segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

[Donghua] Tong Ling Fei (Psychic Princess)

Título original: 通灵妃

Também conhecido como: Psychic Princess

Data de lançamento: 30 de novembro de 2018 (China)

País de origem: China

Idioma: chinês

Episódios: 16

Sinopse: Desde pequena, Qian Yunxi, a filha mais velha do Grande Conselheiro, é dotada de poderes sobrenaturais. Por conta disso, ela é considerada um mau agouro, e foi confinada à Montanha do Espírito da Nuvem. Aos 16 anos, ela descobre que foi escolhida no lugar de sua irmã mais nova para se casar com o Príncipe Ye — um homem frio, excêntrico e cruel.


Quando a filha de um ministro é prometida em casamento ao sombrio Príncipe Ye por ordem do imperador, o ministro Qian bola um plano arriscado envolvendo sua filha mais velha que, por sua habilidade de ver seres sobrenaturais, em uma idade muito jovem foi exilada nas montanhas como uma vergonha para a família. Assim, Qian Yun Xi é trazida de volta contra sua vontade e forçada a se casar no lugar da irmã assumindo sua identidade.

Wang Ye é um homem frio, excelente estrategista e guarda um rancor profundo pelo ministro Qian por ele ter causado a morte de um general honrado e conspirar contra o imperador. Assim, ele vê esse casamento como uma afronta e está disposto a usar a filha do ministro para derrubá-lo. Ele é apaixonado pela filha do general falecido, mas por alguma razão não se casa com ela.

Yun Xi chega ao palácio cheia de incertezas, mas logo na noite de núpcias é agraciada com o desprezo do marido e fica exultante por saber que não vai precisar se preocupar com ele e viver de forma pacífica até encontrar uma maneira de fugir. Quando ela foi confinada nas montanhas, suas duas criadas de confiança permaneceram na casa do pai dela, tudo que a atual princesa quer é encontrar suas criadas, por quem tem um enorme afeto, e ir embora de volta para as montanhas ficar com seu mestre.

Porém, seus planos são frustrados pela sua incrível personalidade que acaba atraindo a atenção do príncipe Ye, despertando a ira de suas outras concubinas. Além disso, uma série de acontecimentos vai aproximar ainda mais os dois num perfeito relacionamento que inicia com ódio profundo e gradualmente se transforma em amizade. Ye acaba descobrindo que Yun Xi nada tem a ver com as conspirações do perverso pai e agora precisará de tudo para acusá-lo, mas protegê-la da fúria do imperador.

Até os praticamente 8 primeiros episódios eu estava achando o anime muito chatinho. Ele é bem servido de comédia e a personalidade da Yun Xi torna-a uma personagem ao mesmo tempo simpática e irritante. Gostava da atitude dela na maior parte do tempo, falava o que pensava e não temia as consequências, era sempre muito otimista e procurava tirar o melhor das piores situações, além de ser bondosa, mas tinha momentos que ela era muito infantil.

Wang Ye me irritava na maior parte do tempo, só vim simpatizar realmente com ele lá pelo episódio 12! E nesse ponto da história já sabia que não ia ter final, tinha muitas coisas para resolver e só faltavam quaro episódios, aí descobri que o anime foi cancelado! (por que você faz isso, China? Aff) Realmente não consigo entender, bem na hora que a história começou a engatar de verdade, eles cancelaram. Uma pena.

No meu ponto de vista, apesar do começo quase todo focado em política, vale a pena dar uma conferida, é um donghua interessante, com uma personagem muito legal e tirando uma coisa ou outra é até levinho.


domingo, 27 de fevereiro de 2022

[Drama] The Devil Punisher - Podia ter sido melhor!

 

Original: 天巡者

Ano: 2020

Diretor: Chen Rong Hui, Chang Chin Jung

Gêneros: Aventura, Romance, Drama, Fantasia, Sobrenatural

País: Taiwan

Episódios: 20

Classificação: +13

Sinopse: A série acompanha Zhong Kui, uma divindade reencarnada que trabalha como padeiro durante o dia e luta contra demônios à noite. Em meio a isso, ele precisa ainda resgatar sua amada Meng Po, que sofre de amnésia e não lembra de nada da sua vida anterior — nem mesmo do romance milenar que vive com Zhong Kui.

Onde achar: Phoenix Fansub, Netflix

Vou confessar que esse mês não tive muita sorte com o que escolhi assistir. The Devil Punisher é aquele tipo de drama que contava com uma premissa ótima, mas que não soube ser aproveitada e deslanchou em um amontoado de clichês que não conversavam entre si e culminaram numa história chata que se perdeu completamente.

A história acompanha Chun Kui, o exorcista do submundo. É dever dele guiar as almas perdidas para a próxima vida e punir aquelas que se rebelam e continuam causando mal no mundo humano, ele é também o chefe do departamento da reencarnação onde Hsin Yu, uma das atendentes que produz o chá o esquecimento oferecido às almas, trabalha. Ela demonstra um carinho especial por Chun Kui, mas nunca consegue se declarar, ele também gosta dela, mas nunca se aproxima além do devido, contudo, por mais formulários de demissão que ela envie ele nega sempre a dispensa dela para a próxima vida ou para outro departamento.

