domingo, 31 de janeiro de 2021

[Livro] O Menino dos Livros

Autor: Suetônio Junior

Editora: Lux

Ano: 2020

Gênero: Biografia

"Infelizmente muitas pessoas pensam que os moradores da zona rural não precisam de biblioteca, que quem mora na roça não precisa ler e ter acesso a livros. Sempre discordei disso. Acredito que a leitura é direito de todos, independentemente do local onde a pessoa mora."

Quando vocês ouvirem que "Tamanho não é documento" acreditem nisso, esse livrinho tão pequeno é tão profundo e toca tão dentro do seu coração que você termina e fica refletindo o que fez com a sua vida até então.

Como dizem que antes tarde que mais tarde ainda, eis que finalmente trago a resenha desse presente que ganhei do autor no finalzinho do ano passado e que me proporcionou vinte e quatro minutos de muitos sentimentos.

É um livro biográfico sobre a jornada emocionante de Suetônio Júnior para construir seu Cantinho da Alegria, uma biblioteca comunitária na zona rural do sertão pernambucano. Mesmo sendo conterrâneos e tendo frequentado a mesma faculdade, não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mas fiquei realmente tocada com a sua história.

Enquanto lia, percebia muito do meu próprio amor pelos livros que começou tão cedo, esse livro, inclusive, me fez lembrar do motivo de eu amar tanto ler e da importância que isso tem na minha vida. É maravilhoso ver como esse anjinho está levando essa magia para outras pessoas, incutindo no coração de crianças a chance de sonhar alto, de conhecer mundos através das páginas e de aprender lições que podem mudar as suas realidades.

Não foram poucos os percalços que esse jovem professor enfrentou para ver o seu sonho de disseminar a cultura realizado e todos os frutos conquistados com seu suor e perseverança foram mais que merecidos e abençoados pelo Deus que cuida dos seus anjos na terra enviados para fazer o bem a quem mais precisa.

Há um padre aqui na cidade que diz "se não vivemos para servir, não servimos para viver", lendo esse livro percebi que é mesmo verdade. Não importa o número de bens que se acumulam, quão rico você é capaz de se tornar, o que realmente fica aqui é o bem que você faz. Aquilo que você consegue despertar no coração das pessoas. E ajudar é mais que dar esmola na rua.

"A biblioteca é mantida exclusivamente de doações, pois não recebemos incentivos do governo. Infelizmente, para o governo, educação e cultura não são importantes, (...)"

Essa é uma verdade que eu sinto na pele. Enquanto voluntária na biblioteca da fundação terra, frequentadora do SESC da minha cidade, mesmo que caladinha tentando não chamar atenção, vi a luta diária das pessoas para abrir os olhos da população para a cultura. Minha cidade tem um patrimônio cultural que é valorizado em vários países, menos em casa. Existem pessoas como Suetônio que brigam diariamente para mudar a realidade de pessoas esquecidas por uma sociedade cada dia mais egoísta e um governo corrupto para quem não é interessante uma massa pensante.

A desigualdade não começa com uma divisão de bens errada, gente, ela começa quando se nega educação de qualidade seja pelo próprio indivíduo a si mesmo, seja pelo sistema que acredita não precisar instruir a população. O Brasil é um país com baixíssimo índice de leitura, surpreendentemente o estado que mais lê é o nordeste de onde esse anjo dos livros é. E lendo sua história me senti ainda mais orgulhosa de ter nascido aqui.

Meus avós e meus pais cresceram nessa dura realidade que ele conhece. Fui uma das primeiras da minha família a me formar no ensino superior. Ao contrário de Suetônio, tive a graça de ter muitos privilégios no meu percurso e perceber isso só tornou sua história ainda mais intensa para mim, levando-me quase às lágrimas.

Quero parabenizar esse autor e professor guerreiro, uma andorinha só realmente não faz verão, mas é preciso que haja a primeira a alçar voos que as outras não tiveram coragem antes. Já há muitas pessoas à sua volta e sei que muitas  mais virão. E espero de coração que os frutos desse trabalho incrível que você faz só cresçam e floresçam em uma sociedade mais justa, inteligente e capaz de mudanças significativas.

O livro está à venda em formato físico e digital e parte dos direitos autorais é doado para projetos sociais. Se você pode ajudar a biblioteca doando livros, materiais escolares ou de qualquer outra maneira, entre em contato com o autor:

Telefone: (87) 9 9967-7626

Instagram: suetoniojrs

[BL] Cherry Magic

 

Título Original: 30歳まで童貞だと魔法使いになれるらしい

Direção: Hiroki Kazama

Roteiro adaptado: Erika Yoshida

Ano: 2020

Episódios: 12

País: Japão

Onde ver: Meow Fansub, Lianhua Fansub e Ptieris Fansub

Sinopse: Baseado na série de mangá "30sai made Dotei dato Mahotsukai ni Narerurashii" de You Toyota, Kiyoshi Adachi continua virgem ao completar 30 anos e acaba ganhando um poder mágico que lhe permite ler a mente de outras pessoas ao tocá-las. Só que ao tocar acidentalmente Yuichi Kurosawa, descobre que o mesmo tem sentimentos românticos por si.

BL mais fofo de 2020 sem dúvida!

Tem um tempão que era para eu ter escrito a resenha desse drama, mas para 2021 eu decidi não ter metas e fazer tudo no meu tempo.

Aos 30 anos, Adachi nunca teve um relacionamento e, saindo de casa rotineiramente para trabalhar, ele descobre que pode ouvir os pensamentos das pessoas. Ele nunca foi o funcionário brilhante de sua empresa, era conhecido por sua excessiva timidez, não se destacava, preferia passar despercebido e ocasionalmente aceitava trabalho extra de seus superiores preguiçosos. Bem ao contrário de Kurosawa, o funcionário mais brilhante do escritório, exemplo de pessoa, sempre cordial, sorridente, esbajando inteligêcia e muita beleza.

