domingo, 30 de janeiro de 2022

[Livro] Essencial Clássicos Infantis Volumes 2 e 3


Original: Fairy Tales of the Brother Grimm

Ano: 2016

Páginas: 158

Vol. 2

A primeira coisa que quero falar é sobre a edição desse livro, gente, eu tirei esse volume da caixa hoje e mal abri ele já soltou todas as páginas! Terminei o livro caindo aos pedaços.

Como o primeiro volume, são 13 contos, mas dois parecem mais o mesmo conto sob óticas diferentes. Dentre eles, o que achei mais significativo foi o do avô e o netinho, esse é uma verdadeira lição de vida, fiquei realmente tocada por ele e esse sim acho que todo mundo devia ler. Já outros como Elsie, a sensata (que de sensata tinha é nada) é praticamente igual ao de Catarina e Frederico e eu achei tão absurdo até para um conto de fadas!

A Serpente Branca e o Cravo também são bons, já o Noivo Salteador foi meio chocante. Imagino uma mãe lendo uma coisa dessa para as crianças hahaha. No geral, é um livro bonzinho pra passar o tempo, contos interessantes cada um a seu modo, mas a edição é realmente muito ruim.


Original:
 Fairy Tales of the Brother Grimm

Ano: 2016

Páginas: 158

Vol. 3

Esse terceiro volume os contos foram os menos interessantes, pelo menos para mim. Já conhecia Os Sete Corvos de um paradidático de contos que minha irmã ganhou na escola, inclusive, achei indigno que Os Dois Irmãos, melhor conto dos Grimm, não estava nesse coletânea. 

Alguns deles ensinam lições, como é próprio dos contos da época, mas outros simplesmente não fazem o menor sentido e é isso aí, achei uns bem sem graça como aquele do burrinho, tipo, por que o cara usava aquela "pele de burro"? Não tinha maldição, não tinha explicação nenhuma, e mesmo com a suspensão da descrença, coleguinhas, fica difícil engolir algumas coisas. 

Novamente, a edição super fraca, embora essa não tenha realmente se soltado todas as páginas, como o volume 2, mas ameaçou fazê-lo toda a leitura. Foi bacana porque conheci vários contos dos Grimm que não tinha lido antes, de fato, mas acho que a seleção poderia ter sido mais criteriosa. Enfim, recomendo assim mesmo, pelo bem ou pelo mal vale a pena conhecer.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

[Dorama] You Are My Destiny (JP)

Título original: 運命から始まる恋

Diretor: Hirabayashi Katsutoshi, Ninomiya Takash

Gêneros: Comédia, Romance, Drama, Família

País: Japão

Episódios: 10

Ano: 2020

Sinopse: Satoh Aya, uma funcionária de escritório temporária que nunca fala mal dos outros, não importa o quanto seja enganada, é convenientemente usada em sua empresa como uma "mulher post-it". Essa funcionária comum acaba conhecendo Ichijo Kei, o jovem sucessor de uma grande empresa, que estava ansioso para se casar cedo por causa de sua avó, a presidente. O destino joga com eles dois e ambos se encontram em uma situação inesperada que vai mudar suas vidas.

E lá vai o Japão de novo com seus remakes, todavia, ao contrário da Tailândia, dessa vez pelo menos eles realmente seguiram o roteiro original e não a versão coreana o que, ao mesmo tempo, foi um ponto acertado e um erro. Eu já escrevi sobre esse plot tantas vezes aqui que vou dispensar o resuminho da história e passar logo para o que interessa.

Obviamente, foram feitas adaptações para a cultura japonesa, logo no começo, ao invés de uma viagem em um cruzeiro nós temos uma reunião de ex-alunos. Sim, o cara ia pedir a noiva em casamento na reunião de ex-alunos da escola chique em que eles estudaram (então tá.), a Aya, nossa mocinha besta da vez, não é namorada do idiota como nas outras versões, mas é enganada por ele para ir nessa reunião sem saber que ele só quer fazer ciumes na ex-namorada, a disputa da vingança é tirada de novo na sinuca como a versão chinesa lançada no mesmo ano, mas foi o jogo mais sem graça com a "vingança" (e nem dá pra chamar assim) mais besta que eu já vi parecia mais uma briguinha com riquinhos mimados.

A história segue bem todo o primeiro arco da versão taiwanesa, mas as personagens não são tão carismáticas, infelizmente. Takimoto Miori oferece uma Aya bobinha, altruísta e boazinha, mas um tanto quanto "apagada", Kizu Takumi nos dá um Kei que tenta dividir sua parte cômica com um personagem frio e não é eficiente em nenhum dos dois, enquanto a parte mais caricata, tão bem executada por Ethan Huan, soa artificial aqui como se não encaixasse no personagem, mesmo sua postura "fria" não convenceu muito bem. Mas ele foi um babaca muito competente. Nem mesmo a Tajima Reiko conseguiu construir uma vovó adorável e simpática  como a maioria das outras versões, ao invés disso parecia mais uma matrona rica com bom humor quando necessário. Ishikawa Ren foi uma Anna insípida, não me bateu qualquer simpatia por ela algo já muito ruim para uma personagem que tem um rumo complicado na história. Por fim, Tokito Yuki apesar de tentar nos dar um Hayato simpático não é, de forma alguma carismático ou uma presença impositiva na trama.

Para coroar tudo isso ainda tem o fato de o roteiro só cobrir o primeiro arco do drama original e é isso. Ficou aquele final meio (????) uma pessoa que não viu a versão original vai ficar, dos dois um, puta ou confusa. No geral, não foi a pior versão que eu já vi embora o final tenha sido diferente e dado abertura para uma possível segunda temporada que tomaria um rumo diferente da versão original e isso abre possibilidades boas, o problema é que não tem segunda temporada. Aí a gente fica nisso, uma versão meio sem sal da história, pelo menos foi a visão que eu tive, mas se você amou, ótimo pra você.