Um dia, um fantasma furioso capturado por eles causa estrago no submundo e acaba destruindo a ponte da reencarnação fugindo para o mundo humano e levando Hsin Yu com ele. Chun Kui tenta, de todas as formas, impedir, mas não consegue e, assim, ele vai atrás dela desafiando as ordens de seu superior e com a missão de capturar novamente o causador de toda a confusão.

Na terra, ele vai contar com a ajuda da rainha Chin, comandante do submundo, de lorde Chuan Huang e de Ouyang Kuai, um jovem mortal inteligente e carismático que está apaixonado por Li En Shi, a melhor amiga de Hsin Yu — conhecida no submundo como lady Meng —, que é encontrada por Chun Kui, mas não tem qualquer tipo de memória do seu passado como deusa. Contudo, uma conspiração envolvendo um velho inimigo do exorcista do submundo pode colocar o destino de todo o mundo em risco.

No começo, o drama era divertido, tinha uma história interessante e personagens meio apagados, mas que até despertavam alguma simpatia, o que fazia a gente querer saber mais sobre eles, além do fato de despertar a curiosidade pelo passado do Chun Kui e da lady Meng, quem seria o vilão por trás do esquema todo e esse foi o primeiro problema do desenvolvimento desse roteiro, gente, fica claro como água quem é o vilão dessa joça logo de cara!

Eles não fizeram o menor esforço para esconder quem era e quando fizeram uma tentativa ridicula de desviar a atenção falharam com sucesso. Quando o tal "chefão" foi revelado surpreendeu um total incrível de 0 pessoas. Além do fato de a motivação dele ser bem ruim. As cenas que mostraram do passado dos protagonistas foram rápidas, aguadas e não conseguiram despertar qualquer tipo de empatia pelo dilema que eles enfrentavam. 

Além disso, toda aquela lenga-lenga da maioria dos personagens de contar as coisas pela metade, ou mesmo a En Shi que ficou insuportável logo nos primeiros episódios do drama e a morte injusta de um dos melhores personagens desse negócio me fizeram detestar os últimos capítulos. A meu ver, os conflitos foram mal distribuídos, foram muitos capítulos de enrolação, com Hsin Yu tomando atitudes idiotas que eu conseguia prever no capítulo anterior.

Embora tenha usado vários elementos da mitologia chinesa, o drama peca muito em desenvolver os pontos, as personagens se transformam em arquétipos previsíveis que findam por gerar um romance água com açúcar, um vilão que não convence e a sensação de que podia ter sido feito melhor, mas não foi. Não recomendaria.


Essa postagem expressa a minha opinião a respeito do drama, não quer dizer de forma alguma que você precisa concordar comigo, mas se for comentar discordando seja educado, por favor, as opiniões variam e ninguém é obrigado a pensar como você, então respeite a opinião dos outros ao discordar, obrigada.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

[Livro] Encontro com a morte

Título Original: Appointment with Death

Autor: Agatha Christie

Ano: 1945

Sinopse: Em uma viagem pelo exótico Oriente Médio, parte de um diálogo chega por acaso a Hercule Poirot: “Você entende que ela tem de ser assassinada, não entende?”. Consciente da gravidade da situação, Poirot esperará o momento certo para investigar o caso. Enquanto isso, uma família de turistas americanos chama a atenção por onde passa em Jerusalém. A matriarca parece exercer um estranho domínio sobre os filhos, criando um clima de tensão que beira o sadismo. Uma jovem e curiosa médica se verá atraída por esse núcleo familiar — sem imaginar as consequências fatais. Quando a situação parece ter fugido ao controle, Poirot compreende o verdadeiro significado do diálogo, conduzindo a trama para um magistral desfecho.

Em uma noite quente na terra santa, Poirot escuta uma declaração um tanto inusitada "Você entende que ela tem de ser assassinada, não é?", imaginando poder ter várias explicações para aquela expressão e não exatamente o desejo do cometimento do crime, ele vai dormir tranquilo.

Enquanto isso, uma família americana chama a atenção de uma recém-formada psicóloga que acaba de se encontrar com um renomado psiquiatra de quem é muito fã. É a família Boyton que acaba também por se tornar objeto de interesse do médico, a matriarca da família é uma mulher inflexível e cruel que parece manter todos os filhos sob o cárcere do seu sadismo. Muito se especula sobre a sombria mulher especialmente porque Sarah, a psicóloga, está interessada em um dos filhos.

Quando chegam em Petra onde fariam um passeio turístico de alguns dias, a velha mulher acaba sendo encontrada morta por um dos empregados locais e então, a convite de um coronel — amigo de Race,  outro que Poirot conheceu em Morte no Nilo — o famoso detetive se infiltra na penumbra do caso e começa a investigar quem poderia ter cometido o crime, segredos do passado começam a ser revelados culminando em um desfecho impressionante.

Tia Agatha nunca decepciona. Os casos de Poirot sem dúvida são meus favoritos, não somente pela engenhosidade dele, mas pela complexidade das tramas e a forma como ele as desvenda. Aqui não é diferente, somos levados a crer em quem claramente é o assassino, o que nos faz, claro, tirar todo o foco dele por ser óbvio demais e a titia Agatha nunca é óbvia, mas ela foi além. O verdadeiro assassino aqui é revelado de modo ainda mais sutil do que ela costuma empregar em suas tramas, o que torna a reviravolta ainda mais um tapão na nossa cara. Aliado a isso, há um embate ético muito interessante na história a respeito da morte e da perversidade.

