quinta-feira, 31 de outubro de 2019

[Música] Monsta X - Follow e saída do Wonho


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Ano: 2019
Lançamento: 28 de Outubro
Idioma: Coreano

Tracklist:
1. Find you
2. Follow
3. Monsta Truck
4. U R
5. Disaster  
6. Burn it up
7. Mirror
8. See You Again

Vai ser um pouco difícil escrever esse post, gente. Logo que o Follow foi anunciado eu já criei altas expectativas, quando o vídeo saiu então eu fui à loucura, em especial por ele estar dentro do universo criado no The Code e funcionar como uma continuação da história. Me arrepiei assistindo. Contudo, logo que o álbum saiu eu senti aquele clima de tristeza, não sei porque. As músicas são bem tranquilas e ficam ali no pop mais relax o que destaca ele dos CDs anteriores, ainda que Follow funciona como uma quebra nessa calmaria, tal como Monsta Truck e Disaster, mas ainda assim se visto do ponto de vista de CDs como o The Clan Cap 2 e o próprio The Code, é um CD muito "quietinho".  Ainda assim, eu gostei muito, tem a carinha dos nossos meninos e toda a sonoridade característica do Monsta X que nunca morre só evolui. 

Qual não foi minha surpresa quando fiquei sabendo da saída do WonHo da banda! Ainda não estou sabendo lidar com isso, gente, sério. Sabemos que as coisas na Coréia funcionam diferente do entretimento no Brasil, mas ainda assim foi um choque em especial pelos supostos motivos aliados à saída dele. As monbebes fizeram um abaixo assinado com o intuito de pedir a empresa que ele permaneça na banda, mesmo sabendo das chances remotas disso acontecer. Depois da disband do BAP esse foi um dos fatos que mais me deixou triste. Quem quiser assinar a petição segue link:  chng.it/4XGmTBPQQW

[Anime] Fullmetal Alchemist Brotherhood

Resultado de imagem para fullmetal alchemist brotherhoodOriginal:  鋼の錬金術師: Fullmetal Alchemist RR: Hagane no Renkinjutsushi: Fullmetal Alchemist
Ano: 2009-2010
Gênero: Aventura, Ficção científica, Dark Fantasy
Direção: Yasuhiro Irie
Roteiro: Hiroshi Ōnogi
Episódios: 64
Sinopse: Os irmãos Edward e Alphonse Elric seguem em busca da pedra Filosofal, com a esperança de restaurar seus corpos que foram perdidos quando eles tentaram usar suas habilidades de alquimista para ressuscitar sua mãe.

Quando comecei a ver Fullmetal, comecei pela versão "clássica" de quatro temporadas se não me falha a memória. Contudo, vendo alguns vídeos de canais de anime que eu sigo no youtube, e pelo fato de minha irmã já estar assistindo a última temporada, acabei descobrindo que a versão clássica não seguia o mangá e, portanto, não tinha um final, ao contrário da Brotherhood, queridinha dos fãs e que seguia o material original oferecendo um desfecho fechadinho. Assim, acabei optando por colocá-lo na lista de animes desse ano e, contratempos a parte, consegui finalizá-lo.

Como eu vi pouco da primeira temporada do clássico, não posso fazer muitas comparações, as poucas diferenças que observei tem a ver mais com a personalidade de Edward que, no Brotherhood, é um pouco menos "foda" se é que isso é possível, as fraquezas do personagem foram mais evidenciadas e, desse modo, ele não só bate, mas apanha também o que tem seu lado bom e o ruim. Apesar de acreditar que todo mundo conhece essa história, vou fazer um pequeno resumo do que acontece no anime como sempre faço nas resenhas do blog.

A trama segue Alphonse e Edward Elric, quando crianças, seu pai saiu de casa por um motivo que eles desconhecem e, por isso, Edward acredita que ele simplesmente os abandonou, a mãe deles acaba ficando muito doente e morre, como os dois já eram alquimistas muito eficientes mesmo crianças, acabam tentando trazer a mãe de volta, contudo, o preço da troca equivalente é mais alto do que eles poderiam pagar e a perna de Edward, assim como todo o corpo de Alphonse, é levada como pagamento. Desesperado, porque a massa disforme que surgiu no meio do círculo de transmutação não era sua mãe, Edward acaba desistindo do seu braço para prender a alma do irmão mais novo em uma armadura, sob a promessa que um dia teriam seus corpos de volta.

Anos se passam e Edward se torna o mais jovem alquimista do estado, ao lado do irmão, ele viaja em busca da pedra filosofal, um artefato de enorme poder que é capaz de trazer seus corpos de volta, vários inimigos vão surgindo pelo caminho e muitos dos seus amigos acabam envolvidos na sua luta, ficando com as vidas em risco numa tentativa de ajudá-los a descobrir o poder da pedra. É quando surge a existência dos homúnculos, criaturas aparentemente imortais que carregam, cada qual, o nome de um pecado capital. Eles se mantêm vivos graças a pedra filosofal que é o núcleo de seus corpos, descobrir isso coloca os irmãos Elric em um impasse, em especial porque o exército para o qual Edward trabalha pode estar envolvido com a criação dos homúnculos.

Em sua trajetória, eles acabam encontrando o pai, Van Hoemheim (se é que se escreve assim!) a quem Edward não consegue perdoar, mas que se torna uma ajuda primordial na busca da verdade por trás da pedra filosofal. Uma guerra de conspirações políticas, ética, respeito pela humanidade e fé vai se iniciar quando Edward e Alphonse descobrirem que o preço pelos seus corpos pode ser muito mais alto do que eles imaginavam.

Além do adorável estilo e das batalhas, gosto de pensar que Fullmetal é uma enorme reflexão sobre a essência humana. Talvez rolem uns pequeninos spoilers aqui, mas nada que vá comprometer a experiência de vocês. Toda a história do anime é uma grande discussão filosófica acerca dos temas principais que movem a existência humana, nos irmãos Elric temos a grande pergunta: qual o preço de uma vida? Quando se vêem diante da verdade por trás da pedra filosofal eles se perguntam se estão realmente dispostos a usá-la para recuperar seus corpos, se vale a pena sacrificar tanto por isso. 

Também há toda a discussão por trás da idealização do homem perfeito, uma discussão bem interessante que pode ser vista sob várias ópticas. Ao se livrar dos sete pecados, o primeiro homúnculo acreditava que se tornaria uma existência perfeita o bastante para assumir o poder de Deus, contudo, esqueceu-se que a prepotência, apesar de não estar listada, tal como a arrogância são igualmente pecados. Os homúnculos representantes dos sete pecados: ira, gula, luxúria, inveja, ganância e preguiça (uma vez que o homúnculos original representa a soberba e a vaidade) apontam as falhas humanas no que acreditam terem a superioridade, mas no fundo invejam a natureza maleável dos mortais que se unem em meio ao desespero com toda sua força e fé no intuito de sobreviver.

Eu gostei muito do anime apesar de algumas coisas, não li o mangá então não posso fazer comparativos, mas o anime como material individual foi maravilhoso, bem animado, com batalhas bem coreografadas e uma história que nos leva a pensar em vários âmbitos da existência e nos questionar acerca de vários dogmas que nos são impostos desde o nascimento. Além de trazer à luz discussões sobre filosofia, religião, determinação, ética, custo e valor. Apesar do final ter sido um pouco rápido demais, foi muito satisfatório na maior parte e bonito também, houve algumas pequenas coisas que não gostei, mas não comentarei para não se tornarem grandes spoilers. 

Fullmetal figura entre meus animes favoritos, tanto por sua história fantástica e cheia de reflexões quanto por suas personagens bem construídas e apaixonantes como Edward, de longe meu personagem favorito depois de Inuyasha.

