domingo, 7 de setembro de 2025

[Livro] Clave de Dó

 Autor: Camila Pelegrini

Gêneros: Ficção, Romance de amor

Ano: 2023

Páginas: 25

Sinopse: Layla vive e respira música. É seu trabalho, e também seu hobby. Vicente Callalta, um de seus músicos favoritos, é a personificação desse amor tão grande. Assistir ao seu show é um de seus sonhos, finalmente realizado quando o cantor se muda para sua cidade. Entre marcações em posts e stories, o direct de Vicente acaba se tornando seu bloco de notas, um jeito prático e fácil de anotar lembretes.

Tudo funciona até o dia em que uma mensagem de "visualizado" aparece na conversa. Vicente Callalta conhece agora sua existência e detalhes embaraçosos de sua vida. Layla está determinada a se esconder em um buraco para sempre, mas dentre todas as notas, o acaso parece desconhecer o Dó.

Layla finalmente está num show de Vicente Callalta, simplesmente seu cantor favorito. Endividada? Sim, mas ela tem certeza que valerá a pena. Durante o show ela tem certeza que aquele cantor maravilhoso e cheio de talento sorriu para ela. No dia seguinte, ela vai trabalhar cansada, mas extremamente feliz e, como o whatsapp está fora do ar, decide usar o direct de Vicente no instagram como bloco de notas (porque provavelmente é difícil demais baixar um se o dela não vem com um instalado de fábrica).

Layla é cantora e compositora anônima, se apresentando em bares para ganhar um dinheiro extra e, numa dessas, ela nem faz ideia que Vicente Callalta, junto com a irmã, estão no mesmo bar assistindo seu show. A verdade é que Vicente se mudou para sua cidade e, mesmo sabendo disso, ela não julga que vá conseguir encontrá-lo e continua usando o direct dele no instagram como bloco de notas. A coisa é que Vicente e ela acabam, por via das circunstâncias, frequentando a mesma academia.

Quando ele visualiza suas mensagens, e lê todas elas, nota que há algo diferente naquela garota desastrada e começa uma improvável relação que deixa o mundo de Layla de cabeça para baixo. Entre confusões de conhecer seu cantor favorito, músicas e encontros inimagináveis, ela está prestes a descobrir que Vicente Callalta é, como toda pessoa, alguém incrível, mas humano.

Olha, confessar que as narrações desse livro não estavam tão boas não, a voz do cara que fez o Vicente me dava muita agonia... muita mesmo! Achei também os diálogos não foram expressivos, como se os atores estivessem só lendo mesmo, sem nenhuma emoção. Sei lá. A história é boazinha sim, meio clichê, confesso que até pensei que o curso ia mostrar o lado ruim de celebridades e coisa assim, mas no fim foi só o clichê fofinho mesmo e a maneira como o casal se apaixona foi bacaninha.

Pra quem tá atrás de um livrinho leve e engraçado em algumas partes, é uma boa pedida. Me diverti ouvindo, talvez acabe descolando a versão ebook depois para ver se o desenvolvimento é melhor. 

[Bíblia] Eclesiástico — Parte I

 Como disse antes, a partir desse livro eu comecei a fazer o curso do Pe. Juarez de Castro no youtube, porque as leituras começaram a ficar além do meu conhecimento muito limitado sobre a história e a cultura judaica. O texto se tornou mais complexo e, na entrada dos profetas, a linguagem metafórica fugia completamente do meu entendimento. Assim, as postagens podem ficar mais lentas a partir daqui, porque eu faço uma aula por dia quando o desânimo me permite.

As minhas anotações podem ficar um pouco malucas em algumas partes, então me perdoem, eu escrevo tudo num rascunho e depois passo a limpo e muitas vezes me disperso ficando perdida em Nárnia, quando volto à mim às vezes nem lembro o que tava fazendo hahahaha. Mas dá pra entender (espero!).

Introdução:

  • Ø Escrito por Jesus Ben Sirac por volta de 180 a. C. em hebraico que se perdeu e, mais tarde, é encontrado por seu neto que traduz para o grego. Muito próximo dos Evangelhos, é um livro “recente” na cronologia antiga.
  • Ø Eclesiástico vem do ekkalein = Eclésia significa “referente à Igreja”.
  • Ø Feito durante a época selêucida durante o domínio do império grego que, impondo seus costumes helênicos, queria destruir os judaicos, assim, o livro surge para preservar esses costumes e conhecimento.
  • Ø Josué, no original em hebraico, também se chamava Jesus (Yeshua) um nome muito comum no hebraico. Ben Sirac significa “filho de Sirac”. O nome Josué foi mudado no português para evitar confusão.
  • Ø Jesus Ben Sirac era um escriba e professor reconhecido em Jerusalém e presente nos anais. Ao contrário de muitos livros na Bíblia, onde o autor é desconhecido, o eclesiástico é assinado por ele, como sua tradução feita pelo neto assinala e sua autoria reconhecida.

O primeiro capítulo apresenta conceitos de sabedoria e temor de Deus. A sabedoria, que é o próprio Deus, vem antes da criação e criou todas as coisas, pois Deus o fez e Ele existe antes de tudo.

O temor de Deus é a obediência a Deus e à sua palavra, não o medo de Deus. É a atitude de quem crê: amor e obediência a Deus.

Quem não conhece os mandamentos e não obedece não alcança a sabedoria e tampouco se torna justo. Se nos preparamos para cumprir a obra a Deus, seremos perseguidos como afirma o segundo capítulo. A obediência ao Senhor atrai o sofrimento, mas há certeza de que ele nos fortalece para vencer as provações.

O mal não quer que a obra de Deus cresça, por isso, colocará obstáculos para nos afastar do caminho e nos impedir de perseverar no caminho certo. Só se vence o mal perseverando no bem que se faz. Desde aqui, a palavra já reforça o futuro ensinamento de Cristo sobre a humildade e o mandamento de honrar os pais, pois a benção de Deus recai sobre quem honra e cuida dos pais.

Há ainda uma forte advertência aos judeus da época a respeito da filosofia grega que, naquele tempo, acreditava-se afastar a fé e igualmente acautela sobre o orgulho, o pecado elemental que fundamenta todos os outros. O orgulhoso perece no próprio mal. Ninguém chega a Deus sem passar pelo pobre e o coração generoso com quem necessita mostra a extensão do nosso amor, tanto Jesus quanto João Batista vão reforçar essa ideia em seus ministérios. Deus vê com olhos diferentes quem olha pelos pobres e o próprio Cristo optou por eles.

Tal como todos os livros sapienciais, esse bate constantemente na tecla da sabedoria como caminho para a santidade. Essa advertência sobre ser prudente vem do fato de estar meio na “moda” ser grego e muitos judeus estavam ocultando sua origem e abandonando seus costumes em função disso, é um puxão de orelha para aqueles que se envergonhavam do seu Deus. Ben Sirac dá muita ênfase àquilo que se fala, dando enfoque no cuidado com o que se diz.

O quinto capítulo ainda é categórico ao afirmar que a pessoa que confia na riqueza não confia em Deus já reforçando aqui a fala de Cristo de que não se pode servir dois senhores. A riqueza geralmente é a fonte do orgulho e da autossuficiência que leva a esquecer de Deus. Tanto quanto é misericordioso, o Senhor é igualmente justo e cobrará de nós todos os nossos crimes. Quando nos tornamos conscientes da nossa precariedade e nos voltamos para Deus, a riqueza nos dá a falsa segurança de que somos eternos nos afastando de nossa brevidade o que é um perigo para a vida espiritual.

Por isso, o problema não é o dinheiro, mas o espaço que ele ocupa na nossa vida. Riquezas injustas adquiridas por meio de mentira e falsidade nunca trarão felicidade. Seguindo, temos uma explanação sobre a amizade que é considerada um dos maiores tesouros da vida e, tal como o amor, é constante e necessita ser cultivada. Por isso, a palavra adverte no cuidado ao escolher os amigos, se almejamos a sabedoria devemos andar na companhia de sábios. A sabedoria é um dom que vem do próprio Deus e escolhe apenas aqueles que buscam com disciplina e desejo sincero.