Com personagens extremamente bem construídos, somos arrebatados para o mundo dentro das páginas torcendo por alguns e desconfiando de outros, enquanto nossa moral é testada a respeito do assassinato da velha escabrosa. Com certeza ainda mais magistral que Morte no Nilo.


Série:  Agatha Christie's Poirot

Temporada: 11

Episódio: 04

Direção: Ashley Pearce

Ano: 2008

Gente, pelo amor de Deus o que foi esse filme?

Desde que começou eu já comecei a ficar igual o meme do John Travolta, perdida. Reviveram personagens mortos, tiraram outros sem qualquer explicação, colocaram aquela freira charlatã que não existe no livro! Uma babá nada a ver, umas cenas de violência contra crianças que foi muito Queeeee?

Sério, a pior adaptação que essa série fez desde os Quatro Grandes. Em geral, os filmes são bem fiéis ao livro, uma licensa poética aqui, outra ali, mas seguem a história. Só que essa extrapolou os limites, o que mais dá raiva é que não tinha nada no livro que fosse realmente difícil adaptar, dava para colocar boa parte como estava lá, mas eles decidiram ser inventivos usando uma ponta solta na história e criando um negócio nada a ver. 

Quem não leu o livro e vai só por esse filme perde completamente a vontade de ler e acaba deixando passar uma história incrível que, sem nenhuma novidade, foi mal adaptada por algum roteirista que parece não saber usar a história original como referência! Fiquei irritada e recomedo que pulem esse episódio da série, não vale a pena.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

[Livro] A Redoma de Vidro

Título Original: The Bell Jar

Autor: Sylvia Plath

Ano: 1963

Sinopse: Lançado semanas antes da morte de Sylvia, o livro é repleto de referências autobiográficas, e a narrativa é inspirada nos acontecimentos do verão de 1952, quando Silvia Plath tentou o suicídio e foi internada em uma clínica psiquiátrica.

Esther Greenwood é uma jovem que sai do subúrbio de Boston para trabalhar em uma prestigiosa revista de moda em Nova York. Assim como a protagonista, a autora foi uma estudante com um histórico exemplar que sofreu uma grave depressão. Muitas questões de Esther retratam as preocupações de uma geração pré-revolução sexual, em que as mulheres ainda precisavam escolher se priorizavam a profissão ou a família.

Esse ano eu tentei incorporar alguns livros mais diferentes para a minha meta de leitura, peguei uns que eu tinha no kindle e no tablet há muito tempo e não tinha lido e outros de indicações que peguei quando acompanhava a Beatriz Paludetto como é o caso da Redoma de Vidro.

O livro vai acompanhar a jovem de dezenove anos Esther Greenwood, ela é uma universitária que, ao ganhar um concurso de textos, vai para Nova Iorque ficar um tempo trabalhando em uma revista e ganhando experiência. Só que, conforme sua experiência vai avançando, mais Esther percebe que não sabe o que quer e, lentamente, vai perdendo a vontade de fazer qualquer coisa, seu interesse pela vida e por si mesma vai gradualmente diminuindo ao ponto de ela se sentir vazia.

De volta em casa, Esther continua piorando gradualmente ao ponto de não conseguir mais dormir, não ter prazer em ler ou mesmo escrever, as coisas que antes ela mais gostava de fazer. Pedindo ajuda à psicóloga da família, ela é encaminhada a um psiquiatra muito incompetente que a submete a uma sessão de terapia de choque e ela acaba traumatizada afirmando para a mãe que não vai voltar para as próximas consultas. Após isso, sem saber o que fazer com a sua vida, ela começa a avaliar a melhor maneira de se matar.

Após uma série de eventos, ela acaba optando por overdose de remédios, mas a tentativa falha e ela é salva. Passando por dois hospitais, Esther acaba em uma clínica psiquiátrica particular custeada pela mesma mulher que forneceu sua bolsa de estudos na faculdade. Lá, ela é submetida novamente a terapia de choque e seu progresso é lento. Nesse entremeio, ela se vê confrontada por questões sociais do seu presente e passado, revendo o caminho do seu futuro e as escolhas que precisa fazer enquanto lida com perdas.

Esse é um livro muito bom, entendi a proposta, a autora soube fazer a gente sentir a depressão da personagem através de sua escrita simples, mas bem arrastada. Só que eu realmente não consegui gostar. Não sei se por ter lido boa parte dele enquanto estava doente ou se pelo conteúdo mesmo que não me agradou, é uma leitura difícil, bastante crua e por vezes eu ficava espantada com a apatia da Esther para as questões mais tenebrosas, em determinado ponto da história ela é quase violentada e age como se não fosse nada. Eu fiquei tipo: "filha, pelo amor de Deus!", mas assim, embora eu tenha ansiedade, consegui entender boa parte dos pensamentos dela em determinadas situações. Claro, muito parcialmente.