A melhor versão da história, apesar do problemas com o final, ainda segue sendo a chinesa. As mudanças nos personagens foram realmente muito positivas na maior parte dos aspectos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

[Livro] O Rei (Príncipe Cativo #3)

Original: The King

Série: Príncipe Cativo

Autor: C. S. Pacat

Páginas: 289

Gênero: Ficção histórica, LGBT, romance

Classificação Indicativa +18 (sexo, violência)

Sinopse: Damianos de Akielos reapareceu. Com a identidade revelada, Damen precisa encarar seu mestre, o Príncipe Laurent, como Damianos de Akielos, o homem que Laurent jurou matar. Na iminência do aguardado acerto de contas, o futuro dos dois reinos está por um fio. Ao sul, as forças de Kastor estão se reunindo. Ao norte, os exércitos do Regente estão se mobilizando para a guerra. A única esperança de Damen reclamar seu trono é lutar ao lado de Laurent contra os usurpadores. Forçados em uma aliança improvável, os dois príncipes precisam se infiltrar no reino de Akielos, onde enfrentarão o seu inimigo mais perigoso.

Finalmente chegou a hora de Damen enfrentar Laurent com sua verdadeira identidade. Ele sabia que, ao chegar em campo para derrotar o regente, o príncipe veretiano descobriria que ele era o assassino do seu irmão. Contudo, os planos não saem exatamente como ele esperava, ao chegar em Charcy, Damen se vê diante de uma armadilha que coloca todo o exército akielon em perigo e as baixas são maiores do que ele poderia prever, Laurent o havia enganado. O regente no campo de batalha também era falso.

Frustrado e de coração partido, o rei de Akielos não sabe o que pensar, está de volta em sua terra, ao lado de pessoas em quem confia, mas seu coração continua com o frio príncipe de Vere, ele não sabe por que Laurent o traiu, mas tenta encontrar uma explicação, uma saída que mostre que ele não estava enganado ao confiar nele. Enquanto isso, Laurent é mantido prisioneiro por Guion e Gorvart, ele sabe que, se não usar sua inteligência, vai acabar sendo morto bem ali, a única maneira de derrotar o regente é vencendo-o no próprio jogo dele.

Após conseguir fugir, ele convoca Damen para seu acampamento e conquista o forte onde antes estava sendo mantido refém. A indiferença de Laurent fere o rei de Akielos, então ele revela que sempre soube quem ele era e, se não o havia matado antes, foi pela interferência do regente. Magoado, com o coração partido por estar cada vez mais apaixonado pelo príncipe veretiano, Damen aceita a aliança entre os dois reinos para derrotar o regente e depor Kastor, o usurpador do trono de Akielos.

Porém, apesar de conquistarem boa parte do território de volta, eles vão descobrir que derrotar o regente, a mente astuta e cruel por trás dos planos que arruinaram a vida de ambos, não vai ser tão simples quanto pensavam, assim como resistir aos sentimentos cada vez mais avassaladores que consomem seus corações. Laurent seria capaz de perdoar Damen por ter matado seu irmão e aceitar os sentimentos que tem por ele? Qual será o custo do trono que eles querem tanto conquistar? Ainda mais, seu povo aceitará a aliança entre eles?

Eu li esse livro a prestação, confesso, foi praticamente um volume por ano porque por mais imersa que eu ficasse não queria realmente que a história acabasse. Mas o final acabou se mostrando um pouco abaixo das minhas expectativas. Enquanto o decorrer do livro deixava a tensão aflorada a cada página sem saber o desenrolar dos sentimentos dos personagens, nos fornecendo inclusives cenas muito bonitas entre eles, ao mesmo tempo a sucessão de perdas era maior que a de ganhos e isso ia fazendo a frustração crescer.

Quando cheguei nos últimos capítulso cogitei que seria um sad ending e por bem pouco não foi, mas de alguma forma aquele final aberto funcionou quase como um, na verdade. A troca de "um irmão por outro" entre Damen e Laurent foi uma boa jogada, perdão firmado no olho por olho, mas eu queria mais, queria a morte do regente, a de Jokaste e uma morte mais digna do que Kastor havia feito e não tive nada disso. A gente sofreu com as personagens por três livros, mas não teve a chance de desfrutar da felicidade deles, do futuro que eles vão ou não construir juntos. Afinal, o reino vai ser unificado? Como as pessoas vão reagir? O conselho de Vere vai aceitar? A aliança deles dois é possível em um trono? Nada disso ficou respondido, tudo ficou subtendido para a imaginação.

Super entendo que tem coisas que o autor precisa deixar para o leitor conjecturar, mas eu terminei o livro com a sensação amarga de que a história tinha sido cortada de forma abrupta, sabe, quando a última colher de doce sai da sua boca e você percebe que o pote está vazio porque alguém comeu o resto. 

Também foi difícil essa parte do Laurent. Fiquei me sentindo estranha por me apegar ao personagem, juro. Desde o primeiro livro a simpatia que eu sentia por ele era assustadora para mim porque ele era frio e calculista, foi assim o livro inteiro e mesmo o enredo justificando sua postura, as atitudes que ele tomou em alguns momentos realmente não dá para defender. Acho que nesse volume foi onde ele se mostrou mais humano a partir do momento que aceitou seus sentimentos e, mesmo assim, ficava triste por Damen que era sempre aquele que suportava a maior parte das consequências.