[Livro] Uma Dama nada Perfeita

Autor: Andrea Romão
Ano: 2023 
Páginas: 22
Formato: audiobook
Sinopse: Helena dedicou sua vida a bajular sua rica e insuportável tia Iolanda, na esperança de herdar sua fortuna. No entanto, quando Iolanda morre e deixa sua herança para o primo desconhecido, Astolfo, Helena vê seu plano desmoronar. Determinada a conquistar Astolfo e sua riqueza, ela recorre à ajuda de Bento, o mordomo do herdeiro. Em meio a um jogo de sedução e reviravoltas, Helena e Bento são levados a questionar suas ambições, descobrindo que o verdadeiro tesouro pode estar onde menos esperam.

No leito de morte, a tia Iolanda de Helena conta para a garota que ela não é sua herdeira porque não era digna do sobrenome uma vez que sua mãe fugiu para se casar com um operário pobre. Toda a fortuna, que foi negada à mãe de Helena, ficaria para um primo distante chamado Astolfo. Iolanda ainda a encoraja a seduzir o homem para conseguir permanecer na casa e conseguir a fortuna que ela passou anos bajulando para herdar. 

Chateada, Helena sai do quarto da tia e vai para o sótão, seu lar nos últimos anos em que viveu de favor ali após a morte dos pais. Resta-lhe ficar na casa e esperar o herdeiro, sendo surpreendida por um homem intragável, feio e esquisito, acompanhado de uma horda de criados e um mordomo. Helena está enojada, mas decide dar o golpe do baú no desagradável primo. 

Para isso, ela vai contar com a ajuda de Bento, o mordomo de Astolfo que, além de bonito e agradável, é infinitamente inteligente e conhece o patrão como a palma da mão. Contudo, quanto mais seu plano avança, mais Helena começa a se perguntar se conseguir a afeição de um homem tão insuportável como Astolfo vale mesmo a pena como preço pela fortuna que a sua mãe renunciou por amor.

Ainda estou me acostumando com audiobooks, a narração desse foi bem legal, entonações boas que davam para entender os personagens, mas, sendo franca, não é a mesma coisa que ler de fato, não pra mim pelo menos. A história foi bem diferente do que eu esperava, confesso, mas também eu não li a sinopse antes de ouvir. Não foi divertida, mas eu shippei muito o casal e consegui me conectar com eles. Embora o final fosse bem previsível dado o andar das coisas, achei bonitinho, mas confesso que esperava um pouco mais. Porém, indico, se você procura algo leve e rapidinho. 
 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

[Livro] O Livro das Portas

Original: The Book of Doors

Autor: Gareth Brown

Gêneros: Literatura fantástica, Fantasia contemporânea, Realismo mágico, Romance de amor, Viagem no tempo

Sinopse: Cassie Andrews leva uma vida simples em Nova York. Ela divide um apartamento com sua melhor amiga e tem um trabalho do qual gosta, em uma livraria. Mas, ainda assim, desde que perdeu o avô, ela sente que falta alguma coisa em sua vida tão pacata…

É quando um de seus clientes favoritos lhe deixa um livro incomum de presente, cheio de escritas estranhas, desenhos misteriosos e uma única frase como instrução na primeira página: Este é o Livro das Portas. Segure-o, e qualquer porta será todas as portas.

O que Cassie está prestes a descobrir é que o Livro das Portas é um livro mágico, que concede a quem o possui o incrível poder de ir e vir a todos os lugares possíveis, apenas ao visualizar o local em sua mente. E mal sabe ela que existem outros livros que podem ser tão incríveis quanto, assim como podem desencadear coisas terríveis se caírem nas mãos de pessoas erradas. Pessoas estas que agora estão atrás dela.

De repente, Cassie é confrontada pela violência e pelo perigo, e a única pessoa que parece poder ajudá-la é o misterioso Drummond Fox, um homem que aparenta saber quase tudo a respeito desses livros. Agora, unidos pelo mesmo objetivo de se manterem vivos, Cassie e Drummond vão precisar usar todo o tempo — e livros — a seu favor para derrotar alguém que quer reunir todos os livros mágicos para mergulhar o mundo no mais profundo sofrimento.

Certo, vamos por partes porque o negócio é mais complicado do que a sinopse faz parecer.

Cassie trabalha em uma livraria no centro de Nova York, ela tem o turno vespertino e noturno, sendo a responsável por fechar o estabelecimento. Há um cliente regular com quem ela costuma conversar, o senhor Webber, enquanto ele está lá lendo seu livro e tomando seu café, Cassie conversa com ele e faz seus afazeres, mas, para seu choque, o velhinho acaba falecendo em sua cadeira, deixando para ela um livro estranho.

Após o choque, Cassie volta para casa levando consigo o livro esquisito e o exemplar do Conde de Monte Cristo que o senhor Webber estava lendo quando faleceu. Ela comenta com sua amiga Izzy sobre o acontecido e, após uma conversa leve, decide ir ao banheiro quando descobre que a porta agora dá em Veneza! Chocada, ela chama Izzy para ver aquilo e as duas debatem sobre ser o livro que causou aquilo. Elas decidem experimentar o livro e se deparam com um estranho homem.

Após isso, Cassie começa a perceber que aquele homem passa a aparecer com mais frequência no seu caminho e tudo muda quando elas são atacadas em uma lanchonete por um estranho que mata pessoas na sua frente, usando o livro das portas, elas conseguem fugir para Veneza e Cassie dá ao estranho a chance de se explicar, é quando ela descobre sobre outros livros semelhantes ao livro que ela tem e, ainda mais, sobre o perigo que é possuí-los.

Enquanto embarca em uma jornada para sobreviver e impedir que seu livro seja destruído, Cassie passeia entre passado e presente para encontrar uma maneira de deter a Mulher, que deseja possuir todos os livros para espalhar dor pelo mundo.

Olha, confessar pra vocês que esse livro não foi nada do que eu esperava. Contudo, não desgostei também, é um que leria de novo em outro momento. Uma fantasia urbana que faz a gente pensar em bastante coisa. O negócio é que eu não consegui me afeiçoar aos personagens, os que mais gostei foram justamente os que morreram hahahaha. 

A maneira como a história vai e volta do passado pode ficar um pouco confusa no início, e levei mais tempo do que gostaria para me acostumar com isso. A história é, de fato, bem amarrada, tem umas partes bem gore que eu não estava esperando, mas houve umas coisas que não me soaram muito críveis mesmo pra um livro de fantasia. 

Primeiro, a origem da Mulher. Achei aquilo ali absurdo e sem fundamento, não consegui comprar a ideia de uma vilã tão puramente maligna ser originada daquele propósito tão sem nexo. Segundo, a criação dos livros. Eu preferia, sinceramente, que ele não tivesse explicado isso. Pra mim não convenceu, ao contrário eu fiquei meio ???? e outra, se a criação dos livros se deu daquela forma, porque a criadora não era capaz de controlá-los ou, no mínimo, ser imune a eles se eram parte dela?

A dinâmica do livro me lembrou mais ou menos o que eu não gostei em O Sonho do Tigre, tudo parece que ficou condicionado às idas e vindas de Cassie ao passado, como se fosse um ciclo interminável de vivência das mesmas coisas. Claro, isso não anula o fato da história ser boa e é apenas a minha opinião sobre o que me incomodou, porque eu não gosto de narrativas cíclicas. Ainda assim, acho uma boa história para quem curte fantasia com uma pegada mais "pé no chão" se é que dá pra chamar assim.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

[Bíblia] Sabedoria [II]

 O estilo de texto lembra um pouco o de Provérbios nessa primeira parte, como uma espécie de guia para a vida. Logo no capítulo dois uma reflexão interessante sobre a ideologia do "carpe diem", não que haja, realmente, uma ideia errada sobre ela, mas sua interpretação pode gerar alguns comportamentos duvidosos.

É verdade que somos livres, mas nem tudo na liberdade nos cabe, a misericórdia de Deus não é permissiva e nem cega a condutas erradas conscientes sem reflexão ou verdadeiro arrependimento e este se traduz no compromisso de não repetir a conduta ofensiva ao Senhor. Só porque "a vida é curta" não implica que devemos vivê-la de modo desenfreado nos entregando nas mãos da perdição para "aproveitar ao máximo", de que vale alguns anos de êxtase aqui para uma eternidade de sofrimento? Nós já vivemos em um mundo com a praticamente ausência do temor a Deus e estamos diante dos resultados, uma eternidade disso não parece nada atraente.

Precisamos resguardar nossa alma e tentar viver da forma mais plena e santa possível às nossas limitações, é por esquecer os valores divinos que o mundo mergulhou nessa escuridão.

