sexta-feira, 29 de abril de 2022

[Anime] Horimiya

 Original: ホリミヤ

Ano: 2021

Gênero: Comédia, Romance, Slice of Life

Episódios: 13

Sinopse: Embora seja admirada na escola por sua amabilidade e proeza acadêmica, a estudante Kyouko Hori esconde outro lado dela. Com os pais muitas vezes fora de casa devido ao trabalho, Hori tem que cuidar do irmão mais novo e fazer as tarefas domésticas, não deixando chance de socializar fora da escola. Enquanto isso, Izumi Miyamura é visto como um otaku taciturno de óculos. No entanto, na realidade, ele é uma pessoa gentil, incapaz de estudar. Além disso, ele tem nove piercings escondidos atrás de seu cabelo comprido e uma tatuagem nas costas e no ombro esquerdo. Por mero acaso, Hori e Miyamura se cruzam fora da escola - nenhum parecendo o que o outro esperava. Esses opostos aparentemente polares tornam-se amigos, compartilhando um com o outro um lado que nunca mostraram a ninguém.

Não me lembro quem foi me indicou esse anime, mas se você lê o meu blog saiba que eu te agradeço imensamente por isso! 

A história gira em torno de Miyamura Izumi, um jovem solitário e silencioso que é visto por todos como estranho e deprimido além de ter toda a aparência de um nerd otaku: óculos, cabelo grande, sempre vestindo o uniforme completo e lendo livros. Enquanto Hori Kyouko é seu completo oposto: popular, sociável, excelente aluna, linda e amada por todos. Contudo, a bela Hori-san esconde um pequeno segredo, o fato de ela nunca ir com os amigos para lugar nenhum é porque seus pais trabalham demais e ela acaba sendo responsável pela sua casa e seu irmão mais novo, Sota. E Izumi, ao contrário da sua pose de nerd otaku, na verdade não é tão nerd assim e gosta de se vestir como um punk com vários piercings e tatuagens.

O destino trata de colocar esses dois juntos quando Sota acaba caindo na rua e é ajudado por Izumi, que o leva para casa. O encontro não podia ser mais estranho quando ambos se deparam com suas verdadeiras naturezas e acabam se tornando amigos. A sensação de conforto que sentem na presença do outro vai evoluindo cada vez mais ao ponto de inibições que seriam comuns entre garotos e garotas não ser um problema entre eles. Aos poucos, os sentimentos também evoluem para alguma coisa maior e Izumi vai se descobrindo com amigos e uma namorada estranha, mas adorável.

Fazia muito tempo que eu não via um anime que me deixasse tão apaixonadinha desse jeito. Dei muitas risadas com esses dois, por conta da minha visão, acabei assistindo dublado (embora sempre prefira legendado, mas estou tentando pegar leve com meus olhos) e exalto a dublagem dele porque, a meu ver, ficou muito boa. Torci muito pro Izumi e a Hori, mais ainda pelos amigos deles que, infelizmente, acabam meio sem oficializar. São personagens adoráveis com tramas que mesmo sendo até bobas algumas vezes, faz a gente sentir na pele o que é adolescente, mas, sobretudo, a mensagem de autoaceitação e a evolução do Izumi ao longo da história é lindo e tocante de assistir.

Para os fãs de shoujos como Kaichou wa Mei Sama, Kimi ni Todoke e Suki tte Iinayo (além de tantos outros) Horimiya vem com um frescor novo que não deixa em nada a desejar para histórias "clássicas" que conhecemos e amamos. Recomendo demais!

quarta-feira, 27 de abril de 2022

[Livro] A traição de Natalie Hargrove

 

Original: The Betrayal of Natalie Hargrove

Autor: Lauren Kate

Ano: 2015

Páginas: 239

Gêneros: Ficção

Sinopse: A traição de Natalie Hargrove é uma história atual, inspirada no clássico de Shakespeare, Macbeth. Natalie mataria por uma chance de ser coroada a rainha do baile de Palmetto High. Mas Mike King, seu namorado, não parece tão empolgado para ser rei, e pode perder essa honra para o maior inimigo de Natalie, o irritante Justin Balmer. Determinada a impedir que isso aconteça, ela tem uma ideia de um trote perfeito para colocar Justin em seu devido lugar, e convence Mike a ajudá-la. Aproveitando que Justin estava bêbado e vestido de mulher após uma festa à fantasia, eles o amarram inconsciente no presépio da igreja. Tudo parece muito engraçado, até a manhã seguinte, quando percebem que Justin está morto. E a partir daí, eles se envolvem numa perigosa trama para esconder seu segredo.

Como diz na própria sinopse, o livro é inspirado em Macbeth de Shakespeare, como não li essa peça, vou me ater aqui ao livro como um produto isolado e sem relação com a obra clássica já que eu não tenho nenhum conhecimento sobre para fazer comparações. 

