele seria desmatriculado caso não frequentasse a escola. Mesmo a contragosto, a garota aceita e leva as coisas até a casa de Haru que fica no prédio onde funciona um campo de treino de baseball. Quando está saindo da casa dele após deixar o recado com o responsável pelo menino (não lembro se tio ou primo), ela acaba sendo 'atacada' por Haru que indaga a razão de sua visita, ela explica e lhe adverte para ir à escola se não quiser ser expulso. Ele então deduz que ela é sua amiga uma vez que foi notificá-lo de sua ausência e, assim, aceita ir à escola por causa dela.

A relação de Haru e Shizuku vai se estreitando devagar, conforme ela descobre que ele não frequenta a escola porque se sente solitário uma vez que todos têm medo dele. Ao passo que, graças a Shizuku, Haru vai conseguindo corrigir seu comportamento aos poucos e se aproximando de outras pessoas. Ela, que até então não se relacionava com ninguém, se vê preocupada com aquele garoto ingênuo que só queria ter amigos e ele começa a interpretar as ações dela de maneira diferente, até deduzir que está apaixonado por ela (e ficar de verdade logo em seguida). Contudo, Shizuku não tem tempo para sentimentos e fica presa no dilema de se deve acolher Haru e o que sente por ele ou focar na única coisa que foi importante para ela a vida inteira.

O anime aborda a questão da pressão sobre os estudantes e as longas jornadas de estudo não fazendo exatamente uma crítica, mas levantando a questão de até que ponto as instituições extrapolam o limite saudável nesse ponto. Shizuku, assim como muitos estudantes da atualidade asiática, é um retrato da pressão social e familiar (no caso dela mais autoral) sobre o futuro e os estudos. Além do que, tem toda a questão familiar envolvida também no desenvolvimento dessa compulsão dela pelos estudos embora o anime não explore muito essa questão. Haru, por outro lado, vem na questão da exploração intelectual uma vez que, por sua superdotação, se torna um alvo do próprio pai e fora rechaçado pela família que fazia com que se sentisse uma espécie de monstro, ao mesmo tempo em que era cobiçado como o herdeiro da empresa do pai por sua inteligência causando a inveja de Yusan, seu irmão mais velho que sempre procurou merecimento do cargo.

Há também a questão dos padrões de beleza, representados por Natsume, uma garota muito bonita que não consegue amigas de verdade por ser invejada (e consequentemente odiada) pelo simples fato de ser bonita. Mesmo os amigos online que outrora lhe trouxeram conforto se mostram distantes. Ao se aproximar de Haru e Shizuku ela se empenha em ser mais confiante e melhorar suas notas para manter o relacionamento, além de ser uma das principais torcedoras pela relação amorosa deles. No geeral, o anime é mesmo sobre relações humanas. Aquela questão do necessitar de companhia não exatamente para ser feliz, mas para evoluir. Shizuku não percebeu que era solitária até se ver rodeada de amigos, pessoas que se importavam com ela e com quem ela aprendeu a se importar, além do sentimento por Haru que a transformou em uma pessoa um pouco mais acessível ao mesmo tempo que o tornou mais adorável e compreendido pelos demais.

Não há como não adorar Haru, apesar do seu típico comportamento violento diante do que ele julga como injustiça, ele é muito inocente (tanto ou mais que Sawako!) e adorável chegando até a ser fofo principalmente a forma como ele é direto com relação ao que sente, sempre falando o que pensa sem pesar as palavras e eu gostava muito disso nele. Vale muito a pena ver em especial se você gosta de animes colegiais com uma boa dose de comédia e alguns puxõezinhos de orelha filosóficos sobre relações humanas. A OVA se passa no período Edo do Japão feudal, apesar de ter referências com o anime, não tem muita relação, mais parece uma espécie de vidas passadas dos personagens, mas é bacaninha de ver.

Direção:  Sho Tsukikawa
Roreito: Arisa Kaneko
Ano: 2018
Elenco: Masaki Suda (Oboreru knife, princess jellyfish, todome no kiss)
Tao Tsuchiya 
Yuki Furukawa 
Yuki Yamada 


Passando para a adaptação live action que saiu em abril desse ano no Japão, com um elenco de peso entre les Masaki Suda (Oboreru knife, princess jellyfish, todome no kiss), Tao Tsuchiya (Ani ni Aisaresugite Komattemasu), e o reencontro de Yuki Furukawa (Itazura na Kiss; Erased) e Yuki Yamada (Itazura na Kiss) parceiros de elenco em Itazura na Kiss.

O filme cobre os principais eventos do anime trazendo uns adicionais que achei muito bem vindos. Primeiro, foca na razão para Shizuku ser tão obcecada com os estudos dando toda uma contextualização para o fato, do mesmo modo com Haru, mostrando de um modo mais abrangente sua conturbada relação familiar o que achei muito bacana. Além disso, ainda nos traz uma visão do presente das personagens o que foi fofíssimo, porque foi além dos eventos abordados no anime.

Masaki Suda está brilhante no papel de Haru (se bem que esse ator é magnífico em qualquer papel que faça, pensa num guri talentoso e carismático!) com mais de 30 filmes no currículo, ele nos entrega um Haru cheio de vida, fofo, doce, mas com sua personalidade agressiva e incompreendida fazendo jus ao personagem do anime e dando um toque a mais na personalidade dele sem mudá-la. Tsuchiya Tao ficou bem no papel de Shizuku, dando uma interpretação coerente com a personagem que evolui vagarosamente sem perder a identidade de iceberg humano. Furukawa Yuki está mais jovem que nunca (sério, esse cara não envelhece não? kkkk) na pele de Yusan, irmão mais velho de Haru que está dividido entre o amor pelo irmão e as próprias ambições. Quanto a Yuki Yamada, ele nos entrega um Yamaguchi mais sério e provocador, mas com um senso de direção um pouco melhor que no anime, mais uma vez condenado à friendzone (será ele o Ji Soo do Japão? kkkkk).

Em meu ponto de vista, o longa é uma excelente propaganda para quem não conhece a obra e um deleite a parte para quem já leu o mangá ou viu o anime. Recheado de atuações maravilhosas e com adicionais que deixam aquele calorzinho no coração, embora eu tenha achado que a comédia diminuiu bastante no filme. Fica aqui minha recomendação!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

[Drama] Scarlet Heart 2

Título Original: 步步 惊 情 2
País: China
Episódios: 35
Gênero: Romance, drama
Direção: Lee Kwok-lap

Sinopse: Após três meses que Zhang Xiao acordou do coma, ela ainda não consegue esquecer o quarto príncipe. Um dia no museu, ela encontra um homem idêntico a ele: Yin Zheng, o enteado do presidente da corporação Zhentian. A fim de descobrir sua conexão com o quarto príncipe, Zhang Xiao se torna uma designer na Zhentian. No entanto, um acidente a faz perder suas lembranças como Ruoxi. Ela inicia um namoro com Kang Sihan, meio-irmão de Yin Zheng, e se encontra involuntariamente presa no centro de uma luta de poder.

Gente, que drama mais doido foi esse? Não sei se vocês lembram, mas eu fiz a resenha da primeira temporada de Scarlet Heart esse ano, tinha começado a ver essa logo depois, mas deu um problema na conta da VIKI que eu usava e acabei passando outros dramas na frente, já que nenhum fansub pegou esse projeto. Se você não leu a resenha da primeira temporada, clique aqui. 

Então, não posso dizer que gostei desse drama que seria mentira. Mas também não posso dizer que não gostei porque ele não é de um todo ruim, mas teve muita coisa que foi bem irritante e outras que não fizeram o menor sentido. A intenção, creio eu, era tapar os buracos deixados na outra história, mas no fim das contas não resolveu foi nada, acabou se criando um enredo quase sem pé nem cabeça numa trama para os queridinhos do quarto príncipe terem seu finalzinho feliz. E eu não sou uma delas.

Tem umas personagens que até agora eu tento entender de onde saíram e para que servem. Mas, vou tentar fazer um resumo coerente dessa coisa toda. Bom, pra começo, Zhang Xiao acorda do coma após ter sido eletrocutada no começo da primeira temporada, seu ex-namorado traiçoeiro (que não é mais o lindão do Ma Tianyu) está com ela e, em pouco ela volta pra casa. Dias mais tarde, em uma exposição da dinastia Qin num museu, ela encontra Yin Zheng, um dos herdeiros de uma grande empresa. Ele é a cópia do famigerado quarto príncipe, ela chora e ele se aproxima dela para saber se está tudo bem.

Após isso, Yin Zheng fica com a expressão dela na cabeça e, em um dos eventos promovidos pela Zhen Tian, empresa do seu padrasto, ele encontra Lan Lan, que é idêntica a Zhang Xiao. Acreditando ter sido ela que ele encontrou no museu, ele decide se aproximar e não demora quase nada para que os dois comecem a namorar. Lan Lan é uma modelo famosa com carreira no exterior, mas que parece ter vários segredos sujos ligados ao segundo tio de Yin Zheng, que está usando o sobrinho para destruir a Zhen Tian e se apossar como presidente. Coisa que Yin Zheng sempre quis, por acreditar que o padrasto matou seu pai biológico, mas que o presidente (que na verdade é a "reincarnação" do imperador Kang Xi) tem planos para que seu filho biológico, Kang Si Han, assuma a presidência.