Outro ponto que me tocou, este no capítulo um, se refere ao poder do nosso pensamento na nossa relação com Deus. Embora a ciência muito nos alerte sobre a força deles na vida, a bíblia fala que o mesmo se aplica ao Senhor, pensamentos ruins afastam Deus de nós e nós dele, tal como a força das nossas palavras, tão poderosas para o bem ou o mal quanto nossa mente. E a palavra é clara, cada pequena palavra saída da nossa boca tem um peso que será cobrado de nós. Então devemos nos abster de criticar o outro, maldizer, praguejar e amaldiçoar.

Desde Provérbios, os livros vêm com certo enfoque na sabedoria, ora ela se personifica como alguém advindo de Deus, uma força sobrenatural provinda do alto, ora ela é mostrada como o próprio Deus, Senhor e dono de todas as coisas. Por isso, os autores a buscam com afinco e expressam de modo ardoroso seu desejo de alcançá-la porque apenas através dela é possível viver de uma maneira que agrada ao Senhor e conhecer sua vontade. A oração de Salomão pela sabedoria é belíssima e mostra, mesmo antes de receber o sopro sábio do Senhor, quão sábio já era em si.

Além de reconhecer as obras criadas por Deus e a trajetória do papel dela na história do povo, o livro aponta um ponto importante que culmina na vinda de Cristo e, usando a história do povo, dá como prova o fato irrefutável do amor de Deus para com a humanidade. Se a vinda de Cristo foi o ponto alto do amor de Deus, ao longo do caminho que a antecedeu esse amor já se manifestava.

Teria sido fácil para Deus, em diversas ocasiões, ter destruído toda a humanidade egoísta e desobediente. Mas, mesmo em sua cólera, prevalece sempre a misericórdia, o desejo que houvesse conversão, arrependimento. Ele punia duramente, mas sempre com peso calculado para mostrar onde se estava errado e oferecer chance de rendenção. Até o último segundo, Deus tenta nos salvar, mesmo conhecendo nossa natureza perversa, seu coração continua esperando nosso retorno.

Para minha surpresa, o livro mostra o que seria a origem da idolatria e vem de um pai que, devastado pela perda precoce do filho, manda fazer uma imagem dele e passa a lhe prestar culto, passando essa tradição aos outros membros de sua família e estabelecendo certos rituais. Isso me lembrou bastante a cultura do culto aos ancestrais do continente Asiático. Na verdade, todo esse capítulo soou como uma dura crítica a religiões como o xintoísmo, fundamentada no culto à natureza. E desde aqui o livro já alertava sobre seitas com preceitos estranhos que podemos acompanhar ao longo da história e que, vez ou outra, são descobertas por aí.

domingo, 24 de agosto de 2025

[Livro] E Não Sobrou Nenhum (+minissérie)

 Original: And Then There Were None

AutorAgatha Christie

Ano: 1939

Gênero: Suspense, mistério, crime

Sinopse: Uma ilha misteriosa, um poema infantil, dez soldadinhos de porcelana e muito suspense são os ingredientes com que Agatha Christie constrói seu romance mais importante. Na ilha do Soldado, antiga propriedade de um milionário norte-americano, dez pessoas sem nenhuma ligação aparente são confrontadas por uma voz misteriosa com fatos marcantes de seus passados.

Convidados pelo misterioso mr. Owen, nenhum dos presentes tem muita certeza de por que estão ali, a despeito de conjecturas pouco convincentes que os leva a crer que passariam um agradável período de descanso em mordomia. Entretanto, já na primeira noite, o mistério e o suspense se abatem sobre eles e, num instante, todos são suspeitos, todos são vítimas e todos são culpados.

É neste clima de tensão e desconforto que as mortes inexplicáveis começam e, sem comunicação com o continente devido a uma forte tempestade, a estadia transforma-se em um pesadelo. Todos se perguntam: quem é o misterioso anfitrião, mr. Owen? Existe mais alguém na ilha? O assassino pode ser um dos convidados? Que mente ardilosa teria preparado um crime tão complexo? E, sobretudo, por quê?

São essas e outras perguntas que o leitor será desafiado a resolver neste fabuloso romance de Agatha Christie, que envolve os espíritos mais perspicazes num complexo emaranhado de situações, lembranças e acusações na busca deste sagaz assassino. Medo, confinamento e angústia: que o leitor descubra por si mesmo porque E não sobrou nenhum foi eleito o melhor romance policial de todos os tempos.

“Dez soldadinhos saem para jantar, a fome os move;

Um deles se engasgou, e então sobraram nove.

Nove soldadinhos acordados até tarde, mas nenhum está afoito;

Um deles dormiu demais, e então sobraram oito.

Oito soldadinhos vão a Devon passear e comprar chiclete;

Um não quis mais voltar, e então sobraram sete.

Sete soldadinhos vão rachar lenha, mais eis

Que um deles cortou-se ao meio, e então sobraram seis.

Seis soldadinhos com a colmeia, brincando com afinco;

A abelha pica um, e então sobraram cinco.

 Cinco soldadinhos vão ao tribunal, ver julgar o fato;

Um ficou em apuros, e então sobraram quatro

 Quatro soldadinhos vão ao mar; um não teve vez,

Foi engolido pelo arenque defumado, e então sobraram três.

 Três soldadinhos passeando pelo Zoo, vendo leões e bois,

O urso abraçou um, e então sobraram dois.

 Dois soldadinhos brincando ao sol, sem medo algum;

Um deles se queimou, e então sobrou só um.

Um soldadinho fica sozinho, só resta um;

Ele se enforcou,

E não sobrou nenhum.”

Posso dizer, sem medo de errar, que esse livro merece a fama que tem!

Oito pessoas chegam à Ilha do Soldado convidadas por conhecidos que não veem há muito ou por outros meios, com propósitos diferentes: desfrutar férias, investigar algo, cuidar de alguém, trabalhar, etc. O que há em comum com todas elas? Todas estão de algum modo envolvidas em mortes que passaram incólumes pela justiça.

São um grupo insólito e diversificado e, logo ao chegarem, são recepcionados por um casal de serviçais que havia sido contratado dois dias antes e que nada sabia além de uma pequena série de instruções deixadas por escrito. Tão logo todo grupo é reunido, uma gravação de gramofone denuncia os crimes dos quais cada um é acusado e uma balbúrdia começa. 

Quando o primeiro deles morre, atenta-se ao fato de que em cada quarto há na parede um poeminha infantil (esse citado acima) que vai guiar o leitor durante toda a jornada de desconfiança e tensão das páginas e enquanto um a um as peças do jogo são eliminadas, a charada que parece insolúvel desemboca em um desenrolar de deixar até o detetive mais experiente de cabelo em pé!

Já li vários livros geniais de Agatha, pelo menos no que diz respeito à minha pequena opinião. Dentre meus favoritos figuram O Assassinato de Roger Ackroyd e, recentemente, Depois do Funeral, por terem assassinos realmente imprevisíveis e que passam batidos por mim, mas nenhum me pareceu tão magistral, macabro e instigante quanto este! Foi uma verdadeira viagem imersiva não apenas no clima pesado e sombrio da história, mas, acima de tudo, na alma humana e suas corrupções. Em diferentes graus a gente acompanha a luta pela sobrevivência de pessoas que estão, ao mesmo tempo, tentando sobreviver aos próprios demônios internos.

A maneira como o poeminha sombrio se encaixa de forma sinistra na narrativa só serve para nos deixar ainda mais interessados e o fato dos capítulos serem curtíssimos aumenta o nosso nível de tensão e a velocidade de leitura de uma maneira proposital e de uma inteligência magnífica. O recurso do ticking clock é usado de maneira tão explícita nesse livro que chega a ser uma aula! Todo hype desse livro é muito merecido, Agatha Christie ganhou todo o meu respeito como uma contadora de mistérios sem igual.

Tal como toda a adaptação, nós temos aqui uma minissérie parcialmente fiel ao livro. Olha, para ser três episódios de quase uma hora cada um, achei que poderiam ter adaptado de modo fiel ao livro, mas não aconteceu. Quando a gente vai assistir depois de ler não tem muita graça porque meio que sabemos o que esperar e é aí que o roteiro dá suas "escapadelas", talvez para fugir um pouco do que é esperado pelo leitor do livro.