A história acompanha Natalie Hargrove, filha de uma alpinista social alcoolatra, que vive escondendo seu passado de pobreza. Ela estuda na Palmetto High e namora Mike King, um dos herdeiros mais cobiçados. Tudo com o que Natalie se importa além da sua popularidade de veterana é com a coroa de princesa do bile que, nessa cidade toda, é levada muito a sério. Seu namorado, todavia, não compartilha de suas ambições apesar de apoiá-la.

Em seu caminho para o trono só se encontra um empecilho: Justin Balmer, um herdeiro mulherengo com quem Natalie teve uma história no passado que não quer lembrar. Ela está disposta a tudo para tirar Balmer do caminho de Mike como príncipe, então, em uma festa, os dois aprontam um trote com o garoto que acaba dando muito errado e resultando na morte dele.

O choque da descoberta deixa a relação entre Natalie e Mike abalada, enquanto ele luta contra o remorso, ela procura todos os meios para livrá-los da culpa e garantir que a coroação continue sem problemas. Aos poucos, Natalie vai perdendo a si mesma e Mike vai desvendando a garota que se esconde sob a máscara de perfeição que ele achou conhecer nos últimos cinco anos.

Amigos e inimigos se confundem quando o passado de Natalie volta para assombrá-la e seu crime está prestes a ser exposto. Sozinha e sem ter ninguém em quem confiar, ela vai precisar arranjar uma saída para o problema que criou.

Estou cogitando seriamente nunca mais ler nada de Lauren Kate, percebi que o estilo de histórias dela e o meu gosto literário não combinam. Esse é o terceiro livro que eu tento ler dela além do Fallen e não tem se mostrado muito promissor. 

Natalie Hargrove é uma personagem chata, mas ela se difere das demais protagonistas de Kate no aspecto que ela não tem nenhuma qualidade, a menina é manipuladora, mentirosa, falsa, narcisista, nem mesmo o pasasdo dela sendo problemático me ajudou a ter uma gota que fosse de empatia pela personagem e não fiquei nem um pouco tocada com o final dela, me foi totalmente indiferente. Mike King, por sua vez, apesar de ser aquele tipo de garoto bem apático diante da maior parte das situações ainda conseguiu despertar pelo menos uma ínfima dose de simpatia, embora eu tenha achado a lerdeza dele irritante.

As demais personagens eram um bando de adolescentes com muito dinheiro e pouca ocupação cujos cérebros pareciam girar em torno de festa, bebida, sexo e baile. Os adultos que aparecem não depoem em nada a seu favor, um policial assediador, um par de esnobes preconceituosos, uma alpinista social sem escrúpilos e um ex-presidiário alcoolatra e violento. O diretor da escola é um projeto de ditador. Sério. não teve nada nesse livro que eu achei meramente legal. 

Por pior que seja a trama, imagino que as personagens de Shakespeare tem ao menos uma construção mais sólida, motivações mais válidas e despertem sentimentos mais complexos na gente, o que só me impulsiona a conhecer mais as peças dele, pois Hamlet foi maravilhosa em todos os sentidos. Enfim, não vou me alongar mais, acredito que quando você termina um livro e não dá a mínima para o fim das personagens, aquele livro simplesmente não funcionou. É como vejo.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

[Livro] A Rebelde do Deserto

 

Original: Rebel of the Sands

Autor: Alwyn Hamilton

Ano: 2015

Páginas: 288

Sinopse: O destino do deserto está nas mãos de Amani Al’Hiza ― uma garota feita de fogo e pólvora, com o dedo sempre no gatilho. O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo ― é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

Essa foi minha segunda tentativa com audiobook, ouvi alguns capítulos de Terra do Gelo porque havia acabado de fazer exame oftalmológico e não estava conseguindo ler, então ouvi. Mas esse eu ouvi inteiro em audiobook, esse livro estava empacado no meu tablet já tinha um bom tempo e decidi colocá-lo na meta de leitura desse ano porque, na época, além da capa ser muito bonita eu vi muita gente recomendando. Bem, já estou mais que certa que minha mãe não erra quando diz que não sou todo mundo.

A história é narrada por Amani, uma garota que vive na Vila da Poeira, embora o livro não fale com clareza, entendemos que ele fica em um sultanato fictício no oriente médio. Os pais de Amani já morreram, então ela está sob a guarda de seu tio e sob a tutela rígida de sua tia Farrah cujo principal hobby é espancá-la. Desde a morte de sua mãe, a menina sonha com o dia que finalmente vai sair da Vila da Poeira e ir à Izman onde sua tia vive e onde sua mãe afirmava ser o paraíso, um lugar para ser livre e fazer suas próprias escolhas mesmo sendo mulher.

Para conseguir sua fuga, Amani se candidata em um concurso de tiro, ela é uma exímia atiradora e sabe que vai conseguir vencer tendo como prêmio sua passagem para longe daquele fim de mundo opressor onde ser mulher é um crime. Inclusive, para fazê-lo, ela se disfarça de menino. Nesse concurso ela acaba conhecendo um estranho estrangeiro com quem tem uma breve aproximação, as coisas no concurso de tiro acabam saindo do controle e a esperança da jovem voam junto com a areia do deserto.

