Original: すずめの戸締まり
Diretor: Makoto Shinkai
Ano: 2023
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Sinopse: Conta a história duma adolescente de 17 anos e a sua jornada através de um Japão devastado por várias calamidades e onde ela terá de fechar as portas que causaram estes desastres.
Quando anunciaram esse filme, do mesmo diretor de Kimi no Nawa, fiquei curiosa, mas não estava com muitas expectativas porque fui com muita sede ao pote no outro e não achei isso tudo além da fotografia espetacular. Demorou um bocado para conseguir achar um e, como esperado, foi muito bom, mas prometeram mais do que ofereceram. Isso, claro, analogias a parte.
Não vou entrar no mérito das metáforas usadas no filme, mas falar dele como história, minha experiência como expectadora. A história acompanha Suzume, uma adolescente que, em seu caminho para a escola, encontra um misterioso e belo rapaz. Este lhe pergunta se sabe onde fica alguma ruína na cidade, ela lhe indica uma direção e segue seu caminho, mas, incapaz de tirá-lo da cabeça, e curiosa a respeito, acaba seguindo-o até as ruínas. Contudo, ao invés dele, ela encontra uma porta.
Curiosa, Suzume abre a porta e, sem saber, liberta o selo que a manteria fechada, liberando um mal terrível sobre o Japão. Ao tentar fechar a porta, o rapaz acaba ferido e é amaldiçoado pelo selo, se transformando em uma cadeira que a falecida mãe de Suzume havia feito para ela na infância. Agora, para ajudá-lo a quebrar o sortilégio, ela vai embarcar em uma jornada buscando todas as portas para trancá-las enquanto persegue o selo e descobre mais sobre o dia que sua mãe se foi.
Apesar de parecer bem a cara daqueles filmes japoneses de jornada e autoconhecimento, Suzume no Tojimari é, sobretudo, um filme sobre luto. O sentimento de perder alguém importante para nós e o que acontece quando reprimimos esses sentimentos, afastando-os para os fundos da nossa mente ao invés de encará-los, nos permitir vivenciar o momento e entendê-lo. A porta de Suzume era o medo de encarar a perda da mãe, como ela se fez esquecer os eventos daquele dia, trancando-os dentro de si e alimentando um monstro muito maior.
Se pensarmos que o diretor afirmou ter escrito o roteiro durante o período de isolamento social da COVID-19, podemos ter uma visão ainda mais clara das metáforas do "monstro" e do luto que é invisível para todos aqueles que não o sentem ou apenas o ignoram. Obviamente essa é uma leitura minha, o filme permite e abre margem para várias interpretações e possibilidades.
Embora não tenha sido nada do que eu estava esperando, Suzume no Tojimari é um filme marcante, tem uma trilha sonora irretocável tal como a fotografia sublime de Shinkai, além de toda a magia poética de sua narrativa sensível que dosa bem comédia, drama, romance e fantasia puxando reflexões enquanto encantam nossos olhos. Recomendo.
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