Introdução
Originalmente era um só livro com o livro de Neemias e está provavelmente atribuído ao mesmo autor do livro das Crônicas já que faz sequência aqueles eventos. É composto de arquivos e documentos oficiais em aramaico além das memórias pessoais de duas personagens que os nomeiam. Relata a restauração religiosa ocorrida quando Ciro, rei dos persas, autorizou em 538 os judeus a voltarem à judeia, libertando-os do cativeiro babilônico.
É a partir dessa época que a classe sacerdotal começa a adquirir influência cada vez maior, o templo centralizava a nação e o culto tomava formas particulares com uma observância cada vez mais rigorosa da lei criando o terrível formalismo repassado de hipocrisia religiosa que seria conhecido como farisaísmo mais tarde condenado por Jesus.
Livro
A partir do edito de Ciro, os judeus eram libertados para retornar à sua terra e prestar culto a Deus. Por sua ordem, todos à sua volta deviam ofertar toda a sorte de provisões e presentes para reedificar o templo do Senhor. Segue-se então uma lista dos repatriados dentre os quais se destacava a figura de Mardoqueu que surgirá adiante no livro de Ester.
Já instalados em suas respectivas cidades e casas, deu-se início a reconstrução do culto, o povo reuniu-se diante do altar, celebraram a festa dos tabernáculos e fizeram holocaustos prescritos para cada dia. Apenas dois anos após o retorno foi que começaram a reconstrução do templo sob ordens e aprovação de Ciro.
Tão logo foram iniciadas as obras do templo, os samaritanos se ofereceram, a princípio, para construir em conjunto com eles, mas, diante da recusa por parte dos judeus, começaram a atrapalhar o processo, intimidando os trabalhadores e comprando conselheiros para frustrar a obra. Isso durou toda a vida de Ciro.
No reinado de Ataxerxes, os samaritanos encontraram a oportunidade de usar o rei para interromper de vez as obras e, usando subterfúgios, conseguiram interromper
de vez a construção por ordem do rei. Assim, a reconstrução do templo ficou
parada até o reinado de Dário (pai de Assuero que aparecerá no livro de Ester).
Mesmo
sem a autorização, guiados pelo profeta Ageu e por Zacarias os judeus retomaram
as obras causando a ira dos samaritanos que escreveram para Dario na esperança
de parar os trabalhos novamente. Só que o tiro saiu pela culatra porque o rei
mandou investigar nos arquivos e na Babilônia e encontrou o edito de Ciro;
prontamente, emite a ordem de retomada da reconstrução sob pena de morte para
qualquer um que atrapalhar ou nega a pagar os tributos referentes aos
holocaustos para o templo. Sem saída, os samaritanos não tiveram alternativa
além de acatar as ordens.
Algo
retomado aqui é sobre a proibição de mistura com outros povos. Deus já tinha
alertado quanto a isso antes do povo entrar na terra prometida e, já naquela
época, foi desobedecido. Mesmo aós todo percurso doloroso do cativeiro, a ordem
permanecia ignorada por grande parte do povo, levando Esdras à profunda
aflição.
Esdras
vinha da Babilônia e era um escriba versado na lei de Moisés. Com a permissão
de Ataxerxes voltou à Jerusalém após conseguir a libertação de vários dos
cativos lá. O livro segue então uma narrativa em primeira pessoa contando a
viagem do escriba de volta para sua terra.
Diante
da desobediência do povo, Esdras rasga suas vestes e implora a Deus por perdão
para aquele povo de coração duro.
Esdras
promoveu uma reforma para que aqueles dentre eles casados com mulheres
estrangeiras as despedissem e se purificassem, oferecendo um sacrifício pelo
seu pecado.
No
vai e vem desse povo, aqui realmente começa a se manifestar ainda de forma bem
tímida a observância estrita da lei de Moisés. No livro de Esdras, ela ainda
não surge de modo tão opressor quanto o seguido pelos fariseus, mas vemos
sinais do farisaísmo em detalhes diminutos que, acredito eu, serão desenvolvidos
de modo mais aprofundado ao longo dos outros livros até chegar ao ponto que
Jesus encontrou quando veio.