domingo, 20 de agosto de 2023

[Livro] O Castelo Azul

Original: The blue castle

Ano: 1926

Autora: L. M. Montgomery

Gêneros: Romance, Ficção, Romance de amor

Páginas: 256

Sinopse: Valancy Stirling tem 29 anos, é solteira e nunca se apaixonou. Sua vida é um marasmo. Vive com a mãe autoritária e a tia intrometida, numa rotina exasperante. Sua fuga é ler os livros proibidos de John Foster e seus devaneios sobre o Castelo Azul um lugar onde todos os seus sonhos se tornam realidade e ela pode ser quem realmente quer ser. Depois de receber do médico o diagnóstico de que tem uma doença terminal, ela se rebela contra a família e descobre um mundo novo e surpreendente, cheio de amor, alegria e aventuras, muito além de seus sonhos mais secretos.

Me surpreendi com o quanto eu gostei desse livro. Foi um dos meus presentes de aniversário — e já aproveitei para trocar alguns ebooks da minha meta de leitura como uma forma de poupar minha visão — e também meu primeiro contato com essa autora. Gente, que livro gostosinho, passa tão depressa que a gente nem sente que está lendo, fica envolvido na história e na torcida por aquela personagem.

Valancy é uma jovem de vinte e nove anos que perdeu completamente a esperança de se casar. Relegada ao ostracismo, ela precisa sofrer a repressão de uma família hipócrita, rígida e cruel, que não lhe permite se expressar e nem viver. Tudo que Valancy conheceu foi a amargura de ser rejeitada e sempre comparada com sua bela e brilhante prima Olive. 

Porém, toda a sua vida monótona e triste muda quando ela recebe a notícia de uma angina com aneurisma no seu coração que lhe dará, no máximo, um ano de vida se ela evitar emoções extremas. Repensando toda a sua trajetória naqueles vinte e nove anos, Valancy se depara com uma existência vazia onde ela nunca fez nada por si mesma. Assim, como já não tem mais nada a perder, gente, essa mulher chuta o pau da barraca bonito e a gente aplaude de pé, porque a família dela era escrotíssima.

Livre, Valancy decide ir ajudar uma velha amiga de escola que está morrendo e, nessa nova vida, descobre coisas importantes sobre si mesma, além de se aproximar de Barney Snaith, um jovem rebelde que mora numa ilha e tem péssima reputação na cidade. Contudo, ela nunca acreditou nos rumores sobre ele e estava mais do que feliz por poder conhecê-lo melhor.

Quando sua amiga morre, Valancy não vê outra alternativa a não ser pedir a Barney que se case com ela. Era a única maneira de não voltar para casa. Ele aceita, ciente da sua condição. Mas a vida tem outros planos para os dois e mesmo a morte pode ser um gatilho muito válido para o amor.

Sabe aqueles livros docinhos e bem humorados que parecem ter entrado em extinção? Pois é, esse é um deles. Eu gostei tanto de ler, é gostosinho, faz a gente pensar sobre um bocado de coisas sem ser pedante e tem aquele quê de Jane Austen, só que menos ácido e mais suave. Eu gostei tanto do romance, consegui desvendar boa parte do mistério antes, mas não interrompeu minha euforia.

Gente, sério, se tiver a oportunidade de lerem esse livro, leiam! Vocês não vão se arrepender.

[Donghua] Love Between Fairy and Devil

 Original: 苍兰诀

Ano: 2022

Gênero: Comédia, Fantasia

Episódios: 24

Sinopse: O antigo demônio, Dongfang Qingcang, que foi suprimido por mil anos, volta aos três mundos e inicia uma guerra entre imortais e demônios no momento em que renasce. Para escapar, o lorde demônio troca de almas com a imortal Lan Hua, que tem dificuldade em controlar seu poder mágico e acidentalmente mata seu corpo imortal. Desesperados, os dois embarcaram em uma jornada para encontrar um novo corpo. Ao longo do caminho, os dois experimentaram todos os tipos de coisas, brigas e brincadeiras, e Lan Hua começou a desenvolver sentimentos por Dongfang Qingcang, mas mal ela sabia que, durante todo esse tempo, Dongfang QingCang apenas a usou como uma ferramenta para ressuscitar o antigo deus. da guerra Chi Di, e sob a calma uma conspiração maior também é silenciosamente realizada...

Onde encontrar: Wei Fansub

Quando saiu o drama desse anime eu não podia entrar em nenhuma rede social que estava todo mundo falando. Longe de mim dar spoiler aqui, mas o negócio é que eu esperei ele terminar e fui lá ver o final porque não sou obrigada. E, não gostei. Pois é, não interessa se a história é toda boa, se eu não gostar do final não vou ver. Simples assim. 

Contudo, quando vi que o Wei tinha traduzido o donghua desse drama decidi dar uma chance, tanto pela curiosidade com a história quanto para ver se o final da animação ia ser tão ruim quanto o do drama. Bem, não foi, mas também está longe de ser bom. Isso porque o donghua não tem final. Claro que não tem, já que vai ter outra temporada.