De volta em casa, Amani está desesperada para fugir. Ela sabe que sua vida corre risco se continuar ali, seu tio tem planos de se casar com ela e a garota não está nem um pouco disposta a se submeter ainda mais ao seu jugo tirânico. Quando o exército do sultão chega à procura de um forasteiro fugitivo, Amani descobre que o estrangeiro que ela conhecera no dia anterior — e que agora estava escondendo na loja de sua família — era procurado por traição. Contudo, ela não tinha a menor intenção de entregá-lo e dá um jeito de despistar os soldados, tratando a ferida de bala do estranho logo depois.

Ela pede a ele que lhe tire da Vila da Poeira, mas ele se recusa, todavia, uma série de acontecimentos acaba culminando na fuga dos dois como fugitivos do exército e, presos no deserto, Amani descobre que o nome do estranho é Jin e que ele vai lhe ajudar a chegar à Izman. Assim, os dois partem em uma viagem para se juntar a uma caravana que poderá levá-los em segurança pelo deserto e é nessa viagem que Amani se dá conta da extensão do mal que o exército do sultão está causando em todo o deserto, devastando cidades inteiras e oprimindo cada vez mais as pessoas.

Paralelo a isso, a rebelião do príncipe herdeiro Amed, que antes era só uma lenda nas histórias que Amani ouviu a vida toda, se prova muito mais real do que ela imaginava. No percurso, a vida de Jin corre perigo com as criaturas sombrias que habitam o deserto e eles acabam no acampamento do príncipe rebelde, tentando lidar com os sentimentos proibidos que nutre pelo estrangeiro, Amani vai precisar fazer a escolha mais delicada da sua vida, juntar-se aos rebeldes pela liberdade do deserto ou seguir seu caminho para Izman deixando tudo para trás.

Sendo bem sincera, não gostei do livro. A história não me prendeu e acabou por não ser nada do que eu esperava, é uma espécie de mistura de Alladim com Mad Max que não funcionou comigo. Embora seja um livro bem escrito, aborde questões importantes como a opressão, o machismo, a ditadura e várias reflexões sociais sobre o oriente médio que se aplica muito bem à nossa sociedade também, o mérito do livro para mim acabou aí. Não consegui simpatizar com as personagens, por mais que o possível romance da Amani com o Jin tenha ali aquela faisquinha de interesse não passou disso para mim, uma faísca.

Não tenho muita certeza se foi o fato de ser narrado pela Amani ou se pela apresentação de personagens ser muito rasa, acabei sem me apegar a nenhum personagem e chegou em um ponto que eu já não me importava como o livro ia terminar. Embora a gente consiga sentir a opressão pulando das páginas, especialmente as mulheres, não consegui me conectar com a Amani ou os demais personagens, inclusive, quando um deles morreu eu sequer senti, porque não deu nem tempo me apegar a ele e, enquanto algumas partes do livro se arrastam, a apresentação das personagens, em muitos aspectos foi rápida demais.

Enfim, não tenho planos de ler os outros dois livros, não me interessou e talvez, não tivesse feito a experiência do audiobook, eu tivesse abandonado a leitura. Contudo, tanto a construção quanto a apresentação de mundo — além das reflexões — vale a conferida.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

[Livro] Terra do Gelo

Original: The Icebound Land

Autor: John Flanagan

Ano: 2005

Gênero: Fantasia, Aventura

Páginas: 256

Série: Rangers Ordem Dos Arqueiros #3

Sinopse: Forças da natureza podem ser um poderoso oponente para um jovem aprendiz de arqueiro e uma princesa em terras de piratas e mercenários. Por isso, depois de um longo e sombrio inverno, Will e Evanlyn estão diferentes. Eles entenderam que, em toda guerra, há um tempo para lutar e um tempo para aceitar o inevitável. A Terra do Gelo nunca tinha visto jovens prisioneiros com tanta honra, coragem e companheirismo, mesmo passando por muitas tristezas e humilhações. Nesse pedaço de mundo gelado e hostil, a batalha pela vida é travada com armas feitas de outros materiais: uma forjada no pulsante calor da alma, outra malhada na mais cruel escuridão.Na corrida pela salvação, Evanlyn mostra seu valor, mas isso pode não ser o suficiente para libertar ela e Will. Por sua vez, Halt e Horace precisam enfrentar falsos cavaleiros e muitos espertalhões na tentativa de resgatar seus amigos. Será que chegarão a tempo?Duas batalhas pela vida, simultâneas e arriscadas, com uma finalidade só: salvar Will.

No terceiro livro da franquia, Will e Evanlyn estão em um mar tormentoso no poder dos escandinavos, o que eles não têm ideia é que Erak, o capitão, está começando a se afeiçoar aos dois araluenses e começa a lamentar seus destinos como escravos, contudo, reprime esse sentimento por ser algo, de certa forma, incômodo para alguém da sua patente e da sua origem, a vida deles não deveria lhe importar.