Para Adachi, Kurosawa era uma meta de personalidade inalcançável. E os dois mesmo frequentando o mesmo escritório quase não se falavam, fosse pela timidez excessiva de Adachi ou por seus diferentes focos de trabalho. A perfeição do colega, inclusive, por vezes chegava a chatear o tímido rapaz, pois piorava consideravelmente sua já super baixa estima.

Contudo, o fato de começar a ouvir pensamentos muda tudo. Adachi acaba descobrindo que o todo perfeito Kurosawa, sonho de todo o departamento (e talvez até de toda empresa) gosta dele. Dentre todas as pessoas. De início, a descoberta o deixa chocado e achando que ele alucinou tudo aquilo, era impossível que alguém como Kurosawa se apaixonasse por ele, mas conforme os sentimentos do colega de trabalho vão se tornando mais claros, Adachi começa a ter uma nova visão dele e de si mesmo.

Uma cadeia de acontecimentos começa a aproximar ainda mais os dois, e os sentimentos do tímido Adachi começam a ficar mexidos com cada nova descoberta que faz sobre seu colega de escritório. Esses novos sentimentos serão capazes de enfrentar todos os desafios que eles precisarão enfrentar?

Gente, que drama mais amorzinho, sério! Cada novo episódio era um surto maior de fofura, eu não conseguia me conter e não conseguia parar de assistir, o drama é todo incrível, mesmo nas partes que rasga seu kokoro. Casal mais amorzinho desse mundo arco-íris. Posso elencar, sem medo, que esse figura entre os melhores BL's que já assisti tirando boa parte do pavor que eu tinha começado a criar com as produções japonesas do gênero. Recomendadíssimo!


[Livro] A Duquesa

Título original: The Duchess

Autora: Danielle Steel

Gênero: Romance histórico

Páginas: 336

Ano de edição: 2018

Sinopse: Angélique Latham cresceu no esplendoroso Castelo Belgrave, na Inglaterra, e foi criada sob a tutela e o carinho do pai, o duque de Westerfield. Aos 18 anos, ela é a menina dos olhos do duque, mas, assim que ele morre, seus meios-irmãos mais velhos lhe viram as costas, abandonando-a completamente. Porém, com sua inteligência aguçada, uma beleza arrebatadora e um baú de dinheiro que seu pai lhe deu em segredo no leito de morte, ela fará de tudo para sobreviver.

Sem conseguir arrumar emprego por não ter uma carta de referência, mesmo depois de um tempo trabalhando como babá, Angélique tenta a sorte em Paris. E é lá que o destino coloca em seu caminho uma prostituta, vítima dos maus-tratos de Madame Albin. Ao ajudar a jovem, Angélique vê uma oportunidade: abrir um bordel de luxo para atender aos homens mais abastados da cidade e onde pudesse proteger essas mulheres. Logo, o elegante Le Boudoir, um lugar onde os homens poderosos podem satisfazer seus desejos mais secretos com as companhias mais sofisticadas, se torna a sensação de Paris. Mas, vivendo na iminência de um escândalo, Angélique conseguirá algum dia recuperar seu lugar no mundo?


Filha mais jovem do gentil duque Philip, Angélique cresceu amada pelo pai, cuja adorada esposa morreu no parto, mas odiada pelos meio-irmãos, frutos do primeiro casamento do duque, que a viam como uma intrusa e à sua mãe como uma prostituta que havia seduzido o pai deles. O velho duque sabia que a filha teria dificuldades após sua partida daquele mundo, já que legalmente não podia deixar nada para ela e tanto o título quanto o dinheiro iriam todo para o filho mais velho, um homem frio, cruel e calculista que odiava Angélique mais que tudo.

Pensando no futuro da filha, Philip assegurou-se de dar a ela em segredo uma considerável soma em dinheiro vivo que orientou-a a esconder à sete chaves e administrar com cuidado, pois a vida era imprevisível e poderia se mostrar cruel. Por mais que tivesse pedido várias vezes à Tristan, seu filho mais velho, que amparasse a irmã quando ele se fosse, no fundo, o duque sabia que Angélique ficaria sozinha no mundo e aquilo era a única coisa que podia fazer para minimizar suas dificuldades.

Tal como previu o pai, tão logo o duque faleceu, a jovem duquesa foi tirada dos seus aposentos e relegada ao sótão, o irmão não demonstrou qualquer consideração para com ela e a expulsou de casa para viver como criada na casa de um casal de amigos dele, chegando, inclusive, a afirmar que ela não era mais que uma prima distante. Não havia ninguém para proteger Angélique, ela estava sozinha no mundo que desconhecia, mas sua doçura, caráter e inteligência fariam o destino sorrir para ela.

A jovem duquesa se descobre no trabalho de cuidar das quatro crianças da família Ferguson, completamente negligenciadas pelos pais, carentes não somente de afeto, mas ávidas por instrução e por conhecer o mundo. Contudo, os percalços de ser uma criada de família rica é que as pessoas, especialmente os homens, a viam como uma presa fácil e é graças as investidas frustradas de um desses que Angélique se vê novamente sozinha sem a proteção de ninguém e sem uma carta de referência que a possa encaminhar para outra criança que necessite de sua atenção tanto quanto às crianças dos Ferguson.

Sua jornada a leva para o país da mãe, a França, onde se hospeda em um hotel modesto na esperança de conseguir um emprego com mais facilidade do que houve na Inglaterra, mas a situação acaba se mostrando a mesma. Desesperada sem saber o que fazer, ela acaba encontrando uma jovem muito ferida em uma das ruelas escuras de Paris, disposta a ajudá-la, Angélique acaba descobrindo que se trata de uma meretriz que fugira de sua antiga cortesã para trabalhar por conta própria. A jovem duquesa ajuda a mulher sem julgá-la.

Através de Fabienne, Angélique se inteira do cruel mundo que atira jovens inocentes nas garras de homens muitas vezes cruéis submetendo-as a situações horrendas de exploração, violência e arrancando delas qualquer perspectiva de um futuro. É nesse momento e através da história daquela mulher, que a jovem duquesa tem a ideia mais maluca da sua vida (plot twist que chama, né?) e decide, com a ajuda dela, abrir um bordel em Paris, onde além de poder conseguir dinheiro, ela ainda possa proporcionar uma renda justa para as mulheres que eventualmente trabalhariam para ela dando a elas a oportunidade de uma nova vida quando conseguissem dinheiro.