Em 2017 a netflix lançou a versão em live action de Fullmetal Alchemist dirigido por Fumihiko Sori e estrelado por  Ryosuke Yamada como Edward Elric, Atomu Mizuishi como Alphonse Elric,  Tsubasa Honda como Winry Rockbell e Dean Fujioka como Roy Mustang. Eu vi o filme antes do anime, pelo que minha irmã falou ele segue mais a linha do Fullmetal clássico.

Quando finalizei o brotherhood vi o filme de novo e, de fato, ele cobre os acontecimentos principais do anime, mas mudaram a cronologia de alguns acontecimentos, tiraram alguns personagens e mudaram alguns poucos eventos, o que é compreensível quando se pensa em comprimir 64 episódios em 2 horas de filme. Na minha opinião a história ficou muito bem adaptada, a armadura de Alphonse ficou maravilhosa tal como a caracterização das personagens (excetuando o cabelo de Edward que ficou bem estranho kkkkk), acho que o filme serve como um bom bônus para os fãs da franquia.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

[Livro] O Homem Perfeito

Autor: Linda Howard
Ano: 2018
Gênero: Romance, Suspense, Mistério
 Páginas: 349

Sinopse: Como seria o homem perfeito? Esse é o assunto que Jaine Bright e suas amigas discutem certa noite. Quais seriam suas principais qualidades? Seria ele alto, atraente e misterioso? Precisaria ser carinhoso e atencioso, ou apenas musculoso? Jaine e suas amigas começam com o básico: precisaria ser fiel e confiável, responsável, ter senso de humor. Conforme a conversa fica mais animada, elas montam uma lista engraçada e picante. Sem querer, a lista é divulgada e, da noite para o dia, se torna uma enorme sensação, chamando a atenção, inclusive, da imprensa local e de canais de TV. Nenhuma das quatro esperava tamanha repercussão. Mas o que começou com uma brincadeira entre amigas se torna algo perigosamente sério quando uma delas é assassinada. Recorrendo a seu vizinho, um detetive imprevisível e muito atraente, Jaine precisa desmascarar o assassino para salvar sua vida. Saber em quem confiar pode ser questão de vida ou morte, pois o sonho de um homem perfeito se tornou um arrepiante pesadelo.

Essa foi a escolha do Clube do Livro no mês de Outubro. Eu acabei deixando A menina da neve para leitura posterior porque não consegui continuar, estava faltando a paciência já com aquela leitura arrastada, gente!

“- Isso não vai acontecer. O homem ideal é pura ficção científica. Não que nós sejamos perfeitas também – acrescentou -, mas a maioria das mulheres pelo menos tenta. Os homens, não.”

Bem, Jaine, Marcy, Luna e T.J são amigas que trabalham na empresa de tecnologia Hammerstead, todas as sextas, após o trabalho, elas se reúnem em um bar nas proximidades do trabalho para conversar, tomar uma cerveja e falar de seus relacionamentos problemáticos. Marcy, já na casa dos quarenta e após casamentos fracassados, vive com um homem bem mais jovem que praticamente suga seu dinheiro, mas lhe satisfaz na cama e é tudo que importa para ela. Luna está em um relacionamento com Shammal, um jogador de futebol mulherengo que lhe usa como objeto sexual. T.J é casada com um homem mauricinho, metido a autoritário e mais frio que o iceberg que afundou o titanic. E Jaine... após três noivados fracassados nos quais ela foi abandonada no altar, tudo que ela menos quer é um homem para complicar sua vida.

Jaine acaba de comprar sua própria casa e está orgulhosa disso, porém, conta às amigas sobre seu vizinho, um homem mal humorado e aparentemente bêbado que praticamente vive para irritá-la desde que ela se mudara dias antes. (Guarde bem o 'dias antes'). Quando já estão no calor da conversa, surge o tema de como seria o homem ideal, assim, Marcy propõe que façam uma lista com as qualidades do homem perfeito e as amigas começam a enumerar os requisitos dele e a lista acaba saindo maior que o planejado incluindo não apenas componentes do caráter como fidelidade, mas partindo para o lado sexual como o tamanho do apêndice.

Claro que boa parte da lista foi criada apenas por diversão enquanto elas bebiam e ansiavam por um homem diferente dos que tinham em suas vidas. Contudo, em uma conversa com outra colega de trabalho, Marcy acaba bebendo demais e contando sobre a Lista, que no dia seguinte vai parar no jornal interno da empresa. Os homens ficam indignados e furiosos, as mulheres acham o máximo e o que começou como uma piada interna acaba se espalhando conforme as mulheres da empresa vão divulgando a lista com outras pessoas e ela acaba indo parar em jornais. De repente, todo o país está falando sobre isso e a vida pacata das meninas se transforma num inferno midiático.

Mas a fama tem um preço. A Lista chama a atenção de Corin, uma pessoa perturbada desde a infância por uma mãe psicótica, para ele, aquela lista é o pior dos insultos porque ele sim era o homem perfeito, sua mãe lhe moldara dessa forma. Desde o início fica claro que Corin tem sérios problemas mentais e de personalidade, então ele começa a caçar as meninas, iniciando por Marcy a quem mata de maneira violenta. O choque da morte da melhor amiga abala as outras que passam a receber telefonemas anônimos estranhos.

Nesse passo, Jaine e Sam, seu vizinho que de bêbado não tem nada, mas é um detetive, continuam discutindo e flertando até que ele se envolve no caso do assassinato de Marcy e a vida das quatro remanescentes entra em risco. Alguém as está caçando, essa pessoa trabalha na mesma empresa que elas e enquanto lutam para descobrir quem é, Jaine e as amigas podem ter um desfecho tão macabro quanto o de Marcy.

Li em algum lugar que essa autora segue os passos de Nora Roberts, bem, eu já li alguns livros de Nora e não achei isso não, além desse livro ter um humor mais específico (ainda que carregue certa acidez sagaz como as sátiras de Nora, é mais voltado para o teor sexual) a montagem desse livro, ao meu ver, deixou um pouco a desejar. Começando pelo deslocado romance entre Jaine e Sam. Gente, isso não me entrou na cabeça de jeito nenhum, a mulher conhece o homem numa semana e na outra já quer casar com ele porque o sexo é bom?! Como assim? Durante toda a leitura esse romance deles não fez o menor sentido para mim.

O suspense foi bom, como a leitura é levinha e tem doses de comédia, tanto o suspense quanto o mistério em torno do assassino deram uma equilibrada nas coisas, o plot twist então foi bem digno de um bom romance policial, mas esse "romance" praticamente instantâneo da Jaine com o Sam mornou um pouco meu entusiasmo com a história deixando-a com cara de suspense pseudo erótico. Mesmo assim, acho que vale sim a leitura, poderia ter sido melhor desenvolvido no meu ponto de vista, não apenas o romance do Sam com a Jaine, mas o próprio assassino mesmo, ainda que ele explique a história dele no final, ficou meio que largado no enredo. Nota 3 de 5.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

[Relendo & Resenhando] Razão e Sensibilidade [+ Adaptações]

Título Original: Sense and Sensibility 
Autor: Jane Austen
Ano: 1811
Gênero: Romance
País: Reino Unido
Páginas: 400 (best bolso)

Sinopse: A história relata os relacionamentos de Elinor e Marianne Dashwood, duas filhas do segundo casamento de Mr. Dashwood. Elas têm uma jovem irmã, Margaret, e um meio-irmão mais velho, John. Quando seu pai morre, a propriedade da família passa para John, o único filho homem, e as mulheres Dashwood se veem em circunstâncias adversas. O romance relata a mudança das irmãs Dashwood para uma nova casa, mais simples e distante, e seus relacionamentos. O contraste entre as irmãs, mostrando Elinor mais racional e Mariane mais emotiva e passional, é resolvido quando cada uma encontra, à sua maneira, a felicidade. Ao longo da história, Elinor e Marianne buscam o equilíbrio entre a razão (ou pura lógica) e a sensibilidade (ou pura emoção) na vida e no amor.