Apesar disso, acho que é sim uma leitura muito válida. O universo e as personagens são muito bem construídas, a trama é envolvente e você realmente não consegue largar até terminar. Vale a pena. Levou um 3/5

sábado, 22 de janeiro de 2022

[Dorama] Cinderella is online (CONTÉM RAIVA E SPOILERS)

Título original: シンデレラはオンライン中

Também conhecido como: Cinderella Is Online

Roteirista: Miura Kisa

Gêneros: Romance, Drama

País: Japão

Episódios: 10

Elenco: Nakamura Riho, Seto Toshiki, Tsuihiji Anna, Yamashita Kohei

Sinopse: Arisawa Ichika, uma estudante universitária do segundo ano que frequenta uma universidade de prestígio, é indiferente ao romance e louca pelo jogo online 'Tenkyo'. Seu avatar Vivi estabelece uma relação virtual com o melhor jogador Leon. Após se conhecerem pessoalmente, ela descobre que ele é  seu veterano e o príncipe do campus, Onoda Asahi, que é popular, atlético e dono de uma empresa de jogos. Os dois se sentem atraídos e começam a namorar. No entanto, um colega de trabalho e a beleza do campus entram em cena. Arisawa também é atacada por calúnia daqueles que têm ciúmes dela.

Onde Achar: Wei Fansub

O Japão está igual a Tailândia em uma onda de remakes de outros grandes sucessos asiáticos. O problema é que, enquanto a Tailândia praticamente dá um CTRL C, CTRL V mudando quase nada no enredo original e só adaptando aos costumes e tradições de seu país, o Japão não anda com a mão muito boa nesse quesito não.

Cinderella is Online é um remake do drama chinês Love 020 que, por sua vez, é baseado em uma novel. Na trama original, acompanhamos Bei Weiwei que é uma jovem da ciência da computação no hanking 100 de melhores jogadores em um famoso jogo de RPG online, lá ela conhece Xiao Nai, o estudante número 1 da universidade e do jogo. Ele acaba se apaixonando por ela quando descobre sua agilidade no jogo por acaso, e os dois, após alguns eventos, se tornam um casal. Um dos melhores casais de drama porque são aquele tipo que não se abala com problema nenhum, eles têm um problema, eles vão lá e resolvem.

A coisa é que a versão japonesa não segue essa mesma ideia. Parece-me que, na concepção do Japão, uma mocinha sem neuras é impensável. Okay, sabemos que a Ásia em peso é regida pelo machismo, mas esse drama me tirou do sério mesmo. Tinha tudo para dar certo? Tinha. Mas os roteiristas decidiram que dar certo não era necessário, fazer drama desnecessário era melhor.

No começo do drama, Ichika é apresentada como uma personagem energética, cheia de vida e que não se deixa abater pelos problemas. Ela divide um alojamento com a sua melhor amiga, não lembro se deixa claro o que ela cursa, mas enfim, ela joga RPG também com um gráfico tão mal feito, mas tão mal feito que parece que um guri que manja do zoom juntou alguns amigos que faziam cosplay e decidiram gravar um vídeo amador. Mano, o que é aquilo

Okay, a primeira vez que o Asahi, o "príncipe" da universidade a vê, ela está ajudando uma menina que estava sendo intimidada por um sujeito, ela joga o sapato na cabeça do cara e o sapato acaba caindo na frente dele e dos amigos. Ele a ajuda e a primeira impressão "mágica" acontece. Eventualmente, ele acaba descobrindo a identidade dela no jogo (porque são dez episódios, não dá para elaborar muito) e os dois começam a namorar quando ela para de hesitar se gosta dele ou não.

Aí, pessoas, o drama enverada naquele "gosto de você, mas preciso te deixar" que, pelo amor de Deus! Pra queeeee?! Galera descobre que eles estão namorando e começam a atacar a guria que fica mal pra caramba, e o Asahi não faz nada. Miga, se fosse o Xiao Nai tinha hackeado geral e jogado os podres no ventilador, ou mais, tinha derrubado as redes sociais de todo mundo. Mas o Asahi fica lá como uma planta sem saber o que fazer além de respirar e sentir muito.  A Ichika, por sua vez, ao invés de sentar e conversar com ele sobre a situação que incomoda, não, fica naquela mentira escrachada de "posso lidar com isso". E o cara faz o quê? Termina com ela

Dai-me paciência Senhor!

O drama não foi totalmente adaptado, podemos dizer que a versão japonesa é um resumão mal resumido do primeiro arco do drama chinês que conta com 30 episódios. Muita coisa foi modificada, algumas para o bem e outras nem tanto. Dava para ver que tinha potencial para ter se desenvolvido bem, mas infelizmente o roteiro não soube levar a história, personagens fracos que não animam e olha que o Seto Toshiki é um bom ator, a atuação dele em Marry Me está ótima, mas ele teve zero química com essa atriz. Não gostei.

E não satisfeitos eles ainda fizeram uma versão de Fated to Love You e My Love from Another Star. #Medo


Se você não concorda com a minha opinião, tudo bem, é um direito seu, mas caso deseje transparecer sua discordância faça isso com educação, por favor, ninguém é obrigado a pensar igual você e, sobretudo, a ouvir desaforos ou xingamentos porque não gostou de algo que você amou.  Agradeço.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

[Livro] Morte no Nilo

Título Original: Death on the Nile

Autor: Agatha Christie

Ano: 1937 (original)

Gênero: Suspense, crime, investigação

Sinopse: A tranquilidade de um cruzeiro de luxo pelo Nilo chega ao fim quando o corpo de Linnet Doyle, uma bela e jovem milionária, é descoberto em sua cabine. Porém, para azar do autor do crime, o brilhante detetive Hercule Poirot está a bordo. Ele logo descobre que cada passageiro é suspeito, pois todos tinham motivos para tirar a vida de Linnet. Em um rio de mentiras, Poirot precisa descobrir a verdade sobre esse estranho assassinato.

"Querida, você está apaixonada!" 

"Eu sei. É horrível, não?"

Pobre Poirot não pode sequer tirar algumas merecidas férias sem se ver no meio de um triplo assassinato com suspeitos numa trama que parece muito mais complexa de montar do que a superfície aponta.