Enquanto isso, em Araluen, Halt sente-se impotente e incomodado com o veto do rei Duncan em ir atrás de Will, mesmo que sua filha esteja com o garoto. O arqueiro sabe que, caso a identidade de Evanlyn seja descoberta, ela será protegida como moeda de troca, mas o mesmo não se aplica ao jovem aprendiz de arqueiro que não vai ter qualquer serventia para os escandinavos que, provavelmente, o matarão. Assim, incapaz de suportar mais a situação, ele arma um plano perigoso para ser expulso do reino e, desse modo, cumprir a promessa que fizera ao seu aprendiz.

Na corte escandinava, Will e Evanlyn acabam descobrindo que o plano dela em se oferecer como moeda de troca foi por água abaixo uma vez que Ragnak, o rei das terras geladas, fizera uma promessa aos deuses da vingança de exterminar Duncan e toda a sua descendência em retaliação à morte de seu filho no ataque a Morgarath. Dessa maneira, ocultar a verdadeira identidade dela se torna prioridade e os dois se resignam a ser vendidos como escravos para o castelo uma vez que sua tentativa anterior de fuga foi por água abaixo.

Halt, expulso por um ano da corte de Araluen por bondade do rei Duncan, é surpreendido por Horace que foge do palácio para ir com ele salvar Will. Embora apreensivo no início, o arqueiro se sente reconfortado pela companhia que logo se mostra uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que a presença do aprendiz de cavalaria é um alento para a longa jornada, se mostra também um atraso em certas situações das quais o arqueiro poderia se livrar com muita facilidade se estivesse sozinho. 

Presos no castelo, não resta nada a Will e Evanlyn além de seguir as ordens e tentar sobreviver na esperança de encontrar uma maneira de fugir. Contudo, ao bater de frente com o grupo que coordenava os escravos, Will acaba tendo seu espírito destruído por uma droga no qual é obrigado a se viciar. Ao descobrir isso, Erak se sente culpado e convoca Evanlyn para planejar a fuga deles do castelo. 

No sul, Halt e Horace se veem em poder de um cruel lorde de terras que governa pelo terror, tendo suas armas tiradas, resta aos dois esperar o momento certo de escapar das garras do tirano e seguir sua viagem em busca do aprendiz de arqueiro. Todos os esforços estão convergidos em salvar Will, mas eles serão capazes de encontrar o mesmo garoto que perderam?

Tendo em vista que é uma saga de doze livros, não é de se admirar que o ritmo dos acontecimentos seja um pouco lento. O segundo livro não foi para mim uma experiência tão empolgante quanto o primeiro que eu praticamente li em um dia. Esse terceiro, embora o ritmo de narrativa e os próprios ganchos entre os capítulos tenham sido mais eficientes, não me soaram tão divertidos quanto a experiência do primeiro livro, o que eu acho uma façanha, pois em geral primeiros volumes costumam ser um pouco enfadonhos já que é mais apresentação de personagem e apresentação dos conflitos chaves. 

Ainda assim, em comparação ao volume anterior, esse ainda foi menos doloroso de ler. Os capítulos que eu mais gostava certamente eram os de Halt, pois ofereciam alguma ação e não apenas tensão como aconteciam nos capítulso envolvendo Will que, sinceramente, eram um tanto deprimentes. Também foi um tanto desapontador que o livro se passa na Escandinávia, mas a gente tem um vislumbre muito parco da cultura e da vida deles. Mas não dá para negar que é sim uma série instigante e com personagens simpáticos que conquistam nossa atenção, especialmente para leitores que amam fantasia e aventura.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

[Livro] Crisálida

 

Autor: Andressa Tabaczinski

Ano: 2019

Gênero: Crime Mistério Mistério, Thriller e Suspense, LGBT

Páginas: ‎ 277

Sinopse: Quando o corpo de Amélia Moura é encontrado após ser desenterrado em uma forte chuva, a polícia percebe que cometeu um erro. O caso, que tinha sido arquivado precocemente, tem que ser reaberto. Amélia não fugira como todo mundo havia pensado. Marcas de esganadura indicam que alguém a queria morta — e conseguiu.

Agora, a delegada Ana Cervinski e o policial Júlio Bragatti estão à procura do assassino da filha de um influente deputado estadual de Curitiba. Para isso, terão que investigar suas últimas semanas e descobrir segredos que alguém preferia que ficassem ocultos.

O motivo de eu ter colocado Crisálida na minha lista de leitura é porque tenho vontade de ler mais autores nacionais, mas Deus sabe que os livros nacionais custam bem mais caros que os gringos, infelizmente, e muitas vezes a gente não acaba apoiando um autor pela verba e não pela falta de vontade. Por sorte, peguei esse livro de graça na Amazon (toque da própria autora no skoob, por sinal!) e não perdi tempo.