Porém, Lan Lan está trabalhando em segredo com Yin Cheng Gui. o irmão do padrasto de Yin Zheng, começa a armar pequenos conflitos que pioram ainda mais as coisas dentro da empresa. Por causa de sua semelhança com Zhang Xiao, a modelo a usa algumas vezes para se passar por ela e, assim, enfrentar perseguiçoes no seu lugar. Desesperada para encontrar sua liberdade, ela acaba fugindo da perseguição de Cheng Gui, mas acaba morrendo, bem na época que Zhang Xiao descobre que as duas são na verdade gêmeas (wtf?) separadas na infância. Porém, a relação dela com Yin Zheng ainda continua não avançando. Há o irmão mais novo de Si Han e Yin Zheng, Si Yu, que desconfio ter ficado no lugar do 13º príncipe, tanto que Luwu é uma das funcionárias do bar dele, tem uma queda por ele embora Si Yu não note (típico) e ele acaba demonstrando algum interesse por Zhang Xiao, mas nunca vai pra frente (aff).

A empresa de Si Han, Z&X, é uma potencial concorrente da Zhen Tian. Si Han é um perfumista de renome e, ao se mudar de volta para China na tentativa de estabelecer sua empresa lá, ele acaba encontrando problemas por causa Yin Zheng que está disposto a não permitir que ele prospere. Por causa disso, ele acaba indo para a Zhen Tian onde é nomeado vice presidente para fúria de Yin Zheng. Nesse meio tempo, Zhang Xiao conseguiu um trabalho de designer na Zhen Tian e era a secretária de Yin Zheng. Ela e Si Han se conheceram por acaso após um pequeno incidente e ele se viu encantado por ela. Com a mudança da presidência, ele acaba tendo-a como secretária e os laços entre eles se intensificam. Enquanto Yin Zheng é rebaixado como punição pelo padrasto.

O negócio é que, antes de voltar à China, Si Han namorada Xin Yu, a melhor amiga de Zhang Xiao, e mesmo tendo terminado o relacionamento antes de voltar, a menina nunca aceitou o término. Ela volta para a China um tempo depois quando Si Han e Zhang Xiao já estão em um relacionamento ha alguns meses, o que complica ainda mais a relação dos dois. Por isso, eles decidem fingir que não se conhecem, mesmo que Si Han seja contra isso. Mas Cheng Gui, para prejudicar a imagem de Zhen Tian, acaba revelando a verdade no dia do casamento de Xin Yu, ela foge do casamento e acaba sendo atropelada, morrendo em seguida junto do filho que esperava. Xin Yu era, na verdade, a reencarnação de Yutan, serva de Ruoxi no passado e que foi literalmente cozinhada no vapor pelo quarto príncipe.

Sentindo-se culpada pela morte da amiga, Zhang Xiao quebra qualquer laço com Si Han que acaba saindo da cidade e sendo sequestrado. Milagrosamente, Yin Zheng começa a descobrir que fora Zhang Xiao que ele conheceu no museu e não Lan Lan. E ela também volta, depois de mais da metade do drama, a lembrar o passado como Ruoxi. Aí começa aquela enrolação de briga pela presidência da Zhen Tian, os conflitos familiares de irmãos que se odeiam e não escondem isso, Si Han fazendo a pose de oitavo príncipe que quer ser o virtuoso, mas no fim das contas é só um bom babaca, Yin Zheng como o quarto príncipe nojento, falso, mentiroso e cruel. Zhang Xiao ainda pior que Ruoxi é aquele tipo de personagem que você só torce pra morrer mesmo porque a única coisa que ela faz bem nesse drama é chorar. Fora isso serve pra mais nada.

Achei essa segunda temporada maçante e desnecessária. Não consegui comprar essa ideia de Yin Zheng e Zhang Xiao desde a primeira temporada. Nunca shippei ela com aquele príncipe escroto nem no passado nem no presente. O desenrolar das coisas foi lento como uma lesma e parecia que não tinha fim, as mesmas personagens reaparecendo e morrendo de novo, aquele mesmo finalzinho fuleiro de quem torce pela felicidade de um casal que achei super sem sal e sem química e uma briga mesquinha por uma empresa quase afundada. Não gostei.

E esse foi o meu último dorama de 2018, tão ruim quanto esse ano inteiro foi e o próximo será. Já vou fazer a lista do ano que vem e espero que tenha melhores emoções na ficção já que a realidade não vai ser nada boa. Abraços, pessoas!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

[Livro] Escuridão Total e Sem Estrelas (Conto I) - 1922

Como 2018, para mim, foi praticamente um grande capítulo de horror na minha vida, me senti dentro de um filme trash, então, nada mais justo que terminá-lo com um livro de terror que ilustra bem o pesadelo que estou vivendo e o que me aguarda a partir de 2019 com essa nova "presidência" diabólica do nosso idiota do ano.

Provável que eu não termine esse livro esse ano ainda, não sei, mas conforme for lendo os contos vou resenhando aqui, até porque eles não são nem um pouco pequenos. É quase como pequenos livros compilados em um livro só.

Minha atenção para esse livro aconteceu por causa do primeiro conto, 1922, cujo trailer vi por acaso. A coisa é que eu queria saber se ele era violento demais para que pudesse assistir depois então, descobri que o filme era baseado num conto desse livro e já fui atrás logo pra ver como era. Depois de ler Cujo eu já tinha uma ideia da escrita crua do King então lia sempre sem comer (sábia decisão).

Em 1922, Wilfred James matou sua esposa. E se você pensa que isso é um spoiler vou te dizer que ele mesmo afirma isso nas primeiras linhas do conto logo de cara. Nessa época, ele vivia com Artlete, sua esposa, e o filho do casal, Henry que era apaixonado pela filha do fazendeiro vizinho. Arlete havia herdado cem acres de terra fértil e queria vendê-las para uma empresa que lidava com matadouros de porcos, Wilf, claro, era contra. Ele queria ficar com as terras e plantar nelas para obter mais lucros, odiava a cidade mais que qualquer outra coisa e tampouco queria que seu filho crescesse naquele "lugar para idiotas" como chamava a cidade.

Assim, ele decide fazer a cabeça do filho Henry de 14 anos para, juntos, assassinarem Arlete. Lógico que o garoto reluta no começo dizendo que aquilo era errado e que ela era mãe dele, assim, Wilf continua atiçando o garoto contra a mãe e a ideia de viver na cidade até que, certa noite, após ele embebedar Arlete e ela acabar batendo em Henry após dizer algumas coisas, o garoto aceita participar do crime com o pai. Quando a mulher está desacordada por ter bebido demais, Wilf pega uma faca na cozinha e, após cobrir o rosto da esposa, corta a garganta dela. Como a ação provoca mais barulho do que o esperado, o garoto acaba passando mal e, nas tentativas nervosas de fazer a esposa parar, Wilf tenta cortá-la de novo, mas acerta tudo, menos o pescoço.

Na bagunça de sangue e com o cadáver ainda quente sobre a cama, os dois se desfazem do corpo jogando-o num velho poço na fazenda e limpando toda a casa com minúcia para que o crime não fosse descoberto. Inclusive, Wilfred pensa em cada mínimo detalhe para vender a história de que a esposa abandonou o lar, chegando a encher uma valise com as roupas favoritas, jóias e a foto dos sogros e jogando dentro do poço junto com o colchão ensanguentado. Apesar de instável, Henry - que agora quer ser chamado de Hank - lida com o crime de maneira instável. Seu humor começa a oscilar, mas na frente de outras pessoas ele age com uma naturalidade assombrosa, chegando a atuar brilhantemente a "partida" da mãe. E tudo parece conspirar a favor dos dois, mesmo com a desconfiança do advogado da empresa que queria comprar as terras de Arlete, o xerife acredita verdadeiramente na história de Wilf incapaz de imaginar que ele mataria a esposa.

Com a ausência da mãe, Henry começa a preencher a falta direcionando seus sentimentos ainda mais para Shannon Cotterie a filha do fazendeiro vizinho de Wilf, Harlan Cotterie. Os dois eram namoradinhos de longa data e o envolvimento dos dois se intensifica embora a garota comece a perceber que o menino está estranho. Henry é um ano mais novo que Shannon e, como todo o garoto de sua idade, está passando pela complicada transição infância-juventude, chamada adolescência. Para complicar a vida de Wilf ainda mais, o filho acaba engravidando Shannon cujo pai fica uma fera e promete mandar a menina para longe com o intuito de esconder a gravidez e dar a criança para adoção logo após nascer, algo que Henry não está disposto a aceitar. Além disso, parece que Arlete não está tampouco disposta a deixar o marido se safar do crime que cometeu, mesmo que o resto do mundo não venha a descobrir seu real paradeiro.