Assim, no anonimato e escondendo suas origens aristocráticas, a jovem duquesa acaba por criar o bordel de luxo mais famoso de Paris. O estabelecimento se torna um sucesso e proporciona a Angélique não apenas um retorno financeiro surpreendente, como a chance de conhecer pessoas poderosas. Ela, contudo, se mantém intocada, gerenciando o negócio com firmeza e inteligência, mas inacessível a todos os clientes. Isso lhe proporciona a oportunidade de estabelecer conexões poderosas que podem ser úteis no futuro.

Entretanto, a imprevisibilidade da vida acaba forçando-a a fechar seu negócio e se refugiar na América, graças à sua ajuda, as mulheres não ficam desamparadas, pois receberam muito dinheiro pelo seu trabalho. Mas a vida de Angélique está novamente pelo avesso e ela se vê novamente sozinha indo para um lugar desconhecido sem proteção e deixando todos com quem se importa para trás. Mas o destino sorri para ela quando, a bordo do navio, ela encontra o amor através de Andrew, um belo e brilhante advogado idealista que fica encantado por ela.

O relacionamento dos dois progride gradualmente como deve ser, mas a inclinação é certa. E, após mais de três anos sozinha, a jovem duquesa aceita se casar. Porém o evento a força a contar a verdade ao futuro marido, ela se vê obrigada a contar a vida que levava em Paris e, mesmo que nunca tenha se envolvido com nenhum homem, não apagava que ela gerenciava um bordel. Contudo, para sua surpresa, o marido apenas a admira mais por sua coragem e inteligência, assim, o casamento acontece.

A felicidade de Angélique não podia ser mesurada, havia amor no seu casamento e este se consolidava e fortalecia a cada dia, ela levava uma vida muito confortável e a carreira do marido ia muito próspera. Para coroar sua felicidade, ela esperava o primeiro filho e futuro herdeiro do título de seu pai. Todavia, o conto de fadas da jovem duquesa termina cedo, quando o filho completa quatro anos, um acidente ceifa a vida do seu marido deixando-a novamente sozinha no mundo. 

A dor dilacerante da perda torna Angélique uma mulher isolada vivendo apenas para o filho, e apenas quando o destino lhe dá a oportunidade de recuperar o que seu pai queria que fosse seu e a chance de se vingar de Tristan, ela readquire a força que precisa para lutar pelo destino do filho.

Não sei se por não estar muito na vibe nesse momento (apesar de vocês saberem que amo romances históricos) não consegui aproveitar bem a leitura de A Duquesa, mesmo que seja um livro inegavelmente bom. Angélique é o tipo de protagonista forte sem perder as características que são próprias de sua criação, posição e época, o que torna a personagem verossímil e gera simpatia por ela. Achei esse um ponto extremamente positivo da trama, contudo, os eventos da história acabaram não me prendendo muito, embora eu aplauda a sequência de plot twists criados pela autora.

Outra coisa que me incomodou um pouco foram os tamanhos dos capítulos, achei um pouco exagerados, dava para quebrá-los em pelo menos dois. Ainda assim, isso não diminui a qualidade da obra. O final me deixou meio triste, confesso, não apenas por causa do que aconteceu com a duquesa, mas pelo fim de alguns personagens que, de alguma forma, ainda se deram bem. Achei, inclusive, uma pena ela não poder ficar com Thomas, shippei muito, ainda que a história dela com o marido tenha sido fofa.

Sei lá, acho que só peguei o livro no momento errado mesmo. Quem sabe, numa futura leitura, eu aproveite melhor a história. Ainda assim recomendo. Para quem procura um bom romance histórico, vale a pena.


sábado, 30 de janeiro de 2021

[Drama] Tonhon Chonlatee [Tinha tudo pra ser O BL! Alerta Spoiler!]

 

Original: ต้นหนชลธี

Ano: 2020-2021

Episódios: 10

Idioma: Tailandês

Gêneros: Drama, Romance

Diretor: Koo Ekkasit Trakulkasemsuk

Sinopse: Chonlatee, um jovem carinhoso, secretamente tem uma queda por seu vizinho Tonhon desde que ele era criança e se contentava com um amor unilateral. Contudo, ao ver seu crush de infância solteiro, Chonlatee decide mudar seu visual para conquistar o coração de P'Ton.

Com a proximidade começa a se transformar em um vínculo e P'Ton fica confuso com o que sente. Como vai acabar o amor de Chonlatee e P'Ton?

Onde Achar: Meow Fansub, Lianhua Fansub, Ptieris Fansub

Antes que alguém venha me apedrejar ou xingar, já deixo bem claro aqui que essa é uma resenha pessoal, não implica dizer que o drama é ruim ou não tem qualidade, vou apenas expressar o que eu não gostei e o porquê. Você assistiu e gostou? Ótimo. Fico feliz que sua experiência tenha sido melhor que a minha, a dramaland pode continuar em paz e ninguém precisa se odiar, certo? Certo.

Em meio a um desânimo crescente nos BL's que encontrava (havia muitos que todo mundo dizia serem ótimos, mas ou eu não me interessava no plot ou simplesmente começava a ver e não gostava), não oi com pouca curiosidade e expectativa que fui atrás de Tonhon Chonlatee. Primeiro porque todos os fansubs estavam vendendo como uma comédia romântica (E Deus é testemunha que eu precisava rir), segundo porque queria ver algo diferente.

Na série acompanhamos Chonlatee, ele e Tonhon eram vizinhos e também amigos muito próximos, contudo, Chon sempre nutriu uma paixão secreta pelo melhor amigo. O pai de Ton se muda para Bangok e separa os dois ainda na infância, assim, resta a Chon acompanhar o melhor amigo pelas redes sociais e, com o passar do tempo, os dois amigos inseparáveis de infância se tornam praticamente estranhos. Ton começa a namorar e o coração de Chon precisa se conformar em assistir a vida do crush à distância mantendo dentro de si somente o sonho que um dia poderá contar sobre seus sentimentos.

