domingo, 31 de julho de 2022

[Livro] Tian Guan Ci Fu (Heaven Official's Blessing) #5 — Bênção Oficial do Céu

Original: 天官赐福

Autor: Mo Xian Tong Xiu

Série: TGCF #4

Ano: 2018

Páginas: 400

Capítulos: 18

Gênero: Fantasia, romance, histórico, ficção

Sinopse: Oitocentos anos atrás, Xie Lian era o príncipe herdeiro do reino de Xian Le. Ele era amado por seus cidadãos e considerado o queridinho do mundo. Ele ascendeu aos céus em uma idade jovem; no entanto, devido a circunstâncias infelizes, foi rapidamente banido de volta ao reino mortal. Anos depois, ele ascende novamente - apenas para ser banido novamente alguns minutos após sua ascensão.

Agora, oitocentos anos depois, Xie Lian ascende aos Céus pela terceira vez como motivo de chacota entre os três reinos. Em sua primeira tarefa como um deus três vezes ascendido, ele encontra um fantasma misterioso que governa os fantasmas e aterroriza os céus, mas, sem o conhecimento de Xie Lian, este rei fantasma tem prestado atenção nele há muito, muito tempo.

Após ser trancado no forno sozinho com Bai Wuxiang, tudo em que Xie Lian pode pensar é em como vai conseguir sair, uma vez que ele não é capaz de derrotá-lo (e não por falta de habilidade, mas porque o fdp colocou aquele grilhão amaldiçoado nele) e em Hua Cheng do lado de fora. Mas, num lampejo, ele vê algo dentro da montanha que seu inimigo não percebeu e usa isso para sair. Era uma estátua sagrada sua de proporções assustadoras que, obviamente, foi esculpida por Hua Cheng. Embora Xie Lian saiba que ela não é capaz de deter o demônio, ao menos é capaz de ajudá-lo a fugir. Tão logo do lado de fora, ele procura por San Lan (ai, gente não tenho estruturas!) e é abraçado por trás por um Hua Cheng muito aflito. Acontece que a estátua de proporções gigantescas exige muito poder espiritual para se mover e, por isso, ele precisa emprestar de Hua Cheng que, claro, não se incomoda nem um pouco com isso (hahaha eu sempre surto nessas partes).

Furioso com seus planos frustrados, Bai Wuxiang usa os espíritos ressentidos de Wuyong para disseminar uma nova onda da doença da face humana, para tentar impedi-lo, Xie Lian e Hua Cheng fazem com que Pei Ming, Mu Qing, Fang Xing e a deusa da chuva se fundam para formar uma espada, já que a estátua não tem uma e, desse modo, eles conseguem sair do monte tonglu, mas não conseguem impedir a nuvem da doença de se espalhar. Jun Wu desde para ajudar a lidar com a situação e divide os deuses para onde as nuvens se dissiparam como uma maneira de contê-las. Hua Cheng e Xie Lian vão para a capital imperial, lá eles reencontram o antigo deus do vento e, com a ajuda dele, reúnem um grande grupo de pessoas para formar uma matriz que conterá a nuvem da doença impedindo-a de se espalhar pela cidade. O sacerdote de Xian Le aparece e Xie Lian retorna ao reino celestial para interrogá-lo.

Contudo, diante de todos os deuses marciais reunidos, o sacerdote expõe a verdade sobre Jun Wu usando Hongjin a espada de Fang Xing que revela a verdadeira forma de fantasmas. Xie Lian descobre que o imperador em que ele tanto confiava era, na verdade, Bai Wuxiang que estava ao lado dele o tempo todo! Ao ser desmascarado, ele ataca todos os deuses e usa seu poder para isolar o céu, trancando-os em seus palácios para usá-los à sua vontade contra Xie Lian. Além disso, ele reintegra Lin Wen como seu braço direito e solta todos os fantasmas transformando a corte celestial em um caos completo. Xie Lian é trancado em seu palácio e forçado a conversar com Hua Cheng na presença de Bai Wuxiang como uma forma de tranquilizá-lo para que ele não suba.

Todavia, percebendo que havia algo errado, Hua Cheng ainda encontra uma maneira de chegar à corte celestial com a ajuda da mestra da chuva. Ele e Xie Lian interrogam o sacerdote e descobrem a verdade por trás de Bai Wuxiang e do reino de Wu Yong. Agora, eles vão precisar de todas as chances que conseguirem para tirar todos os deuses da corte celestial e encontrar uma forma de deter a calamidade de branco.

Jun Wu começa a coagir os oficiais celestiais a destruir a matriz que Xie Lian criou para conter a doença da face humana, mas todos os oficiais se recusam, com a ajuda de Hua Cheng, o príncipe consegue soltar Lan Qian Qiu e o envia para soltar os outros oficiais presos, Jun Wu incendeia o reino celestial inteiro e com a ajuda da enorme estátua divina de Xie Lian que Hua Cheng trouxe de Tong Lu, ele consegue levar os demais deuses para a terra. Menos Pei Ming que fica para lutar contra Jun Wu. Furioso, Bai Wuxiang foge com o reino celestial inteiro atrás deles perseguindo-os até o covil do Água Negra, mas a batalha acaba com vários oficiais muito feridos e sem vitória de nenhum lado. No fim, ele foge para Tong Lu novamente e Xie Lian, junto com Hua Cheng, o sacerdote e Mu Qing vão atrás dele.