1922 é aquele tipo de história que você tem que ir lendo aos pouquinhos e parando para se distrair com outras coisas se você é uma pessoa ansiosa ou que "encabeça" as coisas, sabe? Do tipo que não esquece nada ou se impressiona muito fácil. Como disse antes, a linguagem do King é muito crua e ele não poupa detalhes nas descrições o que, em certas ocasiões, embrulha o nosso estômago e acredito que livros de terror têm de fazê-lo mesmo. Henry é a personificação do adolescente conhecendo a rebeldia que é "corrompido" pelo crime e acaba caindo na teia de uma coisa puxa a outra, tudo levado pela influência meio errônea de um pai ganancioso. Wilfred é machista, invejoso, rancoroso e cego pela ganância, tudo isso motiva-o a cometer o crime contra Arlete. Talvez pelo ano em que a história se passa, pelo que entendi na narrativa, as mulheres nos EUA nem direito a voto não tinham ainda, então é natural enquadrar o personagem nesse aspecto mais paternalista, mas acredito que ainda hoje, não só nos EUA, mas no mundo inteiro, os "homens coniventes" continuam existindo na maioria dos homens, em especial nos tidos "cidadãos de bem".

"A esposa cuja doce resposta diante de qualquer tipo de problema seria: 'o que você achar melhor, querido'. Mulheres, prestem atenção: uma esposa como essa nunca precisaria temer sangrar pela garganta até a morte." (Wilfred sobre a esposa de Harlan Cotterie).
Bem, temos aqui a imagem clara do homem machista que quer uma empregada/escrava sexual que era como ele tratava a esposa. Na verdade, acho que a ideia de matá-la ao invés de dar o divórcio a ela não foi somente pelo fato de ela não querer lhe dar as terras que lhe pertenciam, mas, lá no fundo, o fato de ela confrontá-lo, de não abaixar a cabeça para ele e se submeter aos seus caprichos e vontades. Arlete sabia o que queria e não deixaria que ele lhe manipulasse ou subjugasse em relação ao seu desejo de ir para cidade e abrir o próprio negócio.

Não posso afirmar (porque não sou formada em nenhuma área de psicologia) que Wilfred tem algum transtorno de dupla personalidade, mas achei bacana levantar a questão. Por vezes ele assume que o tal 'homem conivente' é que o controla e dita suas ações, fora ele que matara Arlete e lhe dissera como mentir para todas as pessoas de maneira fria. Pelas ações dele, não o classificaria como um psicopata (mas como disse, não posso afirmar) ou mesmo um sociopata, acho que, como muitos "cidadãos de bem" de exemplo no nosso próprio país mesmo, ele era apenas um homem cego pela ganância que queria, a todo custo, ser tão rico e bem sucedido como seu vizinho Harlan Cotterie, mas os meios para consegui-lo acabaram tornando-o o que ele findou, um homem perseguido pelo passado e imerso numa loucura da qual nunca conseguiu sair. Acredito que, nos anos que sucederam a morte da esposa e a fuga trágica do filho, ele começou a se tornar esquizofrênico ou dar sinais disso tanto é que, no relato final do livro, dá a entender que muito do que aconteceu durante a história girou apenas dentro da sua mente perturbada.

E com isso fica aqui a primeira parte da resenha de Escuridão total e sem estrelas, até a próxima!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

[Drama] The King of Romance

Título Original: 如朕親臨; pinyin: rú zhèn qīn lín
Roteiro: He Shu Ting (coordenador do roteiro)
Li Deng Ya
Chen Xuan
Fang Jie
Direção: Chen Jia Hong
Ano: 2017
Gênero: Romance, fantasia, drama
País: Taiwan
Episódios:17
Elenco: Lego Lee
Cindy Lien
Gabriel Lan
Serena Fang

Sinopse: Uma famosa lenda do folclore chinês conta como o Imperador de Jade, o rei dos deuses, expulsou os anjos Menino de Ouro e Menina de Jade do paraíso, enviando-os para o mundo dos homens. Lá o relacionamento dos dois foi amaldiçoado, durante sete vidas eles nunca poderiam ficar juntos. Gao Bing Bing (Cindy Lien) é uma jovem dos dias de hoje que acredita ser a Garota de Jade reincarnada. Após reencontrar dois amigos de infância, Wang Zhen (Lego Li) e Li Ru Long (Gabriel Lan), será que ela conseguirá identificar qual dos dois é o seu Menino de Ouro e quebrar a antiga maldição?

Depois que terminei Meet me at 1006 fiquei com sede de ver mais Lego Lee, fiquei encantada com a atuação dele, foi brilhante pra mim! O negócio é que é meio difícil achar dramas em que ele seja o protagonista e dei a sorte de esbarrar com esse na VIKI, o que por si só é um milagre já que, com o fim do DramaFever, o DramasK Fansub é que estão nos salvando da abstinência de dramas chineses. Contudo, por algum motivo, nenhum dos fansubs pegou esse drama.

A história gira em torno de Gao Bin Bin, uma jovem de 28 anos que está passando por uma maré de azar, além de ter um trabalho difícil como sous chef de um hotel, ela tem que encarar os agiotas atrás dela por causa das dívidas do seu pai que fugiu após vender a casa onde ela está morando. Do outro lado temos Wang Nuo, um renomado ginecologista conhecido por sua frieza e indiscutível beleza.

O caminho dos dois se cruza quando, em uma consulta, Wang Nuo substitui a medica que atenderia Bin Bin deixando-a numa situação um pouco desconfortável. Depois disso, ela sai do consultório com péssimas impressões do medico e uma serie de mal entendidos fazem-no acreditar que ela é uma stalket difamadora, visto que ele quase perde sua reputação por causa de outro mal entendido envolvendo os dois.

Contudo, no mundo virtual, Bin Bin, sob o codinome de Julieta e Wang Nuo sob o apelido de Romeu, são os melhores amigos e indiretamente apaixonados, mas em todas as oportunidades que marcam para finalmente se conhecer, algo sempre da errado. Ate que, sem dinheiro e casa para morar, Wang Nuo acaba acolhendo Gao Bin em uma parte da sua casa. Por causa do amor platônico de sua chefe pelo medico, Bin Bin acaba sendo demitida junto com seu professor Bruce, por quem ela é apaixonada desde a adolescência. Ele voltou para Taiwan apos ser traído pela irmã de Wang Nuo.

Mesmo os dois brigando a maior parte do tempo, Wang Nuo não consegue evitar sentir ciúmes de Bin Bin e muitas vezes usa isso como força motriz para provocá-la ao máximo causando mais desentendimento entre os dois. Por mais que ele recuse Ai Zhen, a ex chefe de Bin Bin, de todas as formas possíveis, ela se faz de cega e continua insistindo nos sentimentos por ele da forma mais irritante possível. Enquanto isso, Wang Nuo está cada vez mais interessado em Bin Bin e mais irritado consigo mesmo por isso, ao passo que ela se torna cada vez mais cega com o professor.

Precisando de dinheiro com urgência para investir como sócia em uma doceria que Bruce está planejando, ela pede (como Julieta) a Romeu (Wang Nuo) que participe com ela de um torneio de jogo cujo prêmio é uma soma significativa em dinheiro. Após relutar um pouco, ele acaba aceitando e qual não é sua surpresa ao descobrir que sua Julieta "perfeita" é, na verdade, Gao Bin Bin, a última garota no mundo que ele queria. E se já não bastasse tudo isso, o destino ainda promete bagunçar ainda mais a vida desse casal em potencial quando Bin Bin não se aceita como é e Wang Nuo esconde quem é de verdade. Com o mundo inteiro conspirando contra eles, poderá o amor de sete vidas realmente prevalecer?

Te contar que achei o drama na média, nem foi extraordinário e nem foi ruim. Houve momentos fofos e outros engraçados, também aqueles que você queria matar todo mundo. Pensei que, pelo tema de vidas passadas e tal, ia explorar um pouco mais as outras vidas deles, mas não. As aparições são pouquissimas e muito rápidas, apenas uma delas é explorada um pouco mais quase no final do drama. Isso meio que me desmotivou um pouquinho. Sem contar que, se você é um bom dorameiro, consegue prever mais da metade dos acontecimentos. O interessante é que ele aborda dois temas muito bacanas dentro da cultura asiática, fertilidade e pressão pelo casamento. No final, apesar de ser um pouco triste (mas o final não é ruim, gente, ao contrário é um final feliz), foi muito bonita a atitude deles dois e acho que isso foi o ponto mais forte para me fazer dar um oito nesse drama.

Wang Nuo/ Wang Zhen (Lego Lee) - escolhi os quatro personagens centrais da trama para falar um pouco, o primeiro deles é o Wang Nuo/Zhen, um ginecologista brilhante, mas sem muita empatia com a dor do próximo. Chefe do seu departamento, é muito querido pelos seus amigos e vive sendo perseguido por Ai Zhen por quem não sente nada.
Só age como ele mesmo quando joga na web ao lado de Julieta, sua garota ideal. Esconde um triste segredo do seu passado e vê sua vida virar de cabeça para baixo quando Gao Bin Bin aparece. Lego Lee, novamente, interpreta maravilhosamente bem um personagem frio e direto que vai evoluindo aos poucos conforme se apaixona. Ainda assim, achei Wang Zhen/Nuo bem menos carismático que Ken Zhen Yi, ainda que ele o tenha atuado brilhantemente.

Gao Bin Bin (Cindy Lien) - Essa é daquelas personagens que te pede paciência o drama quase todo. Sério, tem horas que essa guria é tão imatura que me dava nos nervos. Principalmente quando ela simplesmente não abria a maldita boca e contava a verdade pro Wang Nuo, isso me tirava do sério, era tão mais simples ela ser sincera, eu não conseguia entender por que ela complicava tanto as coisas.
Claro que nem tudo é pedras com a personagem, apesar do seu bilhão de defeitos, eu admirava-a por querer perseguir seus sonhos, por lutar por aquilo em que acreditava e dar tudo de si para ser uma mulher realizada e independente ao invés da boa esposa sustentada pelo marido. Isso eu gostei muito na personagem, mas custava apenas dizer isso em voz alta pra ele entender? Bin Bin é aquele tipo de personagem que tenta fazer comédia sem muito sucesso, mas a boa atuação da Cindy Lien não nos deixa odiá-la muito.