Tal como os livros de Clarice Lispector, se engana quem acha que é um livrinho curto de uma sentada só, não é. A leitura é densa, pesada, por vezes difícil e indigesta. Mas mesmo não tendo gostado muito, reconheço não apenas que é um livro bem feito, mas, sobretudo, um livro necessário. Não é de hoje que doenças mentais são levadas de modo superficial e mesmo que o assunto esteja relativamente mais em voga nos últimos anos não recebe a atenção devida e muita gente ainda acha "frescura" ou que a pessoa quer aparecer. Pior, que ela não tem vontade de melhorar ou que é preguiçosa.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

[Drama] Mysterious Love

Título original: 他在逆光中告白

Também conhecido como: Ban Yin (2021)

Diretor: Ming Yan

Roteirista: Zhong Zu Yao

Gêneros: Thriller, Romance, Drama

País: China

Episódios: 16

Ano: 2021

Sinopse: A peculiar e adorável atriz de teatro Ruan Nianchu conhece Li Teng, um cara frio e arrogante que possui QI e QE altos. Li Teng salva Ruan Nianchu de uma situação perigosa. Os dois desenvolvem sentimentos um pelo outro, mas se separam devido a trajetórias de vida diferentes. Cinco anos depois, os dois se reencontram e seus sentimentos um pelo outro reacendem. No entanto, os dois enfrentam um novo perigo enquanto trabalham juntos para desvendar os esquemas do antagonista.

Onde encontrar: Wei Fansub

O teatro em que Ruan Nian Chu trabalha como atriz está com problemas, por isso, é de extrema importância que ela consiga a participação de Li Xiao Yan, uma famosa atriz, em sua próxima peça. De posse do contrato assinado pela artista, ela vai até uma festa onde pode encontrá-la para garantir que a celebridade cumpra com suas funções, mas é surpreendida ao encontrar Lee, um homem misterioso que conheceu cinco anos atrás e que lhe salvou a vida. Ele, contudo, afirma se chamar Li Teng não se lembrar dela e diz que ela o está confundindo com outra pessoa, mesmo ela sabendo que não está.

Após ser humilhada de todas as formas por Li Xiao Yan — que parece estar muito interessada em Lee — Ruan Nian Chu vai embora sem respostas. Contudo, é surpreendida não apenas com a confirmação da participação da arrogante celebridade como com o reencontro com o frio Li Teng que demonstra estar muito interessado nela apesar de sua postura distante na festa e ainda deixa bem claro para Li Xiao Yan que ela não é a eleita dele mesmo que possa ter o homem que quiser. 

Ruan Nian Chu segue desconfiando que Li Teng é o seu Lee de cinco anos atrás e por um tempo ele continua fingindo que não é quem ela pensa até que finalmente admite que se lembra dela, mas é muito vago (para não dizer evasivo) sobre os acontecimentos do passado. Logo que Wasa, uma assassina da mesma corporação, reaparece disposta a ficar ao lado de Li Teng e tirar Ruan Nian Chu do caminho. Foi da mesma forma cinco anos atrás quando ela ficou obcecada por ele e fez de tudo para que a corporação matasse a garota, sem sucesso, já que Lee a protegeu.

O relacionamento dos dois é abalado quando Ruan Nian Chu descobre que Li Teng só está ao lado dela para conseguir uma moeda antiga que é, na verdade, um pen-drive com informações importantes para destruir a corporação na qual Lee, ela descobre, estava infiltrado. Contudo, apesar de todas as armações de Wasa e as brigas ocasionais, o casal se mantem unido. 

Mas quando a corporação começa a mirar em Ruan Nian Chu para conseguir a moeda e, mais ainda, se vingar de Li Teng, ele vai ter que se mostrar mais esperto que seu inimigo e contar com a ajuda de todos os seus amigos se quiser que sua amada saia viva da história.

Esse drama não leva o título atoa, durante a história nós vamos recebendo lapsos do passado, mas nenhuma explicação real do que aconteceu cinco anos atrás. Em alguns diálogos há pistas, mas muito vagas. Também não fica bem claro sobre a tal corporação e o que eles faziam. Em resumo, o drama fica cheio de perguntas sem respostas. Achei os desenvolvimentos dos personagens até okay, mas ficou faltando algo no carisma deles, especialmente os principais. Achei o casal secundário mais shipável que o principal. 

Comparado com outros dramas chineses que já vi, achei esse drama bem rasinho. Tem uma história boa, que abria um leque amplo de possibilidades, mas infelizmente não foi bem explorado e acabou meio... né? Não sei, aquela revelação do vilão no final surpreendeu um total de 0 pessoas. Mas enfim, acho que dá para ser um bom passatempo no fim de semana. Não é incrível, mas também não é ruim.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

[Livro] Mar de Rosas

 

