Original: The Lost Apothecary
Ano: 2022
Autora: Sarah Penner
Gêneros: Ficção histórica, Ficção Doméstica
Sinopse: UMA HISTÓRIA ESQUECIDA. UMA REDE SECRETA DE MULHERES. UM LEGADO DE ENVENENAMENTO E VINGANÇA.
Com um suspense palpitante, duas linhas do tempo e personagens inesquecíveis, A pequena loja de venenos é uma ficção histórica estonteante sobre segredos, sonhos e as formas extraordinárias com que as mulheres podem salvar umas às outras apesar da barreira do tempo.
No século XVIII, a Londres vitoriana escondia uma pequena botica que atendia a uma clientela peculiar. Nella, uma curandeira respeitada no passado, vendia venenos a mulheres que precisavam se livrar dos homens ameaçadores de suas vidas. Porém, quando uma garotinha de doze anos entrou no caminho da boticária, o futuro de seu trabalho foi posto em risco.
As consequências desse encontro ecoam através do tempo e chegam até aos dias atuais, reverberando em Caroline Parcewell, uma aspirante a historiadora cuja vida está de ponta cabeça. Com um casamento em ruínas e uma vida infeliz, Caroline encontra refúgio no mistério que envolve uma série de assassinatos por envenenamento séculos antes, um achado que a levará até Nella e sua loja. Após descobrir um frasco de boticário em uma caça relíquias no Tâmisa, a vida dela se entrelaçará com a da boticária em uma maravilhosa reviravolta do destino.
Na segunda passada (13) aconteceu uma tragédia familiar e fiquei essa semana praticamente inteira tentando reunir os pedaços que sobraram do meu coração. Não vou dizer que está tudo cem por cento, quando esse tipo de coisa acontece, parece errado qualquer sentimento de felicidade e algo que me ajudou bastante a passar por isso foi esse livro. Fiquei vidrada na história — tão logo tive cabeça para me concentrar nele de novo — e pude relembrar como a literatura tem sido meu grande suporte em todos esses anos da minha vida. Peguei a recomendação desse livro da Helaina do blog Mente Hipercriativa, amei a resenha dela e fiquei com muita vontade de ler, surgiu a oportunidade na feira de livros da minha cidade ano passado e comprei (não muito em conta, mas valeu cada centavo).
A história é narrada por três pontos de vista, o de Nella, uma boticária do final do século XVIII que é especializada na criação de diversificados venenos para mulheres que desejam se livrar de seus maridos abusadores, Eliza, uma menina de doze anos que trabalha para a casa de uma família rica e, nos dias atuais, de Caroline, uma mulher dos EUA enfrentando um problema no casamento. Da última vez que li um livro narrado por três mulheres só tive raiva (A garota no trem) então fui ler esse livro confiando no processo, no caso a resenha da Helaina que, por sinal, tem um fabuloso gosto literário.
Após uma tragédia na sua juventude, Nella ficou com o coração endurecido e, a até então loja de salvar vidas da sua mãe, foi mascarada por um lugar secreto onde ela fabricava venenos para mulheres que desejavam com desespero se livrar de um marido abusivo, um pai impiedoso, um irmão cruel, enfim, qualquer homem que as estivesse coagindo. E esse era um pacto que tinha consigo mesma, seus venenos sempre seriam usados contra homens, nunca contra mulheres. Ela documentava cada veneno vendido com o nome, a forma de ministração, o nome da vítima e do encarregado de buscá-lo.
Tudo muda quando, um dia, uma adolescente de não mais de doze anos aparece na sua loja para buscar um veneno previamente encomendado por sua patroa. Chegando lá, a menina explica que é para o seu patrão que começou a agir de maneira estranha com ela. Nella explica bem as condições e a ministração do veneno, deixando a garota consciente do que estava fazendo, mas Eliza, a jovem servente, é uma garota relativamente madura para sua idade, embora haja muito que não compreenda, matar uma pessoa está perfeitamente claro na sua mente.
A menina torna a aparecer alguns dias depois em busca de um remédio para afugentar fantasmas, pois acreditar estar sendo assombrada pelo fantasma do falecido patrão quando, na verdade, está apenas menstruando pela primeira vez. E chega em má hora, pois Nella está esperando outra cliente. Por alguma razão, naquele dia, ela sente algo errado, mas não consegue explicar o motivo. O que ela mais temia estava prestes a acontecer, uma mulher da nobreza aparece em sua loja para encomendar um veneno para a esposa do marido.
Diante da recusa veemente de Nella em vender a poção, atirando no fogo suas longas horas de trabalho, a mulher a ameaça com a justiça caso ela não refaça o veneno em pouco menos de cinco horas. Com a ajuda de Eliza e assolada por uma doença que a está matando, Nella corre contra o tempo para preservar as muitas mulheres que ajudou ao longo da vida, assim como aquela menina que insiste em ficar ao seu lado.
Enquanto isso, nos dias atuais, Caroline viaja sozinha para Londres no que deveria ser sua viagem de aniversário de casamento. Após descobrir a infidelidade do marido, precisa lidar com o rumo que sua vida tomou e repensar sua vida ao lado dele após dez anos de relação. Sozinha, ela começa a pesar todos os anos que viveu ao lado do marido e percebe o tipo de relação nada saudável que estava tendo, mas era cega demais para perceber.
Após encontrar um frasco misterioso em uma espécie de caçada de relíquias organizada por um senhor que encontra à porta de um bar, ela embarca numa busca incansável para descobrir a origem do objeto e a história por trás dele enquanto tenta lidar com sua relação em decadência e redescobre a essência de ser ela mesma pela primeira vez em muito tempo.
O livro é viciante. A gente passa pelos capítulos que nem percebe, os que eu menos gostava eram os da Caroline, ela reúne tudo que eu não gosto em uma personagem. Talvez pelo fato de, graças a Deus, eu nunca ter sido casada sou incapaz de mostrar alguma empatia pela relação dela com o marido escroto, no lugar dela só penso que chutaria o traseiro dele, mandariam catar favas e seguiria minha vida muito melhor sozinha. Não tenho ideia do que é ter uma relação com uma pessoa por dez anos, especialmente o que seria abandonar um sonho de uma vida porque alguém não quer fazer parte dele.
Sempre tive em mente que casamento era parceria. Apoio mútuo. Não um complemento das partes, mas, antes de tudo, um comum acordo de amizade e devoção. Talvez por isso eu tenha sido solteira a vida toda. Consigo entender bem mais os sentimentos de Nella e, mesmo sendo muito errado o que ela fazia, era empática com os motivos que a levaram a ir por aquele caminho, sobretudo considerando que a época não era nada favorável com as mulheres, não que hoje seja muito diferente. E Eliza, por mais errado que seja, em algumas partes eu ria da inocência dela, achava tão bonitinho. Me dava alguma nostalgia também de ver o mundo sob a ótica inocente dela, acreditando em magia.
Fui surpreendida com o final e fiquei muito feliz. Recomendo demais, vale a pena cada centavo e você não vai conseguir fechar até chegar a última página. Obrigada, Helaina, por mais uma indicação impecável. Inclusive, vão conhecer o blog dela, tem livros, séries, curiosidades, uma infinidade de coisas! Mente Hipercriativa.
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