Lá eles encontram Feng Xing desacordado e ele acusa Mu Qing de tê-lo atacado, recomeça a desconfiança de não saber se um deles é um disfarce de Bai Wuxiang, já que o monte Tong Lu é seu território e ele fica  mais poderoso lá. Após um tempo, Hua Cheng e o sacerdote desaparecem, o rei fantasma reencontra Xie Lian pouco depois em um arsenal onde fica preso com Feng Xing e Mu Qing, mas são levados por um rio de lava que quase acaba com a vida de Mu Qing, embora Xie Lian consiga salvá-lo logo depois, ele acaba sendo pego por Bai Wuxiang que o puxa para o mar de lava abaixo, Hua Cheng pulando logo atrás deles.

Quando acorda, Xie Lian está sozinho com Mu Qing, não há nenhum sinal de Hua Cheng. Ele descobre que os dois estão na ponte que levava ao céu, Feng Xing aparece logo depois e ajuda os dois a chegar ao topo da ponte onde finalmente após tanta preocupação, Xie Lian vê que Hua Cheng está bem e em um duelo contra Bai Wuxiang. Os dois começam a lutar juntos, mas por causa dos grilhões amaldiçoados, Xie Lian não consegue atingir todo seu poder e, quando ele começa a desacreditar em si mesmo por causa de Bai Wuxiang, Hua Cheng lhe dá todo seu poder espiritual conseguindo quebrar os dois grilhões, assim, Xie Lian finalmente consegue derrotar seu inimigo, contudo, o preço alto para isso é o esgotamento de Hua Cheng que o leva a desaparecer no maior estilo Goblin.

Nesse momento, que quase arranca lágrimas e sangue do nosso coração, qualquer um que não prestou atenção duvidaria do final feliz da novel, mas gente, lógico que nosso rei fantasma não ia morrer, ele só poderia se dissipar se alguém destruísse suas cinzas, ele apenas se esgotou como Xie Lian quando foi apunhalado pelas cem espadas e levou meses para se regenerar. Embora fique deprimido, Xie Lian tem certeza que seu amado vai voltar, não importa o quê e enquanto todos reconstroem a capital celestial, ele fica no mundo mortal esperando por Hua Cheng. Um ano depois, os dois finalmente se reencontram para nunca mais precisar se separarem de novo. Para alguém que esperou oitocentos anos por ele, um aninho não custa muito para Xie Lian, né?

Para dar um acréscimo à nossa felicidade limitada a praticamente um capítulo, há doze extras do nosso casalzão juntinho, apaixonado e travesso hahaha. Xie Lian praticamente se muda para o templo Qiandeng e vive com o maridão, os aldeões reconstroem seu templo Pu Qi tornando-o majestoso, vários adoradores do príncipe da coroa de Xian Le começam a surgir tornando Xie Lian um deus poderosos novamente, agora livre dos grilhões, ele voltou a ser forte e sem restrições, embora continue azarado como sempre o que não entendi já que o grilhão que tirava sua sorte foi removido por Hua Cheng.

Achei um desfecho bom para a história, tivemos um bom vislumbre da vida do casal junto, passamos por alguns pequenos perrengues que divertiam e preocupavam ao mesmo tempo, mas o final feliz compensou de fato todo o sofrimento que a gente passou nos livros 3 e 4, sério. Só de Bai Wuxiang, embora não morto como eu gostaria, mas selado, e Qi Rong praticamente reduzido a uma chama de lamparina, já fiquei parcialmente satisfeita. HuaLian é o tipo de casal que faz até os mais céticos acreditarem no amor de novo, história super linda e super pesada, foi uma senhora jornada e, embora eu continue cadelinha de mdzs, mais que recomendo Tian Guan Ci Fu, é uma história linda que nos leva a refletir sobre várias coisas e com uma das histórias de amor mais amorzinho que já vi em meus mais de 25 anos de leitora. 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

[Relendo&Resenhando] Lua Nova

Original: New Moon

Autor: Stephenie Meyer

Série: Crepúsculo #2

Gênero: Fantasia, Romance, Drama

Ano: 2006

Páginas: 347 (ed. econômica)

Sinopse: Para Bella Swan, há um coisa mais importante do que a própria vida: Edward Cullen. Mas estar apaixonada por um vampiro é ainda mais perigoso do que ela poderia ter imaginado. Edward, já resgatara Bella, das garras de um monstro cruel, mas agora, quando o relacionamento ousado do casal ameaça tudo o que lhes é próximo e querido, eles percebem que seus problemas podem estar apenas começando...

Doze anos depois, revisito Lua Nova. A sensação que me deu foi de ler pela primeira vez e isso foi muito bacana, consegui pescar coisas que me passaram quando li lá aos 20 anos sob a esmagadora loucura dos filmes que estavam por toda a parte. 

Na sequência de Crepúsculo, Bella e Edward estão presos em seu mundinho particular de amor depois dos eventos quase fatais com James. O livro começa no dia do aniversário de 18 anos de Bella, seu trauma ansioso por estar mais velha que o namorado vampiro começa a incomodá-la ao ponto de ela ter pesadelos de uma versão idosa de si mesma ao lado do imutável Edward Cullen. Alice, contrariando todos os protestos, prepara uma super festa de aniversário para ela e conta com o irmão para arrastá-la para lá, mas os eventos saem do controle quando Bella acaba cortando o dedo e Jasper sai de controle tentando atacá-la.

