domingo, 18 de agosto de 2024

[Bíblia] Esdras

Introdução

 Originalmente era um só livro com o livro de Neemias e está provavelmente atribuído ao mesmo autor do livro das Crônicas já que faz sequência aqueles eventos. É composto de arquivos e documentos oficiais em aramaico além das memórias pessoais de duas personagens que os nomeiam. Relata a restauração religiosa ocorrida quando Ciro, rei dos persas, autorizou em 538 os judeus a voltarem à judeia, libertando-os do cativeiro babilônico.

É a partir dessa época que a classe sacerdotal começa a adquirir influência cada vez maior, o templo centralizava a nação e o culto tomava formas particulares com uma observância cada vez mais rigorosa da lei criando o terrível formalismo repassado de hipocrisia religiosa que seria conhecido como farisaísmo mais tarde condenado por Jesus.

Livro

A partir do edito de Ciro, os judeus eram libertados para retornar à sua terra e prestar culto a Deus. Por sua ordem, todos à sua volta deviam ofertar toda a sorte de provisões e presentes para reedificar o templo do Senhor. Segue-se então uma lista dos repatriados dentre os quais se destacava a figura de Mardoqueu que surgirá adiante no livro de Ester.

Já instalados em suas respectivas cidades e casas, deu-se início a reconstrução do culto, o povo reuniu-se diante do altar, celebraram a festa dos tabernáculos e fizeram holocaustos prescritos para cada dia. Apenas dois anos após o retorno foi que começaram a reconstrução do templo sob ordens e aprovação de Ciro.

Tão logo foram iniciadas as obras do templo, os samaritanos se ofereceram, a princípio, para construir em conjunto com eles, mas, diante da recusa por parte dos judeus, começaram a atrapalhar o processo, intimidando os trabalhadores e comprando conselheiros para frustrar a obra. Isso durou toda a vida de Ciro.

No reinado de Ataxerxes, os samaritanos encontraram a oportunidade de usar o rei para interromper de vez as obras e, usando subterfúgios, conseguiram interromper de vez a construção por ordem do rei. Assim, a reconstrução do templo ficou parada até o reinado de Dário (pai de Assuero que aparecerá no livro de Ester).

Mesmo sem a autorização, guiados pelo profeta Ageu e por Zacarias os judeus retomaram as obras causando a ira dos samaritanos que escreveram para Dario na esperança de parar os trabalhos novamente. Só que o tiro saiu pela culatra porque o rei mandou investigar nos arquivos e na Babilônia e encontrou o edito de Ciro; prontamente, emite a ordem de retomada da reconstrução sob pena de morte para qualquer um que atrapalhar ou nega a pagar os tributos referentes aos holocaustos para o templo. Sem saída, os samaritanos não tiveram alternativa além de acatar as ordens.

Algo retomado aqui é sobre a proibição de mistura com outros povos. Deus já tinha alertado quanto a isso antes do povo entrar na terra prometida e, já naquela época, foi desobedecido. Mesmo aós todo percurso doloroso do cativeiro, a ordem permanecia ignorada por grande parte do povo, levando Esdras à profunda aflição.

Esdras vinha da Babilônia e era um escriba versado na lei de Moisés. Com a permissão de Ataxerxes voltou à Jerusalém após conseguir a libertação de vários dos cativos lá. O livro segue então uma narrativa em primeira pessoa contando a viagem do escriba de volta para sua terra.

Diante da desobediência do povo, Esdras rasga suas vestes e implora a Deus por perdão para aquele povo de coração duro.

Esdras promoveu uma reforma para que aqueles dentre eles casados com mulheres estrangeiras as despedissem e se purificassem, oferecendo um sacrifício pelo seu pecado.

No vai e vem desse povo, aqui realmente começa a se manifestar ainda de forma bem tímida a observância estrita da lei de Moisés. No livro de Esdras, ela ainda não surge de modo tão opressor quanto o seguido pelos fariseus, mas vemos sinais do farisaísmo em detalhes diminutos que, acredito eu, serão desenvolvidos de modo mais aprofundado ao longo dos outros livros até chegar ao ponto que Jesus encontrou quando veio.