Li Ru Long/Bruce Li (Gabriel Lan) - Agora esse personagem me tirou muito do sério. Por mais que tentasse eu não conseguia ir com a cara dele. Imaturo, egocêntrico, por vezes ríspido e até manipulador de alguma forma, era o personagem mais irritante desse drama. Após ser traído pela irmã de Wang Nuo, ele acaba tendo uma disfunção erétil psicológica, volta para Taiwan como um chef de sobremesas renomado no Japão e acaba usando a tonta da Bin Bin para não apenas dar um troco na ex, mas para ter alguém que o idolatre vinte e quatro horas por dia e lamba o chão que ele pisa. Fala sério. O modo como ele lidava com as situações era absurdo de tão ridículo e, por vezes, irracional, sem medir qualquer consequência para suas ações.

Ren Ai Zhen (Ricie Fun) - Essa foi outra difícil de engolir, viu?! Ai Zhen é aquele tipo de personagem que te dá quase vergonha de ser mulher. Sério, às vezes eu me perguntava se ela tinha qualquer pingo de amor próprio. Como é que raios o Wang Nuo dispensava essa mulher de todas as maneiras e ela continuava rastejando atrás dele como se sua vida não tivesse qualquer sentido sem um homem na cola? Me poupa. Além de ter complicado a vida dele como ninguém afugentando todas as namoradas que ele tentou ter e, por culpa dela, Bin Bin também encheu a cabeça de minhoca e acabou indo embora sem contar a verdade para ele. Eu odiava essa vadia, na boa. Todo o sofrimento dela foi pouco pra mim, não consegui sentir nada por ela além de raiva.

E é isso, gente. Infelizmente nenhum fansub pegou esse drama, o que achei uma pena. Então, pra assistir legendado só na VIKI mesmo. Se vale a pena assistir? Eu digo que vale sim, principalmente se você tá procurando algo levinho pra ver, recomendo. E finalizo a resenha com essa música maravilhosa da OST desse drama!

Desculpem a demora em atualizar o blog, além de doente eu estava bem na louca por causa da formatura da minha irma que, graças aos céus, foi hoje. Então, vou tentar me voltar para a minha leitura atual até o fim do ano e terminar o próximo drama que tá quase no finzinho. Obrigada por continuar me acompanhando em 2018 e que Deus nos ajude em 2019! 

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

[Livro] Inesquecível Carnaval

Autor: Lene Gracce
Ano: 2018
Páginas: 240

Sinopse: Clara tinha toda a vida planejada: estagiar em um estúdio de fotografia, morar com o seu namorado e, juntos, iniciarem a faculdade. Até que uma ligação destruiu todos os seus planos. A jovem, antes submissa e dedicada aos seus objetivos, se vê pela primeira vez sem saber como prosseguir em seu futuro. 

Traída e abandonada da pior maneira possível, Clara mergulha em um mar de incertezas e mágoas, até que sua melhor amiga a obriga a reagir. Um carnaval regado a festas, bebedeiras e pegação parecia a solução perfeita para os seus problemas.

O que ela não esperava era que a viagem lhe trouxesse momentos que alternavam entre pânico e descobertas, mudando sua história para sempre. Confusa, a jovem precisa se libertar de suas amarras e enfrentar o seu passado para finalmente assumir o controle da sua vida.

Amizade, sexo, intrigas, mentiras, confusões e uma mescla de sentimentos intensos marcarão o seu inesquecível carnaval.

Eu estava determinada a não fazer resenha desse livro pelo simples fato que não gosto de "espancar" livros nacionais, principalmente porque sou autora nacional e não há pior saber que alguém não gostou do que você escreveu. Contudo, esses dias pesando os prós e os contras percebi que não tinha só críticas ruins ao livro, mas também algumas coisas que havia gostado no apanhado geral da leitura.

A história vai girar em torno de Clara, uma garota que tinha a vidinha planejada para se casar com o namorido Manuel. Ela era uma fotógrafa e o namorado estava em outra cidade para comemorar o carnaval, ela se juntaria a ele depois, mas, do nada, ele liga pra ela e decide terminar tudo por telefone (maduríssimo) porque conheceu outra guria e queria começar do zero. Clara fica bem furiosa pelo modo como o agora ex a tratou (e com razão, claro) e deprimidíssima com o fim (o que achei um exagero, mas okay). A melhor amiga dela, para ajudar, força-a a ir com ela para uma casa de veraneio da tia passar o carnaval.

Lá ela conhece Danilo, um cara boa pinta, surfista que se mostra muito interessado em consertar os caquinhos do coração quebrado de Clara. A atração entre os dois é imediata (quase instantânea por assim dizer), mas foge do "amor à primeira vista", pelo menos isso. Está mais para "desejo à primeira vista". O fato é que os dois ficam se paquerando até darem o braço a torcer e finalmente se entregarem um ao outro, ponto. A coisa é que Clara ainda fica muito "foco no ex" e isso meio que atrapalha o que tá começando a acontecer com Danilo, sem contar que, no começo, a irmã dele não facilita. Quando os dois finalmente decidem ficar juntos, eis que Manuel ressurge do inferno pra atrapalhar tudo e uma série de mal entendidos vai colocar Clara e Danilo numa prova de fogo.

Primeiro eu vou falar o que eu gostei no livro. Achei o Danilo muito bem construído, o plano de fundo dele tornou o personagem quase palpável, podia sentir a identidade dele enquanto lia e eu gosto muito quando isso acontece e, como ninguém, sei quão difícil é fazer. Particularmente não gosto de carnaval, eu odeio essa festa, na verdade, a única vantagem do carnaval pra mim são os três dias de feriado, apenas. Mas foi bacana ler um livro com a cara do Brasil. Outro ponto que me chamou muito a atenção foi a forma que ela construiu o plot twist da história, ficou muito bem construído e realmente surpreendeu quando veio a tona (bem, tapa na cara do leitor haha).

A escrita da Lene é muito simples, o que não é ruim porque meio que aproxima mais o leitor da história, principalmente aqueles desacostumados com a leitura constante que estranham livros com uma linguagem mais complexa, contudo senti falta de mais descrição de ambientes, sabe? Em especial porque não conheço essas regiões do país, seria legal dar uma visão mais panorâmica pra gente durante a leitura, mas é evidente que ninguém começa acertando tudo e, para ser o primeiro livro dela, achei que se saiu muito bem. Mas sendo bem franca, eu detestei a Clara. Não rolou qualquer tipo de empatia ou simpatia pela personagem, só ranço mesmo. Além de extremamente chata, achei ridícula aquela atitude dela de ficar de cama por causa do ex babaca, sério. Como se a vida dela tivesse acabado por causa do término daquela relação, desnecessário, apenas.

Entendo que ela possa ter ficado triste porque foram muitos anos juntos, mas foi um exagero sem tamanho. No lugar dela eu tinha era convidado as amigas pra tomar um sorvete e celebrar minha livração daquele encosto (por isso presumo que vou morrer solteira e.e). Além disso achei a personagem muito volúvel, às vezes parecia nem lembrar que o ex existia e logo depois freava seus sentimentos por causa dele (tipo wtf?). Muitas das atitudes dela e até mesmo dos amigos dela eu não concordei mesmo, mas o que mais me deixou possessa foi mesmo essa pose dela de não conseguir ser feliz consigo mesma, como muita amiga minha que precisa de homem pendurado no braço pra poder ser realizada, isso me irrita. Além do fato de ela parecer não ter quase nenhuma vontade própria porque simplesmente "acatava ordens" e ponto. E ela me passou justamente essa impressão o livro inteiro. Fora o ranço da protagonista, achei que tiveram umas coisas que podia ser mais show, don't tell, mas isso acontece mesmo quando a gente tá no comecinho, eu já devo ter escrito uns quarenta livros e ainda faço isso. Sem contar que não atrapalha em nada a narrativa.

As cenas de sexo foram até bem feitas e, tirando algumas coisas, não ficaram vulgares. Gostei disso. Não sei por que sexo tem que ser vulgar, sério. Talvez por ser virgem eu ainda tenha essa mentalidade meio romântica do momento, mas não consigo entender mesmo porque sempre que alguns escritores, principalmente de literatura erótica (não pornô porque hoje em dia a literatura pornô tá muito na moda) da atualidade ainda insistem em exagerar no palavreado quando vão escrever essas cenas. Acho desnecessário. Dá pra criar algo bonito e sensual sem precisar apelar. A Lene conseguiu ser bem equilibrada pelo que me lembro (faz um tempo já que terminei de ler), as cenas ficaram quentes, mas não apelativas. Ainda assim não classificaria esse livro como erótico. 