Sentindo-se culpado e ainda mais preocupado com o bem estar da amada, Edward decide ir embora e dar à Bella a chance de viver uma vida normal, longe do seu mundo obscuro e perigoso. Assim, junto com sua família, ele deixa Forks e uma Bella deprimida e desesperada para trás. Afundando em melancolia e solidão, Bella se afasta dos amigos da escola, não consegue mais dormir, comer, ouvir música, sequer mencionar o nome dos Cullen. Preocupado com ela, Charlie começa a pensar em mandá-la de volta para a mãe porque não sabe como lidar com a depressão da filha, mas ela recusa-se a ir embora.

Para despistar o pai, Bella começa a fingir que está voltando ao normal, retorna ao trabalho, começa a se forçar a sair com os amigos e descobre que, sempre que coloca sua vida em risco, consegue ouvir a voz de Edward. Por mais masoquista que pareça, ela começa a testar sua teoria e, ao comprar duas motos velhas, lembra-se de Jacob Black que é um bom mecânico. Assim, ela se reaproxima dele e surpreende-se com quão fácil Jacob consegue fazê-la sentir-se confortável. A amizade dos dois funciona como uma espécie de band-aid na ferida deixada por Edward, embora Bella ainda insista em fazer coisas suicidas para conseguir ouvir a voz dele.

Ela sabe que Jacob se sente diferente em relação a ela, mas deixa claro que não pode retribuir os sentimentos, especialmente porque a amizade dele é o que a mantém respirando. Porém, as coisas começam a ficar estranhas quando Jacob também se afasta dela sem dar nenhuma razão, Bella fica pensando que ele foi "recrutado" pela "gangue" de Sam Uley da qual o garoto já havia falado antes, mas acaba descobrindo que, na verdade, ele é um lobisomen. Ela também descobre que Victória está atrás dela quando Laurent tenta matá-la, mas é impedido pelos lobos. 

Sozinha mais uma vez, Bella começa a sucumbir e agora que Jacob tem suas incumbências como membro da matilha de Sam, não pode mais ficar com ela como antes, além disso, o humor dele não é mais o mesmo. Em um momento de fraqueza, Bella começa a pensar se conseguiria se apaixonar por ele ou mesmo tornar o sentimento de amizade que os une em algo mais profundo. Mas a visita de Alice muda suas convicções.

A vampira aparece após Bella ter pulado de um penhasco em busca da voz de Edward e quase se afogar, ela explica que não fez aquilo na intenção de se matar, mas por "diversão". Ela implora que a Cullen fique com ela mais um tempo, ao que Alice cede, mas o jogo vira quando Rosalie conta a Edward sobre a visão e, acreditando que Bella está morta, ele decide ir à Itália para se matar. Aterrorizada, a garota segue Alice até Volterra para impedir o amado de cometer o ato insano e, mesmo chegando a tempo, entra na mira dos Volturi, seu futuro com Edward tão nublado quanto antes.

Olha, uma das coisas que mais me pegou nessa releitura foi a depressão de Bella, ela era bem menos ruim do que me lembrava que falavam na época. Não digo que ela não teve intensidade, mas não foi aquela chatice toda divulgada na época pela galera e mostrada na adaptação de forma tão exagerada. Muita gente acha um livro chato de ler, eu não achei. Consegui entender a situação da personagem e a forma como ela se sentia o que não quer dizer, claro, que concordo com a postura dela diante do término. Ainda que dentro da situação em si o isolamento de Bella e Edward seja crível, a maneira como ela é dependente dele não parece saudável.

Mas assim, está se falando de uma adolescente de dezoito anos, ainda que a Meyer tente vender a personagem como madura, e em muitos aspectos ela o seja, ainda é uma adolescente imediatista, impulsiva e com os sentimentos à flor da pele. E, pelo menos, a autora mantem essa obsessão sólida por todos os livros, torna o amor crível de alguma forma. Nunca fui do tipo que compra esse triângulo amoroso, por mais que Bella tenha chegado a considerar um relacionamento com Jacob, ela descarta a hipótese e, durante toda a leitura, fica bem claro que o que há entre os dois é amizade. Jacob tem a ilusão do que ele queria que Bella fosse, de algo que ele sabe ser inalcançável e, por isso, é tão desejado.

Pôster do Filme de 2009
Uma coisa que senti muita falta na adaptação foi essa vida cotidiana da Bella, esses pequenos momentos "normais" entre ela e o pai e entre ela e Edward que tornam o relacionamento deles um pouco menos obsessivo, inclusive, as brigas deles são muito legais e algumas bem engraçadas. O filme ficou bem mais no estado catatônico dela, numa tentativa de empurrar o romance com Jacob mesmo quando não é cogitável e, sobretudo, mudou muito a personalidade do personagem como uma forma de agradar o publico que não leu o livro e, mesmo que Taylor Lautner tenha feito o melhor que pôde com o papel, a personalidade do personagem é muito mais natural no livro.

O livro tem muitas cenas lindas que ficaram aguadas no filme, especialmente o diálogo entre Edward e Bella no final do livro, os cortes feitos na adaptação reforçam muito a crítica de que o relacionamento deles não é saudável e, sobretudo, ficou muito superficial se comparada com o momento doce e da troca sensível de palavras na conversa deles no quarto. Além disso, o monte de cenas que não existem no livro como uma forma de contextualizar situações (e é bem desnecessário), além da elipse de personagens (não que Lauren seja importante, Jessica cumpre o papel das duas).

