quinta-feira, 30 de junho de 2022

[Livro] Histórias de Fadas

 Autor: Oscar Wilde

Gênero: Fábula, conto

Resenha vai ser curtinha, primeiro porque não tem muito o que falar, segundo porque eu não curti tanto o livro quanto achei.

Meu primeiro contato com o Wilde e não fiquei nem um pouco arrebatada. Nove historinhas que tem a cara dos Grimm, mas não tem o carisma dos contos deles (mesmo os mais ou menos). Os dois primeiros são os mais simpáticos, alguns chegam a ser enfadonhos com descrições longas e desnecessárias como acontece com O Aniversário da Infanta. Algo interessante é que boa parte deles, de certo modo, tem um cunho religioso em sua moral, o primeiro dá a entender, nas entrelinhas, que é meio que uma fábula homossexual embora não se possa afirmar. Na maior parte das vezes, a moral das histórias é mais interessante que as histórias em si, embora ele exponha as problemáticas humanas de modo fiel como em O Amigo Dedicado e O Foguete Notável. São contos que falam sobre egoísmo, superficialidade, falsidade, arrogância e tantas outras emoções humanas, só que de uma maneira até certo ponto bem lúdica. Talvez eu esperasse um pouco demais pelo fato de ele ser um autor clássico, ou talvez eu tenha  lido os contos fora do contexto dele, já que não conheço muito a vida do autor.

Contudo, se por um lado não achei a prosa incrível, ela é, sem dúvida, necessária e fica minha recomendação. Tentei ler Folhas de Relva esse mês também, mas acabei abandonando e, por enquanto, não estou muito na vibe de assistir nada, então não estou vendo nenhum drama. Junho foi um mês mais ou menos, espero que Julho seja melhor. Nesse mês que é meu aniversário vou ler os três livros restantes de Tian Guan Ci Fu.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

[Filme] Liar X Liar | Honey Lemon Soda

Título Original: ライアー×ライアー

Ano: 2021

Roteirista: Tokunaga Yuichi

Diretor: Yakumo Saiji

Gênero: Romance, Comédia

País: Japão

Elenco: Matsumura Hokuto, Mori Nana, Koseki Yuta, Hotta Mayu

Sinopse: Minato é um estudante universitário e tem medo de germes.  Ela não está interessada em ficar bonita.  Ela mora com seu meio-irmão Toru, que é seu meio-irmão do segundo casamento de sua mãe.  Enquanto isso, toru é bonito e joga com as garotas.  Ele não resiste a uma mulher que vem para ele e também não impede que as mulheres o deixem.  Minato se sente desconfortável com toru e seus modos com as mulheres.  Eles têm a mesma idade e frequentam a mesma universidade.  Eles têm um acordo, onde Toru não se aproximará de Minato dentro de 2 metros quando eles estiverem fora.  Um dia, devido ao pedido de suas amigas, Minato se maquiou e vestiu o uniforme do colégio de suas amigas.  Enquanto ela está caminhando em público, ela encontra Toru.  Ela inesperadamente mente para ele sobre sua identidade e diz a ele que é uma estudante.  Toru se apaixona por ela à primeira vista.


Minato é uma jovem universitária que mora com a mãe, o padrasto e o filho dele, Toru que tem a mesma idade que ela. Os dois se conheceram na infância quando seus pais estavam namorando e eram amigos até que seus pais se casaram e eles passaram a viver juntos. Toru passou a se comportar de maneira estranha e afastar Minato que, com o tempo, não só passou a detestá-lo como adquiriu misofobia após determinado incidente. Ela é o tipo de garota que não liga muito para a aparência desde que se sinta confortável com o que usa e consigo mesma, e se irrita com o fato de Toru ser um mulherengo artificial que se deixa levar pela aparência pulando de uma garota para outra sem considerar os sentimentos dela.

Um dia, para ajudar sua amiga fotógrafa, Minato se veste de colegial e coloca uma peruca, mas o destino acaba colocando Toru no seu caminho e para fugir do problema, ela finge ser outra pessoa. Só não contava que seu meio-irmão ia se apaixonar perdidamente por ela lhe colocando numa tremenda saia justa. No início, Minato deseja se vingar dele por todos os perrengues que ele lhe fez passar no fundamental e por tratar as garotas com frieza, mas conforme seu plano avança seus sentimentos vão mudando e ela vai conhecendo uma faceta do irmão que nem seus pais conheciam o que pode mudar sua vida para sempre.