A história, para alguém que como eu não surtou para ver nem drama nem anime, gira em torno do lorde demônio Dongfang Qingcang, ele estava tocando o terror nos reinos e acabou sendo suprimido e selado pela deusa Chidi, que deu sua vida para trancar o causador de encrenca multipoderoso. Só que esse selo tem prazo de validade, e quando está prestes a enfraquecer, galera dos céus se unem para fortalecer, mas é claro que dá errado e ele escapa com sucesso, voltando a causar o caos, embora seus poderes ainda não tenham se recuperado totalmente.

No meio da briga, o espírito de flor chamado Lan Hua, que havia finalmente conseguido chegar à forma humana, por algumas circunstâncias acaba bem no meio da batalha e é atacada pelo lorde demônio que, na tentativa de roubar sua vitalidade, morde ela (sim, like a vampire), mas o negócio acaba dando muito errado e os dois são presos. Quando finalmente acordam da surra, Lan Hua descobre que eles trocaram de corpo.

Para resolver a situação bem ruim, eles precisam escapar da prisão. Para isso, Dongfang solta outro prisioneiro que pode ajudá-los a sair se esperar o momento certo. Mas de novo, algo dá muito errado e Lan Hua acaba perdendo seu corpo e ficando trancada com Dongfang no corpo do lorde demônio. Não fosse ruim o suficiente ele ainda acaba perdendo o corpo dela. Agora, na busca de fazer um novo corpo para ela, os dois embarcam em uma jornada para reunir algumas coisas enquanto enfrentam algumas dificuldades pelo caminho e se aproximam.

Vou ser sincera com vocês, o anime em si não é ruim, até deu para dar umas risadas em alguns momentos, mas meu problema foi com a protagonista, gente, tinha hora que eu só queria que o Dongfang queimasse essa menina e jogasse as cinzas dela no oceano. Sério, ela era muito chata. Não sei se por eu estar pouco acostumada a ver donghua (isso porque a maioria é em 3D e eu não suporto), mas os poucos que vi não tinham garotas tão chatas.

O anime não me deu a menor vontade de ir atrás do drama. Então poucas chances de eu assistir. Até porque ultimamente não tenho tido vontade de assistir nada. Tem umas cenas boas, vale o entretenimento, mas já vi melhores. Então deixo a recomendação a cargo de vocês.


sábado, 5 de agosto de 2023

[Livro] A Maldição do Mar

Original: The Wicked Deep

Autora: Shea Ernshaw

Gêneros: Ficção, Fantasia sombria, Fantasia paranormal

Ano: 2021

Sinopse: Quando corpos de garotos começam a aparecer no litoral da cidade de Sparrow, alguns moradores se perguntam se a antiga lenda sobre as bruxas vingativas seria verdade. Mas até onde essa caça às bruxas pode levar?

Há dois séculos, três irmãs foram condenadas à morte por, supostamente, cometerem bruxaria. Pedras foram amarradas em seus tornozelos, e elas morreram afogadas nas águas profundas que margeiam a cidade. Agora, por um breve período de tempo – a cada dia primeiro de junho até o solstício de verão –, diz a lenda que as irmãs retornam, roubando os corpos de três meninas para que, por meio deles, possam buscar sua vingança, seduzindo e afogando meninos até a morte. Como muitos habitantes locais, Penny Talbot, conhece a lenda de cor.

Mas, neste ano, quando a cidade se prepara para o anual retorno das irmãs, um rapaz desconhecido, Bo Carter, chega à cidade buscando suas próprias respostas. E Penny o acolhe. Mas quando corpos de meninos locais começam a aparecer no litoral, o clima de desconfiança e medo atinge a cidade, dando início a uma verdadeira caça às bruxas.


"O amor é uma feiticeira insidiosa e selvagem. Ela espreita, suave e gentil e silenciosa, antes de cortar a sua garganta."

Minha irmã comprou esse livro despretensiosamente pela capa nas Americanas em nossa última visita lá. Como estava um pouco deficiente de livros físicos na meta desse ano e não sou adepta de e-books (mas com o preço dos livros é o jeito), acabei substituindo por um dos e-livros na minha lista. Confesso, foi a melhor decisão que tomei!

No começo, foi muito difícil me concentrar e mergulhar na leitura porque eu tinha acabado de ler Mo Dao Zu Shi e, meus queridos, depois que se lê essa novel você não quer saber de nada além de pegar o primeiro livro e começar tudo de novo sem se cansar. Então, os primeiros capítulos passaram meio como uma névoa diante da minha ressaca literária (raríssimo ter ressaca duas vezes com o mesmo livro, mas aconteceu, amo essa novel).

Então, a história é narrada por Penny Talbot, uma garota que vive numa ilha próxima à cidade costeira de Sparrow no Óregon. Todo ano, essa cidade promove um festival relembrando um sombrio acontecimento duzentos anos atrás quando três jovens foram acusadas de bruxaria e condenadas a morte por afogamento. A partir daí, todos os anos, incapazes de descansar em paz, elas voltam para se vingar, afogando garotos na baía. Vários turistas se reunem em Sparrow todos os anos para presenciar o mortal acontecimento, mesmo com suas próprias vidas correndo risco.

