Ano: 2016
Diretor: Oz Perkins
Sinopse: Uma enfermeira é contratada para cuidar de uma escritora de livros de terror em sua casa, onde cada canto guarda um segredo.
Vi esse filme com a minha irmã no fim de semana passado. Como estou planejando uma história que envolve terror e suspense, me empenhei em ver filmes do gênero — apesar de não gostar de terror — para entrar na atmosfera. Contudo, me vi bastante surpresa com esse filme e logo vou dizer o porquê.
Após um término complicado, a enfermeira Lily aceita o contrato para cuidar de Iris Blum, uma renomada autora de terror que vive em uma casa antiga afastada de tudo. Porém, tão logo chega, ela consegue sentir que tem alguma coisa errada com o lugar, embora não saiba o que é e pense que não passa do seu medo de tudo, pois ela é muito impressionável. Iris não parece ser uma idosa difícil de cuidar, ela segue uma rotina simples e, mesmo não tendo televisão, Lily logo descobre que o tédio não será seu companheiro quando tenta descobrir quem é Polly, a pessoa que a escritora parece confundi-la constantemente.
Vindo a saber que Polly foi a personagem de um dos livros mais famosos de Iris, Lily, apesar de amedrontada, tenta ler a história para descobrir o que aconteceu com a garota no livro, contudo, não consegue ir muito longe por causa do medo. E é quando o fantasma de Polly passa a ser uma presença constante esgueirando-se nos cantos da casa escura como se quisesse dar um sinal. Iris continua chamando por Polly e parece nunca obter uma resposta. Em suas cautelosas investigações, Lily pode acabar chegando ao desfecho de um mistério macabro envolvendo a casa onde está que pode lhe custar muito caro.
O Último Capítulo é um terror atmosférico, nada de cenas violentas ou jump scares do nada a toda hora. Usando de uma narrativa poética que parece que estamos "vendo o filme" de um livro, ele nos envolve no seu clima de terror deixando a gente preso do início ao fim e oferecendo apenas o que precisamos saber sem jamais dar respostas para todas as charadas, abrindo espaço para tirarmos nossas próprias conclusões. É um "terror de detalhes", a história é lenta e contada em camadas e o tempo todo somos tomados pelo frio na espinha do que pode vir a qualquer momento.
Fiquei bem surpresa com isso. É um filme intrigante, a fotografia alternando planos escuros e claros que se casam com um ambiente inóspito, mas não decadente, e uma personagem medrosa tem os elementos perfeitos do que se poderia chamar de terror elegante. O foco não é a história ou o desenvolvimento dos personagens, mas o ambiente, o clima em si, a atmosfera criada. E, pode acreditar, assusta muito. Confesso que determinado acontecimento no final do filme me fez rir, não posso contar porque é spoiler, mas tanto eu quanto minha irmã ficamos divididas entre a incredulidade e as risadas.
Quebrando a tradição de fantasmas vingativos que descontam nos outros o que aconteceu com eles, aqui nós temos um fantasma que apenas quer, podemos dizer, "explicar" o que falta no último capítulo do livro de Iris. Lily, todavia, é o típico personagem medroso de filme de terror, mas muitas das suas atitudes contradiziam esse aspecto da sua personalidade. Ela era corajosa demais para alguém covarde, entendem?
Se você gosta do terror tradicional com monstros, fantasmas vingativos e sedentos de sangue ou tripas para todo lado, passe longe desse filme. O último capítulo é um terror conceitual, recheado de subtextos e entrelinhas. O próprio espectador é quem vai fechar as linhas e responder às questões deixadas para trás. Recomendo demais. Dá para ver com a família e discutir no final o que aconteceu.
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