Num cômputo geral, quando peso minha experiência de leitura, vejo que Inesquecível Carnaval é um livro que eu indicaria, sim, para algumas amigas que curtem o gênero, principalmente aquelas que ainda não estão lá muito habituadas com leituras mais complexas. Ele aborda temas bacanas, ainda que pra mim pudessem ter sido melhores explorados (e que acredito ela o fará se não em edições posteriores da história, em seus próximos livros) e tem uma história de amor até bonita. Me lembrou um pouquinho aqueles livros da Harlequim, mas com a cara do Brasil. Deu pra perceber que ela tem um grande potencial e que, com a ajuda certa, pode levar a literatura brasileira feminina para outro patamar muito em breve.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

[Drama] Meet Me At 1006

Título Original: 1006的房客 pinying Yīlínglíngliù de Fángkè lit. inquilinos em 1006
Ano: 2018
Direção: Chen Ronghui
Roteiro: Fei Gongyi
Chen Xuan
Fang Jie
País: Taiwan
Episódios: 26
Gênero: romance, mistério, investigação, suspense, fantasia
Elenco: Lego Lee
Nikki Hsieh
Ken Hsieh
Tender Huang
Aggie Hsieh
Greg Han
Onde Baixar: Kingdom Fansub

Sinopse: Ke Zhen Yu é advogado. Charmoso, bonito e bem-sucedido, ele nunca perdeu um caso, até o momento. Quando perde um dos casos mais importantes, a carreira dele despenca. Após perder tudo, o advogado se muda para um apartamento misterioso e barato. Lá, ele conhece um novo tipo de colega de apartamento. Cheng Jia Le é repórter. Ela mora no mesmo apartamento que Ke Zhen Yu e o encontra todos os dias às 22h06min. Porém, eles não vivem na mesma realidade. Os dois se encontram através de um portal sobrenatural e não fazem ideia do que fazer. Ke Zhen Yu e Cheng Jia Le percebem que há algo muito errado acontecendo e que a única forma de solucionar o problema é trabalhando em equipe. Para fazerem isso, eles precisam ficar se encontrando todas as noites às 22h06min.

QUE DRAMA INCRÍVEL!

Gente, eu não ficava empolgada assim com um drama desde Ten Miles *U* que emoçãozinha boa aquele frio na barriga de nervoso com a história, a ansiedade de ir logo pro próximo capítulo, os milhões de deduções e acertos, nossa! Meet me veio para abrilhantar ainda mais minha lista de dramas desse péssimo ano.

Ke Zhen Yu é um advogado brilhante que está com todo o foco do país sobre si por causa do caso envolvendo sua melhor amiga, Wu Ji Rou, acusada de assassinar o marido Jian Cheng Hao. Quando apresenta uma prova falsa no tribunal, ele é acusado de fraude e tem a licença de advogado suspensa, além de enfrentar um futuro processo graças ao promotor Mu Si Ming, um ex-colega de faculdade que guarda rancores dele. Ao sair do tribunal, ele vê alguém sendo colocado em uma maca dentro de uma ambulância, essa pessoa deixa cair um origami de cavalo alado, Zhen Yu pega e leva para eu escritório.

Forçado a sair da sua luxuosa casa, ele se muda para um apartamento em um bairro mais simples, por seu orgulho acredita ter chegado ao fundo do poço e decide beber. Às 22:06, enquanto cochila no sofá, tem a sensação de ter companhia em seu apartamento, é quando descobre uma jovem mulher "perambulando" pela casa. No dia seguinte, à mesma hora, ela aparece sobre ele na cama e os dois acordam assustados. Logo, Zhe Yu percebe que a fantasma não é tão fantasma assim, mas que seu apartamento está se fundindo no tempo, por 46 minutos, com o da inquilina de quatro meses atrás.

No início, nenhum dos dois entende o que está acontecendo, por mais que procure por ela, Zhe Yu não consegue encontrar nada a respeito da inquilina misteriosa de quatro meses atrás, até stalkear a conta dela no facebook e descobrir o estranho fato de que ambos já haviam se encontrado antes e mais, que ela era próxima do falecido marido de Ji Rou. Vendo nisso a oportunidade perfeita de mudar o passado e reverter seu decadente futuro, Zhe Yu tenta fazer com que Cheng Jia Le, sua inconveniente colega de quarto judoca e violenta, coopere com ele para impedir o assassinato de Cheng Hao, mas o que antes se provava ser apenas uma chance de impedir sua melhor amiga de ir para a cadeira se torna uma sucessão de efeitos borboleta que passam a bagunçar o passado e o presente.

Conforme vai conhecendo Jia Le melhor, Zhen Yu passa a se importar com ela e por mais que tente se aproximar tudo no seu eu do passado começa a conspirar contra o do presente que ela conhece. Verdades desesperadoras vão por a prova o sentimento da jornalista obstinada e do advogado sem coração, ninguém é confiável e eles só poderão contar um com o outro para conseguir salvar suas vidas e seus corações de uma rede de crimes cometidos por pessoas em quem sempre confiaram.

Ação, suspense, drama, fantasia, comédia, romance e plot twists de tirar o fôlego é o que aguarda o expectador em Meet Me at 1006! Os dramas taiwaneses estão com tudo no meu coração viu, confesso que dos poucos que vi até agora não fui decepcionada com nenhum. Amei, surtei e sofri com cada episódio desse drama maravilhoso que eu mais que recomendo assistir! Não contei nenhum spoiler, mas se você prestar atenção enquanto vê, vai, como eu, matar muitas das charadas logo de cara. E gente, vale tanto a pena que eu nem tenho palavras suficientes para recomendar.

Personagens Centrais

Ke Zhen Yu - nosso advogado é um homem escroto ao extremo da palavra (okay, não tanto assim). Irritante, cheio de si, arrogante, rude, meio machista, entre outros novecentos defeitos que depoem contra ele. Contudo, não dá nem tempo de pegar ranço dele por causa do carisma de Lego Lee que nos entrega um personagem humano, capaz de se aperfeiçoar como pessoa e ser altamente engraçado e carismático aquém de todos os seus defeitos. A evolução do Zhen Yu é de tal forma bem atuada que a gente acaba torcendo por ele nos apaixonando no processo mesmo quando ele age de maneira escrota.

Cheng Jia Le - nossa jornalista judoca estava a espera do seu lugarzinho ao sol quando surge a oportunidade de investigar um caso de assassinato. Jia Le é obstinada e um pouco irritante as vezes, parece no começo do drama que ela crucifica toda a raça masculina como uma igual e por isso deixa o pobre Zhe Yu vendo navios o drama quase todo (porra, né, Jia Le!). Contudo, o lado fofo e sempre otimista dela acaba equilibrando as coisas e mesmo que nos irrite conseguimos entender as confusões que ela passa. Sem contar na ótima atuação dessa atriz que não conheço e já amo.

Wu Ji Rou - Essa é aquele tipo de personagem que você não sabe com certeza o que te desperta. Tem horas que é empatia, tem hora que é raiva, noutras nojinho e noutras suspeita. Melhor amiga de Zhe Yu (porque quem somos quase trollados que estão apaixonados. Quase) ela é acusada de matar o marido, Chen Hao, que era o melhor amigo de Jia Le. A personagem vai mudando muito conforme a trama avança, em determinado momento um plot twist maravilhoso vira a mesa e a gente fica com aquela sensação maravilhosa de "não sabia, mas suspeitei". Amo!

Wu Hen Wen - Irmão mais velho de Ji Rou, esse cara tem aquela aura estranha desde que a gente o vê na primeira cena dele, apenas. Logo de cara eu desconfiei que tinha alguma coisa muito errada com o modo que ele protegia a irmã dele até descobrir aquele plot twist noooooossa, amo! Maaaas, as coisas se mostram muito mais complicadas do que parecem a princípio e o personagem se transforma em alguém que nos inspira apreensão e, ao mesmo tempo, raivinha.

Dou Da Jun - É o melhor amigo de Zhe Yu. Esse é aquele tipo de personagem que tá na trama como quem não quer nada, só pra ocupar espaço, sabe, mas de repente vira o jogo e te deixa mas oqueeeee? Claro que, não fosse por um pequeno spoiler que peguei quando tava fuçando a page do kingdom, eu nunca ia desconfiar que esse cara era o cara, ou um deles pelo menos. Ainda assim, as razões que lhe tornaram o que é são quase (QUASE) plausíveis, mas não o justificam, pelo menos pra mim.

Mu Si Ming - E pra fechar a lista, temos o promotor certinho que ainda não entendeu que em todos os cantos do mundo a lei é limitada em oitenta por cento dos casos, não dá pra levar justiça pra todo mundo principalmente quando se tem dinheiro envolvido. Mas okay, pra mim, Si Ming foi aquele tipo de personagem que tava ali pra complicar a vida do Zhen Yu porque, apesar da leve relevância dele na história, eu não via mesmo uma razão pra ele existir, na boa, não shippei ele em momento nenhum com a Jia Le e achei ele putamente sem sal. Mas okay. Cumpriu seu papel no mundo, obrigada.