Sem palavras para descrever o quanto eu amo esse livro!

"Às vezes uma pessoa deixa-se levar pelo que ela diz de si mesma e, mais frequentemente ainda, pelo que dizem dela sem dar-se a menor possibilidade ou tempo para deliberar e julgar."  (p. 103)

Quando Henry Dashwood morre sua fortuna fica toda para John, seu filho enquanto sua nova esposa e as três filhas, nas mãos do avarento homem, não dispõem de muito para sobreviver. Mal o corpo do rico senhor é enterrado, John e sua odiosa esposa Fanny se mudam para Norland residência até então da senhora Dashwood e suas três filhas. Desamparadas e vítimas da ganância e péssimo caráter de Fanny, as mulheres entram em aflição para deixar a casa o mais breve possível, contudo, a visita do senhor Edward Ferrars, irmão mais velho de Fanny, adia a visita um pouco por causa de Elinor que parece desenvolver um carinho especial pelo jovem e este não lhe é indiferente. Contudo, ao perceber a aproximação, Fanny solta indiretas cruéis para a senhora Dashwood de que Edward é impossível para a filha dela devido sua posição social.

Com a ajuda de Sir. John Middleton, primo distante da senhora Dashwood, as quatro mulheres se mudam para um chalé em Barton ansiosas por se livrar de Fanny e do seu estúpido marido avarento. Elinor parte com pesar, mas com a certeza de que Edward correspondia seus sentimentos e, apesar de apelar para a razão, seu coração mantinha esperanças de que, um dia, poderiam ficar juntos. Havia certa aura pacífica e mágica em Barton onde além de saborear a longa distância que as separa dos odiosos parentes, têm a enorme cortesia e amabilidade dos Middleton que as recebem de braços abertos. É nesse encontro com a família que as mulheres conhecem o Coronel Brandon, um rico ex-militar marcado pela amargura da perda.

Brandon encontra no encanto de Marianne um possível amor e na prudente racionalidade de Elinor uma amizade na qual pode confiar. Contudo, a chegada de Willougby promete mudar o curso da paz e de um possível relacionamento entre o Coronel e Marianne que já o considera velho demais para pensar em si mesma como sua esposa. Willougby, por outro lado, com um perigoso charme e intenções dúbias, consegue prender a Dashwood mais nova em uma teia de emoções que contrariam qualquer racionalidade e fazem descaso do bom senso e da educação. Envolvida por ele, Marianne se torna irracional e surda aos apelos da irmã que lhe pede para observar sua conduta. Até Willougby ir embora sem expectativa de volta. Aparece em cena, então, as senhoritas Steel. Estúpidas, cansativas e bajuladoras.

Lucy Steel, a mais nova, é ardilosa, mentirosa e manipuladora. Descobrindo que Elinor tem uma inclinação por Edward ela conta para a Dashwood mais velha que está noiva dele a quatro anos com o único propósito de magoá-la e deixar claro que ele é um homem que ela nunca poderá ter. Anne, ao contrário, além de inapta não tem qualquer tato social ou resquício mínimo de erudição. Sem perspectiva de ficar ao lado de Edward, resta a Elinor torcer para que sua irmã tenha um desfecho melhor uma vez que nunca gostou particularmente de Willougby.

Convidadas pela Senhora Jennins, sogra de John Middleton, a ir para Londres, as duas Dashwood partem. Elinor com votos de descobrir mais sobre o caráter de Willougby e Marianne com a expectativa de encontrá-lo. Contudo, as duas irmãs estão perto de descobrir que o rumo dos seus destinos pode ser mais complicado do que elas sequer imaginaram.

Esse é, de longe, meu livro favorito de Jane, não apenas pelo contraste de Marianne, a representação da sensibilidade e do fervor adolescente, e Elinor, representando a racionalidade e sapiência da mocidade. Ler Jane Austen é derrubar o véu ilusório que por vezes criamos sobre a antiguidade de longos vestidos e cartas, ela nos faz enxergar a sociedade hipócrita e limitada de sua época, cheia de preconceitos e dissimulações que ainda hoje perpetuam o nosso convívio social. De um lado temos a racional Elinor, apaixonada por Edward que, aparentemente, não pode ser seu. Ela usa toda a sua racionalidade e autocontrole a fim de esconder o que sente e impedir que os que a cercam sofram por sua causa (o que a faz sofrer em dobro!). Do outro, temos a vívida, doce e sensível Marianne, que após ser traída por Willougby, deixa-se levar pelo desespero e a profunda depressão que quase tira-lhe a vida. 

O contraste nos leva à uma série de reflexões a cerca de ambos os comportamentos, acompanhado de diversos acontecimentos inesperados. Com desfechos surpreendentes Razão e Sensibilidade é uma dura crítica à sociedade falsa cheia de pessoas frívolas que só avaliam o bem próprio, mas retrata também com extremo cuidado a força e importância da amizade verdadeira, tao rara e tão bela. Faz-se impossível não apegar-se à doçura e meiguice de Marianne (ainda que em algumas horas você apenas queira sacudi-la e pedir que ela acorde!) e até mesmo ao controle demasiado de Elinor, ao mesmo tempo em que torna-se impossível não odiar Lucy Steele e sua falsidade sem precedentes, usando de bajulação para conseguir o que quer, além dos avarentos Fanny e John Dashwood cheios de cobiça ou mesmo o detestável Willougby e sua afetação, egoísmo e falta de caráter.

No fim, parece uma grande reflexão de Jane acerca da natureza da conduta que deveria ser ou não adotada como certa, fosse a racionalidade total ou o sentimentalismo, ambos passam o livro inteiro competindo através das personagens para nos questionar qual é o "certo" ou o adequado. Porém, no meu ponto de vista, Jane faz uma pequena crítica ao excesso, porque ao mesmo tempo que a ajuizada Elinor aprende a dosar sua razão com os sentimentos, Marianne aprende, pela reflexão, a maneirar seus sentimentos e agir com mais firmeza de raciocínio.  O excesso de sensibilidade tornou Marianne uma vítima exposta da língua afiada de uma sociedade fofoqueira, sua conduta moldada na irascível cegueira dos sentimentos que não dão margem para a ponderação, enquanto Elinor, para mim, foi quem mais sofreu porque além de manter o silencioso sofrimento de ver seu amor inalcançável ainda tinha de lidar com a falta de juízo da irmã e consolá-la.

Assim, conclui-se que a conduta mais adequada é o equilíbrio entre a razão e a emoção. Não devemos "engolir os sapos", ao mesmo tempo que não precisamos nos excessos dos sentimentos que foi exatamente o que aconteceu com as duas irmãs. Li em alguns lugares que muitos consideraram o final de Marianne infeliz por ela ter casado-se com o Coronel Brandon, não concordo com isso, se ela tivesse casado-se com o inescrupuloso Willougby, como o próprio livro deixa claro, sua vida teria sido um inferno dada a natureza egoísta e esbanjadora dele, sem contar que, depois do que ele fez com Elisa, Marianne ficaria para sempre horrorizada e nunca conseguiria confiar nele plenamente. Achei a união dela com o Coronel não apenas válida, mas a melhor escolha para ela que aprendeu a amá-lo gradualmente, a enxergar as qualidades dele em pleno equilíbrio da sua razão com seus sentimentos.