Anos se passam e quando vai limpar a casa do amigo (já que é a mãe dele que ficou responsável por manter o lugar) escuta um barulho estranho e descobre que Ton havia voltado para casa. O reencontro não podia ter sido mais estranho, além de não ser reconhecido, Chonlatee percebeu que o seu amigo de infância gentil e doce não era mais o mesmo, Ton havia se tornado um homem rude e agora estava sofrendo com a traição da namorada de quem havia se separado recentemente.

Como havia passado no exame de admissão para a mesma faculdade de Ton, ele combina com a mãe de Chon para levá-lo com ele para a casa que dividia com os amigos, acreditando que o amigo ficaria mais seguro e confortável morando com ele. Ton não fazia ideia que o amigo era gay e temendo a reação do amigo que parece odiar homossexuais, Chon não se atreve a dizer a verdade.

A convivência com Ton e os amigos Ai e Ni é tranquila, contudo o amigo parece determinado a fazer Chon não apenas parecer mais másculo, como a ter uma namorada, mesmo Ai e Ni que escondem seu relacionamento têm problemas com isso ainda que seja fácil despistar o amigo. É quando aparece Mirian para ajudar Chon a encarar seus sentimentos e, quanto mais próximo fica de Ton, mais difícil é conter seu coração que ama o amigo em segredo desde a infância. Porém, ao descobrir a verdade sobre o melhor amigo, Ton ainda poderá aceitá-lo?

Te contar que eu só comecei esse drama por causa dos memes no instagram. Em um primeiro momento ele era vendido como uma comédia romântica e o tom dos primeiros episódios realmente dá a entender que é isso mesmo, mas ele tem um ponto de virada que muda completamente o ritmo da trama.

A amizade de Ton e Chon é bonitinha, e seria muito melhor se tivesse sido mais explorada, senti que isso ficou mais ou menos como Korn e Knock de Together With Me, aquele plano de fundo bem de lado que não ajuda muito a credibilidade da amizade dos personagens. E, te falar, o desenvolvimento desse drama foi problemático para dizer o mínimo. Se eram para ser, fechados, 10 episódios, o mínimo que eu esperava do roteiro era desenvolver a trama de forma equitativa entre eles. Mas não aconteceu.

Se eu fosse elencar todos os problemas desse drama ia ficar um post do tamanho de Ten Miles, vou me abster disso porque esse final me fez ter aquele gosto amargo de tempo perdido. E a pior parte é que gostei das personagens e percebi que o enredo tinha potencial. Foi, inclusive, um desperdício de ótimos atores e de um casal fofo que podia ter sido melhor desenvolvido.

Faltou coerência, sério mesmo.

O drama já começa errado quando trata de forma muito irrelevante o fato do Chon quase ter sido estuprado  num banheiro de bar, o Ton vai lá, dá um soco no agressor e fica por isso mesmo, gente, foi quase um "estupro" e teve agressão física, mas ficou por isso mesmo, como se fosse um caso de beijo roubado de alguém bêbado. 

A Mirian também foi outra personagem que podia ter sido melhor desenvolvida e ter tido um final melhor. Ela aparece na trama em uma situação péssima para dizer o mínimo, como uma garota forçada a se prostituir por não ter dinheiro para pagar o aluguel (cadê os trabalhos de meio período, pelo amor de Deus?) e eles tem a perfídia de usá-la como um simples recurso para avançar a narrativa quando a usam (e senti que isso foi especialmente o fato de ela ser mulher) para avançar o plot de um jeito esdrúxulo. Ela é uma personagem sem vida própria,  é usada para servir os outros personagens como convém ao roteiro. No fim ela tem que vender o corpo dela para gerar a criança do Ton e o drama ainda trata isso como se ela tivesse ganhado na loteria. Absurdo que chama, né?

Aproveitando esse desfecho da Mirian, vou rasgar o verbo com o pai do Ton. Ele de cara já é apresentado como um homofóbico pau no c*, nojo de homem, aí do nada ele descobre que o filho é gay, que o melhor amigo do filho é gay, mas aceita numa boa o relacionamento dos dois se o Ton produzir um fucking herdeiro usando uma barriga de aluguel. É isso que chamamos de deus ex machina esse final foi um exemplo escrachado disso. É muito WHAT THE HELL IS THIS?! Você apenas vai assistindo sem acreditar que eles pensaram que isso ia soar crível.

A impressão que fica é que o drama precisou ser concluído às pressas e fizeram de qualquer jeito.

E o que eu achei ainda mais what the fuck foi aquele outro puta deus ex machina de dizer que o Ton amava o Chon desde criança e por isso o pai dele levou ele embora. GENTE! POR FAVOR!  Ninguém que viu esse drama desde o começo ia engolir essa. Sério. Ele amava o guri desde criança, mas tava um lixo por ter acabado com a namorada, não reconheceu o Chon quando o viu de novo, não manteve contato com ele, deu um piti quando o Chon o beijou, ah, pelo amor dos chopuchai, minha gente, dá não! Esses roteiristas devem achar que o espectador é muito otário pra engolir um negócio desse. 

Tem essa passagem de tempo estapafúrdia de três anos, todo mundo aparece do mesmo jeito, a Mirian tá com uma barriga enorme e é mostrada como uma sortuda, o Chon diz que vai ser padrinho da criança que ele sequer planejou com o Ton, a Mirian vai ser mamãe, sério, eu vou até parar de digitar que tá tudo errado. NÃO TEM SENTIDO! NÃO É COERENTE COM O QUE FOI MOSTRADO NO COMEÇO!

Na boa, não deu pra engolir não. Reitero que tinha tudo para ser um drama bom, mas eles desandaram muito a história e ofereceram o final mais mal feito que eu já vi num BL. Nem segunda temporada salvaria essa cagada e me desculpem as expressões, mas eu fiquei bem chateada, sendo sincera. Respeito super se você assistiu e gostou, tem todo o direito, mas eu achei um desperdício do meu tempo e a única coisa que me dá vontade mesmo é escrever fanfic disso pra superar o trauma (e infelizmente ainda não estou pronta para escrever um yaoi). E olha que teve muito mais coisa errada nesse negócio, eu só estou sem saco para escrever mesmo. Teve uns momentos bons nos primeiros episódios e foi só isso, não gostei, não recomendo.