Penny não gosta de nada disso. Pior, ela teme mais que qualquer coisa ser uma das possuídas por uma das irmãs Swan e, com isso, acabar matando alguém. O pai de Penny desapareceu anos atrás e, desde então, ela cuida de sua mãe com saúde instável pela dor da perda. Nesse ano, por insistência de sua melhor amiga, ela acaba indo à abertura do festival e acaba encontrando Bo, um misterioso garoto que apareceu na cidade em busca de trabalho. Por fim, após um incidente, ela decide admiti-lo na ilha para cuidar do Farol.

Conforme as mortes vão acontecendo e Penny vai escondendo mais e mais segredos de Bo, que igualmente mantêm suas intenções ocultas, ambos começam a investigar as mortes e uma verdadeira caça as bruxas recomeça para descobrir quais garotas estão possuídas. Nenhum garoto está a salvo e todas as meninas são suspeitas. Bo e Penny se sentem mais atraídos um pelo outro, mas talvez esses sentimentos não sobrevivam aos segredos que ambos escondem.

A narrativa é simples, poética e fluida, os acontecimentos vão e vem entre passado e presente enquanto as verdades se descortinam à nossa volta e a autora soube usar muito bem a subjetividade da primeira pessoa para fazer plot twists realmente impactantes. O desenrolar é instigante e apesar de ter achado o final um pouco agridoce, gostei muito do desenrolar da trama.

Personagens cinza que nos despertam sentimentos duais. Nesses momentos fico pensando quão importante é estudar ética, diante de alguns dilemas, somos colocados como juízes de quem vive e quem morre. Como mulheres foram julgadas porque os homens de uma cidade tinham caráter ruim o bastante para trair suas esposas e, por não se conformarem numa época que desquite era abominável, muito mais fácil acusar forasteiras de bruxaria por serem bonitas e inteligentes. Ainda assim, o fato em si seria justificável para tirar outras vidas inocentes sem qualquer ligação com aquelas pessoas?

Sério, vale muito a pena a leitura. Romances trágicos, suspense, mitologia e mistério. A combinação perfeita para um livro.

[Filme] Suzume no Tojimari

Original: すずめの戸締まり

Diretor: Makoto Shinkai

Ano: 2023

Gênero: Aventura, Drama, Fantasia

Sinopse: Conta a história duma adolescente de 17 anos e a sua jornada através de um Japão devastado por várias calamidades e onde ela terá de fechar as portas que causaram estes desastres.

Quando anunciaram esse filme, do mesmo diretor de Kimi no Nawa, fiquei curiosa, mas não estava com muitas expectativas porque fui com muita sede ao pote no outro e não achei isso tudo além da fotografia espetacular. Demorou um bocado para conseguir achar um e, como esperado, foi muito bom, mas prometeram mais do que ofereceram. Isso, claro, analogias a parte.

Não vou entrar no mérito das metáforas usadas no filme, mas falar dele como história, minha experiência como expectadora. A história acompanha Suzume, uma adolescente que, em seu caminho para a escola, encontra um misterioso e belo rapaz. Este lhe pergunta se sabe onde fica alguma ruína na cidade, ela lhe indica uma direção e segue seu caminho, mas, incapaz de tirá-lo da cabeça, e curiosa a respeito, acaba seguindo-o até as ruínas. Contudo, ao invés dele, ela encontra uma porta. 

Curiosa, Suzume abre a porta e, sem saber, liberta o selo que a manteria fechada, liberando um mal terrível sobre o Japão. Ao tentar fechar a porta, o rapaz acaba ferido e é amaldiçoado pelo selo, se transformando em uma cadeira que a falecida mãe de Suzume havia feito para ela na infância. Agora, para ajudá-lo a quebrar o sortilégio, ela vai embarcar em uma jornada buscando todas as portas para trancá-las enquanto persegue o selo e descobre mais sobre o dia que sua mãe se foi.

Apesar de parecer bem a cara daqueles filmes japoneses de jornada e autoconhecimento, Suzume no Tojimari é, sobretudo, um filme sobre luto. O sentimento de perder alguém importante para nós e o que acontece quando reprimimos esses sentimentos, afastando-os para os fundos da nossa mente ao invés de encará-los, nos permitir vivenciar o momento e entendê-lo. A porta de Suzume era o medo de encarar a perda da mãe, como ela se fez esquecer os eventos daquele dia, trancando-os dentro de si e alimentando um monstro muito maior.

Se pensarmos que o diretor afirmou ter escrito o roteiro durante o período de isolamento social da COVID-19, podemos ter uma visão ainda mais clara das metáforas do "monstro" e do luto que é invisível para todos aqueles que não o sentem ou apenas o ignoram. Obviamente essa é uma leitura minha, o filme permite e abre margem para várias interpretações e possibilidades. 

Embora não tenha sido nada do que eu estava esperando, Suzume no Tojimari é um filme marcante, tem uma trilha sonora irretocável tal como a fotografia sublime de Shinkai, além de toda a magia poética de sua narrativa sensível que dosa bem comédia, drama, romance e fantasia puxando reflexões enquanto encantam nossos olhos. Recomendo.