Alguns contextos que foram cortados prejudicaram a intensidade das cenas correlacionadas, como no caso da cena da floresta em que Edward vai embora. Outros recursos, entretanto, serviram como suporte para a lacuna narrativa que não daria para representar em cena, como os emails narrados por Bella para Alice que cumprem a função de mostrar os sentimentos da personagens narrados no livro, claro que, no livro isso se torna muito mais pungente e intenso que na tela. Mas o recurso de mostrar o tempo pela janela enquanto a personagem está catatônica serviu muito bem como um apoio visual para a situação dela.

A coisa é que, quem leu o livro percebe que muitos pontos da história ficaram... rasos no filme, porque estavam desprovidos de contexto, outros ficaram forçados como aquela briga no pátio dos Volturi que nunca existiu (e isso se repetiu em Amanhecer parte 2) uma forma de surpreender um público que não conhece a história, mas encher linguiça para um que já conhecia. Além disso, muitas cenas cortadas fizeram falta e a mudança de tempo em outras cortou o clímax oferecendo um desfecho de gancho completamente desnecessário considerando que a história em si já deixa uma ponta solta para a continuação. Sem contar que o filme aborda muito mais o lado dramático da história perdendo excelentes oportunidades de explorar o lado cômico do livro que é um alívio mais que necessário e se perde em todas as adaptações (eclipse foi a mais gritante depois de crepúsculo).

Todavia, não desconsidero o filme, ainda que ele não explore a história com o potencial que ela tinha, acho uma resumo aceitável do "grosso" dos fatos. E, obviamente, isso é opinião minha. Super entendo que nem tudo cabe numa adaptação, mas é evidente que a troca de algumas cenas e o anticlímax podiam sim ter sido melhorados em um enredo mais fiel ao livro. Contudo, não entendo de roteiro então fico com esse sentimento de leitora sem qualquer tipo de embasamento técnico no gênero.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

[Livro] Tian Guan Ci Fu (Heaven Official's Blessing) #4 — A Calamidade Vestida de Branco

 Original: 天官赐福

Autor: Mo Xian Tong Xiu

Série: TGCF #4

Ano: 2018

Páginas: 400

Capítulos: 18

Gênero: Fantasia, romance, histórico, ficção

Sinopse: Oitocentos anos atrás, Xie Lian era o príncipe herdeiro do reino de Xian Le. Ele era amado por seus cidadãos e considerado o queridinho do mundo. Ele ascendeu aos céus em uma idade jovem; no entanto, devido a circunstâncias infelizes, foi rapidamente banido de volta ao reino mortal. Anos depois, ele ascende novamente - apenas para ser banido novamente alguns minutos após sua ascensão.

Agora, oitocentos anos depois, Xie Lian ascende aos Céus pela terceira vez como motivo de chacota entre os três reinos. Em sua primeira tarefa como um deus três vezes ascendido, ele encontra um fantasma misterioso que governa os fantasmas e aterroriza os céus, mas, sem o conhecimento de Xie Lian, este rei fantasma tem prestado atenção nele há muito, muito tempo.

Meu Deus, que livro difícil... se eu tinha achado o terceiro volume violento, esse foi brutal. Brutal de uma maneira cruel, indigesta e difícil de ler.

Aqui, a volta no tempo se dá para pouco depois do segundo volume, após a queda de Xie Lian. Junto com os pais, Feng Xing e Mu Qin, ele está fugindo do exército de YongAn que está atrás deles. As coisas são ainda mais difíceis porque eles têm de trabalhar para ganhar o sustento, Xie Lian não pode mostrar sua identidade e seus pais precisam ficar escondidos. Eles passam por muitas provações e, para piorar, o rei está doente. Todos desprezam o antigo príncipe da coroa a quem chamam de deus do infortúnio, escarnecem com suas estátuas sagradas e o repudiam como o causador de toda a calamidade que caiu sobre Xian Le (algo que nos revolta, porque sabemos que não foi culpa dele!).

Mesmo apesar de tudo isso, Xie Lian segue com seu bom coração e senso de justiça, mas os conflitos entre Mu Qin e Feng Xing parecem só aumentar até o ponto que Mu Qin decide ir embora, para desgosto do príncipe e ultraje de Feng Xing que passa a odiá-lo ainda mais. É também nessa fase que Xie Lian tem seu primeiro encontro com Hua Cheng desde que ele "desapareceu" na guerra (agora sabemos que ele foi dispensado por Mu Qin e lutou mesmo assim), em uma noite, ele encontra um viajante que vende lanternas cuja luz vem de fantasmas que ele capturou no campo de batalha de Xian Le e prendeu aos objetos. Irritado, o príncipe discute com ele e compra todas as lanternas, dentro de uma delas estava o espírito de Hua Cheng que continuava procurando por ele e continua seguindo-o depois de ser libertado junto aos demais.

