domingo, 15 de dezembro de 2013

[Livro] A Menina Que Roubava Livros

Original: The book thief
Autor: Markus Zusak
Ano: 2005
Gênero: Drama, Ficção Histórica
SinopseA trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.

Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.

A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

Finalmente consegui concluir esse livro, já não era sem tempo. Fui desleixada quando à leitura, mas mesmo assim me decidi a continuar e agora vamos comentar um pouco sobre ele.
Sempre que vemos alguma coisa relacionada ao Nazismo, seja um filme ou um documentário, o foco está sempre no holocausto, mas o diferencial desse livro é que podemos ter uma percepção que vai além disso, não é um livro sobre judeus morrendo em campos de concentração ou sendo perseguidos, é um livro sobre o poder das palavras, sobre amizade, amor e ideais. Nós vemos aqui um outro lado da Alemanha Nazista, o lado dos alemães que viviam à margem da guerra, tentando sobreviver no duro mundo de preconceito e fogo, conhecemos alemães complacentes com a dor do judeu, que é gente como ele, vemos a pobreza devastadora surgindo com o céu constantemente rubro de fogo e sangue. E acompanhamos no meio do caos Liesel. A roubadora de livros.

Deixada pela mãe, tendo o irmão levado pela morte, sobrevivendo em um bairro pobre da Alemanha, onde há meninos jogando futebol, onde apenas o mais forte dá as cartas, onde quase tudo é escasso, nos deparamos com a frágil menina – aparentemente – assustada e sem palavras. Liesel não tinha nenhuma palavra sua, embora as carregasse consigo muito bem protegidas dos olhos curiosos, ela furtara aquelas palavras, mesmo sem saber o que significavam, ela sentiu necessidade de tê-las para si. O Manual do Coveiro. É fascinante a maneira como se dá a relação de Liesel com o mundo letrado, aos poucos podemos vê-la submergir no mundo nas palavras, conhecendo aos poucos o seu peso, o seu poder, a sua magia. E torna-se impossível não fascinar-se também pelas palavras como ela, apaixonando-se desesperadamente – e ainda mais – pela magia que um livro é capaz de trazer.

E há também Max. Rudy. A mulher do prefeito. Hans. Liesel nos mostra diferentes dimensões do amor e da amizade, Max era um judeu e mesmo assim ela fez dele seu amigo, ela o trouxe para o seu mundo e salvou-o, salvando também a si mesma. Rudy era seu melhor amigo, seu parceiro de furtos, seu diário, seu amor entubado. A mulher do prefeito, fora a relação de Liesel que mais me tocou, depois de Hans. Ela salvou a mulher de si mesma, ela transformou a vida dela de tal forma que me levou a pensar no peso que a culpa e o remorso tem sobre nós, as vezes só precisamos que alguém nos diga a verdade, nos faça enxergar a realidade que tentamos ignorar, perdoar a si mesmo é uma tarefa árdua e fora a senhora Hermman que ensinara a Liesel a escrever sua própria história. Já Hans é o tipo de pessoa literalmente boa. O patamar de sua bondade está muito além do ser humano mesquinho e egoísta. Ele ama tão amplamente e profundamente que chegamos a ser tocados por sua doçura, assim como Rosa, sua esposa, mas de jeitos completamente distintos.

Enxergar esse lado da Alemanhã nazista, ver além da conhecida frieza e indiferença a que normalmente somos apresentados, me fez encarar A menina que roubava livros de uma maneira altamente positiva, não é apenas porque o livro carrega consigo uma história verdadeira e de certa forma emocionante, mas porque ele é dotado de lições preciosas. A perda é algo inevitável seja de um jeito ou de outro, mas a forma como a encaramos é que torna as coisas diferentes. Liesel Menmiger me ensinou a nunca desistir, a honrar e lutar pelas pessoas que eu amo não importa quantas feridas sejam impostas a mim por causa disso, ela me mostrou o poder das palavras, da amizade, da verdade. Hans me ensinou que humildade e bondade são as chaves para cativar corações, para salvar vidas, inclusive a sua. Ser generoso é uma obrigação do ser humano, para que ele possa ser realmente humano. Eu não consegui encarar a morte de outra forma, por mais “humanizada” que o autor tenha tentado externa-la, eu não consegui vislumbrá-la além do que já tenho em mente, a forma assustadora, agonizante e cruel. Mas mesmo assim, sua fúnebre narrativa fora válida, esse livro é capaz de fazer você repensar muita coisa sobre si mesmo e sobre o que realmente vale a pena.


