segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Entendendo a Letra - Blood On My Hands (Xandria)

Só o Título da Música - Sangue em minhas mãos - já deve dizer que essa vai ser uma análise difícil, assim como todas as músicas de metal, pode haver inúmeras interpretações diferentes para uma mesma letra. É até interessante trazer algo deste gênero para cá, e esta será uma análise bem difícil por se tratar de uma música de metal sinfônico, que normalmente tratam de críticas religiosas, problemas políticos e sociais, ou mesmo são puro poema sobre amor, ódio, destino e superação. Descobriremos agora - ou eu pelo menos vou tentar - o que há por trás de Blood On My Hands.
Let's Start!

Estrelas de prata em minha noite escura
Fria como o gelo, mas bela
Errante através de sombras quebradas
O rio da vida está todo cheio de pecados
A água que bebo é o sangue em minhas mãos
Como eu disse, é uma análise complicada, mas Blood on my hands parece tratar-se de uma pessoa profundamente perdida e em conflito consigo mesma, pelo menos é isso que passa para mim. As estrelas de prata no primeiro verso representam a esperança em uma noite escura, mas no segundo verso, percebemos que é uma esperança fria, quase morta, porém bela ao se fazer persistente mesmo que fraca. Os dois últimos versos parecem ter um 'quê' de crítica ao falar que o rio da vida está cheio de pecados e a água que bebe é o sangue em suas mãos, isso me remeteu às cruzadas e as 'guerras santas' que aconteceram e acontecem, o extremismo religioso e o fanatismo que ainda assola a humanidade. Pode ser que eu esteja delirando hehe, mas também pode ser interpretado como uma pessoa que se martiriza por suas culpas, e esse sangue que ela "bebe" e que está em suas mãos pode ser o remorso que ela carrega dentro de si e se renova a cada dia, é até uma ideia mais coerente com o resto da letra, alguém que vive preso nos próprios erros, que se julga desmerecer qualquer perdão.
Ninguém vê como eu estou queimando
Ninguém sente este anseio
Então venha provar este escuro veneno - você nunca alcançará este coração
E perdoe minha obsessão - alguma coisa me separa
De mim mesmo
Aqui nós temos claro no primeiro verso que o eu lírico dessa música é uma pessoa solitária, que cala a sua dor e a remói constantemente sozinho dentro de si, revivendo o mesmo pesadelo como algo automático. Ninguém sente o que ele sente, ninguém pode saber o que é aquela dor que ele carrega, e nos versos que seguem é como se ele estivesse tentando se abrir, convidar alguém para adentrar no seu mundo sombrio e fechado, ao mesmo tempo que o mantém longe de si, quando diz que 'alguma coisa me separa de mim mesmo' podemos ter a ideia de alguém que deseja se libertar do suplício no qual se prende, mas é impedido talvez pelo seu próprio medo, talvez pelo remorso que faça com que sua culpa pareça não ter perdão. A contradição tida no terceiro verso da estrofe deixa claro que mesmo que alguém consiga aproximar-se dele, nunca o conhecerá de verdade, nunca será capaz de "salva-lo" de si mesmo.
Esperando pelo minha condenação - seu promotor está aqui
Em minha própria acusação - você não pode correr de si mesmo
Oh, nós estamos vivendo essas mentiras sozinhos
Então venha e atire a pedra
Nas estrofes anteriores nós entendemos como o eu lírico se sente culpado por algo, aqui vemos que ele mesmo se condena pelo possível - ou possíveis - "pecado" cometido, ele é o único que se acusa e ao afirmar que 'você não pode correr de si mesmo' ele afirma que não pode fugir desse remorso que carrega dentro de si, a dor eterna de estar atado à corrente da dor do arrependimento. Nos últimos versos ele fala o que eu entendi como a hipocrisia das pessoas em ignorar muitas vezes, friamente, as coisas erradas que carregam dentro de si, que não sentem remorso em magoar ou até mesmo acusar e atirar pedras nos outros por seus crimes quando na verdade sua própria alma está corrompida.
Ore aos deuses que eu abandonei... neste jogo de viver e deixar morrer
Ore por minha alma neste mundo... para livrar-me de meus pecados
Ore...
Tudo o que tem sido e tudo o que vejo agora
Apenas um fantasma do que eu chamei de ...
Eu encarei o primeiro verso dessa estrofe como mais que alguém sem fé, mas alguém que depositou muita fé nas pessoas - que seriam os 'deuses abandonados' - e que foi pisoteada por suas imperfeições e traída por sua ingenuidade. Na segunda estrofe, é como se a ordem para orar por sua alma fosse mais uma prece pessoal para conseguir perdoar aqueles que o feriram, mas antes de tudo perdoar a si mesmo da dor que carrega. Nessas estrofes finais, que fazem parte da ponte, eu vejo como se as esperanças dele tivessem se esvaído, a fé em si mesmo e tudo que lhe resta é o fantasma da dor e da culpa que ele leva consigo, nesse caso, me pergunto se as estrelas de prata do primeiro verso, frias como gelo, não seriam então as pessoas, revelando no caso um eu lírico que não consegue lidar com as pessoas (encaro assim porque sou desse jeito!)

O motivo de ter escolhido Blood On My Hands para a música dessa semana, é o fato de que muito nessa letra fala de mim - quase tudo na verdade - revela a dor de alguém que vive trancado no seu suplício pessoal, alguém que tem medo das pessoas porque já foi infinitamente ferido, uma pessoa que vive preso na cela da própria culpa, que vive na busca do perdão de si mesmo e ainda assim se condena mais do que se perdoa, uma pessoa sozinha e preenchida somente com amargura e desespero, sem esperanças, sem expectativas, sem mais nenhum sonho (Uma pessoa como eu).

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