Fazia muito tempo que eu não via um filme amorzinho assim, embora no começo não tenha dado muita coisa nele, o desenrolar da história foi muito engraçado e com boas doses de fofura, o casal "incesto" que vocês já sabem que eu amo ajudou muito no desenvolvimento que me lembrou um pouco Marmelade Boy. Super indico para o fim de semana com uma pipoca doce com as amigas.


Título Original: ハニーレモンソーダ

Diretor: Shintoku Kouji

Roteirista: Yoshikawa Nami

Gêneros: Romance, Escola, Juventude

País: Japão

Ano: 2021

Elenco: Murakami Maito Raul, Yoshikawa Ai, Hotta Mayu, Hamada Tatsuomi, Bando Ryota e Okamoto Matsumi

Sinopse: Ishimori Uka é muito tímida e tem dificuldade em fazer amigos. Quando ela era uma estudante do ensino médio, os alunos zombavam dela chamando-a de "pedra". Por volta dessa época, ela conheceu Miura Kai com cabelo cor de limão. Por causa dele, ela entrou na mesma escola. Uka agora quer superar sua timidez e ter amigos. Kai é um estudante popular na escola, mas não fala muito ou parece interessado nos outros. Ele não sabe por quê, mas se preocupa com Uka. Uka admirava Kai e agora ela sente algo por ele.

Toda vez que o Japão lançar um filme com "Honey" no título, eu vou assistir!

Ishimori sofre bullying por causa de seu comportamento tímido, ela não consegue interagir com as pessoas e, por isso, ganhou o apelido de pedra. Embora queira mudar, ela não sabe como e acaba se conformando em ser uma pedra, dessa forma, ela finge que não se machuca. Até o dia em que ela conhece Kai, um misterioso e belo garoto que começa a mudar seu modo de encarar a si mesma.

Eles acabam indo para a mesma escola e ficando na mesma sala, contudo não interagem, ela não interage com ninguém, mas está determinada a tentar mudar isso. Sabendo que seria difícil para ela dar o primeiro passo sozinha, Kai a estimula incentivando-a a começar a se comunicar com os demais alunos da sala. Sabendo que ela continua sofrendo bullying por parte de alunos de outra sala, ele a defende e, lentamente, os dois se tornam amigos e Ishimori vai se abrindo para as pessoas, tomando coragem de fazer amigos.

Contudo, seus sentimentos por Kai vão mudando conforme os dois se aproximam, mas além de não ter confiança suficiente em si mesma para ficar ao lado dele, Ishimori ainda tem de enfrentar os sentimentos de sua amiga Serina, ex-namorada de Kai que ainda nutre sentimentos por ele. Além disso, Kai parece esconder um segredo que o impede de ser completamente aberto com ela.

Ah, que saudades desses romancinhos colegiais com beijinhos que mal encostam e fofura por take! Uma das coisas mais legais nesse filme — além de ver um mestiço em tela, algo que não vi muito nos meus aninhos vendo produções japonesas — é que o relacionamento do Kai e da Ishimori é super saudável, sabe? Em nenhum momento ele pressiona ou coage ela, mas ao contrário, dá tempo para ela agir e deixa que ela evolua por si mesma só interferindo quando é realmente necessário e, simultaneamente ao progresso dela, vamos também acompanhando o progresso dele. 

Embora, ao contrário do anterior, esse filme não tenha uma carga cômica latente e seja mais voltado para o drama, é muito adorável e vale a pena cada segundinho se você quer ver uma coisa mais açuquinha e suspirante. Também ótima pedida para um domingão na festa do pijama com muito chocolate. Recomendo demais!