Xie Lian a essa altura não acredita mais em ninguém e nem em si mesmo. Está perdido e sentindo-se miserável. Além de todos os problemas, o abandono de Mu Qin causou ainda mais problemas e o príncipe de Xian Le percebe que ele era alguém que não sabia lidar com a vida. E não fosse tudo isso suficiente, ainda havia a pressão dos pais e de Feng Xing para que ele cultivasse e ascendesse outra vez, mas o tempo passava e ele se sentia ainda menos inclinado a ascender, sua mente chegando ao fundo do abismo. É quando ele está enlouquecendo que encontra pela segunda vez Bai Wuxiang. Aterrorizado, ele começa a acreditar que está louco. Para conseguir dinheiro, junto a Feng Xing ele começa a se apresentar nas ruas e penhora suas últimas posses, Xie Lian tem medo que o único amigo que lhe resta também o abandone.

No ápice do desespero, Xie Lian tenta roubar para conseguir o remédio do pai. Ele falha e é humilhado por deuses baixos. Envergonhado e destruído, ele tenta buscar o caminho da cultivação outra vez, ascender é a única maneira de conseguir ajudar os pais e Feng Xing, mas é novamente humilhado e dessa vez também por Mu Qin que conseguiu ascender outra vez. Cansado e mentalmente fragilizado, ele é novamente atacado por Bai Wuxiang que o força ao ponto de mesmo seus pais e Feng Xing acharem que ele está perdendo a sanidade. Sozinho, Xie Lian é capturado pelo monstro e torturado física e psicologicamente no capítulo mais indigesto e cruel que eu já li na minha vida. E como se isso não fosse ruim o bastante, Hua Cheng, um pequeno fogo fantasma impotente, é obrigado por Bai Wuxiang a presenciar tudo. No abismo do desespero, ele acaba por explodir e queimar todos que machucaram seu deus.

Após isso, sem qualquer fé ou esperança restando dentro de si, Xie Lian desiste. Ele dispensa Feng Xing, começa a roubar itens valiosos de casas ricas e, no limite da sua insensibilidade, perde seus dois pais e tenta se matar, não conseguindo por causa de Ruo Ye, e é aqui que descobrimos tanto a história dela como a história de Hua Cheng, ou pelo menos uma parte dela. Entorpecido pela dor, ele se deixa vencer pelo ódio e atacar YongAn, matando todos aqueles que causaram o desastre que sua existência se tornou. É quando ele reencontra Hua Cheng, dessa vez personificado em fantasma usando uma máscara sorrindo. Xie Lian lhe nomeia Wu Ming uma vez que ele afirma não ter nome.

Contudo, sensibilizado por uma única pessoa que ainda mostra ter bondade em seu coração, ele volta a se sacrificar para impedir que a maldição de Bai Wuxiang recaia sobre os inocentes e, incapaz de permitir que seu deus sofra outro horror, Hua Cheng sacrifica sua existência para salvá-lo, desesperando Xie Lian e fazendo essa culpa oprimir seu coração. Após isso, ele recusa sua segunda ascensão e permanece na terra aceitando todas as espécies de infortúnio que se abatem sobre si. 

Te contar, foi um livro difícil de ler. Ele não é apenas triste, é cruel de uma maneira indizível. Foi inevitável comparar Hua Cheng com Lan Zhan, mas embora ambos tenham sofrido a dor de ver a pessoa que amavam sofrendo os piores horrores, Hua Cheng passou por um sofrimento muito pior porque o que Xie Lian sofreu foi muito mais brutal que Wei Ying. Toda a superproteção dele e o desprezo que ele tem pelas pessoas falsas que cercam Xie Lian é mais que compreensível.  A senhora Mo parece ter guardado todo o seu sadismo para esse livro, meu Deus!

Isso só reforça ainda mais o amor que sentimos por HuaLian, os sacrifícios que o Hua Cheng passou pelo Xie Lian, toda a dor que o Xie passou, a angústia e as perdas que ele enfrentou, chegando ao limite do suportável e ultrapassando. Só faz com que a gente deseje ainda mais que ele se assuma com o Hua Cheng e dê todo o amor que ele merece, recebeno em troca na mesma proporção. Mas é lógico que eu estou mais que consciente do fato de ainda rolar muito desespero e crueldade até isso acontecer...


domingo, 17 de julho de 2022

[Livro] Iaiá Garcia

 Autor: Machado de Assis

Ano: 1878

Gênero: Romance

Páginas: 172

Sinopse: Iaiá Garcia foi publicado entre março e janeiro de 1878 em folhetins para o periódico O Cruzeiro. É a última das obras da chamada fase romântica de Machado de Assis. O Brasil à época se recuperava dos efeitos da Guerra do Paraguai, transcorrida entre 1864 e 1870, e inclusive o romance se passa concomitantemente à guerra.

Nestas páginas, o leitor acompanhará a história de Lina, a filha de Luís Garcia, que a apelidou carinhosamente de Iaiá. A pedido de Valéria, o bondoso e gentil Luís convence o lho dela, Jorge, a alistar-se na Guerra do Paraguai, tudo isso para que Valéria pudesse evitar que ele mantivesse sua relação com Estela. É claro que estes personagens irão se encontrar e desencontrar ao longo do romance, como em todo bom folhetim.

Que nostalgia gostosa poder reler esse livro tantos anos depois! Esse foi meu primeiro contato com Machado de Assis de quem, inclusive, eu ainda nem tinha ouvido falar por não ter aulas de literatura que só viriam a acontecer no ensino médio. Eu estava no começo da adolescência e era uma frequentadora assídua da biblioteca, tanto para descobrir histórias novas quanto para fugir do meu assustador professor de geografia (que Deus o tenha consigo). Peguei o livro por pura curiosidade mesmo, achei a capa bonita, na época era uma versão adaptada que tinha uma pintura bem chamativa na capa. Lembro nitidamente como a prosa poética e sedutora de Machado luziu aos meus olhos e não demorou muito para que eu ficasse apaixonada e virasse o livro inteiro num dia, incapaz de parar de ler. 