A personalidade dos personagens foi quase fiel, concordo, embora Miss Brent não tenha parecido tão dura e fanática quanto no livro. Além disso, a maneira como Vera se torna histérica e quase louca destoa muito da personagem criada por Agatha. Sem contar que várias das mortes, como a da própria Miss Brent e de Blore foram drasticamente mudadas e não entendi o motivo, porque do jeito que acontece no livro era totalmente possível de ser adaptada especialmente quando eles literalmente partiram Rogers em dois quando, no livro, ele tem só a cabeça partida.

O final, talvez, seja o mais... não digo "sem sentido", mas, não casou com a história. No livro, e isso é um spoiler, então pule se não quiser saber o assassino escreve uma carta revelando como cometeu cada assassinato e dando sua justificativa para tê-lo feito. Além de como descobriu todas as histórias dos personagens. Essa carta é colocada numa garrafa e jogada no mar, encontrada pelo capitão de um navio e entregue à Scotland Yard. A maneira como o roteiro escolheu mostrar o assassino, descartando o trabalho da polícia e as deliberações, meio que tirou o brilho genial que Agatha teve ao criar os pormenores. Como adaptação do livro, eu dou uma nota 7,0 por ter sido fiel em algumas partes, mas não me satisfez e não acho que fez jus ao livro.


sábado, 23 de agosto de 2025

[Filme] Coração de Fogo

OriginalОн - дракон — I Am a Dragon

Ano: 2015

País: Rússia

Diretor: Indar Dzhendubaev

Sinopse: Durante o ritual de seu casamento, a princesa Miroslava é sequestrada por um dragão e levada para seu covil em uma ilha remota, deixando para trás família, amigos e seu noivo. Apesar de ilesa, a princesa é mantida em uma gaiola de pedra, sob os cuidados de um misterioso jovem chamado Arman. Aos poucos, Miroslava começa a desvendar os mistérios da ilha e de seu captor. Porém, ela começa a se apaixonar por Arman, e descobre que o amar um dragão pode ser muito assustador.

Vi uma cena desse filme no Instagram e achei muito interessante. Minha irmã é apaixonada por dragões, então queria ver se era bom pra poder assistir com ela e, te contar, não é que me surpreendi bastante?

A história se passa em uma remota comunidade em meio à neve que cultua um ritual sangrento onde suas jovens são oferecidas a um dragão que atormenta o povo com o medo. Até um dia, um homem inconformado com a perda da amada, decide ir atrás dela para recuperá-la, mas, diante da descoberta de sua morte, ele fica enfurecido e mata o dragão. Muitos anos se passam e agora a família deste matador de dragões é respeitada na comunidade. 

Miroslava, uma jovem duquesa, está prestes a se casar com Igor, o neto do matador de dragões. Ainda guardando em si uma curiosidade infantil e uma coragem inexplorada, durante a cerimônia de casamento, ela é sequestrada por um dragão e levada para uma ilha. O que a princípio parecia um pesadelo, logo mostra a Mira que ela precisa de coragem e toda a sua inteligência se quiser escapar viva do covil do dragão.

Contudo, ao contrário do que ela esperava, um segredo tão antigo quanto sua própria vila vai por em xeque não apenas a realidade da história que ela conheceu, mas mudará para sempre o seu próprio futuro.

Esse é um daqueles filmes com um toque de conto de fadas e ao mesmo tempo uma carga sombria maravilhosa! Tanto os efeitos especiais quanto a fotografia são deslumbrantes! E, além disso, conta com vários simbolismos que eu achei poéticos e sensíveis. Mira é aquele tipo de personagem que no começo parece frágil e vulnerável, mas aos poucos vai mostrando a força que tem escondida em si. Ela não é uma donzela em perigo, mas, ao mesmo tempo, não abre mão da fragilidade de uma protagonista simplesmente humana.

Arman é o tipo de herói à moda antiga, ele não é perfeito, mas se esforça para ser a melhor versão de si mesmo. Ele representa com magistralidade poética a dualidade existente não apenas no homem, mas em todo ser humano. Somos divididos entre uma parte humana e uma parte bestial que se revela de acordo com nossa própria escolha e com o meio no qual somos inseridos.

É um tipo de filme lento, mas a beleza dele está justamente nisso. Ele não se apressa para se contar, ele envolve a gente em cada cena. E, a melhor parte, ele não precisa se apegar aos clichês esperados para se fechar, foi uma das coisas que eu achei mais fascinantes! A mitologia por trás dos dragões, não sei bem se é algo relacionado à cultura Russa, pois tenho zero conhecimento deles, mas achei fascinante. Um longa lindo demais, com uma trilha sonora poderosa e uma história belíssima. Bem o tipo de filme que eu gosto de ver.

Recomendo demais!
 

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

[Livro] Depois do Funeral

 Original: After the funeral

Autor: Agatha Christie

Ano: 1953

Gêneros: Mistério, Ficção policial

Sinopse: Até então, a súbita morte do abastado Richard Abernethie não parecia nada além de natural para um homem da idade dele. Ainda assim, uma pessoa permanece desconfiada: Cora Lansquenet, sua irmã.

Certa de que Richard foi assassinado, a mulher expõe a suspeita durante a leitura do testamento, logo depois do funeral. Mas por que ela esperou até aquele momento? Apesar de nenhum dos demais familiares acreditarem na ocorrência de um crime, quando Cora é assassinada a machadadas, a única escolha da família é investigar ambas as mortes.

Por sorte, o advogado responsável pelo testamento de Richard, Mr. Entwhistle, conhece alguém perfeito para solucionar este estranho caso: o detetive Hercule Poirot.


Após o funeral de Richard Ambernethie, sua irmã mais nova, Cora, solta na pequena reunião com o advogado que ele foi assassinado e não morreu de causas naturais como afirmam os médicos. O choque que se passa entre todos eles é imediato, e mesmo todos tentando não dar atenção ao que poderia muito bem ser mais um delírio de atenção de Cora, aquilo fica preso na mente de Entwhistle, o advogado da família e amigo muito próximo de Richard e de todos os demais. A divisão dos bens do falecido geral controvérsias quando ele legou a divisão por igual a todos os familiares, sem favorecer nenhum deles em especial, algo que revolta seu irmão, Thimoty, mas que vem a calhar para todos eles, cada um com seu motivo pessoal para precisar de dinheiro.

Porém no dia seguinte, Cora é assassinada a machadadas no chalé onde vivia com sua empregada. O crime, um verdadeiro choque para todos, reforça a ideia que Richard Ambernethie não morreu de fato de causas naturais e uma investigação minunciosa começa com o proprio Mr. Entwhistle como executor, mas ele logo chega a um beco sem saída e resta pedir ajuda à Hercule Poirot, seu amigo de longa data, para que dê uma luz sobre o quebra-cabeças aparentemente insolúvel. 

Olha, mais de dez anos lendo Agatha e ainda me pego surpreendida. Eu criei, pelo menos, seis teorias diferentes desde o começo da história, nenhuma estava certa e as pistas que ela dá são tão sutis e quase imperceptíveis que é realmente difícil acertar o assassino dessa vez. E, se por um lado foi bom, pelo outro não foi tanto. O lado bom é que eu tive uma experiência muito parecida com o Assassinato de Roger Ackroyd, que me deixou realmente chocada no final, foi uma leitura imersiva e que me prendeu até o fim na curiosidade de saber quem tinha cometido aquele crime tenebroso e, se lembro bem, acho que o mais brutal de Agatha que eu li (mano, machado?).

Porém, em contrapartida, também foi um pouco complicado, porque embora os livros de Poirot sejam sem dúvida meus favoritos, aqui ele aparece muito pouco e senti saudade dos seus métodos de investigação, das suas "xeretices" de vez em quando e, sobretudo, dos seus interrogatórios e observações nas cenas de crime. Basicamente, aqui a gente vai conhecendo os personagens por trás do mistério em diversas situações e não exatamente uma investigação direta de Poirot que só vai acontecer nos capítulos finais, praticamente. Isso foi um ponto que me incomodou um pouco, talvez por estar acostumada com os outros livros dele, o fio que segura a história é que a gente quer saber o quem e o por que. 

Ainda assim, ganhou minhas quatro estrelas. Achei genial. Embora o crime brutal tenha tido uma motivação bem ridícula na minha opinião, isso o torna, de alguma forma, mais real. Não havia loucura de fato no ato, mas raiva, indignação e certo desespero por assim dizer, embora tenha sido bem difícil eu comprar a ideia de início hahaha. Mas recomendo.