Quando li esse livro a primeira vez, em 2013, já tinha lido Orgulho e Preconceito, mas foi impossível não me apaixonar por essa história tão sublime, sofri com as personagens, dei algumas risadas e até mesmo passei vergonha alheia. Torci pelo final feliz que veio fechadinho ainda que alguns desfechos não tenham me agradado muito, queria que Lucy tivesse um final ruim, ela só fez armação o livro todo e se deu bem, pelo menos Willougby recebeu seu castigo ainda que tenha sido ameno. Contudo, isso é apenas uma retratação de como as coisas são na realidade, as pessoas boas, infelizmente, são constantemente vencidas pelas ruins mesmo que alcancem felicidade. Livro maravilhoso e mais que recomendado!

ADAPTAÇÕES


Ano: 1995
Direção: Ang Lee
Roteiro: Emma Thompson
Elenco: Emma Thompson, Kate Winslet, Hugh Grant, Alan Rickman

Com roteiro da própria Emma Thompson que assume o papel de Elinor no longa, Razão e Sensibilidade de 1995, tal como Orgulho e Preconceito posteriormente em 2005 (e iguais em cumprimento atingindo 2h cada) abarca os principais acontecimentos da obra de Jane, inclusive, sendo bastante fiel nos diálogos entre as irmãs e nas cenas mais icônicas do livro.

Porém (e sempre tem que ter um, não é?) o longa peca em muitos detalhes, em especial na elipse de várias personagens como Lady Middleton que aqui é falecida deixando Sir. John sem nenhum dos seus 4 filhos (eu fiquei tipo: oi?) além de fazer certa bagunça com outras personagens importantes como Elisa, que se tornou Betty (???) ou mesmo com a ordem de alguns acontecimentos mesmo que, comparada a minissérie, seja mais fiel em certas cenas quanto é negligente em outras.

Ele oferece boas atuações, contando, inclusive, com a presença de Allan Rickam (que também atende pelo nome de Professor Snape), Kate Winslet entrega uma Marianne vívida, exigente e imprudente, mas ainda pautada na obra de Austen graças ao roteiro de Emma Thompson cuja Elinor é sagaz, meio satírica e irônica, no geral não mexeu muito com a personalidade das personagens, mantendo-as semelhantes ao livro, e cumpre o papel de adaptação, não conseguindo cobrir todos os eventos, mas elucidando os principais de modo eficiente.

Ano: 2008
Roteiro: Andrew Davies
Direção: John Alexander
Elenco: Hattie Morahan
Charity Wakefield
Dan Stevens
David Morrissey
Dominic Cooper
Janet McTeer

Se comparado ao filme, a minissérie tem mais detalhes, todas as personagens foram representadas devidamente e, excetuando alguns diálogos e cenas ela é bem fiel ao livro em praticamente tudo. Gosto muito dessa minissérie, acho a fotografia dela fascinante, só queria que tivesse tido mais emoção e até mesmo loucura na atuação de algumas cenas específicas.

Tirando o Dan Stevens e o senhor Wisley eu não conhecia os outros atores, mas não fiquei menos que satisfeita com o trabalho que entregaram, attie Morahan e Charity Wakefield entregam uma Elinor e Marianne muito autênticas e cheias de nuances fidedignas à obra original. As personagens insuportáveis como Lucy e Fanny foram tão bem retratadas que creio nunca mais poder ver a cara das duas atrizes sem ter uma enorme vontade de vomitar.

A ordem cronológica da série também segue melhor que a do filme, pelo menos na minha opinião, muitas das cenas que o filme precisou ignorar são vistas aqui, ainda que algumas delas sigam um contexto que só faz real sentido quando lemos o livro, como o motivo para o duelo entre Brandon e Willougby. No geral, acho um trabalho maravilhoso que merece ser conferido.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

[Dorama] Takane to Hana

Original: 高嶺と花
Direção: Yusuke Ishii
Ano: 2019
Episódios: 08
Roteiro adaptado: Juri Takeda, Iyo Nishikori, Nana Yamamoto
Autor: Yuki Shiwasu
País: Japão
Elenco: Mahiro Takasugi, Aisa Takeuchi, Junki Tozuka, Asahi Ito, Kenshin Endo, Rea Nagami, Yu Miyazaki

Onde encontrar: Mahal Dramas Fansub (necessário cadastro)

Sinopse: Aos dezesseis anos, Hana Nonomura (Aisa Takeuchi) era a última pessoa que você esperaria estar em um encontro às cegas, especialmente destinada a encontrar um parceiro adequado para casamento. Mas quando sua irmã mais velha, Yukari (Arisa Deguchi), se recusa a ir, Hana se vê obrigada a ser sua substituta ou corre o risco de envergonhar toda a família. Sem outras opções, Hana concorda em ir, na esperança de acabar com a coisa toda o mais rápido e pacificamente possível; mas quando ela conhece Takane (Mahiro Takasugi), tudo muda.
O herdeiro do grupo Takaba, Saibara Takane, 26 anos, é o epítome da perfeição. Com aparência incrível e uma carreira fabulosa, ele é o homem com que toda mulher sonha. Há somente um problema: ele é um orgulhoso, esnobe e arrogante que não pensa em ninguém além de si mesmo. Com uma atitude tão desagradável, seus planos para arruinar seu próximo encontro às cegas seria fácil o suficiente, ele só tinha que ser antipático o suficiente para afugentá-la. Seu plano deveria ter sido perfeito, mas ele nunca esperava encontrar alguém tão ardente quanto Hana Nonomura.
Intrigado com a completa falta de preocupação com a sua aparência, posição e dinheiro, Takane se sente atraído pela garota mais incomum. Quando o destino traz essa garota corajosa à sua vida, Takane se apaixona por ela, mas esses opostos polares podem realmente se atrair?

Como o anime que eu to vendo é muito grande, temi não conseguir ver um dorama a tempo e apostei nesse que foi muito panfletado pelo mahal e é bem curtinho. Por ser pequeno, não vou poder falar muita coisa ou vai acabar saindo spoiler aqui.

Bem, Takane to Hana conta a história de Hana que é "obrigada" a ir no lugar da sua irmã mais velha Yukari para um arranjo de casamento feito pelo avô de Takane. O pai de Hana trabalha na empresa do avô de Takane que quer casar o neto com uma mulher humilde e que possa ser sua companheira de verdade. Contudo, cansado de tantos encontros arranjados com garotas fúteis, Takane se comporta muito mal com Hana, chamando-a de interesseira e ofendendo-a na frente do pai. Furiosa, ela revida gritando que não está nem um pouco interessada nele.

Intrigado com a atitude, Takane decide procurá-la para descobrir um pouco mais sobre ela, por mais que tente de todas as formas, Hana não parece impressionar-se com seu dinheiro ou posição e ele começa a se encantar por ela e sua simplicidade. Contudo, uma das regras para continuarem se encontrando é nunca se apaixonarem, no momento que Hana dizer que gosta dele, Takane vai terminar os encontros.

O lado bom desses doraminhas curtos é que a gente termina depressa, o lado ruim é que não dá para aproveitar a história direito, tudo acontece um pouco rápido ou fica com aquela sensação de que não foi desenvolvida como deveria. Claro que adaptar um mangá em oito capítulos tão curtos não é fácil, ainda assim essa sensação não nos larga. Contudo, gostei muito do doraminha, ele é engraçado, leve e dá para passar o tempo. As atuações são boas e mesmo o plot soando um pouco clichê eu gostei pra caramba. Recomendo!

domingo, 13 de outubro de 2019

[Livro] Medo Clássico: Edgar Allan Poe

Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Darkside
Gênero: Antologia, Terror, Mistério
Ano: 2017
Páginas: 384

Sinopse: Pela primeira vez numa edição nacional, os contos estão divididos em blocos temáticos que ajudam a visualizar a enorme abrangência da obra. A morte, narradores homicidas, mulheres imortais, aventuras, as histórias do detetive Auguste Dupin, personagem que serviu de inspiração para Sherlock Holmes.
O livro traz ainda o prefácio do poeta Charles Baudelaire, admirador confesso de Poe e o primeiro a traduzi-lo para o francês. E EDGAR ALLAN POE: MEDO CLÁSSICO apresenta ainda “O Corvo” na sua versão original, em inglês, além de reunir suas mais importantes traduções para o português: a de Machado de Assis (1883) e a de Fernando Pessoa (1924).