A história começa quando Luis Garcia, um homem taciturno e frio, recebe um bilhete de uma rica mulher que lhe pede que vá vê-la para pedir ajuda em algo. Quando sai do trabalho (que não é explicitado qual é) ele vai até a casa da mulher que lhe conta os problemas que está tendo com seu filho Jorge, rapaz que parece estar apaixonado por uma mulher que ela desaprova como sua esposa. Assim, tendo se encerrado todas as chances de afastá-lo dela, Valéria, a mãe de Jorge, pede a Luis que lhe ajude a convencer o filho a aceitar se alistar no exército, nesse período acontecia a guerra do Paraguai e, mesmo diante da possibilidade da morte do jovem, a mulher se mostra irredutível.

O objeto de tal amor é Estela, uma jovem que fora acolhida por Valéria já que o pai é um tanto quanto inadequado para sua formação e, tendo falecido a mãe, lhe faltava orientação feminina adequada que um velho de intencionalidade duvidosa e tendência a adulação não tinha. Moça ajuizada, orgulhosa e impassível tanto quanto implacável, Estela era a companhia de Valéria a quem escutava e atendia com filial solicitude e sem nunca esperar nada em retorno. Consciente de sua posição — tanto social quanto na família da sua benfeitora —, não tinha quaisquer ambições ou pretensões que alçassem sua mente a um lugar além do seu merecimento. Por isso, ao saber dos sentimentos de Jorge, não apenas saiu da casa de Valéria, como prontamente o recusou de imediato, separados pela diferença social e pelo orgulho que não era capaz de aceitar nada que não viesse de seu próprio esforço e escala.

Magoado com a recusa dela, Jorge aceita a proposta da mãe de se alistar como uma maneira de provar seu amor à Estela e faz confidência desse sentimento à Luis Garcia, sem, contudo, revelar a identidade do objeto de seu desejo. Parte então o jovem para os horrores da guerra, mais determinado a findar sua existência que a retornar com glória ao lar. Nesse entremeio somos apresentados à Lina, a filha única de Luís Garcia que, carinhosamente, apelidou-lhe Iaiá. Sendo não somente sua única herança da esposa, a quem não amava, mas por quem tinha especial estima, Iaiá era a luz dos olhos de Luís que procurava mimá-la dentro e fora das suas possibilidades. A moçoila estudava em um internato e vinha para casa nos fins de semana alegrar a vida do pai que esperava ansioso por esses dias.

As artimanhas do destino colocam Iaiá no caminho de Estela que, com a partida de Jorge, voltou a frequentar a casa de Valéria, esta disposta a casá-la vê como positivo o interesse da jovem por Luís Garcia e, o apreço por sua filha é o arremate para a disposição do homem, já não mais tão jovem, a aceitar dar nova chance ao matrimônio. Como na primeira vez, não foi o amor, mas a conveniência e o apreço mútuo que levou Estela e Luís ao altar, ambos não apenas cientes, mas confortáveis na situação uma vez que o amor era uma impossibilidade para uma e um desconforto para o outro. Iaiá, extremamente satisfeita com o enlace, tinha em Estela uma irmã e uma mãe postiça por quem tinha respeito e carinho genuínos. Valéria, após contrair doença, acaba por falecer antes do retorno do filho que recebe nos campos de batalha a triste notícia da perda de sua mãe e do casamento de Estela com seu confidente.

Quatro anos depois, Jorge retorna ao Rio de Janeiro com todas as honrarias da guerra adornando sua farda, mas nenhuma paz no espírito. As modificações de caráter e os golpes recebidos nos campos de batalha não puseram fim ao amor obsessivo que remanescia contrariando todas as suas expectativas, mas refrearam-no dada às condições que agora se encontravam. Estela era para ele inatingível e, não fosse sua estima e amizade por Luís Garcia, seus caminhos jamais tornariam a se cruzar. É nessa reaproximação com o antigo amigo da família, que ele conhece Iaiá, ainda sem molde pelas últimas reminiscências da infância cobrindo os primeiros anos da adolescência e, moldados pelo gênio mimado de sua criação, eram provocador do sufocar da beleza conferida pela vida e a genética.

Todavia, a mente afiada de Iaiá começa a suspeitar que há algo estranho entre Jorge e Estela embora a inocuidade pueril lhe impeça de distinguir o que exatamente. Aliado a isso, o ciúmes do pai com o homem a levam a detestá-lo em especial por ele lhe parecer indiferente e a frieza dela desconcerta o rapaz que não tem ideia da razão de ter despertado nela tamanha aversão. Quanto mais a desconfiança de Iaiá aumenta, mais a proximidade dela com Jorge se torna um artifício para atingir a verdade e, nesse percurso, o rumo de seus sentimentos também se transforma. Mas o segredo do passado intrincado no pequeno meio pacífico do seu círculo pode ameaçar esse novo sentimento.