[Bíblia] Sabedoria [Introdução]

Tecnicamente, agora eu deveria discorrer sobre o Cântico dos Cânticos, o problema é que eu fiz um comentário de literalmente um parágrafo sobre esse livro porque, bem, é um grande poema de amor pra dizer de um jeito simples. Porém, há um motivo pra ter um poema erótico na biblia né? Então, eu decidi voltar no curso do Pe. Juarez e estudar esse livro pra entender melhor. Assim, vou avançar para os posteriores e trago ele depois.

Introdução ao Livro da Sabedoria

O conteúdo deste livro é um louvor à sabedoria divina, divido em três partes: a sabedoria nas obras de vida do homem; na vida de Salomão e na criação do mundo. A finalidade é atingir os judeus que viviam no Egito e alertá-los do perigo  de serem levados pela filosofia grega abandonando o culto do Deus ´nico, se entregando ao paganismo.

Apenas a sabedoria vinda de Deus é guia seguro para a vida religiosa e moral e salvaguarda contra os terríveis castigos do culto aos falsos deuses. Muito provavelmente o livro foi escrito em grego. A primeira parte tem estilo similar a poesia hebraica e o restante do livro, de estilo mais livre, se aproxima mais da língua grega (mas claro que a gente não vai notar isso porque está lendo uma tradução).

É de autor desconhecido. Esse livro também contem as primeiras revelações sobre a imortalidade da alma e seu destino eterno, estabelecendo uma transição entre a antiga aliança e a revelação evangélica e eu já fiz uns super intertextos com o Fédon de Platão? Sim. 
 

domingo, 3 de agosto de 2025

[Livro] Sonhando com o Amor

 Autor: Jillian Hart

Ano: 2002 

Páginas: 219

Sinopse: Ela sonhava com o "felizes para sempre", mas para ele o amor só existia nos contos de fadas.

Montana, 1884.

Sarah prometera a si mesma que, se algum dia se apaixonasse novamente, seu amor teria de ser correspondido. Então Gage Gatlin apareceu em sua vida... Um homem maravilhoso, que poderia oferecer tudo a Sarah... menos seu coração!

Tudo em Sarah atraía Gage: seu jeito simples e prático, seu andar feminino, a maneira carinhosa como tratava a filha dele... Sem dúvida, era uma mulher que queria ter para sempre. Mas Sarah sonhava demais com o amor, e Gage sabia que esse tipo de amor só existia em romances!


Da série livros que li na escola e encontrei de novo depois de velha. Após a morte do marido e com a filha doente, Sarah encontra "ajuda" com sua tia Pearl numa fazenda decrépita onde é acolhida em troca de trabalho doméstico. Cheia de dívidas médicas e com mais empregos do que seu corpo franzino suportaria, ela vive uma vida em corda bamba sonhando com um amor intenso e uma casa onde sua filha Emma possa viver feliz. 

No meio desse cenário, aparece Gage. Ele é um másculo cavaleiro que está prestes a se mudar para a fazenda vizinha e, enquanto passa pela estrada, ajuda Sarah com a fuga de algumas galinhas por uma cerca quebrada. A atração é quase imediata, mas ao contrário dos sonhos de Sarah, Gage não está a procura de um amor, ao contrário, ele está fugindo de compromissos desde a partida de sua esposa, após um casamento traumático.

A gente tá falando dos EUA de 1800, então machismo, papéis bem definidos e mulheres "lerdas" são temas recorrentes e o mínimo esperado, era a sociedade da época. Sarah, como uma viúva, era constantemente vítima de críticas, fofocas e qualquer passo fora do "decoro" seria exclusão completa da sociedade diminuta daquelas regiões. Gage, o assunto do momento, também tem uma filha da mesma idade de Emma, chamada Lucy, ao contrário do pai que não quer saber de relacionamentos, a menina urge por uma nova mãe.

É claro que, eventualmente, os caminhos dos dois continuam se cruzando e suas filhas ficam amigas. A saúde de Emma oscila, mas Sarah se mantem otimista na recuperação da menina. A atração dela por Gage, embora recíproca, leva os dois a se manterem longe, ela por causa da imagem, ele por saber que aquilo era problema, mas é óbvio que isso não dura muito tempo. Sarah começa a trabalhar na fazenda de Gage após várias tentativas vãs de encontrar outro emprego para sair da casa dos tios. 

A proximidade leva ao delírio luxurioso que leva ao ato em si e a relação deles fica de início daquele jeito clandestino até Gage ter a brilhante ideia de pedir Sarah em casamento pela conveniência do ato em si, para ela isso é quase um insulto, casar sem amor é inadmissível. E vem mais daquele dramalhão de "quero, mas não posso" onde só quem sofre de verdade são as filhas deles. Ela vai embora, procurar emprego em outra cidade, ele fica enfrentando problemas na fazenda causados pelo marido da tia dela.

Quando a gente envelhece, nota como adolescente é um ser peculiar. Já é o terceiro livro de banca que eu releio da época da escola e tudo que eu consigo me perguntar é o que eu tinha na cabeça pra gostar tanto disso hahahaha. A história não é exatamente ruim, aqueles romancinhos bem água com açúcar pra quando você não quer nada além de passar um tempo, mas a dinâmica do casal — e isso vale pra maioria esmagadora desse tipo de livro — é o que realmente me irrita. 

Ou eles não têm diálogo praticamente nenhum (e aqui me refiro a conversa de verdade) e ficam só no sentimento no meio dos lençóis, ou parece que não falam o mesmo idioma. Assim, qual a dificuldade de sentar e conversar de verdade? Colocar os sentimentos em pratos limpos? Acho que é por isso que eu prefiro ficar solteira, zero paciência. Enquanto Sarah podia muito bem ter assumido suas convicções e dito um não sonoro pro pedido de casamento ANTES, ela fica protelando aquilo até fazer o homem passar por ridículo na frente da cidade toda só porque ele "não a ama" e ela não pode casar sem amor, isso quando ele tinha deixado bem claro antes o motivo de estarem juntos. 

Aquele dramalhão desnecessário no penúltimo capítulo com uma separação tão desnecessária quanto pro cara se dar conta que gosta dela, tipo, querido, você era cego ou o quê? E a volta que culmina naquele finalzinho bem mais ou menos que mostra sem mostrar nada sobre o casal que, novamente, não conversa direito. Mas, em vista de outros que eu gostei na época da escola, esse ainda se safa por não envolver estupro romantizado.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

[Livro] Contos de Fadas Australianos

Autor: James Hume-Cook

Ano: 2023 

Páginas: 120

Ano: 1925

Sinopse: reúne uma série de contos criados pelo autor para atender as demandas de seus filhos, que desejavam ouvir histórias que povoam o imaginário infantil em um lugar conhecido para eles: Austrália.

Vou falar pouca coisa, porque esse livro é pequeno e não foi nada do que eu estava esperando quando dei de cara com o título. Realmente, são contos, mas não sei se consideraria isso de "fadas". Talvez a nossa noção de fada seja muito específica e influenciada por uma cultura diferente da australiana, concordo, mas não foi só a diferença da "espécie" foi a magia, a empolgação, a aventura que normalmente envolve esse tipo de conto e aqui ficou faltando.

Narrativa insossa, cansativa e embaralhada. Histórias paralelas se mesclam, algumas de cunho religioso, outras meio fabulescas e todas ligadas a uma linha principal envolvendo uma família real de "fadas" cujo príncipe se tornou lendário ao instituir um reino em uma terra longínqua e devastada pelas tais "fadas do deserto". Não me senti conectada nem envolvida na narrativa. Uma pena, queria ter gostado. 



domingo, 6 de julho de 2025

[Bíblia] Eclesiastes

 "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"

A frase significa que tudo que se faz debaixo do sol é vaidade e aflição de espírito. A palavra "vaidade" vem do latim vanitas que significa qualidade do que é vão, fútil e ilusório. Segundo a bíblia, a vaidade é algo enganoso, sem valor, que leva a ostentação e a idolatria.

Filosoficamente, a vaidade pode se referir a um senso mais amplo de egoísmo e orgulho. Basicamente, fala de como nos cansamos dia após dia por coisas passageiras. A conclusão "tudo é vaidade" não é para dizer que não há esperança em nada, mas para mostrar que nunca estaremos totalmente satisfeitos ou realizados com as coisas dessa vida. Vivemos em um mundo caído e, até que o Senhor venha, não pode ser corrigido.