Original: Bed of Roses

Autor: Nora Roberts

Série: Quarteto de Noivas #2

Gênero: Romance

Ano: 2009

Páginas: 288

Sinopse: Em Mar de rosas, segundo livro da série Quarteto de Noivas, o amor floresce junto com os primeiros botões da primavera. Este romance vai fazer você ter vontade de dançar num jardim, sob a luz do luar. Emma Grant é a decoradora da Votos, empresa de organização de casamentos que fundou com suas três melhores amigas de infância – Mac, Parker e Laurel. Ela passa os dias cercada de flores, imersa em seu aroma, criando e montando arranjos e buquês. Criada em uma família tradicional e muito unida, Emma cresceu ouvindo a história de amor dos pais. Não é de espantar que tenha se tornado uma romântica inveterada, cultivando um sonho desde menina: dançar no jardim, sob a luz do luar, com seu verdadeiro amor. Os pais de Jack se separaram quando ele era garoto, e isso lhe causou um trauma muito profundo. Ele se tornou um homem bonito e popular entre as mulheres, porém incapaz de assumir um compromisso. Quando Emma e suas três amigas fundaram a Votos, foi Jack, o melhor amigo do irmão de Parker, quem cuidou de toda a reforma para transformar a propriedade no melhor espaço para casamentos do estado. Os seis são praticamente uma família. E justamente por isso Emma e Jack nunca revelaram a atração que sentiam um pelo outro. Mas há coisas que não podem ficar escondidas para sempre. Mar de rosas é uma história ardente, sexy e divertida sobre as vantagens e os desafios que surgem quando uma grande amizade vira paixão. Dona de uma beleza estonteante e de um jeito doce e sempre agradável, Emma atrai muitos homens e tem uma incrível habilidade com eles – principalmente na hora de dispensá-los. Mesmo com tantos pretendentes, ela ainda não encontrou o príncipe encantado com quem sonha desde menina. Talvez porque ainda não tenha procurado no lugar certo: bem debaixo do seu nariz. Jack Cooke é um arquiteto atraente, bem-sucedido e melhor amigo do irmão de Parker, uma das sócias e amigas de infância de Emma. Muito próximo das fundadoras da Votos, ele é praticamente da família. Quando percebe que seus sentimentos por Emma vão além de uma simples amizade, Jack fica muito confuso. Agora, para essa história dar certo, eles terão que encontrar o ponto de equilíbrio entre o solteiro avesso a compromissos e a mocinha romântica que sonha em se casar e ser feliz para sempre.


Apesar de adorar a personalidade de Parker desde o primeiro livro, minha personagem favorita é a Emma. Por isso, quando finalmente consegui colocar as mãos no livro dela não resisti em colocar na lista de leitura desse ano. Contudo, não contava que eu (e minha família toda) fosse ficar doente bem na semana que eu estava lendo, quase pensei que não ia terminar no prazo, mas deu certo.

Das quatro amigas, Emma é a mais doce e romântica. Sua aura vibrante e sempre otimista transforma-a na luz e na cola que mantém o quarteto sempre para cima. Carismática e doce, é impossível resistir a ela e por isso é sempre a que mais atrai a atenção masculina onde quer que passe. Ela leva jeito com homens, tanto com os que quer se relacionar quanto com os que não quer e é excelente para julgar que tipo de mulher combinaria melhor com um de seus parceiros antigos que, em geral, continuam seus amigos depois. Por isso, para ela, Jack Cooke, seu amigo há mais de dez anos, sempre foi uma peça intocável de vitrine.

Mesmo tendo mantido uma paixão secreta por ele há anos, Emma nunca arriscou se aproximar dele de outra forma que não fosse como amiga, especialmente porque Jack é o melhor amigo de Del e é amado por todas elas. Além do fato de ser um solteiro convicto que não quer saber de casamento de jeito nenhum.  ELe tem várias amantes, algumas namoradas, mas nunca terá uma esposa e Emma era consciente disso, tão consciente quanto o fato de que desejava um amor forte e duradouro com o de seus pais e um futuro feliz com uma casa, um marido que a amasse e filhos.

Contudo, em um casamento complicado da Votos no qual Jack era um dos convidados, ele a acaba beijando de maneira inesperada enquanto ela fazia uma pausa. Emma não entendeu aquilo, mas a paixão reprimida de anos veio à tona com toda a violência possível, especialmente porque beijar Jack era tudo que ela sempre imaginou e um pouco mais. Porém, ele estava na categoria de "amigo" além de ser um possível ex de Mac o que o tornava ainda mais inacessível a ela segundo a regra de nunca namorar ex das amigas. A atração entre eles, todavia, é algo que não parece poder ser contido e, por isso, numa conversa clara, eles acabam decidindo ficar juntos por um tempo.

Só que, ao contrário do que esperava, tanto Emma quanto Jack começam a entrar em uma relação mais intensa, ela com seus sonhos românticos que tem consciência não poder serem retribuídos, ele com a floração de um sentimento que não consegue dominar e foge completamente da sua racionalidade lógica fria. Emma sabe que, se a relação acabar mal, todos os seus amigos serão implicados nisso, Jack faz parte do seu seio familiar há dez anos, mas arriscar dizer para ele o que sente é algo que ela simplesmente não consegue fazer uma vez que no momento que as palavras saírem pela sua boca, a relação que ambos têm naquele momento também vai acabar.

Mas quanto mais os dois se aproximam e se descobrem, mais os limites impostos por Jack em seu mundo se tornam claros para Emma e, ainda mais, para ele mesmo. A amizade de ambos conseguirá sobreviver ao impacto de uma paixão avassaladora e sem volta?

