terça-feira, 30 de novembro de 2021

[Livro] Dilúvio (Resenha COM SPOILERS)

 

Título Original: Waterfall

Autor: Lauren Kate

Ano: 2015 

Páginas: 308

Sinopse: Com apenas uma lágrima, Eureka inundou o mundo e deu início à ascensão de Atlântida. Se derramar mais duas, nada impedirá o maligno rei Atlas. Herdeira da Linhagem da Lágrima, ela é a única capaz de detê-lo, e precisará atravessar o oceano para encontrar Solon, um Semeador foragido que sabe como enfrentar o rei.

Mas a revelação que o amor de Ander e Eureka faz o menino envelhecer mais rapidamente a faz se sentir ainda mais incapaz de vencer Atlas. Se continuarem juntos, ele morrerá em breve.

Agora Eureka precisa se reconciliar consigo mesma e com o que seu sofrimento causou ao mundo. E um segredo sobre a Linhagem da Lágrima pode mudar tudo... passado, presente e futuro. Com esse conhecimento, ela é capaz de conseguir a chave para derrotar Atlas. Mas seu coração partido pode pôr tudo a perder.

Esse ano tive por meta não ter meta. Queria ler aleatoriamente livros que me dessem vontade e sem me preocupar com atualizações ou prazos. Já tinha um tempo que eu percebera estar lendo por certa "obrigação" e não pela real vontade de desfrutar de um livro. Contudo, meu plano parece não ter dado muito certo, apesar de só ter escolhido realmente o que me deu na telha e passado por algumas ótimas experiências, das 27 leituras de 2021, grande parte das páginas foram sofríveis de ler. Acho que funciono melhor fazendo cronogramas como fazia até então, depois de velha talvez tenha aprendido a valorizar organização.

Dilúvio foi uma decepção sem precedentes, minha segunda com a Kate esse ano, a primeira foi A Canção da Órfã que abandonei quase na metade, este, porém, ainda pretendo dar outra chance, talvez tenha pego em um mau momento ou não ser adulta suficiente para entender para entender a proposta do "livro adulto" da autora. Mas Essa duologia da lágrima não dá para salvar não. Me forcei a ler Teardrop de novo esse ano, pois havia lido pela primeira vez em 2013 se não me engano e já boa parte da história havia sido esquecida em detalhes. O primeiro livro, aquém de alguns problemas, não é de todo ruim, traz uma boa proposta que, infelizmente, não é aproveitada nessa sequência sofrível. Concordo completamente com uma leitora no Skoob que diz que "a autora se perdeu completamente. Nada faz sentido, nada se conecta, a autora parece que esqueceu o que escreveu no primeiro livro." É um fato.

Já começamos pela problemática que comentei na releitura do primeiro livro, esse romance descabido de Eureka com Ander que não tem qualquer base. É muito história da Disney, sabe? Ela não conviveu com ele, não o conhece, não sabe praticamente nada dele, mas acha que o ama com tudo que tem. Se isso fosse uma crítica à frugalidade e impulsividade adolescente eu super concordaria, mas a autora parece levar realmente a sério que os dois estão apaixonados quando ela passou trezentas páginas no primeiro livro sem oferecer base nenhuma para esse suposto sentimento. Eles se amam por quê? Por que estão ligados pela maldição dos seus ancestrais? Gente, não dá. Eles trocam dez diálogos o livro todo e estou chutando alto, para ela vir dizer que se amam, pelo amor de Deus!

O segundo volume começa de onde o primeiro terminou, Eureka, o pai, Ander, Cat e os gêmeos, ainda por causa do aerólito, estão submersos tentando encontrar a localização de Solon, o semeador que pode ajudá-los a parar a bagunça que ela começou e lutar contra Atlas que está no corpo de Brooks. Entra em cena as bruxas que mantêm a caverna de Solon protegida com feitiços para impedir que os outros semeadores o encontrem em troca de borboletas que ele cria e é forçado a dar elas por pagamento. Esse ponto me lembra muito aquela série da Serena Valentino com aquelas irmãs bruxas que, sendo franca, eu acho um pé no saco, mas não vem ao caso aqui. Essas também são irmãs, chatas e falam por enigmas. Fazendo um resumo bem básico, quando chegam à superfície, Eureka se separa dos demais e o pai acaba sendo gravemente ferido, o mundo virou um mar salgado que acabou com tudo e as poucas pessoas que sobreviveram não tem recursos, nem comida, nada.