Minha segunda única caveirinha na estante haha. Esse livro, na verdade, foi mais uma revisita do que uma leitura propriamente dita. Em 2015 eu resenhei minha primeira antologia de Poe, Contos de Imaginação e Mistério que você pode ler aqui muitos dos contos dessa coleção da Darkside tinham nessa outra antologia, mas outros foram uma grata surpresa. Obviamente, conforme a gente vai amadurecendo e expandindo o leque de leituras, a cabeça com que revisitamos os autores, em especial os clássicos, é outra e isso faz toda a diferença numa leitura. Por isso, o olhar que tinha sobre Poe aos 25 não é o mesmo que tive agora, aos 29, quando passei a semana em sua companhia.

Espectro da Morte: 
  1. O Poço e o Pêndulo - Em uma narrativa agonizante, nós acompanhamos o relato de um homem condenado à morte pela Inquisição, ele é jogado numa espécie de cela escura e, a princípio seus algozes pretendiam que ele caísse em um enorme poço, contudo, vendo suas tentativas falhadas amarram o homem numa estrutura para ser partido por um pêndulo afiado que desce vagarosamente. Poe nos envolve numa narrativa sinestésica que domina todos os  nossos sentidos deixando-nos atordoados e presos não apenas na agonia do homem (provavelmente inocente do que lhe acusaram) que espera a morte sem quaisquer esperança de fuga, mas também nos convida a refletir sobre a crueldade humana e o fanatismo. Lembro que a primeira vez que li esse conto, quatro anos atrás, senti-me não apenas sufocada, mas com um alívio indescritível quando cheguei ao final haha. Um fato interessante sobre esse conto é que a música The Poet and the Pendulum da banda Nigthwish foi inspirada em parte por ele. Maravilhoso.
  2. A queda da Casa de Usher - Esse também tinha no outro livro. Aqui acompanhamos um homem que é convidado por seu amigo, cujo sobrenome é Usher, para passar uns dias com ele. Percebendo pela missiva que o amigo estava de alguma forma atordoado com uma enfermidade mental, o homem decide aceitar o convite e viaja até a propriedade sombria que logo de cara lhe intimida. Por serem amigos de longa data, durante sua estadia ele fica ciente da espécie de maldição que assola a família e é noticiado também da debilidade da irmã de seu amigo preso não apenas pelas supertições que cercam a casa e sua família, mas pela certeza da morte. Quando a irmã deste vem a falecer, somos levados por um verdadeiro redemoinho de loucura sombria onde realidade e insanidade se fundem em um desfecho tenebroso. Poe demonstra quão frágil é a mente humana, suscetível ao declínio fácil quando manipulada por algo que crê ser verídico.
  3. O Baile da Morte Vermelha - No outro livro, se bem me lembro, o título estava "a máscara da morte vermelha", nele, um príncipe vendo seu reino assolado por uma peste (que acredito se tratar de um surto de tuberculose) recolhe mil amigos e se tranca em uma fortaleza abandonando seu povo à própria sorte. Seguros lá dentro, eles se entregam a uma farra envolta em luxúria e esbanjar enquanto do lado de fora das muralhas o povo sofre com a morte e a fome. A fortaleza, feita de intricados cômodos fora do convencional tal qual seu dono, se torna um verdadeiro palco gigante de música e libertinagem até que um convidado inesperado surge trajando uma fantasia grotesca remetendo ao mal que se alastra do lado de fora. Mesmo com a ordem do príncipe, ninguém tem coragem de expulsar a criatura e a festa tem um fim sinistro. Nesse conto senti meio que uma crítica social ao descaso dos governantes o que, é claro, é muito pertinente. Também tem aquela sensação de que, cedo ou tarde, a justiça cai sobre aqueles que negligenciam seu dever.
Narradores Homicidas
  1. O gato Preto - Esse conto é uma mistura de loucura com terror, acredito que aqui o aspecto psicológico sobrepõe-se ao sobrenatural, ainda que de alguma forma os dois interajam na mente do leitor como, ambos, aceitáveis. A primeira vez que o li senti um misto de indignação e repúdio, mas essa segunda leitura me trouxe uma nova ótica que excede o horror dos atos praticados. Seguimos um homem apaixonado por animais que vive com a esposa que compartilha do seu amor pelos bichos e juntos eles criam vários animais. Entre esses pets, está um gato preto que figura entre os favoritos do homem. Porém, ele acaba se tornando um alcoólatra e, além da esposa, o pobre gatinho começa a ser o alvo de sua fúria cega partindo de torturas até finalmente matá-lo num acesso de raiva, o que ele não contava era que as consequências de seu crime teriam um preço bem alto. Quando li a primeira vez, o lado sobrenatural do conto me tomou com muito mais força, porém, nessa segunda leitura eu vi mais o lado da natureza humana cruel e entorpecida pelo álcool que revela sua verdadeira identidade. Até certo ponto, o homem sabia o que estava fazendo e, mesmo nos poucos debates internos que lhe afligiam em nenhum momento ele procurou deter-se de verdade. O preço disso, é claro, foi mais uma consequência de sua própria consciência autopunitiva que propriamente o sobrenatural.
  2. O barril de Amontillado - Esse é um conto sobre vingança. Quando o li a primeira vez confesso que não achei graça nele, talvez meu primeiro contato com Poe tenha acontecido na hora errada ou na fase errada, não sei. A tradução também ajuda muito a experiência de leitura para o bem e para o mal. O narrador-personagem rumina uma vingança contra um conhecido há anos, sabendo este que o outro é um conhecedor de vinhos, arquiteta um plano para atraí-lo até sua casa vendo que o outro está muito doente. Ele o leva pelos túneis úmidos de seu porão enquanto acompanha a piora do conhecido com total indiferença (e poderia dizer até certo prazer), quando chegam ao destino e o homem se percebe enganado já é tarde, acorrentado ele vê o outro emparedando-o vivo na certeza que a doença terminará de matá-lo. Apesar de o terror sobrenatural não ser tão apelativo aqui, a crueldade e ardil do homem, ao contrário, causa muito incômodo. Quão pesados são os grilhões da mágoa e como nos cegam transformando-se de incômodos em verdadeiros fardos.
  3. O coração delator - No outro livro o nome era "denunciador" e não delator, mas dá na mesma. Confesso que, dos três desse bloquinho, esse me causou mais a sensação de "WTF?" Gente, eu apenas não conseguia entender como a mente dessa criatura funcionava, juro. Só uma pessoa seriamente perturbada poderia pensar dessa maneira. Nesse conto, somos apresentados a um homem que cuida de um velhinho que tem catarata em um dos olhos, não é certo que eles tem algum parentesco (pelo menos não lembro se especifica), mas é certo que o sujeito tem uma fixação com o olho do velhinho e aquilo vai crescendo numa loucura desgovernada até que ele decide, por fim, assassiná-lo. Com a certeza que nunca seria pego, ele não contava que seria assombrado pelo coração do falecido. Te dizer que depois que li esse conto fiquei meio contemplativa, quer dizer, que nível de crueldade ou insanidade leva uma pessoa a matar outra porque simplesmente "não gosta do olho"? Gente... me deu um mal estar que nem a "vingança" conseguiu aplacar.
Detetive Dupin
  1. Os Assassinatos da Rua Morgue - Esse tinha no outro livro também e dizer, relê-lo me deixou com uma vontade incrível de rever Sherlock. Poe, pelo que li no prefácio, foi o pioneiro na criação da ficção dedutiva e, conforme vamos lendo, impossível não notar como Christie e Doyle beberam na fonte do mestre do horror. Aqui, Dupin se oferece para ajudar a polícia a resolver um caso brutal de assassinato de uma mãe e sua filha que foram mutiladas de maneira horrível e nada foi roubado de sua residência. Tudo dentro da casa estava trancado e testemunhas afirmavam terem ouvido duas vozes vindas do andar onde as mulheres foram encontradas. O que parecia aparentemente insolúvel, em especial dado a brutalidade com que as mulheres foram mortas, para Dupin se torna uma luz no fim do túnel quando o improvável assassino escapou de qualquer sinal da polícia. Apesar de ter ficado realmente vidrada durante toda a leitura e cada vez mais ávida com o desfecho, não pude evitar uma ponta de decepção e até mesmo incredulidade quando o assassino foi finalmente revelado. Mas vale muito a pena.
  2. O Mistério de Marie Rogêt - Esse foi, talvez, um dos que eu mais tive "problema" para ler. Se trata do sumiço de uma moça chamada Marie Rogêt que é encontrada dias depois afogada em um rio sem qualquer traço do motivo ou do assassino. Por ser uma jovem muito conhecida, todos os jornais da região falam sobre o assunto, e é através desses recortes que Dupin tece suas conjecturas a respeito do crime, contudo, talvez por não ter um modo de investigação direta com perseguição ao suspeito e tudo mais, o conto envereda por uma linha cem por cento lógica que se torna um pouco desconfortável para quem não tem costume de literatura policial desse nipe, foi o que aconteceu comigo nas duas vezes que li esse conto. Baseado em uma história real acontecida em Nova Iorque, apesar das deduções de Dupin, o caso acaba sem solução.
  3. A Carta Roubada - Esse conto é interessantíssimo haha. O super intendente procura o detetive para lhe contar sobre uma importante carta roubada de uma importante figura política por um opositor de reputação ruim. Enquanto narra para Dupin a natureza de sua busca minuciosa na casa do suspeito em que cada vão de porta e cadeira foi investigado com esmero, o detetive se diverte com a aparente ingenuidade do super intendente tão focado nos fatos e ignorante quanto a natureza do infrator. Achei bem divertido não apenas a maneira como o detetive obteve a carta, mas a cara do super intendente ao precisar pagar por ela. Dei umas boas risadas.
Mulheres Etéreas
  1. Berenice - Esse bloquinho trata de amores eternos, praticamente, que se transformam em uma obsessão insana que leva os homens a atitudes absurdas. Nesse primeiro conhecemos Egeu que se casou com sua prima Berenice, ele tinha uma condição mental instável que piorava continuamente. Então, Berenice ficou muito doente e ele começou a prestar uma atenção singular aos dentes da esposa, apreciando, inclusive, sua beleza deteriorada pela doença. Em tal condição fica com os dentes da esposa que sua loucura atinge o ápice em um desfecho sinistro. 
  2. Ligeia - Esse conto tem muito do outro, na verdade, todos esses contos são bem parecidos, em especial pela temática. O homem se casa com Lady Ligeia, uma mulher de beleza e inteligência ímpares e ele era completamente devotado à esposa, apaixonado de modo cego e intenso, contudo, um dia a esposa fica gravemente doente e acaba por falecer. Adoecido pelo seu luto leva algum tempo até que ele consiga enfim casar-se novamente, mas seu coração continua fiel e apaixonado por sua esposa mortal, tal que não consegue fazer a atual esposa feliz, pois não consegue amá-la. Quando ela fica muito doente, algo realmente sinistro e sobrenatural acontece.
  3. Eleonora - Quando crianças, o personagem apaixonou-se por sua prima Eleonora e os dois, em consequência da doença dela, fizeram uma espécie de promessa de amor eterno que ele descumpriu alguns anos depois da morte dela ao se ver cego de paixão por outra mulher. A promessa de Eleonora se manteve fiel tal como sua garantia de que a parte dele seria cobrada posteriormente.
Esse bloquinho mexe mais com o romance sobrenatural, aqui tem quase uma obra ultrarromântica que faz alusão a beleza da donzela e ao amor eterno e melancólico do amado que fica após a morte dela. Apesar de admitir que sou uma romântica literária, não me surpreendi muito com o Poe romântico mesmo com a dose meio sombria kkkkk porém é inegável que cada conto ao seu modo traz não apenas muita coisa interessante, mas são verdadeiras aulas de escrita criativa e construção de personagem.