"Porque no acúmulo de sabedoria, acumula-se tristeza, e quem aumenta a ciência, aumenta a dor." (Ecle 1,18)

Eclesiastes, pelo que percebi, tem um tom explicitamente filosófico que destoa das outras vozes da bíblia até agora e, tal como a filosofia, mostra certo pessimismo diante da vida ao mesmo tempo em que provoca reflexões sobre como passamos os nossos dias. Em parte, me lembrou um pouco o pensamento de Sêneca sobre a brevidade da vida e a maneira como nos prendemos a futilidades e negligenciamos aquilo que é realmente importante.

"A minha sorte será a mesma que a do insensato, então, para que me serve toda a minha sabedoria?" (Ecle 2,15)

Segundo a introdução, foi escrito em III a. C. e traz algo da orientalidade, talvez tenha conquistado alguma influencia filosófica da época, ainda que se atenha à moral religiosa monoteísta. Particularmente, gosto de filosofia, então a tarefa de buscar significado nas entrelinhas me foi bastante prazerosa embora meu conhecimento seja bastante limitado.

Assim como os filósofos eram amantes da "Sofia", o Eclesiastes, ao mesmo tempo em que a considera o bem mais precioso, igualmente a tomo como causa da sua angústia diante do mundo sombrio — assustadoramente parecido com o nosso! — e quão vã pode ser esse acúmulo de conhecimento para findar num mesmo ponto mórbido.

Inclusive, esse mesmo Eclesiastes julga injusto ímpios e justos terem o mesmo fim (a morte) dando a entender que esse é um dos motivos pelo qual a maldade invade o coração do homem.

"Entre tudo que se faz debaixo da terra, é uma desgraça só existir para todos um mesmo destino." (Ecle 9,3)

Aconselha, porém, além do temor a Deus — que concede, por consequência, a vida sábia — o trabalho árduo, juntamente com o necessário descanso que leva a desfrutar dos frutos desse trabalho e afirma que aqueles cujo coração se volta para ajuntar riquezas jamais aproveitará delas.

Viver os dias felizes, refletir nos dias de tristeza. Uma passagem que me intrigou foi a de não ser justo em excesso nem sábio além da medida (7,16) não sei bem se entendi o sentido e, parando pra pensar, não lembro desse livro sendo usado na liturgia (posso estar enganada). Os próprios tradutores da bíblia em suas notas afirmam que a sabedoria de Eclesiastes, embora falha, não é pagã.

Achei um livro bem interessante, especialmente por essa abordagem mais filosófica, ora seca, ora poética que evoca reflexões acerca do nosso papel no mundo, a vida é breve e apenas Deus sabe o exato número dos nossos dias, nosso papel é buscar a felicidade no temor de Deus aproveitando cada etapa da nossa vida com equilíbrio, sabendo desfrutar dos momentos de alegria e dos frutos do nosso esforço e consolo na angústia. Um lugar e um tempo para cada coisa, aprendamos a conquistar o necessário sem apego aos bens que passam, mas o merecimento da vida eterna. Porque essa vida é breve, rápida, o que se deve engrandecer é a alma, não vamos levar nada daqui além do bem que fizemos e do amor que conquistamos.

Então viva, sem acumular, sem se privar, sem se prender. Seja livre.

domingo, 8 de junho de 2025

[Livro] Assassinato no Beco

 Original: Murder in the mews

Autor: Agatha Christie

Ano: 1937

Gêneros: Mistério, Conto, História de detetives

Sinopse: Nos contos aqui reunidos, o detetive belga terá ainda de usar seus neurônios para encontrar os planos secretos de um submarino em “O roubo inacreditável”, vingar um cliente em “O espelho do homem morto” e tentar impedir o perigo que ronda um casal jovem em “O triângulo de Rodes”. Quatro histórias envolventes, para serem lidas de um só fôlego.

Li esse livro pela primeira vez em 2012, mas não lembrava mais se tratar de uma antologia. São quatro histórias, sendo a primeira a que dá nome ao título.

Em Assassinato no Beco, acompanhamos a investigação de um assassinato mascarado de suicídio de uma jovem noiva rica que estava sendo chantageada por um major a respeito de um segredo do passado. Junto ao inspetor Japp, Poirot precisa refazer os passos da jovem socialite para conseguir desvendar o segredo de sua morte.

No Roubo Inacreditável, um jantar é oferecido por um rico militar e planos militares de suma importância acabam desaparecendo. Convidado a resolver o enigma no meio da madrugada, por se tratar de um assunto nacional, Poirot tem nas mãos um complicado quebra-cabeças que aponta para espionagem, conspirações e segredos.

No Espelho do Homem morto, um suicídio claro na mansão de um aristocrata chama a atenção de Poirot por uma série de eventos inexplicáveis que podem levar a uma morte não tão desesperada assim. Todos na casa são suspeitos, mas o escritório estava trancado e a chave no bolso do morto. Com sua sagacidade e observação aos mínimos detalhes, Poirot vai precisar resolver um difícil quebra-cabeças.

Por fim, no triângulo de Rodhes, o caso menos interessante da antologia, enquanto está de férias, Poirot testemunha um conflito muito inteligente entre um casal impedido de ficar junto por um matrimônio. É o único caso do livro que termina aberto.

Confesso que não é o melhor livro que li dela, foi bom para distrair, mas não achei os casos tão entusiasmáticos assim. Não é ruim, longe disso, mas não me arrancou muito da realidade. O terceiro conto é o maior e o mais detalhado, mas a sensação é de já ter lido isso em outros livros dela, sabe? Não tinha mesmo novidade.

[Bíblia] Provérbios

 Eu poderia facilmente descrever Provérbios como um grande almanaque de conselhos, mas isso seria reduzir o tesouro desse livro que é um guia para uma vida santa e com sabedoria, em resumo uma vida que agrada a Deus. Estava bastante curiosa sobre esse livro, até porque muitas passagens de livros anteriores, na minha cabeça, eram dele.

Procurar o conhecimento e a intimidade com Deus, não usar de mentira ou falso testemunho contra o outro, buscar a sabedoria, obedecer os conselhos e ensinamentos dos pais, afastar de si o orgulho, a preguiça, a luxúria, a inveja; que sua língua não comente o segredo que te foi confiado,  a vida do outro que não te diz respeito. São alguns dos ensinamentos obtidos em Provérbios.

A fé, seguida de um comportamento reto e obras de justiça, é o caminho para alcançar a sabedoria e um convívio de maior intimidade com Deus. Há forte apelo à confiança no Senhor e a fé, profunda crítica à apostasia e ao comportamento egoísta. Ao contrário do que se prega por aí, o livro não nos aconselha a se fiar no nosso coração ou nosso entendimento, mas buscar orientação no Espírito, afim de não se desviar.

Igualmente como diz São Paulo "a fé sem obras é morta", o livro nos convida a olhar por aqueles mais necessitados e jamais desviar o olhar do pobre ou humilhá-lo. A caridade é uma prática amada por Deus e aqui vale a uma reflexão a respeito, quando se fala em doação muita gente pensa "naquilo que não me serve mais", infelizmente acontece muito de se receberem em igrejas ou ongs coisas que não servem para ninguém e isso é uma falta de empatia muito grande. Caridade não é sobra, antes de algo a uma pessoa pense se você mesmo gostaria de receber algo naquele estado. Deus retribui à medida que damos. Um lençol velho e púido é capaz de aplacar alguém açoitado pelo frio? Precisamos começar a ter mais consciência e empatia nas nossas ações.

"Não terás a recear nem terrores repentinos,
nem a tempestade que cai sobre o ímpio
porque o Senhor é a tua segurança e preservará
teu pé de toda a cilada.
Não negues um benefício a quem o solicita
quando está em teu poder concede-lho.
Não digas ao teu próximo "vai, volta depois! Eu te darei amanhã",
quando dispões de meios." Pr 3, 26-8

A fome tem pressa, a necessidade urge. Pensemos naqueles que, ao contrário de nós, não tem meios de aplacar o que dói.

O livro ainda alerta para comportamentos como a fofoca, a prostituição e a vantagem sobre os outros. O tolo vive acreditando que suas atitudes não terão consequências enquanto o sábio está ciente de que Deus tudo testemunha e cobra dos seus segundo sua atitude.

