Título Original: The Hobbit
Autor: J. R.R. Tolkien
Páginas: 400
Sinopse: Bilbo Bolseiro era um dos mais respeitáveis hobbits de todo o Condado até que, um dia, o mago Gandalf bate à sua porta. A partir de então, toda sua vida pacata e campestre soprando anéis de fumaça com seu belo cachimbo começa a mudar. Ele é convocado a participar de uma aventura por ninguém menos do que Thorin Escudo-de-Carvalho, um príncipe do poderoso povo dos Anãos.
Esta jornada fará Bilbo, Gandalf e 13 anãos atravessarem a Terra-média, passando por inúmeros perigos, sejam eles, os imensos trols, as Montanhas Nevoentas infestadas de gobelins ou a muito antiga e misteriosa Trevamata, até chegarem (se conseguirem) na Montanha Solitária. Lá está um incalculável tesouro, mas há um porém. Deitado em cima dele está Smaug, o Dourado, um dragão malicioso que... bem, você terá que ler e descobrir.
Bilbo Bolseiro estava feliz na sua pacífica vida no Vale em sua toca de hobbit até um belo dia receber a inconveniente visita de um mago que estava de passagem perguntando-lhe se ele estava disposto a ir em uma aventura. Claro que, na sua idade, o hobbit recusa o convite e diz que não está interessado, o que ele não podia esperar era que o mago aceitasse sua recusa e, ainda naquele fim de dia, uma verdadeira convenção de anões se formou na sua casa.
Em meio as conversas entre eles, Bilbo se via mais e mais interessado na jornada, a ideia era atravessar a terra média até a Montanha de Smaug, antigo lar dos anãos, onde estava escondido um enorme tesouro roubado que os anãos queriam de volta. A tarefa de Bilbo nessa jornada? Um ladrão. Para ele, deixar sua vida confortável e pacífica para se meter em uma empreitada sem segurança de retorno era improvável estava fora de cogitação, mas por alguma razão ele acaba no meio dessa jornada com a roupa do corpo e, pasmem, sem um lenço!
No percorrer do tortuoso caminho que fazem pelas florestas negras, vales povoados de trolls e elfos, gobelins e aranhas gigantes (entre outros perigos iguais ou piores), Bilbo começa não apenas a repensar sobre seu papel naquela aventura como a gostar dele (e desgostar algumas vezes) se vendo modificar conforme se torna o único capaz de ajudar os anãos em momentos de real necessidade e, no fim, sua recompensa não foi outra senão a própria evolução como pessoa e a expansão do seu mundo pessoal.
"Se mais de nós dessem valor à comida, à alegria e às canções acima do ouro entesourado, este seria um mundo mais feliz."
Confesso que O Hobbit foi um pouco diferente do que eu imaginava e em muitas partes do jeito bom. A primeira coisa que me encantou no livro foi a maneira como ele é narrado, de forma quase fabulesca, e de alguma forma essa não deixa de ser uma fábula para adultos, aquela fantasia com gosto de infância que carrega nas entrelinhas reflexões válidas sobre a vida e nossa postura diante dela.
Já começa que esse livro, apesar de ser uma verdadeira escola sobre a jornada do herói, não se trata, propriamente, de um herói, pelo menos não de um como geralmente nos vem à cabeça quando pensamos na palavra. E é justamente essa simplicidade e o estado perdido do Bilbo que é a jogada de mestre do autor, porque isso nos faz automaticamente traçar um paralelo com a nossa própria tragetória e o quanto evoluímos com ela.
Nós acompanhamos a jornada de um grupo para roubar um dragão sob aquela velha ideia que "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão", e ainda mais, um grupo que está unicamente focado no tesouro ao seu alcance e não no obstáculo e certamente não nas pessoas que podem ser implicadas graças aos seus atos. Isso é claro e exemplificado ao longo de quase todo o livro. Isso torna o que a gente está lendo de alguma forma verossímil porque não estamos acompanhando os amiguinhos da justiça se é que se pode colocar dessa forma.
E as surpresas do livro não são mirabolantes plot twists, mas reflexos das próprias ações das personagens em prol dos próprios objetivos, é isso que torna o livro tão bom, ao mesmo tempo em que mostra a amizade, a lealdade e o senso de autopreservação de modo livre dos estereótipos perfeitos e encaixados dos livros que costumamos ler, isso dentro de um universo mágico. É simplesmente magistral. Caso eu não esteja me fazendo clara, vou exemplifcar, em determinado momento crítico, personagem X mesmo pensando no que precisa fazer pelos outros, tenta ver aquilo, antes, pela perspectiva do que é melhor para ele e do que lhe gera menos ou nenhum dano. Sem heroísmos altruístas.
Além disso, a história levanta, de maneira muito sutil, várias reflexões a respeito da natureza humana e sua postura diante de algumas situações. Isso acaba te forçando a se posicionar a respeito, talvez graças a esses fatos reunidos, o Hobbit siga como um clássico atemporal da alta fantasia. Acompanhar a evolução de Bilbo ao longo das páginas é sentir dentro de nós alguma evolução também, do mesmo modo que ele não sai o mesmo de todas aquelas provações, nós igualmente somos mexidos quando fechamos as páginas de volta a casa da realidade.
Recebemos o convite de abrir a porta e experienciar a aventura de viver, expandir também o nosso mundo, escapar da bolha de conforto e sofrer provações, dificuldades, mas encará-las (mesmo com certa rabujice) como uma forma de crescer, de aprender, de nos expormos a ideias e universos diferentes do nosso modelo padrão e quadrado com apenas um tipo de certo e errado. Assim como Bilbo, somos chamados a pensar nos nossos obstáculos com inteligência e mesmo diante do esmorecer e do desânimo, continuar firmes na busca do nosso 'momento Eureka'.
Em relação aos filmes, eu sempre faço a resenha dos livros e linko as adaptações no mesmo post. A coisa é que não estou muito inclinada a assistir as adaptações desse livro. Sei lá, só pelo trailer eu já vi que mudaram muita coisa então ainda estou pensando o assunto. Caso acoteça, eu faço uma resenha separada dizendo o que achei!
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