Se ainda resta alguma dúvida de que esse drama é maravilhoso fique com esse vídeo dos melhores momentos do drama (pode ter spoiler) e com a opening divosa dele!



terça-feira, 4 de dezembro de 2018

[Filme] Principal | Call Boy (shonen)

Título Original: プリンシパル 恋する私はヒロインですか? Título (romaji): Purinshiparu Koi Suru Watashi wa Hiroin Desuka?
Direção: Tetsuo Shinohara
Roteiro: Yukiko Mochiji
Lançamento: 03 de Março de 2018
Gênero: Romance, Escola, Drama, Amizade, Live Action
Elenco: Yuina Kuroshima - Shima Sumitomo
Nozomu Kotaki - Gen Tatebayashi
Mahiro Takasugi - Wao Sakurai
Rina Kawaei - Haruka Kunishige
Mizuki Tanimura - Yumi Tatebayashi
Tomohiro Ichikawa - Yudai Kanezawa

Sinopse: Depois que seus pais se divorciaram, Shima Sumitomo morou com a mãe. Ela se sentia desconfortável vivendo com seu padrasto e não conseguia fazer amizade com as pessoas em sua escola. Shima Sumitomo decide se mudar para Hokkaido, onde seu pai mora. Em sua nova escola em Hokkaido, ela conhece o colega de turma Gen Tatebayashi e Wao Sakurai. Eles são os dois meninos mais populares da escola. 
Um princípio de sua escola é que "Gen e Wao são para todos". Se alguém quebrar a regra, essa pessoa será banida. Shima Sumitomo se aproxima de Gen e Wao.

Nota: Baseado no mangá "Principal" de Ryo Ikuemi.
Onde baixar: Movie Asian Fansub

Tá aí um filme que me trollou bonito! Quando li a sinopse de Principal eu pensei que era aqueles romances escolares fofos e clichês que todas amamos, mas nada disso, de fofo e clichê ele tem é nada, na verdade, me faltam palavras para definir quão confuso esse filme foi pra mim.

Shima vivia com a mãe e o quarto marido. Contudo, por não ser muito boa em se enturmar, acaba sozinha na escola, coisa que lhe deprimia muito, quando chegou ao extremo de não querer mais sair do quarto, a mãe dela ligou para o pai e ela se mudou para a casa dele. O pai de Shima é tradutor e, assim, tem relativamente mais tempo para a filha.No primeiro dia de aula, ela é aparentemente bem recebida pelos demais, menos Gen Tatebayyashi que age com uma extrema ignorância apenas porque ela se sentou no assento de Wao Sakurai, ausente naquele dia. Shima o enfrenta para surpresa de todos, inclusive o proprio Gen.

Na volta para casa ela conhece Wao, que é seu vizinho, ao contrário de Gen, Wao é simpático e doce o que a leva a gostar dele de cara, algo que aborrece muito Gen. Contudo, a popularidade dos dois a impede de ser próxima deles uma vez que as meninas da escola não toleram que nenhuma garota receba atenção exclusiva dos dois garotos e, por isso, Shima reluta no início em falar com Wao na escola. Ela descobre por Haruka que Wao e Gen são melhores amigos desde a infância e se conhecem como ninguém, ela é uma das garotas "mais próximas" dos dois e fica muito irritada quando Shima consegue de imediato a atenção de Wao.

O pai de Shima tem uma queda pela mãe de Wao que é solteira, os dois acabam se casando o que aproxima mais Wao e Shima (não do jeito romântico), mas Gen demora um pouco a aceitar. Ela acaba descobrindo que Wao é apaixonado pela irmã de Gen, que é professora de música na escola deles, mas pela diferença de idade ela nunca dá uma resposta aos sentimentos do garoto. Enquanto isso, Gen e Haruka finalmente começam a namorar e a menina acaba arrumando um namorado para Shima o que parece despertar ciúmes em Gen que não liga muito pra namorada.

Durante um acampamento, ao ver Haruka beijar Gen, Shima fica triste e acaba correndo floresta adentro e se perdendo, além de torcer o tornozelo o que a impedia de caminhar. Desesperado, Gen vai atrás dela com Wao e acaba encontrando-a. Os dois caminham para a aceitação de seus sentimentos e para o desfecho de filme mais sem graça do planeta japonês.

Sério, gente, teve uma hora que eu me perguntei o que diabos estava acontecendo nesse filme e o que eu havia perdido porque do nada essa guria começa a gostar de Gen e a gente fica vendo miragens no deserto enquanto tenta entender o que foi aquilo. Deve ter sido um apaixonar muito sutil porque eu não notei e minha irmã muito menos. e teve uma conversa entre Gen e Wao que a gente também ficou brisando. Concluo que o filme foi feito para quem leu o mangá, provavelmente muita coisa foi cortada e isso acabou gerando lacunas que apenas quem conhece a obra pode preencher. Achei o final chatíssimo e fiquei o tempo todo esperando as tretas que nunca vieram deu até vontade de escrever fanfic com esse filme Principal: como devia ter sido



Título Original: 娼年 (Shonen)
Direção e roteiro: Daisuke Miura
Ano: 2018
Gênero: drama, erótico
Elenco: Tori Matsuzaka
Sei Matobu
Ami Tomite
Kenta Izuka
Yuki Sakurai
Yu Koyanagi
Erika Mabuchi
Yuri Ogino
Kokone Sasaki
Mai Ohtani
Ruri Shinato
Tokuma Nishioka
Kyoko Enami
Onde baixar: Movie Asian Fansub

Sinopse: Ryo Morinaka é um estudante universitário e trabalha meio período em um bar. Ele está entediado com sua vida diária. Um dia, seu amigo Shinya Tajima leva a proprietária de um clube para o local onde Ryo Morinaka trabalha. Shizuka Mido é a dona de um clube de garotos de programas. Logo, Ryo Morinaka começa a trabalhar para o Shizuka Mido. Ele se sente constrangido inicialmente, mas preenche os desejos das mulheres e desenvolve um objetivo.

Nunca imaginei que um dia viria aqui recomendar um filme +18 e aqui estamos hahaha. O primeiro filme +18 que eu assisti foi o coreano Step Brother e foi pela temática incesto mesmo porque vocês sabem, né? O que mais me chamou atenção no filme foi que mostra tudo enquanto não mostra nada, entendem? Call Boy segue essa mesma linha, por isso é erótico e não pornô, vale salientar essa diferença porque há quem ache que é tudo a mesma coisa e não é. Particularmente, não curto pornografia, tinha 24 anos quando vi o primeiro hentai propriamente dito e não achei a menor graça, imagino que a pornografia em geral deve ser similar, não há exatamente uma história por trás e só ver "as enfianças" como dizia meu professor de literatura brasileira, não me desperta o menor interesse.

Bom, mas voltando ao filme, Call Boy vai contar a história de Ryo, um garoto que tem o que podemos chamar de "complexo de mãe", ela morreu quando ele tinha dez anos e, desde então, ele desenvolveu um interesse particular por mulheres mais velhas. A coisa é que, na sua vida monótona, Ryo não encontra qualquer tipo de sentido e, para ele, sexo é apenas uma atividade natural que se cumpre sem qualquer emoção ou envolvimento, apenas por satisfação física. Ele trabalha meio período como barman (ao que parece no período da madrugada), e é quando Mido Shizuka entra no bar que sua vida muda completamente. Quando ela percebe o desinteresse de Ryo pelas mulheres (não no sentido sexual, mas no sentido de conhecer o sexo feminino a fundo) por achá-las "chatas" ela o convida para sua casa.

Acanhado, ele percebe que ela quer que ele transe com a filha dela, Sakura, enquanto ela assiste a performance dele, o garoto hesita apenas por um momento e cumpre o que foi fazer mesmo que não entenda bem a razão daquilo. No final, Shizuka o repreende dizendo que ele não tem qualquer respeito pelos sinais da parceira e não se entrega na relação o que torna seu desempenho desinteressante, ao passo que Sakura o salva aprovando sua performance. Shizuka, assim, oferece para ele emprego na sua agência, o Clube Passion, onde garotos jovens (dentro da lei de idade, logicamente) oferecem companhia para mulheres mais velhas (e por mais velhas eu quero dizer desde as mulheres nos 30/40 até uma senhora nos 60, pode acreditar!). Ryo aceita a proposta e se torna um novato no empreendimento do sexo, mas descobre que muito mais que oferecer satisfação, seu trabalho envolve conhecer mais o universo das mulheres e oferecer a elas exatamente o que precisam de acordo com suas necessidades.

Apesar de ser um filme erótico, vale salientar que Call Boy não é um filme genérico sobre sexo. É um filme sobre relações interpessoais. Sobre entender o outro em sua totalidade e buscar oferecer aquilo que ele precisa para se tornar melhor, mais feliz. O filme aborda temas como o casamento japonês que "acaba" quando a mulher se torna mãe, algo muito recorrente no Japão onde os homens perdem interesse na esposa depois que elas têm filhos e passam a enxergá-la apenas como 'mãe' e não mais como mulher o que os leva a ter casos extraconjugais (uma verdade podre, mas real). A solidão de mulheres que não se casam até os trinta anos e são vistas como "casos perdidos na sociedade", ou, por mais inacreditável que pareça, velhas demais (aos 30 anos, sério!). Mas também aborda umas bizarrices muito loucas, como um casal que finge que o homem está nas últimas e paga alguém pra deitar com a esposa enquanto ele grava (bizarro), uma mulher que paga homens para ver ela urinar (eu fiquei tipo: wtf?) ou um cara que é masoquista no extremo da palavra (sério, no extremo mesmo!) além de uma questão quase não abordada que é a prostituição masculina. Colocada de maneira tão interessante que se torna um atrativo a mais no filme.