Solon, em sua caverna, trabalha com dois assistentes que fazem parte de uma comunidade miserável de sobreviventes. Contudo, ele tem secretamente um estoque de comida, pois vinha se preparando há anos para o novo dilúvio. Com a ajuda das bruxas, Eureka e os outros conseguem chegar à caverna dele só para descobrir que ele é um babaca (nada de novo no reino da Dinamarca), mas acaba aceitando ajudá-los. Nesse entremeio, Eureka descobre que Atlas anda rondando a caverna, mas ao invés de ficar longe ela, contrariando todos os conselhos e na ilusão ridícula que Brooks pode ser salvo, insiste em mantê-lo por perto. Sério, o romance entre ela e o melhor amigo soa mais verossímil que esse amor sem fundamento por Ander. Para piorar, ela ainda descobre que o "amor" que une Ander a ela o faz envelhecer, então ele vai ficar velho mais rápido, sofrer todas as dores da idade muito avançada sem nunca morrer de fato e o único jeito de parar isso é deixando de amá-la ou ela morrendo.

Depois disso ela tem um surto e começa a afastá-lo da forma mais infantil. Nesse ponto do livro eu já não tinha paciência para a página seguinte que dirá o capítulo. Um dos assistentes de Solon descobre que ele tem comida escondida, rouba um pouco e leva para a aldeia onde conta para todo mundo. A caverna é então invadida por uma multidão furiosa e faminta que destrói tudo e a anciã da aldeia acaba por matar o pai de Eureka na frente dela, a menina tem outro surto e mata a velha espancada (literalmente com as próprias mãos). Uma cena bárbara que, apesar do possível propósito da autora, achei desnecessária. A partir disso ela começa a encher linguiça com uma protagonista sem foco, sem objetivo claro que parece não ir a lugar nenhum  e não ter outro motivo para existir além de testar nossa paciência.

A mitologia de Atlântida é mal explorada tanto quanto as próprias personagens, não explicada praticamente nada de Atlas, muitas perguntas sem resposta e um desfecho que pelo amor de Deus, foi ridículo de tão absurdo. Chamar o fim desse livro de deus ex-machina seria um elogio. O que foi aquilo de os gêmeos ficarem sob os cuidados de Esme (uma das bruxas) após perderem os pais de forma brutal na frente deles duas vezes, Cat vira uma bruxa quando no começo tudo que ela queria era saber o que aconteceu com família, mas depois se conforma tão rápido que não fez o menor sentido, a morte do Poeta não influiu, contribuiu ou emocionou em nada; mas principalmente o destino de Eureka e Brooks que morrem e vão viver felizes como se nada tivesse acontecido. Terminei me sentindo uma palhaça, sendo honesta com vocês. Tudo se resolve muito rápido depois de ela encher linguiça no livro inteiro deixando um meio enorme, cheio de sub-plots mal desenvolvidos e, a meu ver, desnecessários, numa prosa maçante, sem saber para onde vai.

Eu fiquei tão frustrada depois desse livro que não consegui ler mais nada. Tanto é que terminei em outubro, mas só estou fazendo a resenha agora e de lá para cá não li nada. Cansativo, estressante e me mostrando mais uma vez que não vale a pena insistir em leituras que não fluem, muito melhor abandonar o livro. Acho que foi a pressão que fez Lauren Kate desperdiçar uma ideia tão boa dessa maneira esdrúxula. Me recuso a acreditar que ela escolheu escrever algo tão ruim. Claro que esse é apenas meu ponto de vista, não é uma declaração mundial que a obra é ruim, e ainda há rumores que virá um terceiro livro, me pergunto "por que diabos ela ainda esticaria isso?" Não quero nem passar perto de mais páginas dessa história. Quem gostou da história, tenha meu respeito, ou eu li o livro errado ou não sou empática o bastante para gostar desses personagens.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

[Drama] My Love from The Star (Filipino)