Linnet Ridgeway é linda, milionária, voluntariosa e sem nem estar na maioridade, dona de um pequeno império. Claro que ninguém chega a essa posição sem deixar alguns inimigos no meio do caminho, especialmente quando sua fortuna milionária foi construída às custas dos investimentos do seu pai que custou a riqueza de muitas outras pessoas que, de uma hora para outra, se viram sem nada. Ela acaba de adquirir uma enorme propriedade e todos os jornais especulam que ela se casará com um nobre muito em breve. Mas tudo na vida de Linnet muda completamente quando Jacqueline de Bellefort a visita inesperadamente anunciando que está noiva e pedindo-lhe ajuda para seu noivo que foi demitido e precisa de um emprego, com a nova aquisição dela, Jacqueline sabia que a amiga precisaria de um administrador e seu novo tinha experiência, sempre acostumada a ajudar pessoas, ela pediu que a amiga levasse o noivo para vê-la.

Três meses mais tarde, Linnet se casou com ele.

Em um hotel na cidade de Assuã, prestes a embarcar num cruzeiro que os levará pelo rio Nilo, Hercule Poirot se encontra junto dos excêntricos passageiros do navio Karnak, a senhora Allerton e seu filho Tim, Salomé Outterbone e sua filha Rosalie, o excêntrico e mal humorado Sr. Ferguson, a Srta. Van Shuyler junto com sua prima Cornélia e a enfermeira, srta. Bowers, o Sr. Richetti, um italiano mal humorado que diz-se arqueólogo, o Dr. Bessner, um médico alemão, o Sr. Pennington, o Coronel Race e um misterioso viajante solitário chamado  Fanthorp. Além, claro, de Linnet, agora Sra. Doyle, seu marido Simon, sua criada Louise Burget e, surpreendentemente, Jacqueline de Bellefort. Cada um deles estava imerso em seus próprios dilemas, mas alguns achavam injusto Linnet ter tudo, beleza, riqueza e o marido que queria.

O navio parte, a primeira parte da viagem segue sem maiores problemas e o detetive belga tenta, a seu modo, aproveitar a paisagem exótica enquanto se entrosa e observa seus companheiros de viagem. Tudo parece ir tranquilamente exceto para Linnet que vive perturbada pela presença de Jacqueline que insiste em provocá-la em todas as oportunidades. As coisas se tornam preocupantes quando alguém tenta matar a rica herdeira em uma das visitas às ruínas egípcias, por sorte ela consegue se salvar. A partir disso, Poirot se torna um pouco mais vigilante, especialmente com Jacqueline que já havia lhe confidenciado seu desejo de matar Linnet. Assim, quando ela é encontrada morta por sua empregada, a lista de suspeitos é imensa e junto ao coronel Race, Poirot começa a montar as peças do quebra-cabeças.

Jacqueline de Bellefort, até então principal suspeita, é descartada quando atirou em Simon Doyle, teve um surto de pânico e ficou sedada a noite toda sob a vigia da Srta. Bowers. De sua parte, Simon tinha um osso fraturado o que o tornaria incapaz de cometer o crime na hora estimada da morte. Os demais depoimentos são colhidos, o caríssimo colar de pérolas de Linnet também desapareceu, pequenos detalhes intrincados começam a se encaixar na complexa trama de pensamentos de Poirot, mas o caso não parece tão simples. Quando Louise Burget também é assassinada, a ligação entre os casos joga mais uma luz à elucidação do detetive, Salomé Otterbone, prestes a dizer quem era o assassino por tê-lo visto saindo do quarto da empregada, também é assassinada e, assim, Poirot desvenda por fim os mistérios aparentemente insolúveis.

Morte no Nilo me lembrou um pouco de A Noite das Bruxas, outro dos romances de Agatha que eu mais gosto, uma trama cheia de segredos que, quando estão prestes a se revelar, desenrolam-se em outro assassinato. Não pela paisagem exótica, mas por suas personagens maravilhosamente criadas que saltam das páginas em cenas perfeitas na nossa imaginação, Poirot está em sua melhor forma nesse romance, não apenas como o detetive incrível que é, mas como um bom psicólogo e de quebra cupido haha.  Gostei muito do romance e da forma como ele foi montado e juro que desconfiei o tempo todo da pessoa errada, a elaboração do plano para dar fim na milionária controladora me deixou de queixo no chão. Concordo com a Agatha quando ela diz que é seu melhor romance de viagens internacionais! Recomendadíssimo!

"O amor pode ser algo assustador" 

"É por isso que a maioria das grandes histórias de amor são tragédias."

Adaptação

Na nona temporada da série Poirot (2004) da BBC, foi adaptado esse livro no episódio 3, eles cortaram algumas personagens, mas no geral a adaptação ficou muito boa.

O curso dos acontecimentos segue praticamente igual, algumas diferenças pontuais são o fato do coronel Race já ser um conhecido de Poirot,  a empregada de Linnet ter sido colocada em um armário e Jacqueline ter dormido de bêbada.

David Suchet está divino como sempre no papel do detetive, achei uma real pena ele não fazer mais o papel de Poirot, ele é perfeito na pele do personagem, sério mesmo. Contamos ainda com uma Emily Blunt bem novinha no papel da impetuosa Linnet, e JJ Feild (A Abadia de Northanger) como Simon Doyle, além de outras carinhas que não conheço. 