domingo, 12 de junho de 2022

[Livro] O Príncipe

Original: The Prince

Autor: Nicolau Maquiavel

Ano: 1532

Gênero: Ciência política

País: Itália

Páginas: 224

Sinopse: Àqueles que chegam desavisados ao texto límpido e elegante de Nicolau Maquiavel pode parecer que o autor escreveu, na Florença do século XVI, um manual abstrato para a conduta de um mandatário. Entretanto, esta obra clássica da filosofia moderna, fundadora da ciência política, é fruto da época em que foi concebida. Em 1513, depois da dissolução do governo republicano de Florença e do retorno da família Médici ao poder, Maquiavel é preso, acusado de conspiração. Perdoado pelo papa Leão X, ele se exila e passa a escrever suas grandes obras. O príncipe, publicado postumamente, em 1532, é uma esplêndida meditação sobre a conduta do governante e sobre o funcionamento do Estado, produzida num momento da história ocidental em que o direito ao poder já não depende apenas da hereditariedade e dos laços de sangue. Mais que um tratado sobre as condições concretas do jogo político, O príncipe é um estudo sobre as oportunidades oferecidas pela fortuna, sobre as virtudes e os vícios intrínsecos ao comportamento dos governantes, com sugestões sobre moralidade, ética e organização urbana que, apesar da inspiração histórica, permanecem espantosamente atuais. (Via: Amazon)

"O desejo de conquistar é uma coisa muito natural e comum, e sempre que têm a possibilidade, os homens que o fazem são mais louvados que censurados."

Se há uma coisa que aprendi em todos os meus anos de leitura — que compreendem a maior parte das minhas três décadas de vida — foi a aceitar minhas limitações ou completa ignorância acerca de determinados assuntos e, sobretudo, a não me envergonhar disso. E aprendi com a filosofia que a ignorância culmina em perguntas, cujas respostas podem mudar o mundo interno de alguém. Mas minha razão para ler Maquiavel não foi, de forma alguma, a busca de respostas. Houve uma época da minha vida em que busquei respostas para meus questionamentos internos, sobretudo na adolescência quando meu mundo se descortinava em um futuro aterrador que se mostrou real e muito pior do que minha frágil imaginação foi capaz de alcançar, essa experiência me ensinou sobre o erro de buscar respostas e, então, passei a desejar fazer as perguntas certas, assim, de acordo com minha própria diligência, seria capaz de encontrar as respostas e isso está longe do conceito meritocrático.

Minha curiosidade sobre Maquiavel, além do puro desejo de embarcar por leituras diferentes que me são apenas agora acessíveis — e não sei, infelizmente, por quanto tempo —, foi o de pesquisar para uma história que desejo escrever. Apesar do desejo primordial não ter sido atendido de maneira completa, ao didático a leitura encaixou com alguma validade. Meu conhecimento de política é ridículo para não dizer inexistente, culpa minha mesma por nunca ter desejado ir a fundo no assunto desmotivada por uma série de fatores que não cabem aqui. Assim, antes de abrir as páginas de O Príncipe, tinha em mente o pré-conceito de um texto desafiador e difícil como costumam ser os textos de filosofia que geralmente pedem uma base pouco fornecida pela escola. Mas, curiosamente, acabei me surpreendendo.

Embora não tenha lido A Arte da Guerra, já ouvi falar muito sobre esse livro e vi diversas resenhas a respeito, por esse motivo quando cheguei próximo ao quarto capítulo de O Príncipe comecei a encará-lo como uma versão italiana do clássico chinês. Maquiavel discorre em suas páginas sobre os diversos tipos de principados e impérios, seus pontos fortes e fracos, dá conselhos aos príncipes que legam pela hereditariedade seus tronos e para aqueles que desejam erguer-se a esta posição por outros meios (nem todos eles assumidos pela honestidade). Não vou tentar discorrer nessa resenha sobre conhecimentos profundos e leituras de entrelinhas a respeito da obra porque não tenho qualquer base de ciência política e encarei a leitura, inicialmente, como ela se apresentou aos meus olhos: um manual. Escrever um texto cheio de firulas sobre coisas que não compreendo de nada me serviria mais tarde quando fosse consultar essa resenha outra vez e tampouco para outros leigos que, como eu, desejassem ler este livro para satisfazer suas curiosidades clássicas ou por obrigação da faculdade (da qual me livrei, talvez, pelo curso de modo que o li por escolha e não obrigatoriedade acadêmica).

Talvez seja simplório resumir o livro dessa maneira, mas é como ele acabou soando para mim durante esta semana de leitura: um manual de como conquistar e se manter no poder. Usando exemplos de sua época e de impérios e reinos anteriores ao seu tempo, Maquiavel traça um percurso para todos os príncipes que um dia chegarão ao trono pelo "mérito" e para aqueles que o conseguirão pela força, seja ela da violência ou da astúcia. Discorre, assim, sobre os tipos de principado, os tipos de exércitos e as falhas e vantagens de cada um, além do perfil de príncipe que seria capaz de se manter no poder em cada uma das ocasiões em que ascendeu ao poder. 