Se Call Boy fosse um anime seria classificado como aqueles ecchis mais pesados no estilo AkiSora e Yosuga no Sora, uma vez que as cenas de sexo foram maravilhosamente coreografadas de uma maneira que nada se mostra (quando digo isso me refiro aos órgãos sexuais), o diretor optou por um jogo de luz e sombras escuros que, ao mesmo tempo em que mostra a ação, oculta os órgãos de modo a dar a entender o que acontece sem mostrar, os posicionamentos de câmera abordam todos os ângulos sem focar "nos importantes" ao mesmo tempo que frisando as cenas, deixando um efeito quente, bonito e refletindo toda a sensualidade do ato de acordo com o background de cada personagem que Ryo conhece. Realmente uma direção magistral de Daisuke Miura também responsável pelo roteiro adaptado de um livro de mesmo nome. Ah, sim, vale mencionar que tem uma cena de yaoi que, bem, apesar de não ser explícita, pode ser um pouco impactante à primeira vista, em todos os sentidos, para quem não está acostumado (like me). 

Outra coisa que vale muito frisar é o pano de fundo do enredo. Como disse, apesar de ser um filme erótico e mostrar cenas de sexo, obviamente, o longa não foca apenas nisso, as personagens não se encontram apenas para transar, elas têm uma história que nos é mostrada, são bem construídas e inseridas em uma série de contextos que as levaram até ali, acompanhar isso é o que torna Call Boy fascinante, Ryo realmente se interessa por elas, deseja descobrir seus desejos escondidos e seu contexto de modo a oferecer o que cada uma precisa ao seu próprio modo. A evolução dele durante o filme é muito bacana de assistir, e as personagens são de tal modo bem feitas que se tornam reais, saltam da tela e nos fazem quase esquecer que estamos vendo um filme. 

Claro que não é aquele filme que você vai ver com a mãe ou a irmã do lado, e há quem só o veja pelas cenas picantes mesmo, mas pra mim foi uma experiência ímpar, é um filme altamente artístico que mostra a relação entre as pessoas e um lado do sexo do qual não se fala muito. Precisa, logicamente, de atenção para absorver esses detalhes e entender não apenas a visão japonesa do sexo e da prostituição, mas o enredo além, por trás de cada personagem. Vale muito a pena mesmo (óbvio, eu não recomendaria se não fosse bom, né?). Não vou pôr o trailer dele aqui por questões práticas mesmo hahaha, mas vocês podem conferir nesse link AQUI

sábado, 1 de dezembro de 2018

[Livro] Peter Pan | Mestre Gil de Ham

Original: Farmer Giles of Ham
Autor: J. R. R. Tolkien
Ano: 1949
País: Reino Unido
Gêneros: Literatura infantil, Fantasia

Sinopse: Esta divertida história, escrita pelo autor de O Hobbit, é ambientada no vale do Tâmisa, na Inglaterra, num passado maravilhoso e distante, quando ainda existiam gigantes e dragões. Seu herói, Mestre Gil, é na realidade um fazendeiro totalmente desprovido de heroísmo, mas que, graças à boa sorte e à ajuda do cachorro Garm, da égua cinzenta e da espada mágica Caudimordax (ou Morde-cauda), amansa o dragão Chrysophylax e ganha enorme fortuna. 

Minha irmã comprou esse livro, junto de outros dois Boxes numa promoção do submarino. Verdade seja dita, ela só comprou por causa do dragão, ela sequer sabia quem era Tolkien (hahaha) e já estava com um pé atrás sobre o livro antes mesmo de pô-lo no carrinho, mas como o preço estava muito barato (certa de seis reais) ela acabou comprando junto, até porque não sabemos quando vamos poder comprar livros de novo.

Bem, peguei-o para ler quando minha meta de leitura do ano havia acabado e adicionei-o, junto à Peter Pan para completar 40 livros. Vou passar dezembro lendo alguns dos ebooks que tenho, mas estou satisfeita com a meta de 2018 apesar de ter sido um ano horrível. Bem, o livro é apenas um conto curtíssimo que, não fosse o trabalho e nanowrimo, teria lido de uma vez em meia hora numa tarde qualquer. E a história é bem simples, havia um fazendeiro rabugento chamado Aegidius Ahenobarbus Julius Agrícola de Hammo, ou só mestre Gil que é muito mais prático, que vivia tranquilo em sua vididnha no vilarejo com seu cachorro covarde (não, não é o Coragem) Garm e a esposa.

Bacamarte (FONTE: Wikipédia)
Certa noite, um gigante perdido e muito pouco inteligente (além de surdo e meio cego) acabou entrando nas terras de Gil que, furioso, conseguiu enganá-lo e atirar nele com seu bacamarte que tinha uma boca enorme o bastante para ele colocar de bolas a panelas. Depois disso, graças a Garm que acordou a cidade inteira pra ver seu mestre lutando contra o "temível gigante", mestre Gil passou a receber um tratamento de heroi na cidade e os boatos a seu respeito eram de tal forma que chegaram aos ouvidos do rei fazendo com que seu feito fosse reconhecido com uma espada velha que havia no arsenal (e de cuja existência o monarca sequer lembrava) junto a uma carta com todos os dez nomes do rei em tinta vermelha.

Quando mestre Gil estava com a bola cheia, eis que surge o obstáculo para pôr a prova sua valentia e esse obstáculo vem na forma do dragão Chrysophylax, o mais rico de sua espécime que, enganado pelo gigante, foi em busca de terras com comida em abundância e sem nenhum caçador. Logo que as notícias a respeito do dragão começam a se espalhar, tal qual os detalhes de sua destruição, todo o povo começa a ficar apavorado e apelam a mestre Gil que os salve. O próprio rei ordena que o fazendeiro vá caçar o dragão uma vez que este aparecera no meio de festividades importantes e seus cavaleiros estão impossibilitados de deixar suas atividades.

É claro que de início o fazendeiro se recusa, pelo menos até descobrir que a espada que recebera do rei era a lendária morde-cauda, uma matadora exímia de dragões. Com uma armadura improvisada, o cachorro e sua égua, Gil parte em busca de Chrysophylax, mas, ao encontrá-lo as coisas não saem bem com planejando e usando a espada e sua pouca sagacidade, Gil consegue entrar em um acordo com o dragão, ele deve trazer à cidade todo o seu tesouro e dividi-lo entre os habitantes do contrário o fazendeiro iria matá-lo. Contudo, ao descobrir a façanha, o rei reivindica o tesouro que o dragão não está disposto a dar a ninguém e a partir daí um desfecho interessante segue.

Esse foi meu primeiro contato com Tolkien e confesso que se por um lado me surpreendi com o tom infantil e até simpático de sua escrita, por outro foi um pouco desapontador não poder ter um pouco mais do requinte que tanto falam em O Senhor dos Anéis, embora saiba que esse é um conto infantil. O livrinho é divertido até, a gente se entretém com as peripécias do fazendeiro que, por sua pura sorte, consegue grandes feitos e até mesmo uma amizade improvável. Gostei e fica aí minha recomendação de leitura leve e rápida.

Peter Pan e Adaptações (1953, 2003 e 2015)


Ano: 1911
Autor: J.M. Barrie
Páginas: 253
Gênero: Fantasia

Sinopse: Estranhas folhas de árvore no chão do quarto das crianças, um menino, vestido de folhas e de limo, que aparece subitamente… Bem que a intuição da senhora Darlin lhe dizia que algo estava para acontecer. Logo, seus filhos estariam envolvidos numa incrível viagem à Terra do Nunca, onde os adultos não entram e de onde muitas crianças não voltam jamais!

Peter Pan foi uma surpresa muito boa para mim. Creio que foi um dos últimos filmes da Disney que assisti na época dos VHS's verdes. Quando minha irmã comprou o box (que não brilha nada no escuro) pela bagatela de 42 dinheiros eu quase não acreditei nela até ver o boleto. E como já havia lido antes tanto Alice quanto O Mágico de Oz, esse foi o escolhido para finalizar minha meta de leitura de 2018.

Como fazia muito tempo que havia visto o filme da Disney e a adaptação de 2003 eu tinha apenas uma vaga lembrança da história o que foi muito bom, pois me permitiu aproveitar melhor as surpresas que vieram dentro do livro e uma das primeiras coisas que percebi foi como as adaptações iniciais amenizaram e muito as coisas.

Basicamente, o livro gira em torno da família Darling, cujo pai se preocupa em como vão cuidar dos filhos com um orçamento tão baixo quanto o deles. Ainda assim, a senhora Darling faz de tudo para que o marido não se desfaça dos filhos e eles se tornam uma família feliz com as três crianças e Naná, a cadela "babá". Sempre que dormem e a senhora Darling vai "organizar suas mentes" (sim, isso mesmo) ela acaba percebendo as várias menções a Peter Pan embora não faça ideia de quem ele é. Pelo menos até vê-lo pela primeira vez no quarto de seus filhos à noite. No susto ela acaba fechando a sombra do menino dentro de casa e ela é "cortada" dele quando foge pela janela.

Com a ajuda de sininho, uma fadinha minúscula e desaforada, Peter volta à casa dos Darling para pegar sua sombra de volta e é quando está tentando colá-la de volta em si mesmo que ele conhece Wendy. A menina acorda ao vê-lo chorando por não conseguir pregar de novo a sombra no seu corpo e o ajuda costurando-a (literalmente) no pé do menino. Ele começa a lhe conta que vai ali todas as noites para ouvir as histórias da mãe dela e também lhe diz as maravilhas da terra do nunca onde vive despertando em Wendy o desejo de ir para lá.