[Livro] Lendas Japonesas

 Autor: Loputyn

Ano: 2024

Gêneros: Ficção, Conto de fadas, Realismo mágico

Sinopse: No universo rico e cativante das lendas japonesas, criaturas misteriosas e seres encantados surgem entre as sombras e entram em cena, desencadeando eventos surpreendentes e interações inusitadas entre os personagens. Nesse cenário fascinante que entrelaça o mundano e o sobrenatural, a quadrinista italiana Jessica Cioffi, que adota o pseudônimo Loputyn, dá nova vida e perspectiva a 25 contos tradicionais japoneses, ilustrando-os com seu toque delicado e singular.

Selecionados cuidadosamente pela artista, que já encantou os darksiders com Francis, os contos que compõem Lendas Japonesas abrangem temas como amores não correspondidos, vingança, feitiços e acontecimentos sobrenaturais. São histórias que atravessaram épocas e gerações, transmitidas pela tradição oral e registradas na literatura clássica ou adaptadas para o teatro.

Ganhei esse livro de presente de aniversário da minha irmã, já tinha um tempo que eu estava de olho nele, até porque, uma das minhas histórias mais diferentes começou depois de uma lenda japonesa. O livro é bem pequeno, 64 páginas e reúne contos curtíssimos dos mais sombrios e variados temas. As ilustrações são belíssimas, enchem os olhos, em relação às histórias, confesso que esperava mais, embora não conhecesse a maior parte dos contos, outros já tinha lido antes, queria ver mais do Japão antigo, ainda assim acho que vale muito a pena, especialmente para quem quer retomar o hábito da leitura ou não anda com muito tempo, já que são histórias muito curtas, dois ou três parágrafos.



domingo, 11 de agosto de 2024

[Bíblia] Crônicas

 O livro de Crônicas começa com um balanço da população desde o Gêneses até os reis e, depois, ocupa-se em fazer um apanhado dos principais feitos dos reis de Israel a começar com Davi a partir da morte de Saul.
 
Com poucos adendos à história apresentada nos dois livros dos reis, o livro vem como uma revisão dos principais pontos e evoca reflexões acerca do serviço a Deus e à sociedade. Até aqui fica bem clara não apenas o declínio do caminho humano desde que Israel passou a ser governada por homens, os escolhidos de Deus eram falhos, como os próprios Davi e Salomão, seus descendentes em boa parte se arrastavam à corrupção atraindo a ira de Deus. Ainda assim, por mais irado e magoado, o Senhor continuava insistindo neles e na sua redenção. Isso me faz pensar na própria igreja que é composta e liderada por pecadores e, como tal, propensa a falhas como é provado na história e isso nos leva ao segundo ponto: longe de Deus perecemos e não há nada que seja bem-sucedido.

Essa é outra mensagem fixa nos livros até aqui. Reis afastados de Deus e entregues ao mundo eram abandonados, mas aqueles que permaneciam fiéis encontravam prosperidade em tudo que se propunham, porque seus planos eram entregues a Deus e estavam sempre com o olhar voltado para Ele. A bíblia prepara bem o caminho da vinda de Cristo com sinais sutis. Jesus foi um divisor de águas na história do mundo, mas apesar de suas obras também não foi ouvido ou aceito, contudo, ao contrário dos profetas, deixou não só ensinamentos perpétuos, mas soldados que serviram de exemplo para a posteridade: os apóstolos.

Essa etapa do caminho de Israel é como um reflexo da gênese que formou a sociedade que posteriormente receberia o Messias, mas não seria capaz de reconhecê-lo ou negaria por meio das "autoridades" que eram a voz do mundo. O povo segue os passos do líder e o histórico dos reis apresentados em crônicas não é promissor.

O poder cega e fica claro na história que os homens não são capazes de lidar com ele. Tão logo se veem com poder sobre outros começam a se achar superiores e esquecem quem está acima deles. O coração humano é volúvel e facilmente compelido ao mal, somos fracos. Quanto mais nos afastamos de Deus em prol de nós mesmos, mais atraímos nossa própria ruína e a pior parte é que sequer nos damos conta disso!

O que eu sinto muito forte acompanhando essa jornada do "povo escolhido" é como isso reflete de modo assustador em toda a história da humanidade, de modo mais gritante ainda na atualidade. A idolatria, a apostasia, o vazio de empatia e compaixão. O mundo como seus ancestrais incita a ira de Deus e busca a própria condenação.