Mesmo tendo algumas discrepâncias com o livro, vale a pena conferir! Esse ano vai ter uma nova adaptação com Gal Gadot no papel de Linnet e Kenneth Branagh retorna no papel de Poirot. Vou esperar para conferir e ver o que sai.

domingo, 16 de janeiro de 2022

[Drama] You Are My Destiny

Título original: 你是我的命中注定

Diretor: Ding Ying Zhou

Gêneros: Comédia, Romance, Drama, Família

País: China

Ano: 2020

Episódios: 36

ElencoLiang Jie, Xing Zhao Lin, Fu Jing, Long Chang, Wang Qian

Sinopse: Chen Jia Xin (Liang Jie), uma editora de artes inexperiente, e Wang Xi Yi (Xing Zhao Lin), o herdeiro arrogante de um conglomerado, encontram-se pela primeira vez em um navio de cruzeiro com destino a Hungria. Eles imediatamente se apaixonam e se casam logo depois. Quando Jia Xin engravida, ela deixa o emprego para se tornar uma dona de casa, mas um aborto inesperado a deixa profundamente magoada. Jia Xin decide deixar o marido e vai para a Hungria para continuar seus estudos. Jia Xin e Xi Yi ainda terão uma segunda chance?

ONDE ACHAR: WEI FANSUB

E vamos de mais uma versão desse drama Taiwanês que, pelo visto, é amado em todos os países da Ásia. A China decidiu fazer sua versão de Fated to Love You depois da Coréia e Tailândia apresentarem suas versões do drama taiwanês de 2008 e para protagonizar a aposta, eles elencaram o casal magia da franquia The Eternal Love (que ainda não vi, mas pretendo) Liang Jie e Xing Zhao Lin o que, apesar de não ter assistido o primeiro drama deles juntos, achei muito acertado porque a química deles é excelente.

A premissa segue a mesma, em um cruzeiro onde pretendia pedir sua namorada em casamento, Wang Xiyi acaba encontrando Cheng Jia Xin, todavia, algumas circunstâncias são diferentes das versões anteriores, como o fato de Jia Xin conhecer Anna, a bailarina, antes de embarcar no navio e ter a mesma mala que Wang Xiyi, o que acaba fazendo-os trocar sem querer e é o mote que os aproxima. Anna acaba recebendo a proposta do balé de Paris para interpretar Odete no palco e abandona o noivo na viagem sozinho, ao passo que o namorado de Jiaxin, Gu Chi, começa a traí-la com outra mulher, Xiyi descobre isso antes dela e expõe o homem, ajudando Jiaxin a se vingar, nessa versão, em um jogo de bilhar. Outra diferença aqui é que, antes de irem para vingança, eles se divertem juntos e Xiyi a leva em várias partes do cruzeiro coisa que não acontece nas outras versões.

Após ajudá-lo a se livrar do constrangimento se passando por Anna e casando com ele no cruzeiro, Xiyi e Jiaxin acabam bebendo demais e passam a noite juntos o que acarreta na gravidez dela. Então a confusão começa quando Anna volta e Xiyi já está apaixonado pela esposa.

Até certo ponto as tramas são iguais, contudo a versão chinesa trouxe frescores diferentes á história original que, se acertaram em determinados momentos, também erraram feio em outros. Um dos pontos mais positivos sem dúvida é a personalidade do protagonista. Nas outras versões, o personagem principal era um babaca completo, idiota, com ares meio pateta e tratava a protagonista pior que um lixo, tudo bem que a versão tailandesa não foi totalmente horrível nesse ponto, mas ainda não se safou completamente. Todavia, Xiyi, mesmo não sendo um santo completo, foi construído de forma mais humana, ele é adorável, não trata Jiaxin como um pedaço de papel humilhando-a a cada cena e eu gostei muito disso, coisa que me fez afeiçoar muito ao personagem, ele se permite envolver com ela, conhecê-la, ajudá-la a se tornar mais confiante e quando escolhe ficar com ela, fica. Não dá rodeios ou enrola afirmando que não sabe o que fazer, ele deixa claro para a Anna que ama a Jiaxin e quer ficar com ela, amei isso, nas outras versões isso não rola. Além disso, o personagem consegue ser engraçado sem ficar apelando para a patetice.

Jiaxin também foi construída de forma melhor, ela se mantém como a personagem meio passiva e ingênua, mas pelo menos não é um pastel como suas outras versões, ela tem uma voz e a usa, por diversas vezes ela disse a Xiyi quem mandava e eu amava isso. Só o fato de ela ter colocado o ex-namorado no lugar dele na vingança já foi tudo. É legal como ela vai ganhando alguma confiança antes de viajar e não apenas depois que se torna escultora. E, se teve outra cena que tocou no fundo do coração, foi a cena da perda do bebê, chegou a ser dolorosa e os atores expressaram as emoções muito bem. Dylan, por sua vez, mantém aquele papel coadjuvante que nem ajuda nem atrapalha, pelo menos no começo. Primeira vez que não shippei a personagem com o friendzone, juro, eu torcia tanto pela Jiaxin e o Xiyi, sobretudo porque ele realmente gostava dela e lutou por ela com tudo que tinha ao contrário das suas outras versões. Nessa versão, ela viaja para Budapeste o que achei uma mudança muito bacana.

Mas nem tudo são flores. Anna e Dylan que no começo eram personagens muito bacanas, nos últimos episódios se tornam chatos pra caramba com o propósito patético de separar os dois. Anna se transforma de uma mulher forte e legal, em uma obsessiva sem autoestima, que vive pra ressuscitar um romance morto há muito tempo mesmo Xiyi dizendo que não gosta mais dela, os roteiristas criaram aquela perda de memória nada a ver, e mesmo que ela não tenha sido tão cruel quanto a versão original dando um contrato de aborto para Jiaxin, achei essa mudança súbita da personagem desnecessária, assim como Dylan, que ao descobrir que Anna era sua irmã, alimentou a obsessão dela pedindo a Jiaxin que se afastasse de Xiyi mesmo sabendo que os dois se amavam e só nos 42 do segundo tempo muda de ideia e ajuda os dois. Isso fez com que o final ficasse um amontoado de acontecimentos mal desenvolvidos. Foi insípido para dizer o mínimo, e isso acabou comprometendo a experiência de um projeto que tinha nas mãos tudo para ser a melhor versão dessa história, melhor, inclusive, que a original.