Outra coisa que me chamou a atenção foram os conselhos a respeito da conduta com o tolo, tal como a sabedoria popular diz "quando a estupidez fala, a sabedoria se cala" a palavra não incentiva a discussão com o tolo, uma vez que é um esforço inútil. Não aprende nada aquele que acha já saber tudo. O sábio, por sua vez, se alegra com a correção, pois ela auxilia no seu crescimento e impulsiona o seu conhecimento. Também é um conselho desse livro fugir de situações perigosas para poupar a vida e alerta que o ódio é o caminho para a morte. Além disso, incentiva o trabalho duro do qual provém o sustento e alerta para a riqueza do espírito ser sempre superior a material.

Fiquei bem surpresa com a divisão do livro e creio que seja o tipo de leitura que se deve consultar sempre! Um verdadeiro manual para uma vida de plenitude, felicidade e proximidade com Deus. FIcam meus outros destaques:

13,7-3
14,10-13
21
30
15, 5 e 16
16,1-3;8-9
17,1; 15-21
20,22
22,16
23,5-22
24,17-18
26,4
28, 25-27
30,17
31,8-9

segunda-feira, 2 de junho de 2025

[Livro] A Biblioteca das Histórias Não Contadas

 Autora: Gabriela Campos

Páginas: 96

Ano: 2023

Gênero: Fantasia

Sinopse: Ser escrita ou ser esquecida, essas são as duas únicas maneiras de sair da biblioteca das histórias não contadas. Pelo menos foi isso o que disseram.

Quando uma protagonista é arrancada de seu mundo e vai parar em uma biblioteca cheia de personagens, acaba descobrindo que não passa de mais uma dentre várias criações de uma Autora em crise. Agora, ela não pode voltar para seu mundo até que sua história volte a ser escrita, o que não parece muito provável diante dos tormentos do passado que assombram a sua Autora e ameaçam a existência de todas as histórias da biblioteca.

Conta a história de uma personagem, inicialmente sem nome, que é transportada da sua história para um lugar estranho lotado de pessoas e criaturas dos mais diversos tipos. Ela descobre que é o fruto da criação de alguém chamado Autora e que sua história foi congelada no momento que ela saiu porque esta autora parou de escrevê-lo. A única maneira de sair dali é se a autora voltar a escrever ou se a esquecer. 

Tentando entender sua situação, ela descobre que todos os personagens ali são frutos de histórias igualmente abandonadas por causa de uma história em particular, a de Relicta, uma personagem perversa cujo livro desencadeou um mal enorme dentro da biblioteca. Enquanto tenta voltar para casa, a personagem vai descobrindo os segredos da biblioteca e da autora.

E é isso de informação porque com 96 páginas não dá pra dizer muita coisa sem deslizar um spoiler. Eu enrolei pra caramba pra terminar esse livro, apenas não é aquele tipo de leitura que te dá "fome", mas nem por isso é ruim. A história é interessante, inclusive se você também escreve vai se sentir bem mal por todas as histórias que engavetou hahaha, eu passei a olhar as minhas com mais empatia depois disso. Geralmente, quando leio coisas muito curtas me pego pensando em desdobramentos e caminhos que poderiam ter sido mais explorados naquele universo, mas com esse livro não aconteceu, eu achei a história "pronta e acabada" do jeito que ela é, como se ela fosse perfeita para esse tamanho mesmo, não ficou qualquer espaço sem desenvolver.

No último capítulo, é apresentada uma "chama", posso ter entendido errado, mas para mim soou como uma metáfora para a fé e a criatividade. No estado de ânimo que a Autora se encontrava, perseguida por um mal que pode igualmente ser interpretado de várias formas, quando a personagem trouxe de volta essa "chama" para a mente dela (e, a meu ver, essa chama estava no coração) ela conseguiu reverter o mal. Achei uma metáfora inteligente. Entre tantas outras interpretações que a gente pode tirar das portas queimadas, da árvore no corredor, da porta de ferro, da porta dourada, enfim. A ideia do livro não é ser filosófica, mas acaba sendo hahaha. 

Achei maravilhoso? Não. É muito bom. Ideia criativa, bom desenvolvimento, a personagem não é simpática, mas dentro das suas limitações também não é insuportável. Quem procura um livro curto, mas que levanta boas reflexões e, sobretudo, quem gosta de símbolos, é uma boa pedida. Acabou não sendo nada do que eu esperava, mas valeu a experiência.

domingo, 18 de maio de 2025

[Drama] Something is Not Right

Título original: 무언가 잘못되었다

País: Coreia do Sul

Episódios: 8

Ano: 2025

Gêneros: Comédia, Romance

sinopse: Ba U e Ji Hun são amigos de infância, e Ba U sempre escondeu os sentimentos que nutria pelo amigo. Um dia, ele tenta cortar contato com Ji Hun, que fica confuso de início, mas continua agindo como se nada tivesse acontecido. Então, em uma última tentativa desesperada que mudar sua situação, Ba U segue o conselho que ouviu de outra pessoa e pede a Ji Hun para namorar com ele por uma semana, e ele aceita. No entanto, enquanto Ba U lida com emoções complexas, Ji Hun fica preocupado com o fato de Ba U estar sendo perseguido por Ha Min e decide usar seu atual status de namorado para afastar o stalker. Agora, apesar de o fim definitivo do relacionamento deles estar próximo, Ba U ainda terá mais uma chance de conquistar o coração de Ji Hun.

Depois de um tempão sem ver BL, finalmente encontrei um que chamou minha atenção!

Conta a história de Do Ba Woo e Ji Hoon, dois amigos de longa data que estão na mesma universidade, o fato é que, agora, Ba Woo quer cortar laços com Ji Hoon. Lento como só ele, Ji Hoon não faz a menor ideia que o motivo é o fato de Ba Woo ter sentimentos por ele. Fato esse que é descoberto quando Jun Ha Min encontra o caderno de Ba Woo e deseja usá-lo para criar seu roteiro de webtoon para um concurso, acreditando se tratar de uma história fictícia. Como está "inacabada" ele sugere a Ba Woo que o personagem convide o outro para sair por uma semana e, sem dar muito crédito, o garoto faz a sugestão para Ji Hoon que aceita a oferta.

Enquanto tenta lidar com seus sentimentos unilaterais e a lerdeza de Ji Hoon, Ba Woo acaba se aproximando de Ha Min e engatando uma amizade forte, especialmente quando este é o único com quem ele pode falar sobre seus sentimentos. Porém, Ha Min vai desenvolvendo sentimentos por Ba Woo enquanto tenta ajudá-lo a lidar com seu amor secreto por Ji Hoon. E tudo se torna uma confusão de sensações, perseguições e aceitação.

Confessar, esse drama dividiu opiniões, de alguma forma eu gostei bastante embora ele tenha me arrancado um 9 e não um 10. O problema é que o roteiro derrapa no desenvolvimento do casal principal. Em meio a todo o "sistema lento" de Ji Hoon nós começamos a shippar o Ba Woo com o Ha Min e se observarmos bem, por mais que a história tente a todo momento nos mostrar a relação entre Ba Woo e Ji Hoon ao longo do tempo, Ha Min continua parecendo o par ideal para ele.

Negócio é que eu sou a masoquista dos amores sofridos, quanto mais lascado é o background de um casal, mais eu quero shippar. E talvez isso tenha me feito entender as pessoas que não gostaram da história e, de fato, elas não estão erradas, porque o roteiro tem mesmo essa falha, mas ao mesmo tempo ter ficado feliz com o casal principal junto. Porque eu consegui shippar eles embora quisesse dar na cara do Ji Hoon a maior parte do tempo. Fiquei bastante triste pelo Ha Min não ter conseguido um par e também shippei ele com o Ba Woo embora fosse evidente que não havia correspondência.

Outro erro no roteiro foi no capítulo final  SPOILER |quando o Ji Hoon vai contar para o Ba Woo que começou a gostar dele primeiro, mas tinha medo de admitir e acabar com a amizade dos dois| FIM DO SPOILER  ficou bem pouco verossímil porque o drama todo o Ji Hoon age de maneira ambígua, sim, mas com a maior cara de inocente como se visse o Ba Woo como um amigo mesmo. Então ficou parecendo um pouco forçado, ainda assim passa pelo aceitável. 