Puta mal feito.

[Filme] Hitman: Agent Jun | I am the King | The Princess and The Matchmaker

Título Original: 히트맨

Direção e roteiro: Choi Won-Sub

Ano: 2020

País: Coreia do Sul

Gênero: Comédia, ação

Onde achar: Movie Asian Fansub

Jun ficou em um orfanato quando seus pais morreram em um acidente de carro, seu sonho era ser artista de webtoon quando crescesse, mas seu destino teve uma reviravolta quando foi adotado por uma organização secreta do governo que recrutava crianças para treinar como máquinas de matar. Dessa forma, após o treinamento, Jun se torna o melhor membro da corporação prendendo vários dos maiores bandidos em todo o mundo. Mas mantendo secretamente seu desejo de desenhar.

Em uma operação de alto risco, sabendo que nunca poderia sair da corporação, ele forja a própria morte para fugir da sua vida de assassinatos e começa de novo. Anos depois, casado e com uma filha, ele é um frustrado artista de webtoon que se tornou alcólatra, recebe quase nada pelo que faz e vive constantemente brigando com a esposa e sendo diminuído pela filha que sonha em ser rapper.

Um dia, após beber além da conta quando seu editor lhe avisa que não vai mais publicá-lo, Jun tem um acesso de raiva e acaba desenhando a sua própria história como uma criança recrutada e treinada para ser um assassino. Sua esposa, ao ver o trabalho, envia-o para o editor e, em poucos minutos, Jun se torna o maior sucesso da internet. Contudo, sua identidade é verdadeira no webtoon e ele usou os nomes reais de todos os bandidos, organizações e agentes. Em desespero, ele sabia que o NICS iria atrás dele, mas sua esposa não acredita.

Quando o irmão de um dos homens que ele matou volta para se vingar, além do NICS na sua cola, Jun vai precisar entrar em forma mais uma vez para salvar a si mesmo, a esposa e a filha do governo da Coreia e da máfia.

Confesso que não estava dando muito nesse filme não, e no começo ele não parece muito interessante mesmo. Mas conforme a história vai avançando a gente se vê dando boas gargalhadas e vidrado nas cenas de ação muito bem coreografadas. Apesar de usar umas piadas bem galhofas, ele nunca perde o tom e sabe mesclar o humor com a ação de maneira muito equilibrada. Recomendo demais!


Título Original: 나는 왕이로소이다

Direção: Jang Gyu-Sung

Roteiro: Hwang Sung-Goo

Ano: 2012

País: Coréia do Sul

Gênero: Comédia, século XV

Onde achar: Movie Asian Fansub

Quando o filho mais velho do rei de Joseon se mostra um mulherendo beberrão que só arruma confusão, o rei tira seu título de príncipe herdeiro e o transfere para o príncipe mais novo, um literato mimado cheio de frescuras que só queria viver sua vidinha tranquila no palácio lendo, escolhendo o que comer e curtindo sua esposa por quem era perdidamente apaixonado.

A notícia de que seria o próximo rei de Joseon não o alegrou em nada, além de ter despertado a fúria do irmão mais velho contra ele. Com medo da imensa responsabilidade que pesaria sobre seus ombros, o príncipe começa a fazer um plano de fuga.

Enquanto isso, a notícia da troca de herdeiro deixa o corrupto ministro muito satisfeito e ele já começa a orquestrar seus passos para assumir o controle do príncipe e governar através dele. Para isso, começa a banir e executar os demais ministros que poderiam atrapalhar o seu caminho, um deles é o pai de lady Seo Yeon a quem o escravo Deok Chil serve e, por coincidência, ele é idêntico ao príncipe Chunyeong. 

A família de Seo Yeon é levada presa e os escravos são vendidos para outra casa. Mas Deok Chil, que sabia que sua amada lady seria dada como escrava sexual para Qin, vai ao castelo bêbado na tentativa de salvá-la. O que ele não esperava era que o príncipe Chunyeong caísse bem em cima dele deixando-o desacordado enquanto fugia do castelo. O príncipe vê no escravo a chance de escapar e troca de roupa com ele fugindo e deixando-o caído lá.

Quando os seguranças do príncipe descobrem a troca, um deles fica encarregado de manter o escravo como farsante enquanto o outro vai em busca do verdadeiro para trazê-lo de volta. O príncipe Chunyeong, a essa altura, trabalhando como escravo vendido, começa a perceber a realidade do seu povo que clama por justiça e igualdade e a situação precária de escravos tratados piores que animais.

Um bagunçando a vida do outro, poderão os dois recuperarem suas vidas e salvarem aqueles que são importantes para eles?

Eu comprei esse filme como uma comédia, de fato ele é bem engraçado, mas a carga dramática também é pesada. E vale muito a pena. Temos uma história interessante, personagens carismáticos, ótimas tiradas cômicas, momentos de pura tensão e uma evolução incrível do príncipe herdeiro que aprende na pele o que o seu povo passa e a importância que tem o seu cargo na vida deles. Gosto de histórias assim. O final é bem satisfatório e a única ressalva que tenho para fazer é o fato de não terem explicado a razão dos dois serem idênticos como gêmeos. Fora isso, tá mais que recomendado para quem quer se divertir.

 

Título Original궁합

Diretor: Hong Chang-Pyo

Escritor: Lee So-Mi

Ano: 2018

Gênero: Período / Comédia Romântica

País: Coréia do Sul

Onde achar: Movie Asian Fansub

Quando uma grande seca vitimiza o reino, os conselheiros pedem ao rei que providencie um casamento para a princesa Songhwa de modo a acalmar o equilíbrio natural e trazer chuva.

A princesa, que teve uma vida muito difícil desde o nascimento, é considerada feia e com má sorte, então, o rei contrata um experiente casamenteiro chamado Seo Do Yoon para ler a compatibilidade conjugal da princesa. Vários candidatos são elencados, mas apenas três ficam entre os finalistas e é com eles que Seo Do Yoon tem que ver se a princesa combina.