A história começa com um casal de irmãos pegando um atalho para chegar em casa e encontrando, após um forte temporal, o corpo de uma jovem mulher parcialmente enterrado. Já no dia seguinte a notícia já está em todos os veículos de comunicação e a terrível verdade vêm à tona para a delegada responsável pelo caso, Ana Cervinski: trata-se de Amélia Moura, a filha de um deputado da cidade de Curitiba.

Quando a garota desapareceu, de forma muito suspeita a família dela fez de tudo para encerrar as investigações e dar a  entender que Amélia apenas tinha fugido para viver sua vida em outro lugar. Ovelha negra de uma família rígida que vivia de aparências, Amélia era professora de literatura, dividia um apartamento com uma das funcionárias de seu noivo e, ao contrário do irmão, era a dor de cabeça dos pais.

Imediatamente a investigação é reaberta e as críticas contra o trabalho da polícia na época do desaparecimento começam a chover sobre a delegada e sua equipe. Para contornar a situação, Ana é afastada do caso e substituída por um delegado que gosta de empurrar as coisas com a barriga e puxar o saco dos superiores, algo que a delegada nunca fez.

Sozinha e tendo de lidar com seus próprios demônios, a vida de Ana parece piorar ainda mais quando seu pai sofre um AVC e é internando, deixando a mãe, com Alzaimer, aos seus cuidados. Presa em uma espécie de apatia, ela é trazida de volta pelo seu irmão mais novo, Ariel, que lhe propõe investigar o caso por conta própria e, para isso, ela conta com a ajuda de Júlio, seu colega de trabalho.

Paralelo a investigação que ocorre no presente, somos transportados ao passado para a vida da jovem Amélia, presa em um mundo de aparências, tentando se encaixar numa família disfuncional e corrupta, com um noivo que não ama e com quem não se sente bem até o momento crucial que muda toda a sua vida: seu encontro com Luana.

De início, ela diz a si mesma que é apenas coisa da sua cabeça, enquanto volta a tentar manter o mundo que conhece com as rígidas paredes de marfim intactas, mas ela sabe que aquele encontro destinado abriu fendas que nunca mais se fechariam novamente no seu mundo. Contudo, filha de um pai intolerante, membro da bancada evangélica e atolado em corrupção, uma mãe que só cobra e não entende, vivendo num mundo de aparências e um irmão de quem nunca foi muito próxima, não é de admirar que a liberdade que Luana oferece represente, ao mesmo tempo, um receio e uma oportunidade para a jovem professora.

Mas muito além disso, é com Luana que Amélia começa a se descobrir de verdade, desvendar-se de cada parte de si e experimentar a felicidade em todas as suas ramificações e, lentamente, conquistando a coragem de sair da crisálida da sua vida engessada na qual não se encaixava, para assumir sua verdadeira identidade.  Uma batalha interna realmente difícil e que não teve, como sabemos desde o início do livro, um desfecho favorável para ela.

Enquanto isso, Ana, Ariel e Júlio se embrenham na lama da família Moura na tentativa de enquadrar Rafael Salvattori, o noivo de Amélia e principal suspeito do assassinato. Contudo, enquanto seus pescoços correm sério risco de serem partidos, eles vão acabar desenterrando segredos da caixa de Pandora que é a família de Amélia.

Como disse na resenha do instagram, não gostei de Amélia, ela tem tudo que eu mais detesto numa personagem, aquele tipo de mulher que vive para agradar um homem escroto porque não é capaz de viver por si mesma. Juro, eu odeio personagens que precisam de homem para se validar. Uma coisa é você ter certa dose de fragilidade, outra é você se anular em função de outra pessoa. Okay, o contexto dela contribui para esse pensamento, até certo ponto eu consigo entender, mas que dava raiva ela se sujeitando a ele, isso dava.

Em alguns pontos, a leitura pode até soar um tanto subversiva dependendo da maneira como você a encara. Mesmo sendo bem construída, não tinha como eu não achar alguns aspectos da Amélia e mesmo de outras personagens bem forçados. Mas o suspense constante do livro torna esses detalhes até irrelevantes quando somos completamente sugados pela atmosfera sempre tensa da história levantando hipóteses sobre quem matou Amélia e por que. E nesse aspecto posso dizer que a Andressa não deixa em nada a desejar.

Inclusive, a montagem da estrutura desse livro se parece bastante com o romance americano Reconstruindo Amélia no fato de intercalar o presente com a história da protagonista narrada no passando montando, lentamente, o quebra cabeça que culminou na sua morte. Fiquei bem surpresa com a revelação do assassino, confesso que não esperava que fosse aquela pessoa de jeito nenhum o que mostra que a autora foi brilhante na montagem do seu enredo e na construção das suas personagens.

O livro ainda traz algumas discussões como a homofobia, a hipocrisia religiosa, a corrupção generalizada, violência contra a mulher, relacionamentos abusivos e os conflitos familiares e é bem interessante como é o segundo livro que leio nessa mesma semana abordando a problemática das famílias disfuncionais e como elas refletem em crianças e adultos com diversos distúrbios de personalidade. Sem contar que, para pessoas um tanto mais sensíveis, a história aborda temas sensíveis e é preciso ter um pouco de cuidado.