País: Filipinas

Idioma: Tagalo

Episódios: 31

Gênero: Fantasia romântica; Comédia dramática

Baseado em: My Love from the Star (2013) por Park Ji-eun

Roteiro: Des Garbes-Severino; Vendas Onay; Kutz Enriquez

Direção: Joyce E. Bernal

Elenco: Jennylyn Mercado; Gil Cuerva

Sinopse: 400 anos atrás, a nave espacial de Matteo pousou na Terra. Desde então, ele vive na Terra enquanto espera ansiosamente por seres de seu planeta para levá-lo de volta para casa. Três meses antes de sua esperada partida da Terra, ele encontra Steffi. No início, eles não se dão bem, mas eventualmente terão sentimentos um pelo outro e se apaixonarão.

Onde encontrar: Em breve no Mahal Dramas Fansub

Esse também pode ser chamado como "drama do Jacob Black filipino".

Não vi a versão coreana (e original) desse projeto, de modo que minha visão aqui vai ser voltada apenas para essa adaptação sem comparativos.

Steffi Chavez é a maior estrela das filipinas, uma talentosa atriz amada por todo o país, contudo, inteligência não é o forte dela que conta mais com a sua beleza e talento para incorporar papéis que com sua bagagem intelectual. Em uma postagem nas redes sociais onde ela faz um comentário infame, acaba se tornando chacota de todo o país sendo chamada de burra. Isso faz com que a empresa que a representa, como forma de preservar a imagem dela, a obrigue a voltar para a escola. Enquanto todo caos se desenrola, ela está se mudando para um condomínio novo e, ao chegar, se depara com um jovem rapaz no elevador. Narcisista como é, ela o confunde com um fã seu e o acusa de a estar perseguindo, o rapaz não rebate as acusações nem dá muita bola para ela, só então Steffi descobre que ele é, na verdade, seu vizinho e mais tarde, também seu professor de história, Matteo Domingo.

Tentando conciliar a vida de artista com a de estudante, Steffi não se sai muito bem, especialmente porque Matteo não dá folga para ela e nem facilita sua vida como ela gostaria. Ao lado dela, além de seu assistente, está sua melhor amiga Lucy e seu amigo e pretendente Winston. Lucy também é atriz, mas só consegue papéis coadjuvantes sendo sempre ofuscada por Steffi, ela nutre um amor secreto por Winston desde a escola, mas o jovem herdeiro sempre teve olhos apenas para Steffi que nunca lhe deu bola. Isso faz com que Lucy guarde um rancor também secreto da amiga que sempre a tratou com carinho e sinceridade. A mãe de Steffi é uma mulher arrogante, ambiciosa, fútil e usa a carreira da filha para aparecer, ela sempre coloca Steffi para baixo, diminuindo-a e criticando-a, mesmo seu irmão, Yuan, é distante apesar de gostar muito dela.

Na adolescência, Steffi foi salva da morte por um misterioso homem cujo rosto ela não se lembra, mas sonha em um dia reencontrá-lo. Em contrapartida esse homem, que é Matteo, traz em seu coração uma jovem que conheceu durante a ocupação espanhola nas Filipinas e que foi morta tentando salvá-lo. Ele não sabe, a princípio, que Steffi é a "reencarnação" dessa garota. Quando ele tem uma visão que ela sofrerá um sério acidente em um barco, tenta de tudo para que ela não vá a uma festa de casamento que ocorrerá em um cruzeiro, mas seus planos dão errado. Nesse cruzeiro, Rachel, uma rival de Steffi na indústria, acaba desaparecendo e é encontrada morta, a culpa do assassinato - julgado como suicídio no começo - recai sobre Steffi que começa a ganhar o ódio nacional e perde seus patrocínios. Sua carreira afunda completamente e, de repente, ela se vê sozinha.