Eu sabia que esse ia ser o livro que mais ia gostar do quarteto antes mesmo de ler! Não apenas por Emma ser aquele tipo de personagem que você apenas não consegue não adorar, mas pelo próprio histórico da personagem que fica subtendido nos outros livros, foi muito incrível conhecer a história dos pais dela e todos os antecedentes que a tornaram a romântica incurável e sempre otimista que ela é. Se shippei ela com Jack? Muito. Especialmente depois de ver que eles se apaixonaram muito tempo antes, ao contrário do que rolou nos outros dois livros da série que li, nesse não teve nenhum momento em que fiquei pistola com algum personagem, os limites que eles impunham sobre suas realidades ficava claro e nós entendíamos as razões para isso, de modo que não era possível ficar do lado de um ou de outro, a gente apenas entendia o contexto.

Foi um livro todo equilibradinho, romântico na medida certa, com cenas cômicas muito bem encaixadas que me fizeram morrer de rir, amava quando elas interagiam juntas! Mesmo a atitude de Del em determinado momento que pareceu passar um pouco do limite me pareceu justa olhando a situação como um todo. E tem as cenas mais eróticas que também foram bem encaixadas e na medida certa, sem apelar demais e sem mostrar de menos. Se tornou meu queridinho do quarteto sem esforço apesar de ter desejado que o final fosse maior um pouquinho, ainda assim valeu a pena e recomendo muito. Foi uma escolha acertada depois de uma leitura tão pesada quanto As Boas Mulheres da China.

Só me falta ler o livro da Parker, mas confesso que estou um pouco receosa com ele porque, pelos três livros anteriores, o par dela será o mecânico e eu realmente não shippo os dois. Sei lá, acho que não combinam em nada e essa disparidade muito grande entre eles pode atrapalhar minha leitura. Então, vou deixar pra depois quando estiver um pouco mais aberta. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

[Dorama] Watashitachi wa douka shiteiru (Cursed Love)

Título original: 私たちはどうかしている

Diretor: Inomata Ryuichi, Akashi Hiroto, Komuro Naoko

Roteirista: Eto Rin

Gêneros: Comida, Thriller, Psicológico, Romance

Ano: 2020

Episódios: 08

País: Japão

Sinopse: Kogetsu An, uma bem-estabelecida loja de confeitaria em estilo japonês, onde a mãe de Nao trabalhou e viveu, foi o mesmo lugar em que ela conheceu Tsubaki. No entanto, depois de um certo incidente, a mãe de Nao foi acusada de assassinato e presa. Por conta disso, Nao, foi banida da loja. 15 anos depois, Tsubaki revisita Nao, o que faz os dois competirem para ver quem tem melhores habilidades. O odioso Tsubaki, que uma vez fez da vida de Nao uma louca bagunça, aproximou-se dela mais tarde para fazê-la se casar com ele, já que notou que ela é sua amiga de infância. Como Nao reagirá a esse suposto pedido de casamento?!

(Fonte: NewZect.com)

Onde Assistir: NewZect, Subarashii

Já tinha um bom tempo que eu não ficava tão presa em um jdrama!

A mãe de Nao era uma talentosa confeiteira de doces tradicionais japoneses, quando a menina era pequena, ela conseguiu emprego na Kogetsu An, uma famosa e renomada loja de doces tradicionais. Por ter a saúde frágil, Nao não podia sair muito de casa, mas ainda assim ela conheceu Tsubaki, o filho do dono da confeitaria, que alegrava seus dias e lhe mostrou a felicidade de criar doce e ela, a quem o garotinho chamava de Sakura, se mostrou muito boa nisso.

Contudo, um dia tudo mudou. Por causa das palavras de Tsubaki, a mãe de Nao foi presa acusada de assassinato e a menina foi levada para um orfanato. Posteriormente, sua mãe faleceu sem nunca conseguir provar sua inocência, tarefa que a garota pegou para si. Assim, Nao mudou seu sobrenome e conseguiu um emprego em outra loja de doces, onde aperfeiçoou ainda mais suas habilidades, na expectativa de descobrir o que realmente aconteceu no fatídico dia que sua vida desmoronou.

Mas o destino acaba colocando-a diante de Tsubaki mais uma vez quando ambos disputam a responsabilidade de fazer os doces de um importante casamento. Por conveniência da família do noivo, a Kogetsu An acaba vencendo embora tenha ficado claro que o doce de Nao fora o mais apreciado, ela porém é surpreendida quando, na sua ida para casa, recebe a inusitada proposta de casamento de Tsubaki. Sabendo que essa é uma chance de entrar novamente naquele mundo obscuro e desvendar o enigma do passado que vai limpar o nome da sua mãe, Nao aceita o pedido.

Logicamente, as coisas não são tão fáceis. Primeiro, porque Tsubaki já estava noivo de uma jovem de família importante. Segundo, porque a vida que lhe espera dentro da renomada confeitaria está longe de ser fácil, tanto pela mãe de seu futuro marido, que não a aceita, quanto pelo avô dele que o desconsidera como neto. Os mistérios que rondam a família de Tsubaki e podem estar diretamente ligados ao seu próprio passado, vão fazer com que Nao mergulhe em um mar revolto e perigoso que pode acabar lhe destruindo, especialmente quando seu coração começa a se inclinar para o homem que ela devia odiar.