Entretanto, Songhwa não está nem um pouco disposta a se casar com um desconhecido, seja ele compatível com ela ou não. Por isso, com a ajuda de suas duas criadas, ela consegue a lista dos candidatos e foge do palácio para espioná-los e ver como são, assim, pode ter uma ideia do que esperar pelo resto de sua vida.

Porém, Seo Do Yoon, ciente do acontecido, parte à procura dela sabendo que ia lhe causar confusão e temendo que ela atrapalhasse as coisas. Mas a convivência entre os dois e os candidatos inadequados acabam aproximando-os em sentimentos proibidos e impossíveis. E tão logo uma conspiração para destruir a princesa se inicia entre um dos candidatos e a rainha, o futuro da princesa mais do que nunca está nas mãos do único homem que ela não pode amar.

De início, eu não estava querendo muito ver esse filme, parecia aquelas comédias meio bestas, mas eu me enganei feio. Além de muito divertido e com boas reviravoltas, ele é divertido, tem um humor leve e bons momentos de tensão. Achei super interessante conhecer um pouco mais do misticismo e das superstições da Coréia imperial e super complexo como eles combinavam as pessoas antigamente.

O final é bem fofinho, admito, mas eu esperava um pouco mais, não me satisfez totalmente ainda que tenha sido bem crível. Ainda assim, recomendo demais.

sábado, 16 de janeiro de 2021

[Livro] Persuasão (+filme)

Título Original: Persuasion

Publicação: 1818

Autora: Jane Austen

Gêneros: Romance, Romance de amor, Ficção juvenil

País: Inglaterra

Páginas: 256

Sinopse: O livro conta a história de Anne Elliot, uma das heroínas mais tranquilas e reservadas de Austen, mas, ao mesmo tempo, uma das mais fortes e abertas às mudanças. O livro enaltece a constância do amor numa época turbulenta na história da Inglaterra: as guerras napoleônicas. Escrito nesse período, o romance descreve como uma mulher pode permanecer fiel ao seu passado e, ainda assim, pensar em um futuro feliz. Austen expõe de maneira sutil como uma mulher pode passar por cima das convenções sociais e das restrições femininas em busca da felicidade.

Último livro escrito por Jane Austen e também o último da obra dela que conheci, primeiramente através da adaptação de 2007.  Persuasão foi, na época que o vi, a obra dela que me interessei menos, talvez pelo fato de não ter maturidade suficiente para compreendê-lo e às suas nuances, inclusive, a vontade de conhecer esse livro, assim como Crime e Castigo, veio do remake americano A Casa do Lago.

Em Persuasão, acompanhamos Anne Elliot, segunda filha de um baronete narcisista e também a mais ignorada pela família. O pai está sempre ocupado demais com a própria aparência, seu título de nobreza e sua própria importância. A irmã mais velha, Elizabeth, é fútil, frívola e egoísta, a mais nova, Mary, além de invejosa e com manias hipocondríacas, faz qualquer coisa para chamar atenção e é tão tola quanto o resto da família, ainda assim, Anne está sempre disposta e, mesmo magoada, solícita para o que precisarem dela.

Aos vinte e sete anos - e para a época considerada já muito velha - ela não alimenta mais esperanças de felicidade. Oito anos atrás, conhecera o amor da sua vida em Frederick Wentworth, mas fora persuadida por Lady Russell, amiga íntima de sua mãe e sua única orientadora desde a morte desta, a declinar do noivado uma vez que ela não julgava nem o caráter nem a posição de Frederick adequadas para a união. Anne sempre levara esse pesar no coração e, sofrendo em silêncio durante todos esses anos, teve por consequência os efeitos do abatimento, aliado à idade, em diminuição de sua beleza.

Por causa de dívidas graças ao esbanjar do pai, a família se vê obrigada a alugar a mansão onde vivem para cortar gastos e conseguir recuperar a estabilidade financeira. A contragosto, estabelecem-se em Bath, mas Anne é poupada de ir inicialmente graças à Mary que se encontra doente e solicita sua permanência com ela em Uppercross onde, casada com um antigo pretendente que Anne recusara, é a senhora de uma modesta residência.

A estadia trás um reencontro com Frederick, agora um rico capitão da marinha e reconhecido por seus méritos e talentos. Entretanto, toda a magia de outrora parece ter desaparecido e ele se mostra frio e indiferente em relação à ela, claramente buscando uma esposa, ele vê nas cunhadas de Mary uma opção. Anne, vendo suas esperanças no reencontro serem destruídas, apenas sofre em silêncio e, mesmo alimentando secretamente o desejo de ser perdoada, deseja que ele seja feliz ainda que não com ela.

O curso dos acontecimentos vai colocá-los cada vez mais um no caminho do outro e resta saber se os sentimentos de oito anos atrás serão capazes de resistir à mágoa e aos julgamentos errados do passado.

Tendo passado pelos demais romances de Jane e, ainda considerando Razão e Sensibilidade como favorito, concordo com Julia Romeu ao afirmar que este livro é "uma história de amor descaradamente romântica". Em Orgulho e Preconceito, além do tratamento óbvio dos adjetivos tratados no livro, encaramos um par de heroínas díspares, Elizabeth com sua impetuosidade e orgulho e Jane com sua passividade e timidez além da média, mas também chama-se a atenção para os arroubos da mocidade que pode levar a uma tolice sem freios e, com isso, a consequências desastrosas entre outros assuntos (e críticas). Razão e Sensibilidade apresenta duas heroínas que, tal como Orgulho e Preconceito, envolve os adjetivos que o nomeia, e é através desses atributos que somos levados à uma história que enfatiza a hipocrisia, o preconceito, a covardia e a vida de fachada da sociedade da época. Emma é claramente uma obra satírica sobre a nobreza rural embora forneça alguns traços feministas muito interessantes por debaixo das críticas ferrenhas e deboches escrachados, do mesmo modo é A Abadia de Northanger que critica a literatura gótica em ascensão e sua influência no comportamento de jovens com pouca instrução ou inclinação para a inteligência crítica. Mansfiled Park, por sua vez, além de tratar dos problemas familiares e de assuntos como infidelidade e "liberdade sexual", evoca também a questão do casamento por conveniência entre outros assuntos.