Eu gostei. Tem aquele gosto de história fofa da época que eu comecei a ver o gênero, ainda mais pelo fato da Coréia minimizar algumas coisas muito erradas que os BLs tailandeses costumam normalizar. Não todos, claro, mas boa parte. Dava para desenvolver muita coisa legal na história, mas não sou apta a escrever fanfic BL, porém, se alguém se dispuser a escrever uma corrigindo os erros do roteiro eu queria muito ler. Não sei se tem o webtoon desse drama disponível, talvez eu procure, por enquanto fica aí a indicação.

[Livro] O Eco dos Livros Antigos

 Original: The Echo of Old Books

Autor: Barbara Davis

Ano: 2024

Gêneros: Romance de amor, Realismo mágico, Ficção histórica, Fantasia histórica

Sinopse: Um par de livros misteriosos. Um romance condenado. Os ecos de um amor que nunca morreu.

A afinidade da revendedora de livros raros Ashlyn Greer com os livros vai além do cheiro inebriante de papel velho, de tinta e de couro. Ela pode sentir os ecos dos antigos proprietários dos livros ― uma impressão digital emocional que só ela consegue ler. Quando Ashlyn descobre dois volumes belamente encadernados que parecem nunca ter sido publicados, seu dom logo se torna uma obsessão.

Não apenas cada um está marcado com uma acusação surpreendente, mas os autores, Hemi e Belle, contam lados conflitantes de um romance trágico. Sem nenhum vestígio de como esses livros misteriosos vieram ao mundo, Ashlyn é envolvida em um mistério literário de décadas, atraída por dois corações em ruínas, quem quer que tenham sido, onde quer que estejam.

Determinada a descobrir a verdade por trás da história dos amantes condenados, ela continua lendo, seguindo uma trilha de promessas quebradas e traições aparentemente imperdoáveis. Quanto mais Ashlyn aprende sobre Hemi e Belle, mais perto ela chega de encerrar a história de amor deles ― e dos capítulos inacabados de sua própria vida.

Eu peguei a dica desse livro pela indicação de um book influencer no instagram. A síntese dele pareceu muito interessante e, na book friday da Amazon do ano passado, minha irmã caiu pela sinopse e a gente decidiu comprar. No começo, não me prendeu muito não, ele só veio se tornar realmente interessante para mim ali pelo capítulo cinco.

A história acompanha Ashlyn (que nome hein?) uma livreira e restauradora de livros que cuida de uma livraria pacata especializada em livros antigos. Sua relação com livros começou muito cedo e durante toda a sua vida, Ashlyn teve neles sua companhia mais segura num mundo de pessoas que parecia abandoná-la sempre. Ela construiu uma vida segura para si, com poucos amigos, clientes fiéis e nenhum relacionamento complicado.

Porém, as coisas no seu mundo seguro começam a mudar quando seu amigo Kevin lhe conta sobre uma nova leva de livros doados e, ao conferir se algo podia ser do seu interesse, Ashlyn topa com um livro cujos ecos — como ela chama suas habilidades psicométricas — ressoam nela com mais violência que qualquer outro que já tocou. Não há qualquer informação sobre o autor, a editora ou o ano da publicação, embora seja uma edição bem encadernada e conservada. Curiosa, ela decide levá-lo para casa.

A história, narrada por um homem, conta o trágico romance entre um jornalista e uma milionária com casamento marcado, os dois se conhecem na festa de noivado dela e sentem uma atração imediata. Ashlyn sente certa veracidade nos fatos e em alguns eventos pontuais que parecem ter ocorrido na época da segunda guerra mundial, antes dos EUA aderirem formalmente ao conflito. Com a ajuda de sua amiga bibliotecária, ela começa uma pesquisa a respeito de alguns personagens e vai atrás de Kevin na tentativa de encontrar o doador dos livros.

Kevin lhe entrega o que seria a correspondência do dono dos livros, encontrada dentro da caixa, e o telefone leva Ashlyn a Ethan Hillard, o filho do falecido dono do volume encadernado. O primeiro contato dos dois não é muito cordial, deixando uma primeira impressão bem ruim do personagem, e ele demonstra certo desprezo pela história da sua família, afirmando não querer se envolver com seja lá o que a história conta. Porém, dias depois acaba entrando em contato com a livreira para dizer que descobriu um segundo volume que parece idêntico ao primeiro e uma resposta sob o ponto de vista da mulher.

Juntos, os dois entram por uma instigante história de amor cheia de empecilhos e mal entendidos que pode não ser tão literária quanto parece e tem a ver com uma família que Ethan desconhece. Segredos sombrios do passado começam a se revelar enquanto Ashlyn, cada vez mais presa na história, passa a lidar com seus próprios fantasmas em busca de redenção.

No fim, pelo título, o livro não foi nada do que eu estava esperando. Quando vi a primeira vez eu pensei que ia ser algo mais na linha de A Intuitiva de Hannah Howell, mas não foi nada disso. Os "livros antigos" no título se refere as obras encontradas por Ashlyn e Ethan que datam de quarenta e três anos antes, nem tão antigo assim. A história se passa nos anos 80 e 40, alternando em pontos de vista, cheia de reviravoltas e com um fundo histórico muito bem feito.

Demorou bastante para eu começar, de verdade, a torcer pelo casal Ashlyn-Ethan, a minha primeira impressão dele foi péssima e a tentativa de se redimir da primeira vez falhou. O passado doloroso da Ashlyn, embora consiga explicar algumas de suas atitudes, não conseguiu me convencer em outras, assim como a família conturbada de Ethan e seu casamento não tenha me convencido muito a aceitar sua postura inicial com a protagonista. O casal secundário, Belle e Hemi, com sua história cheia de mal entendidos, até me despertou o lado mais romântico e sonhador de torcer por uma resolução, mas a atitude bem infantil da Belle em vários momentos era muito irritante.

O que eu gostei bastante foi a história comovente de Helene, a mãe de Belle, embora tenha sido bastante triste, até cruel, se tornou linda e nos fez desejar que o pai dela tivesse tido um fim pior pelo que fez com ela. 

Personagens instigantes, fundos históricos envolventes e uma trama que se amarra com perfeição, o livro merece o hype que tem e vale muito a pena.


[Bíblia] Provérbios - Introdução

 



Introdução:

Embora, por uma ficção literária, o livro de provérbios seja atribuído a Salomão, na realidade é uma coleção composta de oito partes: 1. Exortações personificadas pela própria sabedoria; 2. A grande coleção salomônica; 3/4. Duas pequenas coleções atribuídas aos "sábios"; 5. Provérbios salomônicos recolhidos pelo rei Ezequias; 6. Um fragmento atribuído a Argur, autor desconhecido; 7. Conselhos de uma rainha mãe a seu filho; 8. Poema que faz elogio à mulher forte.

Entre as sentenças contidas nesse livro, grande número é de origem popular, como os rifões. Os provérbios atribuídos a sábios, aliás desconhecidos, devem ter sido compostos antes do exílio, embora os capítulos 30 e 31 pareçam posteriores a ele.

Acham-se no livro de provérbios numerosas passagens nas quais se pode descobrir frisante parentesco com textos egípcios e orientais. Não se sabe em que medida o autor inspirado utilizou de predecessores estrangeiros, mas é certo que os hebreus sofreram influência dessas grandes civilizações.

A moral de provérbios, fundada na crença e na revelação de um único Deus, mostra-se superior a de todos os produtor pagãos da mesma espécie. Por sábio deve-se entender aquele que é inteligente, bem avisado, virtuoso e íntegro. Entre os insipientes devem ser enumerados os maus, mentirosos, negadores, ladrões, malfeitores e perjuros.

De modo especial, acentua a piedade filial e a educação das crianças. Em todo livro se manifesta viva fé numa retribuição, recompensa ou castigo, mas não existe ainda a ideia de uma vida eterna. O Temor do Senhor é o começo da sabedoria. Essa sabedoria só pode provir de Deus mesmo, é ela que nos faz compreender algo da justiça e dos juízos divinos, como também é ela que produz a verdadeira humildade.


Nota: Eu ando bem procrastinadora esses tempos, mas não deixei de estudar a bíblia, só que com o curso do Pe. Juarez esse processo se tornou um pouco mais lento, a partir do livro de Eclesiástico a leitura se torna muito complexa para fazer sozinha, o nível de entendimento diminui bastante e o auxílio do curso me ajudou a compreender o livro, mas ao mesmo tempo tornou o processo muito mais lento. Assim, as postagens da tag vão ficar um pouco menores e a partir do eclesiástico terão mais partes por causa das muitas informações das aulas.