Revisitar essa obra tantos anos depois me deu a gostosa sensação de ler ela pela primeira vez e, nessa ocasião, pude ter acesso ao texto integral o que foi melhor ainda, pois desfrutei da história com todos os pormenores e particularidades da poética e ágil prosa machadiana. Depois de ter já lido alguns livros de Machado depois de adulta, sempre volto à opinião que, independente de quão magistral seja Don Casmurro, Iaiá Garcia sempre será meu eleito. A história simples, cotidiana e dramática desse livro consegue mexer comigo em todos os sentidos e despertam o lado romântico que muitas vezes até chego a esquecer que possuo (por não usar hahaha). É um livro de 1878, mas se aplicaria tão bem ao momento presente quanto uma divertida e intrigante história de Jane Austen.

Iaiá é uma adolescente chata, imediatista e voluntariosa como são todos os adolescentes na idade dela e, talvez por isso, na época em que o li pela primeira vez, tenha sido, para mim, uma identificação tão imediata que me levou a outro livro dele que me tocou de uma maneira diferente: Helena. E me levou a buscar outros autores clássicos ainda naquela época como José de Alencar de quem lembro que não gostei (provavelmente voltarei a dar uma chance a ele agora adulta para ver se minha opinião muda). Fico me perguntando se, ao invés das complexidades de Don Casmurro, livros como Iaiá Garcia não seriam uma leitura mais aceitável para apresentar Machado a adolescentes, e só então avançar para leituras mais exigentes. Contudo é apenas uma visão minha. 

Todavia, embora a premissa de Iaiá pareça simples, sua construção de todo não é. Temos um complicado triângulo amoroso que se desmonta com boas doses de suspense sobre o futuro dos personagens, especialmente dado o comportamento imaturo da personagem título e o olhar que recai sobre o texto e a conduta desses personagens varia de acordo com o momento da vida em que lemos a história. Minha visão aos 14 anos não é a mesma que agora na casa dos "inta". Se você nunca leu Machado, eis uma boa maneira de começar. Iaiá Garcia não é complexo e, de maneira alguma, enfadonho, mas a ausência de complexidade e seu tom dramático puxado para a tragédia não diminui, em nenhum aspecto, a bela construção de suas personagens e o enredo bem articulado, fluido e sedutor que Machado, e apenas Machado, tem.

domingo, 10 de julho de 2022

[Livro] Tian Guan Ci Fu (Heaven Official's Blessing) #3 - Nenhum Caminho está Atado

 Original: 天官赐福

Autor: Mo Xian Tong Xiu

Série: TGCF #3

Ano: 2018

Páginas: 1128

Capítulos: 92

Gênero: Fantasia, romance, histórico, ficção

Sinopse: Oitocentos anos atrás, Xie Lian era o príncipe herdeiro do reino de Xian Le. Ele era amado por seus cidadãos e considerado o queridinho do mundo. Ele ascendeu aos céus em uma idade jovem; no entanto, devido a circunstâncias infelizes, foi rapidamente banido de volta ao reino mortal. Anos depois, ele ascende novamente - apenas para ser banido novamente alguns minutos após sua ascensão.

Agora, oitocentos anos depois, Xie Lian ascende aos Céus pela terceira vez como motivo de chacota entre os três reinos. Em sua primeira tarefa como um deus três vezes ascendido, ele encontra um fantasma misterioso que governa os fantasmas e aterroriza os céus, mas, sem o conhecimento de Xie Lian, este rei fantasma tem prestado atenção nele há muito, muito tempo.

"Claro! Só depois de conhecer você foi que eu descobri que é uma coisa tão simples ser feliz, hahaha..." 

O livro do exposed!

Meu Deus, aconteceu tanta coisa nesse livro que é até difícil enumerar tudo! Vou fazer o melhor que puder para elencar pelo menos os eventos mais importantes deste que foi o maior livro da série com 92 capítulos em que a autora decidiu lavar a roupa suja e colocou todos os personagens na berlinda, nem Hua Cheng escapou haha.

Após aquela pausa no segundo livro para rememorar a trajetória de Xie Lian em sua primeira ascensão e queda, ela retoma o fio da meada a partir do final do segundo livro enquanto Xie Lian tenta lidar com Qi Rong que está possuindo o corpo de um humano e se recusa a sair, para piorar, este humano tem um filho pequeno que não entende que aquele não é mais o seu pai. Tendo que lidar com isso, ele cuida do filho do homem e mantêm o primo preso até encontrar uma maneira de tirá-lo do corpo mortal sem ferir o ser humano. 

Em busca de conseguir algum dinheiro, Xie Lian acaba indo parar na casa de um rico homem cuja esposa grávida está muito doente e nenhum médico conseguiu curá-la. Se oferecendo para investigar, não demora muito para que ele perceba algo errado com a criança e, dando instruções muito específicas ao homem, se veste de mulher mais uma vez e fica no quarto da mulher para tentar descobrir a origem da energia maligna na casa. Ele acaba por se deparar com um agressivo fantasma de um feto cuja gravidez foi interrompida em função de um ritual maligno. Contudo, o procedimento dá um pouco errado e Xie Lian, ao ser atacado pelo espírito do feto, acaba quase se afogando e é salvo por Hua Cheng, descobrindo em seguida que acabou indo parar na cidade fantasma.

Investigando a origem do bebê com a ajuda de Hua Cheng, Xie Lian dá Qi Rong a ele para que descubra uma maneira de arrancá-lo de dentro do corpo do homem. Enquanto isso, uma fantasma é apontada como mãe do feto e Xie Lian a leva para a corte celestial a fim de descobrir quem é o pai. Fina no ar uma suspeita que Mu Qing pode ser o pai ou o responsável pela morte do bebê, já que havia uma sinistra maneira proibida de ascender. A investigação fica por conta da corte e Xie Lian volta ao reino mortal onde encontra-se com Hua Cheng.