Contudo, Persuasão, apesar de trazer sua cota de críticas sociais e reflexões acerca do comportamento, é um livro sobre amor, pura e simplesmente. E ainda que o estilo de Jane nada tenha alterado, percebemos que o tom da história é bem diferente dos demais. Um tanto quanto intimista, somos sempre trazidos de volta para os sentimentos de Anne e suas esperanças de retomar o amor que fora impedido oito anos atrás. Mesmo que ainda trate de assuntos como a mobilidade social - algo, por sinal, muito interessante -, suas personagens são, de uma forma ou de outra, envolvidas do drama romântico de Anne Elliot e além de romântico é um livro sobre espera. O foco concentra-se nisso e as duas personagens, com suas personalidades e a seu tempo, vão compreendendo a intensidade desse sentimento com a benfeitoria da maturidade que os anos de separação forneceram.

Com um punhado de personagens que, bem ao estilo característico de Jane, amamos ou odiamos, o antagonismo de Persuasão é praticamente todo interno. Mesmo Lady Russell, que poderia ser apontada como tal, não se enquadra no papel ao ser retratada como devotada à Anne e suas atitudes condizem com tal. Seu julgamento errado e, como consequência aconselhamento equívoco, pode ser explicado como uma falha estendida a qualquer pessoa em sua posição ou não, e não como uma forma de separar Anne de alguém cuja afeição era intensa apenas por algum benefício próprio como é comum nas outras obras da autora.

Ao contrário do que já ouvi por aí, não considero Jane uma autora que escreve o contrário do que suas personagens pregam. Ao defender o protagonismo feminino em suas heroínas, vejo o casamento como um acréscimo e não uma mudança de sua visão ou diminuição de sua personalidade ao longo da trama. Especialmente considerando a época em que as mulheres tinham muitas restrições e aos homens eram delegadas todas as liberdades, o fato das personagens acabarem bem casadas no final não significa que abdicaram de sua "autofelicidade" ou de seus ideais, mas apenas seguiram uma consequência óbvia daquele período do fato de se apaixonarem (algo, inclusive, raro nos arranjos da época). E nenhuma delas se casou por conveniência, mas por vontade de compartilhar sua vida com alguém de quem gostavam. Pelo menos é como enxergo.

Persuasão difere-se dos demais livros por não ter tantas camadas e ser simplesmente um livro sobre amor. O intuito claro aqui é o amor verdadeiro e a felicidade matrimonial atrelada à ele. Sem caminhos paralelos e sem muitos assuntos adicionais. Talvez por ser minha primeira leitura da obra, não consegui diferir realmente a maturidade de Jane através de suas palavras se comparado aos demais romances. Ainda assim, é indubitavelmente tão bom quanto os demais.

Adaptação de 2007

Roteiro: Simon Burke
Direção: Adrian Shergold
Ano: 2007
Elenco: 
Sally Hawkins
Rupert Penry-Jones

Há três adaptações desse livro, mas eu só assisti essa (e só achei essa também), então vou me resumir nela.

De um modo geral, pode-se dizer que é bem feita, como qualquer adaptação tiveram muitos cortes, alguns achei bem prudentes, outros senti falta. Eles mudaram muita coisa, o final, por exemplo, é diferente do livro. 

No que diz respeito à personalidade dos personagens - e essa é geralmente a parte que mais me irrita quando mudam - não achei alterações muito grandes além da de Anne, no filme ela parece um pouco mais segura ao contrário do livro. Houve também alguns personagens, como os Croft, que imaginei jovens quando li, mas são senhores, isso foi estranho pra mim.

Algumas coisas, como a Sra. Smith poder andar livremente, fogem do livro em que ela tinha uma febre reumática que a impedia de se locomover sem ajuda, e algumas outras pequenas mudanças que, a meu ver, ficariam mais bonitas se fossem como está no livro. Entendo que são mídias diferentes e, por isso, recebem tratamentos diferentes, mas há coisas que dava sim para adaptar tal qual estava no livro.

Apesar de tudo isso, é sim uma boa adaptação. Ficaria melhor como Razão e Sensibilidade em uma minissérie, pelo menos. Mas gosto da composição do filme tirando algumas coisas como a mania de Anne de olhar para a câmera como também fizeram com Fanny em Mansfield Park.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

[Filme] Fall in Love with My Badboy

Título original: 我的师兄惹不起

Diretor: Lei Dong Sheng

Gêneros: Histórico, Comédia, Romance

País: China

Lançamento: Jul 28, 2020

Duração: 1 hr. 36 min.

Sinopse: Um superior dominador de duas caras; um amigo íntimo gentil e terno. Entre os dois, por quem a doce e fofa senhorita vai se apaixonar?

Onde Achar: Phoenix Fansub, Wei Fansub

Após sua família falir, Lin Yue Shen passa a ser intimidada por seus outros parentes, decidida a mudar a si mesma, ela sai de casa em busca da Melhor Facção do Mundo onde poderá se tornar discípula, ser menos tímida e ganhar assim o respeito dos familiares.

Lá, ela conhece do pior jeito possível Long Shao Chen o responsável pela disciplina da seita. É também esse o pior momento para Yue Shen tentar ser corajosa, por isso, ela acaba se tornando uma escrava de Long Shao Chen que começa a lhe delegar tarefa atrás de tarefa e faz questão de supervisionar tudo, tornando a vida dela impossível.

Enquanto isso, o melhor amigo de seu terrível senior, Duan Mo Ze, é gentil, doce e sempre cordial com ela. O que ela não sabe é que, de início, esse cavalheiro de branco não está interessado nela de verdade, mas na atenção que ela oferece para o seu ego. Sem ela saber, os dois amigos apostam quem é capaz de conquistar o coração dela primeiro.