Ainda assim, só pela construção fantástica do Xiyi em comparação com as outras versões, eu super recomendo o drama. Dei um 9 nele.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

[Livro] Hamlet

Autor: William Shakespeare

Publicação: 1603

Gênero: Tragédia

Sinopse: A peça, situada na Dinamarca, reconta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai, Hamlet, o rei, executado por Cláudio, seu irmão, que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a rainha. A peça traça um mapa do curso de vida na loucura real e na loucura fingida — do sofrimento opressivo à raiva fervorosa — e explora temas como a traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.


Não vou fazer nesta resenha uma pose de loquaz conhecedora e analisar as profundidades das camadas infinitas desta joia da literatura mundial, mas, recolhendo-me à minha insignificância de intelecto e reconhecendo minhas limitações, farei minhas observações sobre a história sem pretensões, visto que me faltam bases para discorrer de maneira profunda a um texto tão rico em análises de várias óticas. Dito isso, comecemos.

Embora, creio eu, todos conheçam alguma adaptação de Shakespeare por algum viés, ou ao menos já ouviu falar sobre sua obra mais difundida, Romeu e Julieta, poucos encaram o desafio de ler, factualmente, suas peças dada a complexidade de seu vocabulário. Não posso, de maneira alguma, censurar suas hesitações, encontro-me aqui, na casa dos "inta" e apenas agora dispus-me de coragem o bastante para encarar esta peça que, há muito me interessava, mas que julgava-me incapaz de ler e compreender em sua totalidade. Bem, não estava errada.

O que despertou em meu coração o real desejo de ler Hamlet e conhecer a história por trás de seu famoso discurso filosófico "ser ou não ser" foi a ópera. Sim. A adaptação de Ambroise Thomas que tocou-me o mais profundo dos sentidos e virou-me ao avesso a razão com a irretocável interpretação de Natalie Dessay dando vida à Ofélia, abandonada em sua loucura às margens do rio insano da perda e da rejeição. Infeliz Ofélia em cujo desvario desesperado encontrei poesia e empatia encarando as notas agonizantes de uma das maiores intérpretes do cenário erudito na modernidade, opinião pessoal desta humilde leitora. Tendo em vista que o libreto da peça é escrito em Francês, língua sobre a qual tenho parco conhecimento, me veio o desejo de entender mais profundamente os conflitos musicados em tela e a razão para o desfecho tão sombrio que se abateu sobre as personagens que, por duas horas inteiras, prenderam minha completa atenção na gênese de minha terceira década.

Vamos à história. Hamlet, nobre príncipe da Dinamarca, vê-se preso pelo luto da morte de seu pai, rei de mesmo nome, e atacado pela dúvida a respeito de sua morte em suspeitas circunstâncias. Acontece que seu tio, não tinha sequer dois meses da morte do irmão, reivindicou para si a coroa e a viúva, no que o jovem príncipe vitimado pelas auguras da dor, não raciocinava completamente, mas tecia em seu íntimo conjecturas a respeito. Deu-se que, próximo à meia noite, guardas de vigia em determinada área do castelo avistam sombra suspeita que assombrosamente assemelha-se ao finado rei em suas vestes marciais a vagar triste pelas terras antes pertencente a ele. Intrigados com o fenômeno, seguem até seu príncipe a fim de relatar o ocorrido e, tendo por testemunhas oculares os presentes, segue-os Hamlet para atestar por si mesmo os fatos.

Eis que surge a sombra e relata-lhe a verdade sobre a morte que cedo usurpou-lhe a felicidade de que desfrutava em nome da inveja e ganância de seu próprio sangue. Atordoado com a revelação, Hamlet jura ao pai que o vingará. A partir desse momento, determinado a atingir seu propósito, forja sua própria loucura e, um a um, afasta de si aqueles que dispunham outrora do seu afeto sincero, como Ofélia, filha do conselheiro real Polônio, e irmã de seu bom amigo Laertes, por quem antes demonstrava interesse, mas de quem se afasta em nome do seu propósito, ainda que soubesse ser recíproco o que sentia, afirmando que nunca a amara. 

Após convencer a todos da ausência de sua razão, Hamlet planeja uma forma de expor o usurpador do trono de seu pai e usa para isso uma peça de teatro. Seu tio e mãe, preocupados com seu estado, convocam à Dinamarca dois de seus amigos de estudos com o intuito de descobrir o que se passa com o príncipe, como maneira de alegrá-lo, os dois trazem uma trupe de atores e é nesse momento que a ideia surge, Hamlet conversa com um deles e lhe instrui a alterar uma famosa peça que deve ser apresentada com eloquência diante da corte. Ao ver seu crime exposto diante de si, o rei é traído por seu autocontrole e percebe que o sobrinho já sabe o verdadeiro motivo da morte do pai e, assim, precisa ser eliminado.

De início, ele trama com os dois amigos do príncipe para escoltá-lo até a Inglaterra onde, sob suas ordens, ele deverá ser executado pelo rei inglês. A mãe de Hamlet manda chamá-lo após o espetáculo armado pelo filho que encolerizou seu esposo, ele então a acusa de incesto e desonra à memória de seu pai. Polônio, que estava escondido no quarto para escutar a conversa e relatá-la ao seu soberano, acaba denunciando sua presença e sendo morto por Hamlet que, diante de tal crime, decide adiar por hora a vingança e aceita o exílio na Inglaterra, pelo menos até descobrir o que seu tio tinha planejado para seu futuro.

Ofélia, diante da morte do pai e da partida do amado, enlouquece, declamando poemas antigos e canções folclóricas, ela demonstra saber a real natureza da morte de seu pai e o rei teme que venha à tona. Nesse entremeio, Laertes retorna ao reino, enfurecido e clamando o sangue daquele que ceifou a vida de seu pai, o rei lhe conta a verdade e constrói cruel plano para que ele concretize sua vingança. Hamlet, que envia os falsos amigos à Inglaterra com uma falsa carta que garantiria suas execuções quando lá aportassem, retorna ao reino para vingar-se de seu ardiloso parente, qual surpresa lhe assola quando descobre a morte de Ofélia e, resignado à amargura e culpa, aceita não ter mais nada a perder e, num trágico conflito, encara seu inimigo.