Algo que me chamou atenção até aqui é que ele não julga ou condena nenhum tipo de meio para atingir o propósito. Seja pelos meios pacíficos, violentos, legais ou ilegais, segundo seu "manual", qualquer viés é válido desde que se alcance o fim desejado. Todavia, uma vez atingido o fim independente dos meios, ele afirma que só é possível mantê-lo agindo com justiça e elucida, em diversos pontos do livro, que um príncipe só é capaz de reinar com plenitude se seu povo estiver de acordo com seu governo.

"O príncipe que tem o povo por inimigo dificilmente estará em segurança devudo ao seu grande número, enquanto, ao contrário, a hostilidade dos grandes não o fará estremecer, por serem poucos."

Essa consciência do poder público é tão necessária, especialmente em países como o Brasil, que se fosse universal acredito que nenhuma nação viveria aprisionada pelos governos ditatoriais, opressores e corruptos. Todavia, de acordo com meu entendimento da leitura, o autor se faz controverso por diversas vezes, sobretudo quando defende a conquista pela força e, dessa forma, a aniquilação de todo modo de oposição. Então, o livro pode ser entendido de diversas maneiras de acordo com o conhecimento e posicionamento de quem lê, por vezes, o julguei até subversivo em alguns aspectos, mas são impressões minhas que podem não condizer com a intenção do texto. 

Mas minha surpresa veio meio no último capítulo. Isso pode soar como um spoiler, embora não acredito muito nisso, mas por via das dúvidas, pule esse parágrafo. Todo esse estudo empreendido na formação e manutenção de um principado culmina em um apelo! Sim, o livro todo é como uma espécie de manual para o papa Leão X da casa dos Médices com o claro intuito que, pelos meios certos, ele conseguisse assumir e reunificar a Itália da época. Coisa que, segundo o índice cronológico no fim do livro, não aconteceu uma vez que os Médices foram expulsos de Florença em 1527, mesmo ano da morte de Maquiavel. Ou seja, o livro todo é um grande pedido de socorro que não foi ouvido.

Acho a leitura válida? Sim. Embora não tenha sido bem o que eu esperava o livro traz conscientizações que são muito importantes para nós leigos cidadãos e, sobretudo, para entender o funcionamento de uma sociedade como ela deveria ser (mas na prática nunca é), ele joga luz sobre alguns assuntos e levanta questionamentos sobre outros. E, surpreendentemente, não é uma linguagem inacessível, pelo menos não a edição que li. Talvez os pormenores políticos me tenham escapado por ignorância, mas no fim foi uma leitura interessante e leigos ou não em política, acho que todo mundo deveria ter uma opinião a respeito dos pensamentos "maquiavélicos" do autor sobre sociedade e poder.

terça-feira, 7 de junho de 2022

[Livro] Fábulas Chinesas

Autor: Sergio Capparelli 

Ano: 2012

Páginas: 64

Sinopse: O fabuloso mundo das fábulas

A fábula é um dos tesouros dos primórdios da humanidade. Gênero literário popular, tem origem em histórias transmitidas oralmente, de geração a geração — até que um ou mais escritores decidem registrá-las e dar-lhes uma forma definitiva. O presente livro reúne fábulas de diversos períodos da civilização chinesa — as mais antigas datando de antes da Era Cristã. São histórias de vários estilos, registradas por diversos autores que eram também poetas, mandarins, historiadores, sábios em geral, nas quais se evidenciam traços da cultura da China e uma sabedoria popular milenar.

"O sábio deve se apoiar na sabedoria da natureza, e não na inteligência dos homens."

Um recorte da milenar sabedoria chinesa em contos simples, cotidianos e, alguns, com metáforas bem elaboradas sobre política. Essas trinta fábulas são um retrato da sociedade chinesa antiga, todos com cunho moral e filosófico, alguns, inclusive, que vi referências em novels como Ashes of Love e Mo Dao Zushi, o que demonstra que é um conhecimento que continua a ser passado pelas gerações.

Os que mais me chamaram a atenção foram:

O homem que queria mover as montanhas, ele demonstra a perserverança que contagia todos e perdura nas gerações futuras se bem ensinada. Não há nenhum problema que dure eternamente e não possa ser resolvido com resiliência.