Yue Shen se torna amiga de Zhong Xiao uma simpática discípula que é apaixonada por Long Shao Chen, como a amizade das duas evolui muito, ela promete ficar longe do rude senior, algo que não é um grande sacrifício quando ele sempre se mostra duro e inflexível com ela.

Porém, a disputa pela atenção da pequena discípula começa a acirrar e os dois melhores amigos se veem mesmo apaixonados por ela, Long Shao Chen então, ao ver que os sentimentos do amigo são verdadeiros, decidi desistir de Lin Yue Shen, mas o que ele pode fazer quando os sentimentos da pequena travessa também já pertencem a ele?

Pelo que entendi, esse filme é baseado na obra japonesa Kurosaki-kun no iinari ni nante naranai, eu tinha começado a ver esse mini drama logo quando lançou, mas não curti muito e abandonei. Contudo, esse filme é muito bom, levinho, engraçado, rende umas boas risadas e tem seus momentos fofinhos. 

É bem legal acompanhar especialmente a evolução da Lin Yue Shen ao longo da narrativa, o final é muito fofo e bem divertido também. Para quem procura algo levinho pro fim de semana, está aí uma boa pedida. Boas atuações, aquele filme com cara de jovem, um ângulo novo e com nova roupagem dos romances escolares, eu gostei muiro e recomendo.

sábado, 9 de janeiro de 2021

[Livro] Palácio da Meia Noite

Original: El Palacio de la Medianoche

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Série: Trilogia da Névoa #2

Gênero: Ficção

Sinopse: Ben e Sheere são irmãos gêmeos cujos caminhos se separaram logo após o nascimento: ele passou a infância num orfanato, enquanto ela seguiu uma vida errante junto à avó, Aryami Bosé. Os dois se reencontram quando estão prestes a completar 16 anos. Junto com o grupo Chowbar Society, formado por Ben e outros seis órfãos e que se reúnem no Palácio da Meia-Noite, Ben e Sheere embarcam numa arriscada investigação para solucionar o mistério de sua trágica história. Uma idosa lhes fala do passado: um terrível acidente numa estação ferroviária, um pássaro de fogo e a maldição que ameaça destruí-los. Os meninos acabam chegando até as ruínas da velha estação ferroviária de Jheeter’s Gate, onde enfrentam o temível pássaro. Cada um deles será marcado pela maior aventura de sua vida.

Guardem bem esse momento porque poucas vezes vocês me verão falar bem de um livro com final triste. (De qualquer coisa com final triste, na verdade) E apenas Zafón, esse mestre das palavras, seria capaz de me dobrar dessa maneira.

Numa noite sombria, um oficial britânico carrega dois bebês pelas ruas escuras de Calcutá rumo a casa de uma velha senhora. Essas crianças eram os netos dela, frutos do casamento de sua bela filha Kylian com um misterioso arquiteto. A mulher precisa tomar a difícil decisão de separar as crianças - gêmeos - para garantir, pelo menos por enquanto, sua sobrevivência. Assim, a menina fica com ela e o menino é deixado na porta do St. Patrick, um orfanato.

Dezesseis anos se passam e a ameaça do passado, que jurou aniquilar as crianças, retorna e não resta à velha senhora nada mais que fugir, mas antes ela deseja alertar o neto, por intermédio do diretor do orfanato, que deixe Calcutá o quanto antes. Enquanto essa conversa perdura, Sheere acaba conhecendo seu irmão, Ben, desconhecendo completamente o laço sanguíneo que os une, há uma espécie de atração inexplicável entre eles.

Ben então a convida para conhecer sua sociedade secreta, a Chowbar Society, formada por ele e mais seis amigos do orfanato que, atingindo os 16 anos, vão ser foçados a se separar. Então, aquela seria a última reunião da sociedade antes que fosse inevitavelmente desfeita. Sheere fica encantada, vivendo como nômade com a avó pelos últimos dezesseis anos ela não pôde ter amigos, o único que tinha vivia apenas na sua imaginação e era seu pai, pelo menos a idealização que ela tinha dele com base nos livros que ele escreveu e na descrição que sua avó fez dele.

Ela pede a eles ajuda para encontrar a casa que seu pai construiu para ela e a mãe, está localizada em algum lugar de Calcutá, mas ela não consegue encontrar. Os membros da sociedade demonstram um sincero interesse em ajudar, mas ela não contava que sua avó desejasse partir da cidade já no dia seguinte. Contudo, um misterioso incêndio no orfanato traz à tona um segredo do passado e a revelação do laço que une Ben e Sheere é feita pela avó de ambos.

Agora que conhecem a verdade - ou parte dela - a menina se recusa a sair de Calcutá até desvendar os pormenores do que aconteceu com seus pais. Junto ao irmão e seus seis amigos, eles partem em uma alucinante viagem que vai mudar suas vidas para sempre, se forem capazes de sobreviver a ela.

Não tenho o que dizer da prosa de Zafón, ele é um verdadeiro mestre das palavras e cada livro seu é um verdadeiro aulão de escrita criativa. Me vi mergulhada nas ruas sombrias e misteriosas da Calcutá de 1932 e seus complexos personagens, a prosa flerta com a fantasia transformando-se em um misterioso e obscuro conto de fadas moderno envolvendo a cultura hindu e seus deuses.

Como comecei a ler essa trilogia pelo fim (e já tem um tempão que li As Luzes de Setembro, preciso reler), decidi continuar de trás para frente e peguei o segundo volume para começar o ano. Infelizmente, a aventura dos meus recém adquiridos amigos tem um final bem agridoce, mas as reviravoltas feitas pelo seu criador e os segredos intricados - marca registrada dele - não deixam o prazer dessa aventura diminuir de nenhum modo. 

Fiquei encantada e me via querendo constantemente saber o que encontraria na página seguinte, consolidei ainda mais meu amor por Zafón e sua prosa maravilhosa e envolvente. Quando terminei o livro, senti aquele amargor, um certo peso no coração, mas valeu a pena. Super indico para todos que gostam de uma boa fantasia sombria, cheia de plot twists, com personagens bem construídos e uma prosa poética que é um primor aos olhos.