"Recordar-me de ti? Sim, sombra infeliz, enquanto a memória não me abandonar este meu cérebro desordenado. (...) quero varrer da minha memória todas as recordações frívolas, todas as máximas colhidas nos livros, todos os vestígios, todas as impressões do passado, tudo quanto a juventude e a observação coordenaram, e em sua vez dar só lugar, sem rivais, juro-o pelo céu, aos teus preceitos."- Ato I, Cena V

Como já bem dizia o  filósofo Seu Madruga "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena." pode-se dizer que este livro é a demonstração clara desse provérbio, perdido na obsessão de sua vingança, Hamlet destrói a si mesmo e a todos à sua volta. A revelação da morte do seu pai o faz refletir sobre várias coisas enquanto, lentamente, sua loucura fingida converte-se em insanidade cega pelo ódio.

No início, por ser escrito em forma de peça, achei que demoraria a me entrosar na história, que seria difícil até entender os acontecimentos, mas a estranheza durou muito pouco, anda no começo do primeiro ato percebi que embora o estilo fosse diferente ao qual me habituara, a compreensão não era, de forma alguma, comprometida. E se algo veio a dificultar minha compreensão em alguns momentos foi a linguagem arcaica da tradução portuguesa desta edição. Todavia, não tive tempo de procurar uma edição brasileira confiável da obra. Ainda assim, não há como não ficar encantada pela lírica espetacular de Shakespeare, a profundidade magistral de suas personagens e a complexidade de sua trama que abarca reflexões sobre a vida, a morte, a conduta humana e a espiritualidade.

"Quem se resignaria a suportar gemendo o peso de uma vida importuna, se não fosse o receio de alguma coisa além da morte, esse ignoto país do qual jamais viajante regressou? (...) Que vantagem haverá, pois, que seres como eu se rojem como repteis entre o céu e a terra? Todos somos infames, não te fies em nenhum homem;" - Ato III, Cena I

Hamlet, com sua intelectual loucura vingativa, pode ser descrito como uma espécie de anti-herói, um predecessor menos tirano, mais loquaz e sagaz de Heathcliff. Apesar de tudo, a gente se vê torcendo para que sua empreitada dê certo conforme a personalidade corrupta de seu tio se descortina diante de nós. O final, como é de conhecimento quase geral, é a tragédia, resultado dos arroubos cegos de uma alma dominada pela mágoa e desejosa de vingança. Ofélia, por sua vez, representa o arquétipo da donzela romântica trágica que, ao contrário de outras heroínas de Shakespeare, tem pouco protagonismo além do padecer da loucura apaixonada que a leva ao fim sombrio.

"Neste mundo corrompido, a iniquidade pode a preço de ouro desviar o curso da justiça, e com o produto do crime comprar a impunidade, mas o céu é justo, todo o subterfúgio é inútil; ali os nossos atos são justamente avaliados e os nossos crimes conhecidos."  Ato III, Cena III

"(...) neste mundo sórdido e venal a virtude deve implorar o perdão do vício e pedir o favor de fazer o bem." Ato III, Cena IV

Apesar de ter sido escrito em aproximadamente 1600, Hamlet segue atual como nunca, explorando a corrupção, a sede de poder e a superficialidade das relações humanas que se fiam em benefícios e não sinceridade. É um livro que te leva a questionar sobre o que nos torna o que somos, como nossas ações refletem no mundo ao nosso redor, qual o sentido de estarmos aqui? Como disse no começo, não vou entrar no mérito de tentar buscar referências filosóficas, psicológicas ou psicanalíticas no livro, pois me falta embasamento científico e teórico para tal. Ainda assim, é uma história fascinante para os amantes de um bom romance histórico, para os pensadores e estudiosos da psique humana e para todos que gostam de uma história bem montada com personagens fascinantes. Mais que recomendado!

A Ópera

Compositor: Ambroise Thomas

Libretto: Michel Carré

Ano: 1868

baseada na adaptação francesa de Alexandre Dumas e Paul Meurice da peça original.

Como disse antes, foi a peça de ópera que despertou em mim o desejo de ler esse livro, mais precisamente a apresentação no Théâtre du Châtelet, em junho de 2000 com direção musical de Michel Plasson contando com Thomas Hampson (Hamlet), José van Dam (Claudius), Natalie Dessay (Ophélie), Michelle de Young (Gertrude) nos papéis principais.

Para a composição dessa ópera, foi usada a adaptação francesa da peça porque era o que estava mais em alta na França daquela época, além disso, para adaptar uma peça em ópera deve-se fazer vários cortes devido ao tamanho, uma ópera muito comprida fazia os espectadores perderem o interesse, desse modo, na adaptação, as subtramas foram tiradas e a peça foca-se exclusivamente no romance entre Hamlet e Ofélia, além das consequências do crime de Cláudio sob o príncipe da Dinamarca.

A peça de cinco atos foi apresentada pela primeira vez na Ópera de Paris em 9 de março de 1868. Ao contrário das outras óperas que, em geral, vi duas ou três versões da peça com diferentes sopranos, nesta vi apenas duas versões com Natalie no papel de Ofélia, mas a versão de 2000 segue sendo sua melhor performance, essencialmente por ela estar no seu auge e, posteriormente, próxima de largar o mundo da ópera por causa de problemas na voz, ela não entregou uma performance tão potente na sua despedida do papel em 2011.