Fiquei bem surpresa por gostar tanto da história, minhas outras tentativas de encontrar literatura nacional contemporânea não foram exatamente um sucesso. Recomendo demais Crisálida para todos aqueles que são apaixonados pelo gênero suspense e mesmo para aqueles que já tentaram ler outras vezes e não conseguiram ir muito longe, é uma excelente aposta para começar. Andressa promete ser um frescor revigorante no suspense nacional e aguardarei ansiosa outros romances dela já que meu contato com o Rafael Montes, por três vezes, não deu certo.

[Livro] Confissões [+Filme]

Original: 告白 (kokuhaku)

Autor: Kanae Minato

Gênero: Suspense, crime

Ano: 2008

Sinopse: O mundo da professora Yuko Moriguchi girava em torno da pequena Manami, uma garotinha de 4 anos apaixonada por coelhinhos. Agora, após um terrível acontecimento que tirou a vida de sua filha, Moriguchi decide pedir demissão.

Antes, porém, ela tem uma última lição para seus pupilos. A professora revela que sua filha não foi vítima de um acidente, como se pensava: dois alunos são os culpados. Sua aula derradeira irá desencadear uma trama diabólica de vingança. Narrado em vozes alternadas e com reviravoltas inesperadas, Confissões explora os limites da punição, misturando suspense, drama, desespero e violência de forma honesta e brutal, culminando num confronto angustiante entre professora e aluno que irá colocar os ocupantes de uma escola inteira em perigo.

A sinopse entrega o livro quase todo. Já tinha um tempo que esse livro estava no meu kindle, mas não tinha lido ainda e como esse ano estava procurando umas leituras mais diferentes, acabei colocando-o na meta. Foi meu primeiro contato com a Kanae, já tinha lido algumas outras autoras japonesas e, mesmo que no primeiro capítulo a forma de ela narrar tenha me soado um pouco estranha, o decorrer do livro é impecável e cheio de tensões e discussões.

Em uma das aulas de aconselhamento, a professora Moriguchi informa aos alunos que se demitiu da escola e, aproveitando que é seu último encontro com a turma de sétima série, conta para eles sobre sua trajetória como docente, as razões pelas quais se tornou professora e também sobre o percurso dela como mãe solteira nos preconceitos de uma sociedade excludente e preconceituosa. Manami, a filha de quatro anos da professora, morreu em um "acidente" quando caiu na piscina da escola e se afogou. O acontecimento abalou bastante a professora como era de se esperar, até ela descobrir que a filha não morreu por acidente, e revela, diante da sala inteira, que a pequena Manami foi assassinada por dois alunos da turma.

Apesar de chamar os assassinos de A e B, salientando a impunidade penal por eles ainda não estarem na faixa etária de serem condenados, a professora não faz questão de esconder nenhuma das pistas que dê aos seus alunos a certeza de quem são os assassinos da sua filha. E finaliza com uma notícia chocante da sua vingança: ela os infectara com uma doença autoimume incurável e fortemente discriminada na sociedade japonesa: a aids. Assim, Yuko Moriguchi encerra suas atividades na escola.

O livro então passa a ser narrado pelos demais personagens que compoem a trama, a representante da turma, os dois assassinos e a irmã de um dos assasinos, voltando, por fim, para a professora. Cada um dos relatos oferece uma face diferente dos personagens em questão e do trágico acontecimento além de mostrar o desenrolar da vida dessas personagens após o ocorrido.  Nossa visão acerca dos assassinos se mofica conforme conhecemos sua trajetória e, mesmo que não corroboremos com suas atitudes, somos pelo menos capazes de compreender a gênese do seu mal.

A história acaba trazendo à tona discussões sobre o papel da família no desenvolvimento das crianças, não apenas de caráter, mas de moral. Hoje é delegado à escola um papel que é dever da família fornecer à criança e, se prestarmos atenção, de uma forma ou de outra vemos que os alunos tinham, em certo grau, uma família disfuncional. A professora salienta bem essa questão  acerca da maioridade penal, dos problemas familiares que geram crianças indisciplinadas, da função da escola que precisa assumir também essa carga doméstica que não lhe diz respeito e do papel desses adolescentes em formação  que se veem perdidos no meio da sociedade vitimados pela pressão psicológica e os valores que não receberam na escola doméstica.

Toda a construção do livro é não apenas inteligente, mas muito eficaz, quando a nossa visão das personagens é desconstruída no capítulo seguinte, nos vemos tentando entender todas as peças que montam o quadro geral e quando um personagem X que é tido por nós como um psicopata, apresenta seu histórico, começamos a perceber que ele foi construído daquela maneira e não nasceu com aquela condição como é o caso da psicopatia. E outro personagem, que não parece demonstrar qualquer sinal do transtorno, se descobre. É muito interessante. Todas as personagens do livro são fascinantes e bem construídas, o final então é de tirar o fôlego! Fiquei alguns minutos em choque.