Quem me trouxe para esse drama foi o Ryusei Yokohama, eu amo esse ator, ele é maravilhoso e super talentoso, a sinopse também me ganhou, por ser um drama diferente do que costumo ver, acabei por colocá-lo na lista desse ano. Fiquei vidrada nele em todos os episódios, uma mistura muito boa de suspense, mistério e romance, ótimas atuações e uma história muito bem montada. Apesar de lidar com o clichê Enemy to Lovers, o drama não deixa a peteca cair e nos oferece um relacionamento bonito, gradual e ameaçado não somente pelas forças externas, mas pelos próprios personagens.

Ryusei nos brinda com um Tsubaki que flerta com o sombrio na pose de anti-herói, mas é igualmente magnífico quando demonstra seu lado sensível. Minami Hamabe nos oferece uma Nao que é, ao mesmo tempo, frágil e resiliente, atormentada pelo amor e pelo passado. Minha única ressalva com a produção foi que apressaram muito o final, as coisas ficaram meio corridas e tudo se resolveu praticamente no último minuto. Era um drama que merecia uns dez episódios e um final mais completinho. Ainda assim, vale muito a pena ver! Recomendo demais!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

[Livro] As Boas Mulheres da China

Título Original: 中国的好女人们

Autor: Xinran [薛欣然]

Gênero: Biografia, reportagem

Ano: 2002

Páginas: 315

Sinopse: Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, Palavras na brisa noturna, discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualismo.De forma cautelosa e paciente, Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono: estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito.São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da "reeducação" promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa.Quando Xinran começou suas entrevistas, o peso de tradições antigas e as décadas de totalitarismo político e repressão sexual tornavam muito difícil o acesso à intimidade da mulher chinesa. Desde 1949, a mídia chinesa funcionava como porta-voz do regime comunista. Rádio, televisão e jornais estatais eram a única fonte de informação, e a comunicação com pessoas no exterior era rara.Em 1983, o presidente Deng Xiao Ping iniciou um lento processo de abertura da China. Alguns jornalistas começaram a promover mudanças sutis na maneira como apresentavam as notícias. O programa apresentado por Xinran era um dos poucos espaços em que as pessoas podiam desabafar e falar de seus problemas pessoais. Nos relatos do livro, a autora possibilita a vozes antes silenciadas revelar provações, medos e uma capacidade de resistência que as permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo. Em condições extremas de vida, como a dos campos de reeducação da Revolução Cultural, afloram sentimentos de maternidade, compaixão e amor. O olhar objetivo de Xinran dá ao tema um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas.

"Todo mundo diz que as mulheres são como a água. Penso que é porque a água é a fonte da vida e se adapta ao ambiente. Assim como as mulheres, a água dá de si mesma em todo lugar aonde vai para nutrir a vida"

Essa vai ser uma das resenhas mais difíceis que já escrevi.

Quando cheguei ali pelos vinte anos, perdi a visão idealista que tinha de países do exterior. A gente começa a olhar mais criticamente o mundo à nossa volta, assim, no momento que passei a me interessar por produções japonesas e pela Ásia em si, já tinha essa concepção de que nada é lindo e glamoroso, tudo tem um lado negro e sangrento e nenhum daqueles países era diferente. Mas uma coisa é você ser consciente disso, outra bem diferente é você ver essa realidade a partir da ótica de uma "vítima" daquele sistema, nós temos uma visão muito superficial da história deles, no que me toca, até ler esse livro, apesar de não ter uma visão muito positiva sobre o regime político da China, meu conhecimento sobre o assunto era muito insípido, mas após ler o relato dessas mulheres tudo que consigo sentir é repulsa.

A jornalista Xue Xinran, nascida em Pequim, viveu os difíceis dias da revolução cultural que precedeu a consolidação do partido comunista chinês, ela própria é uma vítima dos cruéis conflitos que se espalharam pelo país nos dias negros e tormentosos que vinham sob as falsas promessas de igualdade social e liberdade. Tal como acontece em praticamente todas as ditaduras, muitos jovens se deixaram ludibriar pelas ideias revolucionárias que prometiam mudar suas vidas para sempre, deixá-los em um mundo utópico bom para todos quando, na verdade, era somente uma máscara para justificar a crueldade arraigada nos homens, os ideais retrógrados da sociedade patriarcal e submeter o povo ao duro controle de um governo totalitário e manipulador.

Foi com seu programa de rádio que Xinran teve contato com as histórias de diversas mulheres, acobertadas pelo anonimato, elas se sentiam seguras para abrir a caixa de Pandora de seus passados trágicos de perda, repressão e violência, cada vez que ouvia suas histórias, mais a jornalista desejava conhecer a realidade das mulheres de seu país. Os relatos do livro cobrem os primórdios da instauração do partido comunista até sua consolidação, os negros dias de guerra civil que separaram famílias, devastaram vidas e mantém ainda hoje a sociedade sob a ilusão da liberdade.