Esperando um coelho eu lembrei de ter visto em MDZS, inclusive, comecei a rir assim que iniciei a leitura. Fala sobre a preguiça, um homem morre de inanição por contar com a sorte de um coelho morrer ao se chocar com uma árvore ao invés de trabalhar para conseguir seu sustento.

Há também o do homem que sonhou que era uma borboleta e, ao acordar, começou a indagar-se se ele havia sonhado ser uma borboleta ou se a borboleta havia sonhado que era ele. Essa é mais uma fábula filosófica e existencial, inclusive, o anime Kuroshitsuji faz alusão a esse conto em um de seus episódios.

O lobo de Zhongshan conta sobre um monge maoísta que salva um lobo de ser assassinado por um oficial, mas depois acaba sendo ameaçado pelo próprio lobo que salvou, fala sobre ingratidão.

A direção errada é outro muito interessante que conta sobre um homem desejando invadir o estado de Chu, armado com um poderoso exército e riquezas, ele estava indo pela direção errada e um homem lhe diz que não importa o que ele faça ou tenha, nunca atingiria seu propósito se seguisse pelo caminho errado. É autoexplicativo.

Gostei muito, é uma maneira bacana de conhecer um pouco da fascinante cultura chinesa, embora quando comprei esperasse algo mais, valeu a pena. 

[Livro] O príncipe da Coroa que agradava a Deus (Tian Guan Ci Fu #2)

Título Original: 天官赐福 

Autor: 墨香铜臭

Ano: 2017

Série: 天官赐福 (Heaven Official's Blessing) #2

Gênero: Fantasia

Sinopse: Oitocentos anos atrás, Xie Lian era o príncipe herdeiro do reino de Xian Le. Ele era amado por seus cidadãos e considerado o queridinho do mundo. Ele ascendeu aos céus em uma idade jovem; no entanto, devido a circunstâncias infelizes, foi rapidamente banido de volta ao reino mortal. Anos depois, ele ascende novamente — apenas para ser banido novamente alguns minutos após sua ascensão.

Agora, oitocentos anos depois, Xie Lian ascende aos Céus pela terceira vez como motivo de chacota entre os três reinos. Em sua primeira tarefa como um deus três vezes ascendido, ele encontra um fantasma misterioso que governa os fantasmas e aterroriza os céus, mas, sem o conhecimento de Xie Lian, este rei fantasma tem prestado atenção nele há muito, muito tempo.


"Quando humanos ascendem, eles ainda são humanos; quando caem, eles ainda são, humanos."

Embora fosse o príncipe herdeiro do trono de Xian Le, Xie Lian não almejava o trono. Sua grande paixão era a cultivação, o caminho da sabedoria e da pureza e as artes marciais. Muito cedo, quando as primeiras desavenças com o pai começaram a surgir, ele se mudou para a montanha Tai Cang a fim de estudar cultivação, ficar longe do pai e, um dia, ascender mesmo que esta última possibilidade não fosse uma certeza.

Durante o Festival das Lanternas, Xie Lian deveria representar a divindade maior que destrói o mal, o desfile visava não apenas agraciar os céus, mas de trazer tempos de paz e prosperidade para o reino pelos próximos anos. Todavia, bem no meio do desfile, Xie Lian sai do seu personagem para salvar uma criança que caíra de cima de um prédio, interrompendo o desfile antes do previsto e, ainda mais, sua máscara cai revelando seu rosto, até então incógnito, para todos do reino presentes.

Ele é repreendido pelo seu mestre que afirma que aqueles acontecimentos prenunciavam um mal sobre a nação de Xian Le, mas o príncipe herdeiro estava preocupado somente com a criança que, aparentemente estava bem. Ele incumbe um de seus funcionários a levar o menino em segurança para fora do palácio e apesar de todos estarem preocupados com os maus agouros que poderiam vir, o príncipe da coroa não parecia abalado pelo que havia acontecido, apenas orgulhoso de si mesmo por conseguir salvar a criança. Seu mestre, entretanto, diz a ele para se desculpar publicamente com o reino pelo que aconteceu, mas Xie Lian se recusa, alegando que não fez nada errado para se desculpar.