Numa trama onde não há mocinhos nem vilões, mas apenas humanos, somos convidados a ser juízes e nos posicionarmos em um lado que discute internamente nossa ética, nossa moral e nossa visão de mundo e vemos como todos esses valores que nos condicionam são moldados e construídos pelo mundo que nos cerca, nossos círculos. É um livro incrível e super recomendo, contudo, a meu ver, há de se precisar certo cuidado, pois uma mente menos analítica pode acabar sendo influencia por certas subversões apresentadas por algumas personagens. Ainda assim acho uma leitura mais do que válida e muito atual!

Adaptação

Título: 告白

Direção: Tetsuya Nakashima

Elenco: Takako Matsu; Masaki Okada; Yoshino Kimura; Yukito Nishii; Kaoru Fujiwara

Gênero(s): Drama; Thriller; Mistério

Ano: 2010

Sinopse: No último dia de aula a professora ao se despedir revela que abandonará a profissão, e o motivo é a morte de sua filha de 4 anos há pouco tempo atrás. Ela revela que sabe que o afogamento da menina não foi acidental; foi assassinada, e os assassinos estão entre os estudantes daquela classe. Como a lei não permite a responsabilização de crianças menores de 14 anos por seus crimes ela anuncia que fará justiça com as próprias mãos.

Fiquei sabendo da adaptação quando fui pesquisar dados do livro, em geral não gosto muito de ver filmes baseados em livros porque sempre me irrito, especialmente de obras asiáticas como essa que contem uma carga considerável de violência, ainda assim fui atrás.

Contrariando meus temores, o filme não tem uma violência gráfica escrachada que o torna indigesto de ver, o diretor optou por deixar essa violência implícita nos detalhes o que, a meu ver, funciona muito melhor do que ficar exibindo carnificina de modo desnecessário só para chocar o expectador, especialmente em se tratando de um argumento como esse. 

Mas nem isso serviu para livrar o filme de ser uma adaptação meio fraca do livro, isso porque a forma como o roteirista escolheu mostrar as "confissões" das personagens, aproveitando-se da narração em primeira pessoa do livro, não funcionou muito bem. o que acaba nos oferecendo um monte de personagens sem aprofundamento e, para quem não leu o livro, o filme pode acabar deixando lacunas e perguntas sem resposta.

Um exemplo muito bom dentro do argumento foi o personagem Naoki, ele ficou completamente descontextualizado, a maior perspectiva era da mãe dele e sem o embasamento do livro o personagem fica com um motivo realmente fútil e torpe para agir como agiu. Eles também mudaram alguns contextos e eventos da obra que carregaram significativamente o entendimento das atitudes de algumas personagens.

O final do filme, em destaque, é diferente do livro quando trata a professora Moriguchi apenas como uma mulher desequilibrada pela morte da filha que prega peças nos seus alunos como vingança quando, no livro, ela realmente faz o que fez. Essa ambiguidade do final destoou do tom criado na narrativa visual até então, tirou a credibilidade de boa parte do que foi visto e transformou a adaptação em uma espécie de Dom Casmurro, de maneira bem desnecessária.

Essa, ao menos, foi a minha percepção. E me refiro ao filme como uma adaptação e não como um material isolado. Se visto de forma independente, ele pode sim ser compreensível até certo ponto embora algumas pontas fiquem soltas para quem nunca teve contato com a obra.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

[Livro] A Saga do Tigre Livro 05 — O Sonho do Tigre

 

Original: Tiger's Dream

Autor: Colleen Houck

Série: A maldição do tigre #5

Páginas: 608

Ano:  2018

Sinopse: Com a derrota do feiticeiro Lokesh, só parecia restar ao príncipe Kishan Rajaram passar a eternidade cumprindo a promessa de proteger a linda e irascível deusa Durga. Preso no passado, ele sofre depois que seu irmão, Ren, e Kelsey, a garota que ambos amam, voltam ao presente e começam a viver o seu "felizes para sempre".

Então, quando o xamã Phet aparece pedindo sua ajuda para salvar Kelsey, Kishan agarra a oportunidade com unhas e dentes, disposto a voltar atrás na sua decisão de ficar no passado e assim mudar seu destino. O tigre negro está prestes a descobrir que aquilo que parece o fim pode ser apenas um recomeço...

Com um desfecho extraordinário, a autora Colleen Houck apresenta neste quinto volume uma visão completa da empolgante saga dos tigres. Numa complexa teia de viagens pelo tempo, Kishan e Durga concluem, entre idas e vindas, uma tarefa após a outra para garantir que a linha traçada para o destino da humanidade seja cumprida – o tempo todo lutando contra a tentação de interferir e redesenhar o futuro.

Kishan não está nada feliz por ter ficado no passado e deixado Ren no futuro com a mulher que ambos amam e ele rumina esse sofrimento pela eternidade ao lado de Anamika, a personificação humana da deusa Durga. Ele não se sente feliz ao lado dela e é negligente com boa parte dos seus deveres o que acaba em geral causando conflitos entre os dois.