"De modo geral foram as crianças, sobretudo as meninas, que arcaram com as consequências do desejo sexual frustrado. A menina que cresceu durante a Revolução Cultural viu-se cercada de ignorância, loucura e perversão. (...) Quando o corpo amadurecia, a menina se tornava vítima de ataques indecentes ou estupro — meninas como Hongxue, cuja única experiência de prazer sensual veio de uma mosca; Hua’er, violentada pela Revolução; a mulher na secretária eletrônica, dada em casamento pelo Partido; ou Shilin, que jamais saberá que cresceu. Os perpetradores foram seus professores, amigos, até seus pais e irmãos, que perderam o controle dos instintos animais e agiram da maneira mais feia e egoísta de que um homem pode agir."

Enquanto avançava pelos capítulos do livro e ia mergulhando no passado sombrio dessas mulheres, a sensação que eu tinha era que havia levado uma surra. Era uma espécie diferente de dor física. Empatia por sentir na pele suas violações e desespero, o medo dos dias incertos em uma sociedade que não as protegia, não lhes dava acesso a conhecimento, as mantinha refém de uma ideia falsa de liberdade, de um senso arcaico de dever e de uma ideia suja de "amor". O mais chocante é ver a resiliência delas, a luta até o final para sobreviver ou, como Hongxue, que escolheu deteriorar a si mesma a voltar para as garras do pai abusivo. Quão baixo o homem pode chegar? Até agora não encontrei a resposta e acho que nunca vou descobri-la.

Várias vezes precisei pausar a leitura para desanuviar os pensamentos e aliviar um pouco a carga pesada no meu coração, pensar que essa não é uma realidade apenas da China, mas que acontece ainda hoje em diversos lugares do mundo. Nós, mulheres, ainda somos reféns do medo, da desconfiança, não vivemos com total liberdade apesar da sociedade dar a ilusão que sim. E o mais revoltante é que, no fim, a culpa é sempre nossa. Lembro de quando estava lendo o relato das mães do terremoto, o mundo delas desabando, as pessoas que deveriam ajudá-las cometeram a barbárie de destruir a vida de uma garota inocente já vitimada pela catástrofe, aquilo mexeu comigo de uma maneira avassaladora. A história terrível de Hua'er, enquadrada por ser estrangeira, tinha apenas onze anos quando os homens do "partido" tiraram todos os seus sonhos e a esperança de uma vida normal.

Lendo esses relatos, sobretudo aqueles diretamente ligados à revolução cultural, notava coisas que já tinha visto em livros como A Revolução dos Bichos e Fahrenheit 541, a maneira como eles manipulam a mente com ideologias falsas, com a promessa de um mundo utópico que nunca se concretiza e, primordialmente, tiram o acesso à informação, à criticidade. Banem livros. Um povo ignorante é um povo fácil de manipular. Ainda hoje, o governo Chinês controla o que seus cidadãos leem, mangás como Death Note são proibidos, não preciso dizer mais. Vivem em uma redoma de "moral e bons costumes" como um mote para enclausurar o direito de escolher, de pensar e a liberdade de agir das pessoas.

"minha impressão era de que a China continuava dominada pela Revolução Cultural: a política regendo cada aspecto da vida cotidiana, e certos grupos sendo submetidos a censura e julgamento para que outros sentissem que estavam realizando alguma coisa."

 “Nós dizemos: ‘em casa, acredite nos seus deuses e faça o que quiser; fora de casa, acredite no Partido e tome cuidado com o que fizer’."

Quantos dos ideais absurdos pregados ou distorcidos nesse livro ainda são uma realidade na sociedade chinesa "moderna"? Um país onde uma garota saía da aula na universidade e é violentada no estacionamento, mas a polícia simplesmente não faz nada. Quantas vozes não são caladas em nome da imagem dessa "política igualitária"? Fico me perguntando que tipo de mentalidade as chinesas de hoje em dia têm, o que acham do país em que vivem e da sociedade que as cerca. Não sou habilitada para dizer o que mudou e o que permanece igual para elas. E ler esse livro me fez pensar em tantas outras mulheres vivendo sob a sombra do medo e da repressão cujos relatos nunca vieram à tona, na China, no Brasil, na Índia, no Afeganistão, no mundo...

Terminei me sentindo vazia, triste. Mas com um olhar novo sob a luta diária das mulheres nessa sociedade que ainda precisa tanto aprender a empatia. Sem contar que foi realmente bom conhecer essa China crua, sem maquiagem. Foi uma leitura pesada, difícil, indigesta, mas necessária. Ás vezes nós precisamos de livros que nos estapeiem, nos façam olhar o mundo que nos cerca e nos alerte para as ideologias falsas que culminam em tragédia e manipulação. A meu ver, é uma leitura obrigatória, todos deveriam pensar pelo menos uma vez no que é ser mulher, nas dificuldades que enfrentam todos os dias, na essência dessas mulheres. Empatia é a palavra chave desse livro. É impossível ler e não sentir a dor rasgando sua alma, o desespero delas, o medo em cada palavra.

Foi lendo esse livro que percebi meu parco amadurecimento, dez anos atrás eu não teria conseguido levar essa leitura até o final. Desejo ter oportunidade de, futuramente, ler outros livros da autora. 

"Sem livros não compreenderíamos o mundo; sem livros não poderíamos nos desenvolver; sem livros, a natureza não pode servir a humanidade."