Ele recebe a visita do mestre do vento e do mestre da terra pedindo ajuda para lidar com o Reverendo das palavras vazias, uma entidade poderosa que estava grudada no mestre do vento Qin Xuan e como seu irmão Shi Wu Du, mestre da água, estava prestes a passar por uma calamidade celestial, o jovem e alegre mestre do vento não queria pedir ajuda a ele. Xie Lian, claro, logo concorda em ajudar já tendo lidado com aquele tipo de entidade antes ele não se intimida mais e, junto com Hua Cheng, os quatro partem em busca de respostas, tendo de mergulhar no passado mortal do mestre do vento para poder entender a razão de tal entidade ter grudado nele.

A empreitada não dá muito certo e, mesmo com Xie Lian enfrentando a criatura, o mestre do vento acaba sendo pego e resgatado momentos depois pelo irmão furioso. Como a atitude de Shi Wu Du é muito estranha, Xie Lian acaba indo ao reino celestial investigar e descobre que o mestre do vento é mantido preso e perdeu todos os seus poderes de deus se tornando nada mais que um mortal comum. Com a ajuda de Ming Yi, mestre da terra e de Qi Ying, Xie Lian consegue tirar Qin Xuan do reino celestial, mas em vista da calamidade de Shi Wu Du, eles acabam indo atrás dele.

No percurso, eles acabam indo parar no covil da segunda calamidade, o Água Negra que Afunda Navios, onde Xie Lian descobre a verdade acerca do passado sombrio de Shi Wu Du e de como ele usou artifícios para fazer o irmão ascender, prejudicando outras pessoas. Vendo Xie Lian em perigo, Hua Cheng o ajuda, mas o mestre da água acaba assassinado e Qin Xuan desaparece. Desolado, não resta a Xie Lian outro caminho além de aceitar as coisas que estão além do seu controle. Ele e Hua Cheng acabam se separando.

Com a proximidade da abertura do monte Tong Lu, onde nascem os supremos reis fantasmas, Xie Lian é convocado a procurar o Brocado Imortal que escapou das prisões celestiais junto com mais um bando de fantasmas que estava preso. Com isso, vem à tona o passado de Ling Wen, a mais eficiente deusa civil e seu crime passado cai por terra chocando Xie Lian. Esse crime envolve também Pei Ming e Qing Yi. Sem alternativa e vendo que o poder da abertura do monte está prejudicando Hua Cheng, Xie Lian se oferece para ir até lá impedir a saída do próximo supremo. Mesmo um pouco debilitado, claro que Hua Cheng nunca o deixaria ir sozinho até lá, especialmente por conhecer como ninguém cada pedaço daquele monte.

Já no monte, antigas figuras emergem como Xuan Ji, a noiva fantasma ressentida, Ke Mo e Ban Yue, os personagens da tragédia de Yong An, também outro personagem do passado sórdido de Pei Ming e o mestre da chuva que finalmente mostra seu rosto. Fu Yao e Nan Fang também retornam e o grande grupo segue para o monte principal para impedir o próximo rei fantasma. Todavia, partes do passado de Hua Cheng são reveladas na Caverna dos mil deuses e sentimentos são encarados por Xie Lian mesmo que seus dois oficiais tentem impedir. Porém o perigo real se mostra na forma de Bai Wuxiang, a calamidade vestida de branco, o maior terror de Xie Lian. Agora, ao lado de seu mais fiel devoto, o príncipe da coroa de Xian Le vai precisar enfrentar seu maior pesadelo para sair vivo do monte Tong Lu.

Isso é um resumo bem simplório do monte de coisa que acontece no livro, sério. É cada escorregão que quando a gente menos espera está chorando de rir numa página e chorando de nervoso na próxima. Muitas das nossas percepções sobre alguns personagens cai por terra nesse volume e algumas mortes foram bem chocantes, além de inesperadas. Já ouvi muita gente dizendo que essa era a obra mais "levinha" e fofa da tia Mo, sou obrigada a discordar. Embora ela tenha sim momentos muito adoráveis entre HuaLian, não é de longe uma obra leve. É muito mais gore, inclusive, que Mo Dao Zushi, faz a saga de Wei Ying parecer um conto de princesas! 

Não só a violência física muito mais intensa, mas a psicológica também vem com sadismo redobrado em Tian Guan Ci Fu. Acredito que da mesma forma que ela não se conteve no fanservice de MDZS, ela abriu a mão na violência cruel dessa série. Tiveram partes realmente indigestas nesse terceiro volume que já me deixaram de cabelo em pé e receio de ler o próximo. Por isso decidi dar uma pausa para ler algo mais levinho e depois retomar. Todavia, a maneira como tudo se encaixa e as histórias se interligam, além do texto super fluído da autora (algumas parcas vezes enganchado pela tradutora? Sim. Mas isso é o de menos) ajudam muito a voar pelos capítulos sem nem perceber.

Óbvio que a série está mais que recomendada para quem tem estômago para isso hahaha. Apesar de ainda preferir MDZS, não tem como não se encantar com HuaLian, esses dois são a coisa mais adorável que já vi e um romance tão lindo quando WangXian.