Embora o cunho da ópera seja mais romântico que o intuito real da obra original, vale muito a pena assistir, além do final ser diferente da peça de Shakespeare, me vi completamente fascinada pela ópera, as interpretações espetaculares, principalmente de Natalie na mad ária do quarto ato, uma interpretação irretocável e a melhor da cantora desde sua estreia na opinião desta leitora. A ópera está disponível completa no Youtube.



sábado, 8 de janeiro de 2022

[Livro] Sedução e Poder

 

Feliz ano novo, pessoas! Espero que tenham tido boas festas e que esse 2022 seja mais generoso conosco.

Começando as resenhas do ano, quis iniciar por uma coisa mais levinha, boba até, porque esse mês vai ser um pouco puxado, então na primeira semana procurei dar uma aliviada, mas meu cronograma ainda saiu um pouco do eixo. Não sei por que ainda me dou ao trabalho de comprar livros de romance contemporâneo dessa editora, sério, juro para vocês que são todos iguais, se tu for analisar a narrativa tu vê que é um casal que se conhece previamente ou tem aquele boom sexual instantâneo e que, por causa da maldita ausência de diálogo, fica num vai e volta sem sentido até no fim se resolverem do nada ou a guria descobrir que está grávida e se acertar com o cara numa boa quando ele ou foi idiota a maior parte do livro (o que é mais comum) ou fez aquela pose de CEO inflexível e frio.

Um conjunto de protagonistas femininas que quer muito acreditar que é forte e independente, dona de si e não se abaixa para ninguém, mas basta o boy tirar a camisa e elas param de raciocinar. Pelamor. Os históricos, pelo menos, tem a vantagem dos cenários e das protagonistas que se destacam em um contexto onde mulheres não tinham voz nem vez, apesar de boa parte deles seguir a mesma fórmula dos modernos. Talvez tenha me tornado uma velha chata, não descarto essa possibilidade, mas esse tipo de enredo perdeu a graça para mim, conforme as páginas iam passando a única coisa que eu sentia era raiva porque ficava nítido que se aquelas duas pessoas sentassem e conversassem sobre o que estava errado entre elas, as coisas se resolveriam em 50 páginas. A segunda protagonista desse livro, pelo menos, tem esse mérito no currículo. 

Palácio da Sedução

Após ter seu apartamento invadido por um stalker que devaneia ser namorado dela, Tess Jones fica traumatizada e em constante estado de alerta, lutando contra si mesma para não vestir a pele de vítima. Sua mãe, uma política que adora holofotes não tem uma relação muito próxima com a filha apesar de as duas manterem bons termos, Tess ainda foge da mãe quando tem a chance. Contudo, agora que está com um resfriado que mal a deixa enxergar o próprio reflexo no espelho pela febre tão alta, ela queria mais que nunca ter uma mãe normal ao seu lado. 

Sem leite para o chá, ela decide sair para comprar mais um pouco, mas tem a brilhante ideia de contrariar todos os conselhos que a polícia deu a ela para evitar seu perseguidor e se vê encurralada em um beco escuro por ele sem qualquer força para se defender. É quando um homem misterioso aparece em seu socorro e a leva de volta para casa. Em seu estado deplorável ela não tem muita força para conhecê-lo melhor, mas ele acaba lhe dando um cartão e oferecendo a ela um emprego temporário como acompanhante de sua irmã na Itália.

Danilo Raphael não consegue superar a culpa pelo acidente que vitimou seus pais e deixou sua irmã mais nova, Natália, em uma cadeira de rodas. A obsessão de sua vida é fazer Natália voltar a andar e ele não mede esforços, investimentos e esperança nesse propósito, por isso, seu instinto protetor vive à flor da pele e, quando vê Tess em apuros num beco escuro é incapaz de ignorar vendo nela a própria irmã frágil. Mas aquela mulher fraca com um humor ácido e rosto pálido não é a mesma estonteante e altiva que aparece em sua casa dias depois para acompanhar sua irmã Natalia.

A atração entre eles é imediata (claaaro), e enquanto Tess está mais que disposta a viver a aventura enquanto durar, Danilo não conseguirá jamais alcançá-la enquanto tiver de se manter no controle de tudo por achar que sua irmã e todas as mulheres no mundo precisam ser sufocadas em proteção.


Dívida de Paixão

Addie Farrell não vê o marido há cinco anos desde que o abandonara após o casamento após descobrir que ele mentira para ela, mas ele ainda é o principal mantenedor da sua instituição de caridade. Contudo, quando recebe uma carta anunciando o corte da doação, ela fica furiosa pelo fato do marido - de quem nunca se divorciou - colocar o próprio orgulho na frente da necessidade de crianças que dependiam da instituição dela. A fúria a leva a ligar para ele pela primeira vez depois de todo esse tempo e, irredutível, ele a faz se encontrar com ele pessoalmente.

Malachi King teve seu orgulho ferido quando foi abandonado por Addie, mas, sobretudo, teve sua vida virada do avesso por não conseguir desejar nenhuma outra mulher como a deseja. Quando a vê de novo após tanto tempo, ainda mais estonteante e sedutora que nunca, todos os seus instintos mais predatórios afloram e ele decide que não é o momento de deixá-la escapar. Sem pensar muito, ele propõe um acordo, ela lhe dará a lua de mel que ficou lhe devendo cinco anos atrás, se tornará amante dele por um mês em troca do dinheiro para sua instituição.

Chocada por uma proposta tão ofensiva, Addie o manda para o inferno, mas é encurralada pelo desejo que ainda sente pelo marido e que sobreviveu apesar de todo o sofrimento que ele a fez passar. Tentada pelo sexo e pensando no bem-estar da sua instituição, ela acaba cedendo ficar um mês com ele em sua ilha particular. De início, está determinada a não deixar Malachi dobrá-la à sua vontade, mas quando começa a descobrir a verdade sobre o marido e seu passado pesado, seu coração traiçoeiro pode acabar lhe traindo, mas como poderá alcançar o amor de Malachi quando ele mesmo desconhece o que é esse sentimento?