Dias depois, quando está prestes a voltar para a montanha, ele vai pela cidade para que um dos seus funcionários possa visitar a mãe, é quando ele reencontra o mesmo menino que salvou sendo torturado por seu primo Qi Rong. Enfurecido, Xie Lian manda prender o rapaz e leva o garotinho às pressas para os médicos reais. Embora bastante ferido, o menino ainda tem força o bastante para impedir que o príncipe veja o lado direito do seu rosto e para se posicionar contra aqueles que o acusam. Temendo deixar o garoto no castelo e ele se tornar vítima de Qi Rong outra vez, Xie Lian opta por levá-lo contigo para a montanha Tai Cang.

Como um lugar sagrado, a montanha comportava pavilhões dos mais diversos tipos, por isso, ao levar o pequeno menino até lá, algo extraordinário acontece, os pavilhões que selavam espíritos malignos têm suas barreiras desfeitas e todos os monstros são soltos na montanha indo na direção do garoto e queimando o lugar onde Xie Lian morava. Contudo, o príncipe da coroa parecendo um bom discípulo maoísta, não se importava com nada daquilo, apenas com a criança e seus oficiais dentro do palácio. O sacerdote maior da montanha arguiu o garoto para ler sua sorte e descobriu que ele tinha uma data de nascimento obscura, destinado a trazer infortúnio para si mesmo e todos à sua volta.

Ouvindo isso, o garotinho, é claro, se opõe afirmando que nada daquilo era sua culpa e que ele não havia feito nada para atrair a escuridão dos espíritos até lá. Para surpresa de todos, Xie Lian concorda, ficando ao lado dele e tentando acalmá-lo. Naquele mesmo dia, o garotinho desaparece e o sacerdote diz a Xie Lian que ele tem todos os requisitos necessários para ascender, embora acredite não ser uma boa ideia em idade tão jovem.

E ele estava certo.

Xie Lian ascende aos dezessete anos, se tornando um dos mais adorados e poderosos deuses, mas mantendo a impulsividade e os ideais pouco embasados da adolescência. Quando seu reino começa a colapsar com a falta de água e uma estranha doença começa a varrer a região, ele contraria os céus e desce para ajudar o seu povo, o caos se espalha no reino de Xian Le e o príncipe da coroa, uma vez amado por todos, se vê duvidando de si mesmo e recebendo o desprezo do seu povo em resposta por não ser capaz de salvá-los. O pior ainda foi descobrir que a causa maior daquele infortúnio se deveu a ele mesmo, a partir do momento que impediu o curso do destino de agir, Xie Lian enterrou o futuro do seu reino já destinado a cair.

O segundo volume do quarteto joga luz sobre o passado de Xie Lian, elucidando alguns fatos do primeiro livro que ficaram um tanto obscuros para nós. Quando encontramos o personagem no primeiro livro já o vemos em uma versão muito mais madura e ignoramos completamente sua trajetória até esse estado, como todo mundo, Xie Lian passou pela rebeldia ao se virar contra os céus e os adultos e fazer o que ele achava que ela certo apesar das consequências, ele aprendeu da maneira mais difícil que nem sempre o bem de um é o bem geral e que nunca vai-se agradar a todos.

É um livro um tanto triste e até um pouco macabro em algumas partes. Mas a gênese da relação dele com Hua Cheng foi o ponto alto do volume sem dúvida!  A devoção genuína de Hua Cheng nasceu na infância e perdurou por toda a sua vida, mesmo durante a queda de Xie Lian, no momento que ele era desprezado por todos, Hua Cheng estava lá acreditando nele e isso foi lindo de ver, bem como aconteceu com nossos amados Lan Zhan e Wei Ying, mas de uma forma bem mais pura e intensa. E isso só aumenta mais nossa curiosidade a respeito do personagem, uma vez que a autora nos dá pouquíssimas pistas sobre seu passado. Sabemos que ele veio de uma família abusiva e negligente e vivia fugindo, era muito pobre.

Espero que os próximos livros contem mais a respeito dele e de como ele se tornou um fantasma. Um não, O fantasma! Hahaha. Apaixonadinha por eles. Como o terceiro livro é gigantão, eu vou quebrar um pouco a corrente, ao contrário do que fiz com Mo Dao Zushi e vou ler outras coisas. Outra coisa que me surpreendeu um pouco nesse livro, apesar de ele ser muito bom, como é, ao contrário de seu antecessor a gente consegue fazer pausas entre as leituras. Lembro que quando estava lendo MDZS eu simplesmente não conseguia fazer mais nada, só queria ler. TGCF está se mostrando uma experiência mais "leve".