Outra coisa que me fascina é a simbologia bíblica. Mesmo muito antes da vinda de Cristo, os sinais de seu sacrifício e o significado já se mostram. Aqueles que clamam ao Senhor e são fiéis aos seus mandamentos são protegidos de todo o mal e suas preces são ouvidas. Isso não quer dizer que não haverá problemas ou que Deus sempre vai dizer sim a tudo que pedimos. Às vezes, precisamos passar duras provações para nossa fé ser fortalecida e, como Cristo, aprendermos a obediência aos planos do Pai. É na dor que Deus nos lapida e testa a força do âmago do nosso coração. Ele nos diz para não temer, mas confiar.

Com todo o vai e vem dos reis de Judá e Israel, fica claro que, independente de se irar com os pecados abomináveis dos reis, do povo, Deus continua tentando chamá-los com insistência à salvação e abençoa seus planos quando o escutam. É outra mensagem clara até aqui Ele nunca desiste de nós. Precisamos escolher com critério aqueles que ouvidos e seguimos. Os líderes levavam o povo ao pecado e a falta de critério e discernimento fazia com que o povo se deixasse levar por quem lhes guiava. Hoje, a voz dos padres e do papa está lentamente enfraquecendo, abafadas pelos gritos cegos e vazios do mundo. Que possamos ser criteriosos e filtrar as coisas que nos chegam para não sermos afastados da presença e preceitos do Senhor.

Israel ficou cativo na Babilônia até o edito de Ciro, rei da Pérsia e avô de Xerxes (Assuero) libertando-os do cativeiro.






[Filme] Mavka: A Canção da Floresta

Original: Мавка. Лісова пісня

Direção: Oleh Malamuzh, Oleksandra Ruban

Roteiro: Yaroslav Voytseshek

País: Ucrânia

Sinopse: Mavka (Nataliya Denisenko) é uma Alma da Floresta escolhida como a nova Guardiã do reino, sendo sua principal missão proteger a Floresta e seu sacrossanto Coração - a própria Fonte da Vida - contra qualquer agressão ou intrusão, inclusive por parte dos humanos. Mas quando Mavka se apaixona pelo jovem mortal Lucas (Artem Pivovarov), a avarenta Kylina (Elena Kravets) vê a chance que precisava para assumir o controle da floresta e roubar o Coração. Mavka e Lucas conseguirão viver este grande amor e ainda assim evitar que o mal vença?

Contar para vocês, depois de tanto tempo esperando esse filme desde o lançamento do teaser, a decepção veio com toda a força.

Embora, em tese, não seja um longa ruim, Mavka não traz praticamente nenhuma novidade em comparação a outros filmes do gênero como Raya, Lórax, Wall-e e princesa Mononoke. A história segue a alma da floresta que é escolhida como nova guardiã em um período em que os humanos foram banidos por tentarem roubar a essência da vida que é uma nascente na árvore mágica no centro da floresta. A desavença antiga fez crescer lendas em ambos os lados culminando no ódio entre o mundo das criaturas da floresta e o mundo dos humanos.

Quando Lucas, na tentativa de salvar a vida do tio, aceita se embrenhar pela floresta proibida em busca de uma árvore misteriosa, ele acaba conhecendo Mavka que fica encantada com a sua música de flauta e se interessa por aquela versão de um ser que desconhece. Ela se empenha em ajudá-lo a encontrar a cura do tio e, como nova guardiã, pode fazer isso desde que o mantenha escondido dos demais habitantes da floresta. Para isso, ela conta com a ajuda de um de seus amigos.

Embora consiga escapar, Lucas está determinado a voltar à floresta e cumprir sua promessa de tocar para Mavka sua música. Porém, alguns contratempos acontecem e ele acaba sendo enganado para dar a localização da árvore da vida para uma mulher que a deseja em benefício próprio como forma de se manter jovem para sempre. Acreditando ter sido traída, Mavka invoca o guardião da ira para ajudar a salvar a floresta mesmo que isso signifique destruir a si mesma.

Romancezinho clichê, história bem previsível e, mesmo sendo um filme para criança, a mensagem é a mesma que a gente já viu um bilhão de vezes: manter a vida biológica é imprescindível para a nossa própria existência; a harmonia entre os povos é a única saída para vencer o mal; o amor cura tudo. Não que essas não sejam mensagens importantes que devem sim ser reprisadas com frequência dada a memória de inseto que os seres humanos estão demonstrando, mas a maneira como o filme escolhe trazer isso não impacta em nada.

Eu esperava ver mais sobre a cultura ucraniana, suas lendas e crenças, mas parecia que eu estava assistindo qualquer outro filme americano do gênero. Nada diferente, nada inovador. Uma fotografia bonita e só. Fiquei bem desapontada.