quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entenda a Letra - Sleeping Sun (Nightwish)

Voltando ao marcador música. Era para eu ter feito ontem, mas realmente não deu. Bom, a música de hoje é bem complicadinha, porque sleeping sun tem uma letra que pode ser interpretada de pelo menos mil formas diferentes embora ela sempre tenha refletido em mim o mesmo significado,  o que me leva a dizer que é aquele tipo de música que fala particularmente com cada pessoa, por isso, a "análise" dessa semana vai ser um pouco pessoal, eu vou falar o que essa letra conversa comigo, e eu me identifico muito com ela. Então sem mais delongas, vamos lá.

Sol Adormecido
O sol está dormindo em silêncio
Era uma vez um século
Melancólicos oceanos calmos e vermelhos
Carícias ardentes ao dormir
O primeiro verso encaro o sol como a esperança, quieta, intocável, calada.
A partir do segundo eu já penso em uma era que eu gostaria de ter vivido, os oceanos melancólicos, calmos e vermelhos são as dores que assolam a minha alma, a tristeza e as “carícias ardentes” do último verso me remetem a um tempo do meu passado... A uma saudade que eu sinto e que não vai me abandonar nunca.

Por meus sonhos eu continuo minha vida
Por desejos eu contemplo a minha noite
A verdade no fim do tempo
Perder a fé se torna um crime
Os dois primeiros versos dessa estrofe refletem a passividade, os sonhos representam um ideal pelo qual eu não desisto de viver, mas os desejos pelo qual contemplo a noite são utopias que eu sei que nunca serão realizadas, a noite representa a escuridão dentro de mim, “a verdade no fim do tempo” é a admissão de que eu não estou bem, e o último verso representa as críticas de que eu não posso desistir, que eu tenho de ter fé na vida... Gente que não sabe o que você está vivendo e se acha no direito de pisar em você ou falar coisas pra você fazer como se fosse tudo simples.

Eu desejo que esta noite
Dure por uma vida
As trevas em volta de mim
Margens de um oceano solar
Oh, como eu desejo me por com o sol
Dormindo
Chorando
Com você
O refrão é o ponto alto da música. Os quatros primeiros versos, que passam a mesma informação, falam que eu não consigo me desprender da minha escuridão, dessa dor que eu trago comigo e de fato é verdade, as trevas em volta de mim são os reflexos do meu desespero, as pessoas que me machucam, a vida que me fere, e as margens do oceano solar representam as margens da minha esperança, do meu positivismo. Se você olhar o sol que parece ser engolido enquanto se põe no horizonte do oceano, remete a algo inalcançável, distante. Os últimos versos, “se por com o sol” reflete o desejo de dormir para sempre, de se libertar de todas as dores, das lágrimas, dormir e chorar com os últimos suspiros... E o “você” da letra sempre me representou o David.
Sofrimento, é o que tem em um coração humano
De meu Deus eu irei me despedir
Eu velejaria sob mil luas
Nunca achando para onde ir
O primeiro verso está claro como água não é? Tudo que povoa meu coração: Sofrimento. Já o segundo verso, “de meu Deus irei me despedir” é algo que, infelizmente, eu sou forçada a admitir, eu não tenho mais a fé que tinha antes... Eu não sou mais a garota religiosa e cheia de fé que eu fui um dia, mesmo apesar da dor... As vezes eu me pergunto em que momento eu cheguei a esse ponto. E os dois últimos versos falam sobre minhas duvidas, sobre as incertezas que eu tenho de não saber o que fazer, para onde ir, aonde chegar. Realmente eu continuo a esmo na estrada, a vida vai e eu fico à deriva no meio do nada.

Duzentos e vinte e dois dias de luz
Serão trocados por uma noite
Um momento para o poeta tocar
Até que não haja mais nada a se dizer
Os dois primeiros versos dessa estrofe fala que todas as alegrias são suprimidas pela tristeza, toda a luz por maior que seja, fora convertida em escuridão, e isso quer dizer que não importa o quão brilhante sejam os dias, a felicidade nunca vai me alcançar, a esperança vai se por no fim do dia e eu vou mergulhar em trevas e sofrimento. Os dois últimos versos falam do meu “trabalho”, refletem o sentimento que coloco ao escrever, é o meu refúgio, a minha saída, o meu desabafo. Criar é a maneira que eu tenho de externar meu sofrimento de uma maneira a levar as pessoas a verem uma beleza que eu já não consigo mais enxergar. Até que as minhas palavras se calem...

Sleeping Sun representa essa alma entorpecida, essa pessoa que vive trancada dentro de si mesma, tentando inutilmente se privar da dor que a corrói, é um desejo implícito de adormecer para sempre, de cessar de uma vez todo o sofrimento. É uma prece de ajuda, um desabafo, um prelúdio de morte.

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