Título Original: Don Quijote de la Mancha
Título no Brasil: Dom Quixote
Autor: Miguel de Cervantes
Ano de Publicação: 1605
Editora: Francisco de Robles (Editor)
Série: -
País de Origem: Espanha
Gênero: Aventura
Sinopse: Dom Quixote de La Mancha não tem outros inimigos além dos que povoam sua mente enlouquecida. Seu cavalo não é um alazão imponente, seu escudeiro é um simples camponês da vizinhança e ele próprio foi ordenado cavaleiro por um estalajadeiro.
O que eu achei: こんにちわみなさん!
É, eu demorei, eu já sei. Eu estou novamente cheia de trabalhos da faculdade e, pra completar, meu pai adoeceu com uma virose violenta que está dando por aqui e aí a gente andou bem preocupada. Mas, enfim, tarefas a parte, a leitura da semana foi esse clássico espanhol, Dom Quixote, um dos livros mais lidos do mundo. Segundo dados colhidos da Wikipédia sobre os livros mais lidos do mundo pelo blog Dose Literária (leia a matéria AQUI):
"Ao pesquisar uma lista dos títulos de livros mais vendidos/lidos do mundo, em primeiro lugar sempre encontraremos a Bíblia Sagrada (que já passa dos 6 bilhões de cópias), em segundo O Livro Vermelho (que é composto por citações do Comandante Chinês Mao Tse-Tung), e em terceiro O Alcorão (livro sagrado muçulmano).
Nesta lista dos mais lidos, ainda há O Livro de Mórmon e o dicionário de caracteres da China, o Xinhua Zidian, e outros títulos religiosos."
Eu já tinha visto em algum lugar (em um gráfico se não estou enganada) que Dom Quixote é o segundo livro mais lido depois da Biblia, mas talvez essa pesquisa esteja mais atualizada. Bem, dos 15 livros literários mais lidos no mundo, segundo a pesquisa, ele ocupa o 1º lugar, passando na frente de Um Conto de Duas Cidades de Charles Dickens e de O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien. E também aparece em primeiro lugar na lista da revista Bula com os 100 melhores livros de todos os tempos (Leia AQUI) com levantamentos de sites e revistas famosas: “The New York Times”, “Amazon”, “Le Monde”, “The New York Public Library”, “BBC”, “The Guardian”, “Modern Library”, “Time”, “Newsweek”, “Telegraph”, “Lists Of Bests”, “Wikipedia”, “Folha de S. Paulo”, “Revista Época”, “Revista Bravo”.
Eu tinha muita curiosidade em ler esse livro, comprei por nove reais uma edição de capa dura da Abril Cultural traduzida por Orígenes Lessa, na Estante Virtual. O enredo gira em torno de Alfonso Quixano, um fidalgo que, após ler muitos romances de cavalaria (livros próprios da era medieval, no período romântico) decide tornar-se um cavaleiro, tomado totalmente pela loucura. Assim, com sua imaginação muito fértil, parte pelo mundo acompanhado de um camponês chamado Sancho Pança e se mete em mais confusões do que consegue lidar, deixando, na maior parte do tempo, os problemas para o pobre camponês lidar. A famosa cena maluca dos moinhos de vento que ele enxerga como gigantes a serem combatidos é mais breve do que eu esperava, mas, ainda assim, hilária. O que toca em Dom Quixote é a loucura "boa" dele, de um jeito inocente, que a maioria de nós também tem um pouco quando lê um livro muito bem **Sou um bom exemplo disso me desenhando inteira com tinta nankin e caneta permanente depois de ler Os Instrumentos Mortais.** assim, ele sai pelas cidadelas da Espanha destruindo a impunidade e levando a justiça, confundindo estalagens com castelos, acreditando em feiticeiros e sempre apaixonado pela sua Dulcinéia de Toboso como todo bom cavaleiro andante dos romances medievais. O legal desse livro, além das desventuras hilárias da loucura do fidalgo - que na maioria das vezes sobra pro "escudeiro" - é que Sancho acaba, de certa forma, ficando contagiado pela maluquice do amo, assim como todas as pessoas que mesmo se divertindo às custas dele, o que eu achei em parte cruel, mas que ele era inocente demais pra perceber, de certo ponto o deixavam feliz, por ser reconhecido, por ser tratado à altura do que ele achava merecer. Tanto é que, em uma das passagens próximo ao fim do livro, quando o fidalgo, por motivos de saúde precisa abandonar sua vida de cavaleiro, um dos seus "espectadores" fala:
"- Vai ser difícil - afirmou Dom Antônio. - E seria pena... Vós tentais roubar do mundo um dos seus melhores loucos, o doido mais perfeito e divertido da terra. Sua loucura é inofensiva é o melhor tratamento contra a melancolia e as tristezas da vida." Página 180
E de fato o é. Por onde quer que passe o fidalgo, com sua imaginação mais que fértil e sua fala rebuscada, leva riso - ainda que ridículo - e distração para as pessoas e é isso que faz com que Quixote seja tão amado e apaixonante, é uma história que foi pensada como uma sátira à ficção de entretenimento de sua época, mas que acabou criando um personagem inocente, fofo e cheio de uma imaginação infantil que reina e faz com que todo leitor se identifique, afinal, todos nós adquirimos um pouco mais de loucura no nosso mundo desajustado a cada livro lido. E, além de tudo, é sábio ao seu modo, uma das passagens que mais gostei foi:
"- Como vês, meu Sancho, apesar de rústico, dão-te uma ilha a governar. Mérito teu? Sabes que não. Apenas pelo fato de acompanhares um cavaleiro andante. Falo-te com essa franqueza para que agradeças a Deus o privilégio, e à grandeza da cavalaria andante, que te deu prestígio. Ouve agora os meus conselhos para bem governares. Teme a Deus. É o princípio da sabedoria. Conhece-te a ti mesmo. É o que somente os sábios conseguem. Não te envergonhes de dizer que foste um camponês, porque, se o negares, outros te lançarão em rosto essa verdade. Se a tua mulher vier ao teu encontro, ensina-lhe boas maneiras. Se ficares viúvo, muito cuidado na escolha de uma nova mulher. Ela poderá vir por interesse, porque serás governador. Dá mais importância às lágrimas dos pobres que à riqueza dos nobres. E, ao fazer justiça, procura ser antes compreensivo que rigoroso." Página 157/158.
Como não amar Quixote? Faz juiz a ser um dos livros mais vendidos e lidos do mundo! Se você ainda não conhece, não perca tempo!
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