Se tenho algo a reclamar desse livro são as inúmeras palavras e expressões em alemão, muitas vezes sem tradução, mas é só. Em 2014 seguirá a adaptação cinematográfica do livro, eu não tenho expectativas quanto a isso, nem sei se terei mesmo coragem de assistir depois de tudo que li, mas sei que por melhor que se faça, nunca chegará aos pés do livro. Isso é algo que tenho por certo. Se você ainda não viu, segue o trailer:

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Entenda a Letra: Ghost Love Score - Nightwish

Eae? Bom, cá estamos nós novamente com a tag música, e hoje eu estou trazendo para vocês outra majestosa criação do Nightwish *U* essa música é uma verdadeira obra prima da música gótica e outra das minhas favoritas da banda! Haja fôlego para cantá-la, e é da inconfundível era Turunen! Então aproveitem e apreciem!

Partitura do Amor Fantasma
Costumávamos nadar nas mesmas águas da luz da lua
Oceanos distantes do dia que está para nascer


Tudo nas letras do Nightwish é amplamente interpretativo, mas vamos tentar. Luz da lua, as tais “águas”ai representam a fluidez de uma relação estável, porém não estagnada, eles caminhavam juntos e enfrentavam as mudanças juntos também, na segunda estrofe vemos o que poderia representar o destino, algo inalcançável e ao mesmo tempo inevitável.

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Se você for aquele que me ferir
Eu sangrarei eternamente

Bom, essa música tem aquele lirismo romântico que hoje é considerado a famosa relação “não saudável”. Dá pra ver nitidamente que o eu lírico doa-se completamente para seu amado (a) colocando toda a sua esperança e vida nas mãos dele (a) ambos são um só e se ele chegar a ferí-lo será uma ferida que jamais cicatrizará. Eu gosto mais porque isso me lembra a geração do romantismo, longos vestidos, sacadas, chás e declarações de amor sussurradas.

A essência do mar antes do despertar do mundo
Me leva até você
Dentro da triste memória

Bom, até aqui está bem claro que estamos falando de um amor impossível, porque na verdade ele está morto. Daí o nome da música. E como sempre o que resta? Lembranças. Os primeiros versos falam sobre um estado de estupor, o despertar do mundo me parece algo como a volta da realidade, como se o eu lírico estivesse agonizante, louco.

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Se você for aquele que me ferir
Eu sangrarei eternamente

Dentro da triste memória...

Uma sereia das profundezas veio até mim
Cantou meu nome, meus desejos
Enquanto ainda escrevo minhas canções daquele meu sonho
Que valia tudo que eu ainda poderei me tornar

Aqui reforça a minha teoria de que ele perdeu completamente a razão, né? Mesmo assim, é como se ele conseguisse vê-la, o objeto de sua devoção, e agora sabemos que é uma mulher, o que torna nosso eu lírico um homem (nada contra os homossexuais ta?) em forma de seria ela aparece para ele, despertando o amor e a luxúria dormentes em sua pele, ele poetiza os sonhos, tenta manter viva a esperança de que ainda há um futuro, mas o que ele me passa é que é uma pessoa que perdeu tudo.

A criança nascerá novamente
Aquela sereia o carregou até mim
O primeiro deles ama verdadeiramente
Sentado nos ombros de um anjo
Sem se importar com o amor e a perda

Esse primeiro verso me remete à pureza, inocência, através da alma doce de uma criança (pelo menos nas de antigamente u.u). Era isso que ela fazia dele, um eterno menino, carregava sua inocência em si, ele a amou mais que qualquer coisa, agora ela estava em algum lugar inatingível, insensível a qualquer sentimento. (Em resumo: morta né?)

Me leve pra casa ou me deixe sozinho
Meu amor no coração escuro da noite
Perdi o caminho à minha frente
Aquele atrás de mim me guiará

Acho que essa é uma fala dela... Não tenho certeza. Mas é nítido o sentimento de confusão, mas o desejo de libertar-se do sentimento aprisionador que o mantem no cárcere da loucura, os sentimentos em completa neblina densa, sem caminho, guiado por um fantasma distante e inalcançável. 

Me pegue
Me cure
Me mate
Me leve para casa
Em todos os caminhos
Em todos os dias
Só mais uma volta no pescoço do enforcado

O desejo de morte, o ápice da dor que parece nunca findar, ele anseia ficar ao lado dela, anseia que ela atenue seu sofrimento... Ele se sente sufocado pela vida, pela dor, por si mesmo... Mais um pouco de dor já não faz a mínima diferença.