Espírito Aventureiro
  1. Manuscrito encontrado em uma garrafa - Um homem sai em um navio que acaba passando por uma tormenta poderosa e toda a tripulação, excetuando ele e outro passageiro, morrem. À deriva em alto mar por um tempo, eles enfrentam outra tormenta e um barco enorme surge na crista de uma onda gigantesca, esse barco cai sobre o navio deles e o homem acaba indo parar à bordo. O negócio é que ninguém nesse navio vê ele. Sim, isso mesmo, bizarríssimo. Ele pode andar entre os marujos, interagir com os objetos do navio, mas ninguém lá consegue vê-lo como se ele fosse um fantasma. Assim, ele decide escrever tudo que aconteceu e colocar dentro de garrafas que vai jogando em alto mar. 
  2. O Escaravelho de Ouro - Esse conto é uma mistura de detetive com Indiana Jones haha. Um homem fica muito amigo de um ex rico chamado Willian Legrand. Esse homem, após perder toda a sua fortuna, refugiou-se numa ilha onde construiu uma cabana e dedicou-se a colecionar insetos que estudada com esmero. Um dia, em decorrência de uma visita sem avisar, ele acaba descobrindo que o amigo conseguiu um escaravelho muito raro que possivelmente ainda não fora catalogado, contudo, junto do bicho, seu amigo começa a mostrar sinais de insanidade e uma busca ao tesouro se desenrola com um desfecho surpreendente.
  3. Nunca aposte a cabeça com o diabo - Te confessar que esse foi um daqueles contos que parecem aquelas histórias de avó para a gente não fazer determinada coisa. O personagem principal tinha um amigo chamado Dammit, este por ter sido criado com um rigor desnecessário, cresceu com o juízo meio amassado se podemos dizer assim, tinha o hábito de apostar coisas, claro dentro de sua possibilidade uma vez que era muito pobre, e de suas apostas mais comuns costumada apostar "sua cabeça com o diabo" coisa que as pessoas em geral ignoravam. Até um dia que um velhinho estranho e coxo apareceu aceitando o desafio que ele fizera ao amigo, no qual apostou sua cabeça com o diabo que saltaria de uma catraca em uma ponte. Bem, digamos que o diabo ganhou a aposta.
O Corvo

Nesse bloquinho, Poe nos apresenta todo o seu processo criativo na construção do seu mais famoso poema e, conforme lia, ficava parecendo que estava lendo um manual de escrita criativa tão minucioso e claro é seu explanar sobre as veredas da construção literária. A seguir, vem o poema original em inglês, que nunca tinha lido, e duas traduções, uma de Machado de Assis, bem rebuscada e floreada como era a cara de sua época e sua literatura e outra de Fernando Pessoa, essa, ao meu ver, mantendo mais fidelidade ao texto original em si.