Um dia, Kadam retorna a ele dizendo que Kelsey está em perigo e que ele precisa salvá-la, mas, ao contrário do que Kishan imaginava, os dois não viajam ao presente, mas ao passado onde uma jovem Kelsey adolescente está prestes a perder os pais num terrível acidente de carro. Kadam explica a Kishan que desde o começo de tudo, ele e Anamika eram os responsáveis por toda a história que se desenrolou sobre Ren, Kelsey e sobre o próprio Kishan. 

Mesclando linhas do tempo e universos paralelos, o tigre negro vai precisar assumir seu lugar ao lado da deusa Durga para recriar toda a jornada que o levou a tomar a decisão que culminou no seu presente e tendo nas mãos o poder de mudar toda a história. Enquanto vai conhecendo mais sobre a mulher a quem está destinado a servir, Kishan começa a descobrir sobre seu papel no mundo, na vida das pessoas que ama e para aquela que está desde o início destinado a amar.

Já faz nove anos desde que li o primeiro e quarto volumes dessa série, na época em que a Avon ainda trazia livros decentes no seu catálogo. Quando tinha terminado O Destino do Tigre não fazia ideia do que viria no quinto volume da série, mas imaginava que seria algo focado em Kishan ou na continuação da vida de Kelsey e Ren, algo que a meu ver teria sido meio monótono. Ano retrasado, comprei o livro numa BF da Amazon, a capa me confirmando que minha primeira hipótese estava certa e de que passearíamos pela jornada de Kishan, mas acabei deixando o livro na estante por um bom tempo. Esse ano, contudo, finalmente decidi encará-lo de frente junto a outros livros "encalhados" na minha estante.

Uma das coisas que mais gostei nesse livro é que as 'problemáticas românticas' giram em torno de questões realmente sérias e não na infantilidade de atitudes ou equívocos como muitas vezes acontecia nos demais livros da série e, ao contrário de Kelsey, Anamika não é uma protagonista besta, seu comportamento não só tem um fundamento forte, como ela realmente consegue equilibrar a mulher, a menina e a deusa em uma só pessoa sem perder sua essência. 

As trapalhadas do livro ficam por conta de Kishan, nunca vi um personagem tão lento! No capítulo dois eu já notei que ele estava apaixonado por ela, mas o cara estava ficou tão preso em autocomiseração e em choramingar por uma garota que claramente não gostava dele romanticamente que não era capaz de ver a mulher que o amava bem ao seu lado! E isso dura mais da metade do livro, porque Ana dá todas as dicas do que sente e a anta não enxerga! Depois passa mais uma dúzia de capítulos tentando entender se gosta dela e a nossa paciência vai escoando como água.

O livro vai se intrincando em um monte de voltas no tempo que vão dando um nó na nossa cabeça e chega uma hora que o Kishan do passado e do presente são tudo uma coisa só. O que chama atenção mesmo é a jornada de Anamika, a história dela é muito interessante e triste, quanto mais a personagem evolui, mais a gente se apega a ela. A relação dela com Kishan é bem lenta e bem gradual, chega a ser doloroso acompanhar os dois em alguns momentos, porque eles se amam, você nota isso, mas eles apenas não admitem e, ao invés disso, acabam brigando. 

Apesar disso, o romance entre eles é muito bonito e a forma como se entendem e se aproximam conforme se permitem conhecer é algo lindo de acompanhar e você passa a torcer mesmo por eles. Por esse motivo, achei que o final escolhido pela autora destruiu essa história que estava ficando perfeita aos meus olhos. Não, claro, que o livro seja ruim, de forma alguma, mas o meu ponto é que, quando lemos uma história, especialmente fantasia, queremos acreditar que a história daqueles personagens não acabou, ela continuará na nossa mente para sempre. Não desejamos a sensação de fim e foi justamente isso que a autora nos mostrou, o fim. O fim definitivo de tudo. E o pior é que a tentativa dela em tentar amenizar essa sensação de final não funcionou porque, se você prestar bem atenção em toda a história construída por ela, vai ver que é uma narrativa cíclica. 

Ela simplesmente construiu um enredo cíclico no qual os personagens vão passar pelos mesmos perrengues de forma ininterrupta para ter o mesmo fim irremediável porque, de alguma forma, eles estão condicionados a fazer as mesmas escolhas. A sensação que me deu quando cheguei ao final do livro foi que todo o sofrimento que o Kishan passou e mesmo a Anamika, esse livro todo, nunca teria fim, era um fado cósmico perpétuo que os prendia na eternidade e, ainda pior, uma eternidade dolorosa e finita só para reiniciar. É triste. Fechei o livro com um sentimento amargo e isso me chateou muito porque, até então, era meu livro favorito da série. Infelizmente, voltou a perder o posto para o terceiro volume.

Ainda assim deixo recomendado, mesmo com esse final triste tem uma história boa ali dentro, costurada com várias mitologias asiáticas que tornam o enredo rico e interessante.