Me leve, me cure, me mate, me leve pra casa
Todo caminho, todo dia
Eu ainda fico nos vendo dormir

Reviva o velho pecado de Adão e Eva
De você e eu
Perdoe o monstro adorador

...Aprisionado pela presença dela, incapaz de deixa-la partir imerso na luxúria insaciável que ela deixou em cada parte do seu ser. Sente-se um “monstro adorador” que a venera acima de qualquer coisa.

Me faça voltar até a infância
Mostre-me a mim mesmo sem a concha
Como a chegada de Maio
Eu estarei lá quando você disser
Hora de nunca segurar nosso amor

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Você foi quem me feriste
Agora eu sangro para sempre

Ele anseia a sensação que ela podia lhe ofertar, a magia de seu coração de menino que agora está envelhecido pela amargura deixada por sua perda, ele espera ansiosamente pelo chamado silencioso da amada, pela eternidade ao lado dela onde nada mais existe além do amor que compartilham. Ela está nele, ele está nela e ambos estão condenados a sangrar para sempre até que possam unir-se novamente.

Viram porque eu amo essa música??


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Entenda a letra: Primavera In Anticipo

A música de hoje não é de origens do Inglês. Vamos dar um pulo para Itália hoje, e o motivo disso - além de eu amar a Laura Pausini - é que essa música fez parte de um projeto muito especial que em breve eu conto para vocês, por hora vamos curtir a letra linda dessa música.

Primavera Antecipada

Para descontar eu não dou
Nada disso que eu tenho
Nem mesmo um mínimo calafrio, agora não
...é o ar que eu respiro
...é minha queda a seus pés
...é a minha canção
Eu canto quando você for embora
Confesso que eu não entendi muito bem essa música, fazendo uma "análise" por assim dizer, dela junto ao vídeo, a letra fala de encontro e procura. Nessa primeira estrofe a gente vê que ambas as pessoas (porque é um dueto) são bem decididas, mesmo com a perda eles não se deixam abater e quando se apaixonam. E versos como "é minha queda a seus pés" me passam a ideia de que já estão apaixonados.
Confesso, és a minha razão primeira
Agora em mim
De tudo o que existe de bom
Até aqui, nós percebemos que é uma declaração de amor, mas não esses "amores de hora" que vem como um vendaval e só deixam destruição por onde passam, estamos vendo aquele amor que cresce aos poucos, capaz de, como diz a letra da música, antecipar a primavera mesmo no mais árduo inverno.
Ahahah... eu sei
És a primavera antecipada
Ahahah... é a prova que demonstra o efeito que você tem em mim
Porque...
...todas as minhas esperanças e os meus medos (minhas esperanças e meus medos)
Neste momento estão claros
Você é o escolhido
Minha lua, minhas estrelas, meu sol.
Como dito na estrofe anterior, o amor que muda estações, eu acho a relação deles tão lindinha - por mais que isso tenha soado meio gay! - e olha só, não é por nada não, mas noventa por cento das garotas de hoje em dia ( e não estou generalizando) acharia "careta" ouvir esse último verso, "você é o escolhido minha lua, minhas estrelas, meu sol." e os garotos também, vivemos numa sociedade onde o verdadeiro romantismo está morto e enterrado. Infelizmente. Felizmente não para os nossos eu-líricos, que usam de todo esse carinho suave para declara-se.
Por isso, nos pulmões o ar muda
Afinal de contas, você sabe
És tudo de bom que existe
Ahahah... eu sei
És a primavera antecipada
Ahahah... é o exemplo que demonstra quanto efeito que você tem em mim
Flores que nascem das amoreiras
Aqui fora cicatrizam os meus erros
Agora, vamos olhar um pouco além da metáfora, é mais que o amor que simplesmente transforma inverno em primavera, é o amor que transforma a vida - para melhor - na minha concepção, o inverno simboliza a vida triste e vazia que havia antes de o outro aparecer, a constante procura por algo - ou alguém - capaz de doar-se em calor e afeição. E o encontro de alguém capaz de mudar essa realidade, que no caso é representada pela primavera, e aceita-lo do jeito que ele é, com seus defeitos, ignorando os seus erros do passado e em conjunto construir um novo presente e um novo futuro.
É você, sem nenhuma dúvida, o criador desta primavera que há, em mim,
Aqui fora
No nosso auto-retrato
Primavera in anticipo fala sobre a busca de alguém que consegue completar você, de um amor sincero e, no meu ver, até um pouco utópico. Alguém capaz de te fazer enxergar a beleza que há em você e na vida, capaz de transformar o mundo à sua volta e preencher os vazios que há dentro do seu coração.

E ai? Gostaram?