Ela e os dois irmãos são levados por Peter e Sininhos (altamente contrariada) até o lar dos meninos perdidos, uma ilha cheia de perigos e belezas além da imaginação. Por dias eles voam a esmo pelo céu seguindo Peter que, por vezes, desaparecia e esquecia-se deles. Mas finalmente conseguem chegar e muito enciumada Sininho quase faz com que Wendy seja morta pelos meninos o que causa a fúria de Peter. Acompanhamos então as aventuras deles na ilha, os conflitos que existem entre as feras, os índios e os piratas, como Peter age de forma diplomática com todos eles (exceto os piratas, claro) e como a realidade e o faz de contra se entrelaçam.

Contudo, quanto mais tempo passam na terra do nunca, mais Wendy e os irmãos começam a esquecer da sua vida antiga, que parece pertencer a um passado longínquo. A menina faz o que pode para não deixar os mais novos esquecerem-se dos pais quando eles começam a acreditar que ela é mesmo mãe deles. Então, é decidido que é hora de ir para casa. Mas nem Gancho nem Peter tem a pretensão de deixar Wendy voltar pra casa.

Como disse, confesso que esse livro me surpreendeu de muitas formas, principalmente pelas inúmeras interpretações que a gente pode tirar de vários aspectos do enredo. A começar pela concepção do personagem, Barrie o idealizou em homenagem ao seu irmão que morrera de traumatismo craniano após a queda de um patins, só esse fato já torna a nossa visão da personagem outra, além disso tem questões como a insistência em permanecer criança pelo medo das responsabilidades adultas (prazer, eu) que, contudo, se contrapõe ao papel de Peter durante toda a narrativa uma vez que além de todo o faz de conta e diversão, ele assume responsabilidade pelas crianças e por Wendy uma vez que decide protegê-la.Tanto é que essas responsabilidades acabam confundindo-o em determinado momento do livro a ponto de ele não saber mais se é real ou ficção:

" Eu estava pensando  disse ele, com um pouco de medo.  É só faz de conta, não é, que eu sou o pai deles?
 É, sim  Disse Wendy, um pouco chateada. 
 Sabe o que é?  continuou Peter, num tom de quem pede desculpas.  É que, seu eu fosse o pai deles de verdade, isso ia me fazer parecer tão velho.
 Mas eles são nossos, Peter. Meus e seus.
 Mas não de verdade, não é, Wendy?  perguntou ele, ansioso."
(BARRIE, 1911 p. 154)

Essa questão de debater-se sobre crescer ou não talvez nem fosse exatamente o foco planejado pelo autor, na mente dele aquele menino era apenas como seu irmão que nunca cresceu, o que e leva a outro foco do livro: a terra do nunca. Não havia como eu não encará-la como um mundo além do faz de conta, na minha concepção enquanto lia a história ela parecia com algo como o purgatório ou o submundo como quiser chamar, um lugar para onde os mortos iam. Eu cheguei até a cogitar em algo como o Éden, mas com todas aquelas disputas e sangue vertendo, acabei descartando a possibilidade. E essa é outra questão que me surpreendeu muito: a violência. Crianças matando pessoas, nos últimos capítulos foi nítido Peter esfaqueando piratas, além da batalha dos piratas contra os pele vermelhas que me remeteu muito ao massacre dos índios americanos durante as expedições inglesas à América.

O fato de voar me remeteu como uma alusão à imaginação e à inocência. Os adultos não conseguem voar porque perdem ambos quando crescem, por isso só crianças que tem esse olhar esperançoso e inocente para o mundo, além do poder de imaginar e recriar tudo, conseguem voar e alcançar a terra do nunca. E, ali nas entrelinhas, implícito, está o despertar da sexualidade presentes em Wendy e Sininho ambas apaixonadas por Peter que ainda é inocente demais para entender tudo aquilo. Não sou entendida do assunto, mas acho que dava um bom trabalho sob a luz de Freud essa questão da sexualidade presente nessa história. Inclusive, há um diálogo entre Peter e Wendy que ilustra bem essa questão:

"(...)Peter disse Wendy, tentando falar com firmeza ―, o que exatamente você sente por mim?
― Eu sou como se fosse seu filho, Wendy.
― Foi o que pensei ― disse ela.
E Wendy foi sentar sozinha na outra ponta da sala.
― Você é tão esquisita ― disse Peter, sem entender nada. ― E a princesa Tigrinha é igual. Ela quer ser alguma coisa minha, mas diz que não quer ser minha mãe.
― Aposto que não! ― retrucou Wendy com muita ênfase.
(...) ―Então ela quer ser o quê?
―Uma dama não fala dessas coisas."
(BARRIE, 1911 p. 155)

 Enfim, gostei muito de Peter Pan, além de todas essas e outras interpretações que fiz enquanto lia, essas questões mais adultas na história me pegaram um pouco de surpresa, mas ainda assim foi de um jeito bom. Especialmente porque uma criança nunca as notaria (e nesse ponto me sinto triste por ter crescido). Peter Pan te dá aquela nostalgia da infância de mundos imaginários e aventuras sem sair do lugar, te faz pensar sobre si mesmo e sobre quem você se tornou de um modo amplo e muito interessante. Vale muito a pena a leitura.

Adaptações

Há muitas adaptações de Peter Pan, tano no teatro quanto no cinema. No entanto, na minha resenha, vou me ater as três que conheço e já vi.

Disney (1953)
Direção: Clyde Geronimi, Hamilton Luske, Wilfred Jackson, Jack Kinney
Autores: J. M. Barrie, Bill Peet, Ted Sears, Winston Hibler, Erdman Penner, William Cottrell, Joe Rinaldi, Ralph Wright, Milt Banta

O filme da Disney é, até certo ponto, fiel à obra original, apesar do espaço-tempo ser divergente do livro (o filme passa tudo como se fosse um dia) a animação cobre alguns dos principais eventos do livro. Claro que toda a violência expressa no livro é muito amenizada na animação (até porque é a Disney, né?) e o desenho tem um quê mais infantil que o livro, focando mais na comédia e, por incrível que pareça, com menos elementos fantásticos dos que são apresentados na obra original.

A caracterização das personagens está fofinha, em contraponto, alguns aspectos de suas personalidades foi modificado, mas de uma forma que não descaracteriza os personagens. Senti falta de algumas cenas que poderiam ser interessantes, mas em compensação o desenho nos dá uma prova doce do livro e se torna um deleite extra para quem já conhece a obra.

Peter Pan (2003)
Direção: P. J. Hogan
Roteiro: P. J. Hogan, Michael Goldenberg
Elenco: Jeremy Sumpter
Ludivine Sagnier
Rachel Hurd-Wood
Jason Isaacs

Nostalgia de sessão da tarde! Não sei quantas vezes esse filme passou na televisão durante minha infância e pré-adolescência, mas com quase certeza eu assisti todas elas. Aquele primeiro shipp que a gente nunca esquece e sofre pra sempre de nunca ter se concretizado (ah se eu soubesse a existência das fanfics naquela época! ai ai)

Se comparado ao da Disney, essa adaptação é muito mais fiel ao livro, tanto em cronologia quanto em detalhes. Claro que teve ali aquela licença poética pra mudar uns diálogos, cortar umas ceninhas e acrescentar algumas coisas que não acontecem na obra original, mas isso só aumentou mais a magia do filme, sem dúvida minha adaptação preferida de Pan.

Ao contrário do filme da Disney esse foca um pouco mais no lado romântico de Peter e Wendy que não acontece no livro, inclusive, até mesmo o envolvimento de tigrinha no "quadrado amoroso" Peter-Wendy-Sininho-Tigrinha foi cortado aqui o que, por um lado, ficou bem interessante. Esse filme consegue ser fiel ao livro e ao mesmo tempo te oferecer elementos novos que acrescentam na narrativa sem descaracterizá-la (um feito que poucos roteiristas conseguem, obrigada). Se tivesse que eleger a melhor adaptação do livro essa com certeza seria a vencedora!

Pan (2015)
Direção: Joe Wright
Roteiro: Jason Fuchs
Elenco: Levi Miller
Hugh Jackman
Garrett Hedlund
Rooney Mara
Amanda Seyfried

Bom, esse filme é, na verdade, um reboot do livro. A ideia era se passar anos antes de Pan e Hook serem inimigos e contar o passado de Peter. O problema com isso é que o roteiro acaba "viajando na paçoca" e entregando uma história que não faz o menor sentido como princípio do início do livro.

Como uma produção independente, alheia à história original, o filme é até bacana, não sei como se diz isso no cinema, mas pra mim eu encarei como uma "fanfic" de Peter Pan e não uma adaptação do livro ou a tal "história não contada". Mesmo as boas atuações não conseguiram tornar o filme memorável como o de 2003 ou mesmo mágico apesar dos efeitos especiais.

Enfim, dá pra entreter, mas deixa muitos furos para casar com a história que ele pensou iniciar. Qualquer pessoa que leu o livro sabe que não daria para encaixar esse roteiro como " a história não contada" ou como "o início", mas valeu a intenção.