Sua relação com Matteo se estreita quando ela é forçada a se esconder na casa dele por causa de um grupo de repórteres que acampa na frente do seu apartamento. Mesmo contrariado, ele decide ajudá-la e apesar da convivência dos dois não ser boa no começo, ele passa a se preocupar com ela. Winston, ao contrário de todos os outros, é a única pessoa que permanece ao lado dela e lhe oferece apoio e conforto. Lucy aproveita a oportunidade da queda da amiga para fazer sua carreira decolar e ocupar o lugar que antes pertencia a Steffi. Com isso, ela acha que conseguiria também a atenção de Winston, mas não é o que acontece, ele se torna ainda mais devotado da amiga. A investigação da morte de Rachel avança em passos lentos, a vida de Steffi começa a correr perigo e Matteo acaba se tornando uma espécie de guarda-costas para protegê-la. Mas seus dias na terra estão contados, ele precisa voltar para seu planeta ou vai acabar morrendo, qual será o destino de Steffi?

Confessar pra vocês que eu não vi a versão original desse drama, no caso a coreana, porque minha irmã assistiu e não gostou do final, então acabei tirando da minha lista. Contar para vocês que se assistir 16 episódios foi sofrível para minha irmã, ver 31 para mim foi suplicioso. Tenho de admitir que a Jennylyn Mercado é uma boa atriz, ela sabe fazer cenas dramáticas bem e apesar da parte de comédia parecer mais um pastelão vergonha alheia que algo realmente engraçado, ela encarna bem a personagem, o mesmo não pode ser dito do Gil Cuerva que, a meu ver, parecia um tanto robótico a maior parte do drama, como se estivesse desconfortável. Ele não tinha a menor química com a atriz e o roteiro não contribuiu em nada com isso. Vendo esse drama me remeti muito aos doramas que assistia no começo da minha vida dorameira, aqueles triângulos amorosos irritantes em que a protagonista sempre escolhia o cara chato ao invés de ficar com aquele que a tratava bem. Nunca consegui entender isso.

Por mais que o roteiro insista naquela ideia de que a Steffi gosta do Matteo desde que ele a salvou e que o Matteo passa a gostar da Steffi quando se inteira do mundo dela, gente, não colou comigo. Sério, ele passa a série toda sendo rude ou ambíguo com ela, o tempo todo a pessoa lá dando apoio e se mostrando verdadeiramente amigo dela é o Winston. Em determinado momento do drama, eu tava shippando ela mais com ele do que com o Mateo, de verdade. Por mais que as interações dela com o Matteo tentassem soar fofas, elas só vieram acontecer de fato perto do final do drama de maneira real e já quando ele estava com um pé na lua ou seja lá onde ele morava. Então mesmo que os roteiristas tentassem fazer a gente comprar o casal, eles não foram desenvolvidos como tal, parecia bem mais uma espécie de obsessão do que de fato amor. Uma construção notável foi a do Jackson, o antagonista, o ator encarnou tão bem o papel que ele era mesmo asqueroso, dava nojo olhar pra ele.

Gostava muito do Winston, apesar de no começo da narrativa ele ter sido um pouco chato, com o passar da trama ele evolui muito e a lealdade dele à Steffi além do sofrimento que ele passa ao descobrir as coisas horríveis que Jackson fez, me despertaram real empatia pelo personagem, tanto que por isso eu não queria mesmo que ele ficasse com a Lucy, ela não merecia ele, era uma falsa, cínica e duas caras. Por vezes, a narrativa se mostrava um pouco arrastada e dava a impressão que o drama não ia terminar nunca. Algumas atuações eram ainda piores que a do Matteo, como a mãe do Winston, sério, em alguns momentos eu chegava a rir de quão péssima a atriz era. Não sei se era a personagem ou a atriz, mas a Lucy mesmo sendo boa nas lágrimas era insípida. O campanga de Jackson, tal como o Gil, era meio robótico também. Os efeitos especiais desse drama são bem... rústicos, coloquemos assim, o que só mostra que as Filipinas não estavam prontas para um projeto desse porte.

Como falei, não posso fazer comparações com o original, descobri que há a versão tailandesa desse drama, mas não consigo suportar mais um segundo dessa história, sério. O final foi agridoce, segundo conversei com a minha irmã, foi até melhor que o original por mostrar alguns detalhes extras como um casamento. Contudo, não foi inteiramente feliz e quem viu o coreano deve saber. Num cômputo geral, eu dou um 6/10 para o drama e estou sendo gentil.