sábado, 13 de setembro de 2014

Eu Sou O Mensageiro - Markus Zusak (Resenha)

Sinopse: Ed Kennedy leva uma vida medíocre, sem arroubos. Trabalha, joga cartas com cúmplices do tédio, apaixona-se por uma amiga que dorme com todos os vizinhos do subúrbio e divide apartamento com um cão velho. O pai alcoólatra morreu há pouco; a mãe parece desprezá-lo.
Certo dia, ele impede um assalto a banco e é celebrizado pela mídia. O ato heroico tem consequência. Logo depois, Ed recebe enigmáticas cartas de baralho pelo correio: uma sequência de ases de ouros, paus, espadas, copas, cada qual contendo uma série de endereços ou charadas a serem decifradas. Após certa hesitação, rende-se ao desafio. Misteriosamente levado ao encontro de pessoas em dificuldades, devassa dramas íntimos que podem ser resolvidos por ele. Uma mulher é estuprada diariamente pelo marido, enquanto uma senhora de 82 anos afoga-se em solidão, à espera do companheiro, morto há mais de meio século.
A ele parece caber o papel do eleito, do salvador. Convencido disso, segue instruções e se perde entre ficções de estranhos e sua própria, embaçada, realidade. A certa altura pergunta-se: "Eu sou real?" Markus Zusak cria um personagem comovente capaz de confrontar o mistério e, por meio da solidariedade, empreender um épico que o levará ao centro de sua própria existência.

O Que Eu Achei: Há muito, muito tempo eu não fico arrepiada quando chego no final de um livro! Fantástico é um adjetivo mínimo para descrever o que foram estas 300 páginas de uma aventura enigmática e eletrizante. Eu Sou o Mensageiro é muito mais que uma ficção, é uma verdadeira reflexão sobre a essência do “ser humano”, sobre a vida em seu sentido mais sóbrio, palpável, completo.
Enquanto acompanhamos a evolução de Ed Kennedy, somos arrastados para reflexões como: E eu? Que mensagens ando levando? Que mensagens ando ‘passando’? É realmente válido tirar uma vida, por pior que a pessoa seja? Qual nosso papel enquanto pessoa, enquanto humanos? Markus Zusak criou um enredo cheio de mistérios e ensinamentos tão bem emaranhados e, ao mesmo tempo, soltos, que ao final da leitura você não apenas se arrepia, mas se emociona, começa a repensar o seu caminho e a pessoa que você se tornou. Estamos todos aqui com o propósito de nos amar, e esse livro passa aquele mandamento maior de Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” A medida que Ed vai ajudando uma pessoa e aumentando a corrente do bem, nós vamos percebendo que é essa a maior função e realização da nossa vida: fazer a diferença na vida do outro. Quando agimos em presteza à alguém, não é apenas aquela pessoa que muda, mas nós. Transformar a vida de todas aquelas pessoas não foi benéfico apenas para elas, mas para o próprio Ed, ele mudou mais que qualquer uma das pessoas que ajudou, coisas simples como uma lâmpada, um sorriso, uma caixa vazia, um sorvete, fazem uma diferença tão grande. Não é com as surras da vida que temos que ficar preocupados, mas sim com o que faremos com o nosso corpo arrebentado depois disso. Quando Ed apanhou dos Rose, ele ergueu-se sorrindo, com o sentimento de missão cumprida. Poucas pessoas tem essa capacidade, de apanhar e erguer-se com um sorriso mesmo em meio às feridas (tiro por mim mesma, sou incapaz disso), nós ficamos tão concentrados na dor, que esquecemos a lição.
"Se um cara como você consegue fazer o que você fez, talvez todo mundo consiga. Talvez todos possam superar seus próprios limites de capacidade."

A maior parte do tempo, eu me sinto como Ed Kennedy no início deste livro: Um fracassado. Uma pessoa condenada a ser um zero a esquerda para sempre, mas aí, eu me dei conta que, mesmo de certa forma, eu faço a diferença com cada palavra que escrevo para as pessoas, é a forma que eu tenho de passar mensagens, de ‘ser’ mensagem, além daquilo que posso fazer concretamente. Quando cheguei ao fim deste livro, me arrepiei e quase chorei. Sensações que eu não tinha há algum tempo com um livro, comecei a me ver de uma maneira diferente (embora continue me odiando), mas admito que não me considero mais cem por cento ‘inútil’, de alguma maneira, cada pessoa que me conheceu até hoje, que “me leu” alguma vez ou que conversou comigo procurando alguma pessoa que simplesmente ouvisse, recebeu uma mensagem. De algum jeito, eu fui mensagem para alguma pessoa ao longo da minha vida, eu entreguei mensagens para alguém... E quando me dei conta disso, ao fechar o livro, me senti melhor. Ganhei este livro de presente de aniversário de uma amiga na faculdade, de algum modo, ela foi minha mensageira. Duvido bastante que ela tenha me dado este livro sem um propósito, ela queria me dar uma mensagem, ela queria me fazer sentir alguém. Ela é a minha mensageira.

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