Ler Poe é fazer um mergulho na mente e natureza humana passeando por cada camada e mergulhando no seu interior frágil e por vezes perverso. Fica claro que o autor era um observador atento do comportamento humano e da sociedade de sua época, além de um estudioso das emoções que permeiam o coração humano e sabia aplicar isso com maestria em sua literatura de modo a nos impingir medo, desespero, descontrole e repúdio, além de incitar a reflexões muito válidas sobre o comportamento, as escolhas, a efemeridade da vida e a força dos sentimentos. Sem dúvida, seu legado continuará ainda por muitos séculos sendo atual, imortal e aterrador.

sábado, 5 de outubro de 2019

[Filme] Fabricated City

Original: 조작된 도시
Direção: Bae Jong
Roteiro: Bae Jong, Oh Sang Ho
Gênero: Ação, Thriller, Drama
Ano: 2017
País: Coréia do Sul
Elenco: Ji Chang Wook, Shim Eun Kyung, Ahn Jae Hong, Oh Jung Se, Kim Ki Cheon, Kim Sang Ho

Onde encontrar: Movie Asian Fansub

Sinopse: Na vida real, Kwon Yoo está desempregado, mas no mundo dos jogos virtuais ele é o melhor líder. Kwon Yoo é então acusado de assassinato. Com a ajuda da hacker Yeo-Wool, ele tenta descobrir a verdade por trás do caso de assassinato.

Se vocês acham que eu só baixei esse filme por causa do Ji Chang Wook (The K2. Healer, Suspicious Partner) estão completamente certos! Eu sou apaixonada por esse ator, acho ele maravilhoso e não há como duvidar que ele tem um talento nato para fazer ação (basta assistir The K2 se duvida!) então, quando o Movie Asian trouxe esse filmaço eu só estava procurando uma oportunidade para ver, óbvio. Não fui nem um pouco decepcionada.

Kwon Yoo é um brilhante estrategista em jogos de guerra na internet, passa a maior parte do tempo em uma cibercafe reunido com sua turma de seis amigos virtuais que ele lidera no jogo, contudo,sempre que surge um dos encontros de verdade que a turma marca, ele sempre dá um jeito de ficar de fora, principalmente porque não trabalha, ainda vive com a mãe que trabalha em um hospital e mesmo sendo um brilhante ex-lutador de taekwondo não almeja voltar para as competições muito satisfeito com a sua vida sedentária e seu prestígio virtual.

Contudo, sua vida inteira muda quando ele encontra um celular em sua cabine usual e a pessoa do outro lado lhe oferece trinta mil won para levá-lo até o motel onde ela está hospedada. Com a perspectiva do dinheiro fácil ele aceita e tudo ocorre sem problemas, mas na manhã seguinte ele é acordado pela polícia e se vê como suspeito de um assassinato brutal, pior ainda, todas as provas estavam no seu quarto e na cena do crime. Sem entender nada, ele nega as acusações alegando sua inocência, mas é claro que diante das provas ninguém lhe dá ouvidos além da sua mãe.

Condenado à prisão perpétua em uma penitenciária de segurança máxima, Kwon Yoo se vê a mercê de Ma Deok Soo, um criminoso altamente perigoso que tenta forçá-lo a assumir o crime pelo qual foi acusado, mas que não cometeu. Ele se nega e sua vida passa a se tornar um inferno de violência sem precedentes. Porém, com a ajuda de um psicopata canibal ele consegue escapar da prisão (em uma jogada de mestre, devo dizer) e parte na busca para provar sua inocência. 

Sendo procurado por todo o país, ele recebe inicialmente a ajuda de um casal estrangeiro que estava a caminho do aeroporto quando seu carro pifou e ninguém ofereceu ajuda e, logo que se vê fora do alcance da polícia e com um transporte (que não é dos melhores, mas serve), ele é ajudado por Yeon Wool que se passava por homem no jogo, mas sempre era salva por ele da morte. Ela o leva para sua casa e reúne o resto da equipe para montar uma verdadeira guarda e reunir provas contra o verdadeiro assassino por trás de tudo. Porém a tarefa vai ser muito mais difícil do que parece e quando o jogo e a realidade se fundem em uma luta de verdade pela vida, Kwon Yoo vai precisar de todo o seu conhecimento, estratégia e força para salvar aqueles que acreditaram na sua inocência.

Vocês sabem que eu não sou a maior entusiasta de ação, embora nos últimos anos tenha dado mais preferência para filmes nessa vibe que os meus já comuns filmes de romance. Porém, Fabricated City, além de ter o apelo de Ji Chang Wook, tinha uma premissa que eu curto muito, envolvendo jogos eletrônicos coisa que me puxou para Love 020 e The King's Avatar, como eu infelizmente não sou habilidosa com jogos me interesso muito por eles, em especial os enredos (cof cof Fatal Frame). Não apenas um enredo muito bem montado, o filme tem uma sequencia de ação maravilhosa com lutas e perseguições de tirar o fôlego, um psicopata como só a Coréia sabe fazer (odioso ao extremo) e personagens tão bem construídos que a gente esquece que tá vendo um filme.

Ji Chang Wook está maravilhoso no papel de vítima em busca de limpar seu nome, nos presenteando com uma atuação irretocável de personagem frágil e ao mesmo tempo movido pela força do ódio.  Kim Sang Ho (Let's Fight, Ghost) aparece como um segundo antagonista e por ser a primeira vez que eu vejo esse ajussi na pele de vião confesso que estranhei muito, mas quem já viu qualquer coisa come ele sabe que é sucesso puro. Shim Eun Kyung (The Princess and the Matchmaker) que eu não conhecia traz um papel feminino forte e determinado, leal aquele que sempre esteve lá por ela e apenas arrasou na pele de uma personagem com problemas de sociabilidade e comunicação, mas que é genial no mundo cibernético. Fiquei empolgadíssima em cada segundo que durou esse filme e está mais que recomendado!

[Livro] A Hora da Estrela

Autor: Clarisse Lispector
Ano: 1977
Gênero: Novela, crônica, conto
páginas: 86

Sinopse: Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a morte está próxima e põe um pouco de si nas personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, como Clarice.
A despedida de Clarice é uma obra instigante e inovadora. Como diz o personagem Rodrigo, "estou escrevendo na hora mesma em que sou lido". É Clarice contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.
Macabéa, a nordestina, cumpre seu destino sem reclamar. Feia, magra, sem entender muito bem o que se passa à sua volta, é maltratada pelo namorado Olímpico e pela colega Glória. Os dois são o seu oposto: o metalúrgico Olímpico sonha alto e quer ser deputado, e Glória, carioca da gema e gorda, tem família e hora certa para comer. Os dois acabam juntos, enquanto Macabéa, sozinha, continua a viver sem saber por que está vivendo, sem pensar no futuro nem sonhar com uma vida melhor. Até que um dia, seguindo uma recomendação de Glória, procura a cartomante Carlota, uma ex-prostituta do Mangue, que revela a Macabéa toda a inutilidade de sua vida. Mas também enche-a de esperança, prevendo a paixão por um estrangeiro rico, com quem ela iria se casar.

Engana-se quem pensa que esse é um daqueles livrinhos curtos que você lê numa sentada só. As 86 páginas desse livro carregam uma história densa e cheia de significâncias que, numa primeira leitura, pode parecer um pouco desconexa e sem sentido, mas quando revisitada acabamos por encontrar novos elementos e simbolismos num enredo que enquanto flerta com a simplicidade não é, de nenhuma forma, simplório.

Aqui, acompanhamos a Clarice escritora na pele de Rodrigo e a Clarice personagem na pele de Macabéa. Essa dualidade em um primeiro encontro pode acabar causando uma estranheza na gente em especial por não ser um estilo de narração que a gente está acostumado a ver. Minha experiência de leitura foi um pouco prejudicada porque quando peguei esse livro pela primeira vez além de ser meu primeiro contato com Clarice, eu estava muito grogue por causa dos remédios e das noites mal dormidas que foi logo quando iniciei o tratamento para a alergia.

