domingo, 10 de setembro de 2023

[Livro] O Conde Enfeitiçado — Bridgerton #6

Original: When he was wicked

Publicação: 2006

Autora: Julia Quinn

Gêneros: Romance de amor, Ficção histórica, Romance Histórico - Regência, Ficção urbana

Sinopse: Toda vida tem um divisor de águas, um momento súbito, empolgante e extraordinário que muda a pessoa para sempre. Para Michael Stirling, esse instante ocorreu na primeira vez em que pôs os olhos em Francesca Bridgerton.

Depois de anos colecionando conquistas amorosas sem nunca entregar seu coração, o libertino mais famoso de Londres enfim se apaixonou. Infelizmente, conheceu a mulher de seus sonhos no jantar de ensaio do casamento dela. Em 36 horas, Francesca se tornaria esposa do primo dele.

Mas isso foi no passado. Quatro anos depois, Francesca está livre, embora só pense em Michael como amigo e confidente. E ele não ousa falar com ela sobre seus sentimentos – a culpa por amar a viúva de John, praticamente um irmão para ele, não permite.

Em um encontro inesperado, porém, Francesca começa a ver Michael de outro modo. Quando ela cai nos braços dele, a paixão e o desejo provam ser mais fortes do que a culpa. Agora o ex-devasso precisa convencê-la de que nenhum homem além dele a fará mais feliz.

Sendo bem franca, depois dos quatro livros dessa série que li, não tinha planos de ler os outros quatro, mas quando recebi a visita de uma amiga de Macapá que me recomendou tão bem esse volume, acabei comprando na primeira oportunidade. Ela fez uma propaganda tão boa desse livro que despertou todas as sinapses da minha curiosidade, especialmente porque eu amo o plot friends to lovers.

Francesca estava em um casamento feliz com John, o conde de Kilmartin na Escócia. Ela amava o marido e era a melhor amiga do primo dele, Michael, com quem tinha uma proximidade permitida apenas a uma mulher casada. Tudo na sua vida ia bem até o dia que ela chegou em casa e encontrou o marido morto. Não suficiente, ainda sofreu um aborto espontâneo num intervalo de tempo curtíssimo da morte do marido. Os dois golpes vieram de uma vez e a destruíram e, não suficiente, ainda precisou lidar com o afastamento repentino e sem explicação de Michael, a única pessoa em quem esperava encontrar segurança.

Se havia duas certezas concretas na vida de Michael Stirling eram: 1- ele jamais quis o título de conde. 2 - Ele amava Francesca com um desespero silencioso desde que a vira pela primeira vez. Agora que seu primo havia morrido, o coração de Michael estava destruído e, de repente, ele não sabia lidar com nada. Era como se tivesse sendo forçado a ocupar o lugar de Jonh. De uma hora para outra ele era o conde, o dono das propriedades, um homem extremamente rico e, o mais desesperador, a pessoa em quem Francesca procurava se apoiar para ter estabilidade. Ela jamais desconfiou dos seus sentimentos e, se não quisesse enlouquecer, precisava se afastar dela o mais rápido possível.

Quatro anos depois, os dois se reencontram. Ele disposto a esquecer tudo. Ela tentando reconstruir sua vida. Mas a amizade dos dois, por mais que se esforcem, não é mais a mesma. Os sentimentos de Michael só aumentaram com o passar do tempo, enquanto Francesca tenta com todas as forças ignorar os sentimentos conflitantes que parecem surgir quando está perto de Michael, de repente, é como se não se conhecessem mais. Mas há uma centelha. Algo que explode dentro deles quando estão juntos e contra o qual os dois tentam desesperadamente resistir, usando a memória de Jonh como uma desculpa.

Todavia, um beijo inesperado muda tudo. A partir do toque de seus lábios, Michael sabe que jamais conseguirá amar outra mulher e Francesca se dá conta do quanto o deseja, mesmo acreditando que nunca voltaria a sentir algo tão profundo quanto o que sentiu por Jonh. O que poderão fazer, contudo, quando os medos que impõem a si mesmos se transformam nos obstáculos mais difíceis de vencer?

Se algum escritor desejar um exemplo claro de antagonismo interno, esse é o livro mais indicado. Nos quatro livros que li dessa série, Francesca é sempre mencionada de modo tão raro que parece sequer existir. Não me lembro se ela chega a aparecer mesmo que brevemente em algum dos primeiros volumes, pois já tem um bom tempo que li. 

Ao contrário dos demais volumes com jovenzinhas virginais descobrindo a própria sensualidade, aqui Quinn explora um pouco mais de liberdade mostrando o papel da jovem viúva em uma sociedade patriarcal. Francesca praticamente não tem mais nada a perder, então isso lhe dá mais liberdade que as debutantes de sua época. Por isso, creio, o livro é o que mais explora o erotismo se comparado aos outros. 

Sendo sincera, gostei mais da ideia que da execução em si.  De início dá super para entender a hesitação dos dois em admitir seus sentimentos. Em Michael isso fica mais latente que em Francesca. Ele realmente temia estar usurpando o lugar que era de um primo que ele amava como um irmão e a culpa por estar apaixonado pela esposa dele por tantos anos chegava a ser sufocante. Mas no caso de Francesca, apesar de ter sido normal até certo ponto a dúvida por ter se apaixonado pelo seu melhor amigo, isso se torna bem irritante quando ela fica apenas relutando em aceitar o fato que gosta dele e usando-o porque o sexo é bom.

Me senti cansada por ele. Foi um alívio quando Michael finalmente explodiu e jogou as coisas na cara dela. Toda aquela relutância não fazia o menor sentido e a autora ainda deixava isso claro como se nem mesmo ela soubesse porque diabos a personagem estava tão hesitante em fazer algo que queria. Só por isso o livro já perdeu pontos comigo. Mas ainda teve o final. Não foi redondinho e fofo como os outros livros que li. Parece que o foco desse foi mais a tensão sexual entre os personagens que realmente seu desenvolvimento amoroso. Michael teve um final incerto, a gente tenta imaginar que ele superou a doença, mas isso é subtendido. Além disso, Francesca martelando pregos com uma folha o livro todo, não conseguiu o intuito inicial quando se casou de novo. Então, o livro termina inconcluso.

Talvez nos próximos volumes isso seja mostrado de relance, mas particularmente, estragou um pouco a minha experiência porque parece que o Michael sofreu o pão que o diabo amassou o livro todo pra ter uma meia recompensa no final. Visão minha, apenas. No demais o livro é bom, como os outros (excetuando o da Daphne que eu não gosto), mas acho que poderia ter sido melhor, porque a ideia era tão boa, tinha muita coisa melhor pra explorar e a história podia ter sido fofa. Anthony e Kate seguem sendo meu casal favorito e o melhor livro da série pra mim.

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