sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Doador de Memórias - Lois Lowry (Resenha Livro + Filme)

Sinopse: O Doador - Quarteto O Doador - Livro 01

Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína.

Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.

Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.

Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.

Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

Premiado com a Medalha John Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de todas as idades.

O LIVRO

Enredo: Em, O Doador, nós somos inseridos numa sociedade "perfeita", isenta de dor, de transgressão, onde tudo é devidamente organizado e as pessoas convivem em uma harmonia difícil de se imaginar em um mundo como o nosso. Mas também, vivem livres de todo e qualquer sentimento. Há apenas um homem em toda comunidade que detém as lembranças de todo o mundo, os sentimentos e a sabedoria. Jonas é o escolhido para receber as lembranças deste homem, e enquanto perdura seu treinamento nós vamos fazendo reflexões e pensando no que realmente seria se pudéssemos viver isentos de emoções, se pudéssemos ser "programados" para viver sob regras definidas e rígidas e qual seria o preço a pagar por essa sociedade tão perfeita.

O que eu achei: Como vocês puderam ver, eu não me estendi muito no enredo do livro, até porque é um livro bem pequeno, ele tem 189 páginas (porque tem um extra com uma entrevista, a história mesmo acaba em torno das 189), então, se eu me estendesse muito nos detalhes acabaria contando algum spoiler do livro sem querer. O Doador é o primeiro livro do que eu espero seja um quarteto que venha logo para o Brasil! A história não é somente fascinante e reflexiva, mas envolvente. Enquanto Jonas vai recebendo as memórias do doador, nós vamos imergindo em conceitos que são fundamentais na nossa vida e que foram deixados de lado, e vemos assim a consequência deles. O que a ausência de emoções nos levaria a fazer? O que seria um mundo sem cores? A sabedoria e as sensações nos trazem experiência, nos trazem pensamentos, e na comunidade não é interessante um pensador, os anciãos da comunidade não querem cidadãos pensantes e emotivos, querem membros que cumprem seus deveres e agem de acordo com seu sistema, é um paralelo interessante com o mundo no qual vivemos hoje, estamos inseridos num mundo ausente de emoções, onde o poder (principalmente aquisitivo) impera sobre todos os escrúpulos e conceitos antes tidos como fundamentais como caráter, amor ao próximo, decência, etc. Somos "treinados" para sermos robôs de um sociedade que impõe suas normas e nos submete a elas, onde não podemos nem devemos pensar, apenas obedecer. No livro, Jonas descobre o poder da escolha, que não deveria ser tirado de nenhuma pessoa, mas ora, se pudéssemos escolher correriamos o risco de fazer escolhas erradas, como ele mesmo aponta no livro, mas isso nos leva a pensar: Aprendemos sem os erros? Para que eles servem, afinal? De que resulta, então, a sabedoria? O livro como um todo é uma reflexão profunda sobre o que é ser humano, sobre o mundo que construímos para nós, sobre o que é importante na vida. Não que eu acredite que um dia teremos o poder de controlar o clima ou mesmo a capacidade de privar as pessoas totalmente da sensibilidade - embora admita que acredito ser possível - mas desde já observo o mundo no qual estamos inseridos, a sociedade que nos rege, e espero sinceramente não viver para ver o dia que a humanidade cairá ainda mais na mesmice de O Doador e quando as memórias forem um fardo destinado a apenas um.

O FILME

Assisti ao filme apenas na madrugada de ontem, por isso demorei tanto a postar a resenha do livro.
Estou começando a entender melhor o termo adaptação, não quer dizer que o filme vá seguir o livro, quer dizer que a ideia original do livro deu base para se criar uma coisa nova: o filme. Digo porque, desde o começo, o filme não tem basicamente nada a ver com o livro. A ordem de acontecimentos é alterada, a distribuição de tarefas é alterada, tudo foi alterado criando quase um filme desvinculado do livro.
Minha nota pro filme seria 7,0 numa escala de 0 a 10. Ele é bom, mas as diferenças com o livro são gritantes. Muita coisa que há no filme não há no livro e o que deveria, de fato, acontecer no filme porque acontece no livro, não aconteceu. Colocaram a cena da dispensa de Fiona quando, na verdade, Rosemary foi dispensada! A cena do beijo deles não existe no livro, muito menos as tais "injeções" diárias, eram pílulas. Os passeios com o doador nunca aconteceram, entre tantas outras coisas... Vale a pena assistir? Sim, o filme, como dito, é muito bom. Mas o livro é infinitamente melhor e ambos tem quase nada a ver um com o outro.

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