De um lado nós temos a Clarice escritora que se propõe a contar a história de uma mulher alagoana, mas que antes vai enveredar por um fluxo de consciência acerca da vida e da natureza humana, do existir como um todo e, com isso, ela nos apresenta a si mesma, ao seu esgotamento emocional e psicológico tanto consigo mesma quanto com a sua vida de modo que fica claro que ela está esperando a morte, o mais agourento de tudo é que este, de fato, foi o último livro da autora. Na pele de Rodrigo, Clarice desabafa seu cansaço da literatura, das pessoas que lhe cercam e da sua existência que se tornara um fardo, ela perdeu o fio do sentido de escrever, de acordar, de continuar. Ela clama por descanso.

Por outro lado, temos Macabéa, explicitada pelo autor como uma mulher ingênua (tão ingênua que ainda não decidi se ela é realmente inocente ou se ela é burra mesmo) que perdeu os pais cedo e foi criada por uma tia que não tinha tanto afeto por ela quanto um parente em geral tem pelos seus. Assim, Macabéa cresceu até a morte da sua tia quando o gosto da liberdade tocou-a pela primeira vez, contudo, alienada como era do mundo (e uso alienada por não lembrar outra palavra melhor) a tia era sua conexão com a realidade, desse modo, ela precisaria de outra conexão e encontrou-a com um homem chamado Olímpico (sim, isso mesmo) criatura que trabalhava numa metalúrgica.

Desprovida de talentos e com uma baixa instrução, era mais que claro que Olímpico - um tipo ganancioso - não duraria muito tempo com Macabéa que, incapaz de se ver em uma relação abusiva e injusta, recebe o fim do relacionamento como sua culpa e ainda por cima nem se dá ao direito de se enfurecer ao descobrir que o pilantra está namorando sua melhor e única amiga, Glória. Assim, as poucas conexões da alagoana com o mundo vão se desfazendo enquanto o autor, Rodrigo, vai igualmente se desfazendo em desespero, exaustão e melancolia.

Contudo, o final da jornada literária de Clarice/Rodrigo e da jornada de autoconhecimento indireta de Macabéa não é feliz, mas cheio de uma esperança brilhante. enquanto caminha para seu desfecho, Macabéa recebe um último fio de esperança que a conduz em plena felicidade para o que ela espera ser seu momento, "a hora da estrela" seu momento de brilhar. Porém, vale dizer que o preço do conhecimento filosófico que Clarice buscou ao desperdir-se da literatura e Macabéa ao perseguir suas ilusões, é o trágico amargor da verdade que só pode ser alcançada, segundo o ideal filosófico, através da passagem. É desse modo que nós finalizamos A Hora da Estrela, cheios de indagações que não encontram respostas prontas, com uma sensação de vazio e, ao mesmo tempo, uma estranha satisfação.

A resposta de Macabéa talvez não fosse a esperada - enganada até o fim -, mas é justamente essa a ideia, a meu ver, da mensagem de Clarice, enquanto Rodrigo se mostra cansado e angustiado por uma morte que nunca chega, Macabéa representa a parte de seu espírito que anseia pela vida, mas que não é forte o bastante para o mundo, esse mundo que engole sem piedade e sem justiça. Macabéa era o fio de esperança que conectava Rodrigo à vida, sua literatura, sua fantasia, a partir do momento que ele consegue se despedir dela, do fulgor quase erótico e insano que ela representava para ele, a morte enfim consegue encontrá-lo pronto para a nova jornada livre do peso, da culpa, da preocupação e do medo.

Obviamente isso é uma conjectura minha. Como disse, as circunstâncias da minha leitura não foram as melhores para mergulhar de verdade na densidade desse livro. Ainda assim, para um primeiro encontro com Clarisse senti como um soco no estômago, não sei se foi mesmo o livro certo para começar, mas é inegável que é uma história de nuances, de camadas que se desvendam a cada nova leitura e talvez eu exaura minhas vistas antes de conseguir  retirar todos os véus de uma obra tão profunda.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

[Música] Monsta X - SOMEONE'S SOMEONE

Parece os Backstreet Boys, mas não é, é apenas a música nova do Monsta X e ao que parece a aposta na gringolândia norte-americana está cada vez mais pesada nesse ano. 

Havia visto no instagram deles que iam lançar essa música hoje e, assim que cheguei em casa (pois hoje foi o encerramento da festa de São Francisco de Assis!) já fui logo escutar.

Someone's Someone tem uma pegada bem pop americano dos anos 90, por isso quando comecei a ouvir pensei quase de forma instantânea nos BSB, tal como Who Do You Love a música não é ruim, fica ali do lado das baladinhas que a banda costuma lançar nos seus álbuns, mas tal como a outra música, ela tem muito cara de Pop Americano e menos de Kpop.

A música tem uma letra bonitinha e tals e das bandas de Kpop que já ouvi até hoje eles são quem melhor pronunciam o inglês, mas ainda assim fiquei de implicância com ela haha, não é que eu não goste de inovação nem nada, acho bacana quando eles arriscam coisas novas e incorporam outros elementos na música, isso enriquece o som, mas sempre fico naquela apreensão que eles vão terminar mudando completamente a essência do que são e acabando como o FT Island, o EXO ou o BTS que antes eu curtia bastante, mas agora não consigo gostar de nenhuma música.

Quem acompanha o blog sabe que desde o disband do B.A.P, o Monsta X é a única banda que eu de fato acompanho por isso essa apreensão toda com o estilo deles e tudo mais. Enfim, fica aqui minha opinião sobre  Someone's Someone, uma boa música com cara de pop americano dos anos 90.


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Dando Satisfações...

Oi, pessoal!

Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas pelas resenhas atrasadas, sumi do blog sem dar notícia acho que desde o dia 29 ou 28, não lembro direito. A coisa é que eu fiquei doente, todo mundo aqui em casa adoeceu, até então eu já tinha ficado gripada três vezes esse ano, um recorde até pra mim, contudo, dessa vez a coisa foi para um outro lado.

Todo mundo ficou bom, menos eu. Fui piorando gradualmente até chegar num ponto que fiquei três dias e noites inteiras sem dar um único cochilo por causa da tosse constante. Ontem (01) em pleno aniversário da minha mãe eu estava no meu limite, cansada de tossir, de não dormir e, para piorar, meu olho direito estava super inchado e com uma secreção amarelada/esverdeada o que me deixou ainda mais estressada ao pensar que era conjuntivite.

Vendo minha agonia, minha mãe me levou até um médico para ser consultada e, caso fosse necessário ao oftalmo também. Passei boa parte da manhã na clínica a espera de ser atendida, o médico deu a entender que eu estava com uma forte alergia (a que eu não tenho ideia) meu olho estava inchado daquela forma pelo tempo em "alerta" sem dormir (graças ao Pai não era conjuntivite!) então ele me passou uma injeção, um antialérgico e um calmante para dormir.

Cheguei em casa muito grogue porque antialérgicos causam muito sono, dormi boa parte do dia, acordei para almoçar e dormi de novo. A noite depois de tomar o calmante e o antialérgico eu quase entro em coma e por sorte consegui descansar. Hoje eu dormi boa parte do dia também, a sensação constante de cansaço e a cabeça pesando muito. Mas me sinto um pouco melhor, apenas a garganta ainda dói, os ouvido ainda estão meio entupidos e um pouco de corisa. A tosse diminuiu bastante graças a Deus porque eu não aguentava mais tossir.

Então, por esses dias eu vou estar retomando minhas atividades, vou reordenar minhas coisas e tentar voltar à minha rotina de antes. Senti que devia dar essas satisfações a vocês que acompanham meu blogzinho, obrigada por isso. As resenhas finais do mês passado serão postadas por essa semana com a data do dia 30 de setembro que era como deveria ter saído. 

Abração e até a próxima!