Devemos
nos manter longe daquilo que nos faz pecar. Jesus voltou à esse ensinamento em
sua fala para “cortar fora” aquilo que leva ao pecado, usando o olho e a mão
como metáforas para aquilo que vemos e praticamos.
Um
ponto interessante aparece no capítulo 22 sobre o dever cristão de ir à missa
de sétimo dia seja de um parente e conhecido ou até mesmo de um estranho, como
cristãos é nosso dever ir e prestar
solidariedade aos parentes do falecido. Esse livro explica a proibição de jurar por Deus, quando se
faz isso chama-o como testemunha o
que é uma afronta, pois somos
pecadores, outra curiosidade é que raramente se usa pai em relação a Deus no
antigo testamento e quando aparece é no sentido de meus pais ou pai de Israel
e não o pai (abba) ensinado por Jesus.
Volta
também a um ponto mostrado em levítico e deuteronômio onde era aplicada pena de
morte para adultério, posteriormente, essa pena foi trocada para flagelação em
praça pública.
O
capítulo 24 é o ponto central do Eclesiástico. Um capítulo profundamente teológico e profundo usado mais tarde no prólogo do Livro de João. Traz uma síntese da doutrina sobre a sabedoria que é identificada como o próprio Deus e é base da formação cristã e
fundamentação da trindade. A sabedoria sai
da boca de Deus logo é o próprio
espírito dele, essa palavra criadora que S. João denominará verbo em seu prólogo, pois tudo que Deus diz acontece, essa
sabedoria se “encarna” ou “arma sua tenda” no meio do povo através de Cristo.
O
livro volta muito na tecla do casamento, da conduta da “mulher má”, a “esposa
perfeita” de modo bem repetitivo.
Em
uma de suas parábolas sobre a pessoa que não usava vestes adequadas em um
casamento e foi expulsa, Jesus usa essa história como alusão a essa parte do
livro onde se explica que essas “vestes” representam a justiça. Os injustos serão expulsos da presença de
Deus. Há menção também à condenação à hipocrisia reforçada por Cristo que
não a admitia. Entende-se por hipócrita
aquele que finge ser o que não é. Reflete-se também sobre o perdão de modo
muito semelhante ao ensinado por Cristo mais tarde.
O
capítulo 29 chama a atenção das pessoas que abusam de quem empresta dinheiro —
que é uma premissa bíblica emprestar — e viram inimigos para não pagar. É
pecado. Da mesma forma que cobrar juros é. Reforça o conselho de dar esmola e socorrer o pobre, um mandamento que Cristo não só pregou,
mas viveu. Deus abomina quem despreza o
pobre e castiga aqueles que abusam da bondade do outro. Outra coisa diz
respeito ao cuidado com a saúde, um bem
primordial, 200 anos antes de Cristo já era uma preocupação. Quem vive pelo dinheiro é infeliz, na
bíblia o vinho representa a alegria e nossa alegria está em viver plenamente na
graça de Deus.
O
autor justifica por meio da criação em dualidade de opostos para a predileção
de Deus por um povo em específico e, com isso, justificar a invasão e guerra para
a ocupação de uma terra habitada. A visão é antiga, com a vinda de Cristo toda
nação e todos os povos são iguais ao projeto de Deus. Inclusive, Sócrates trata
o assunto de bem e mal — vida e morte — em seu diálogo de Fédon, como esse
livro foi escrito em meio a uma grande influência grega, então creio que seja
uma referência bacana. Além disso, vale lembrar que, naquela época, a
escravidão era admitida, mas o livro começa a dar sinais sutis de avanço nesse
aspecto.
A
palavra é clara no que se refere àqueles que procuram significados em sonhos;
embora Deus tenha se manifestado dessa maneira diversas vezes a alguns
profetas, foram casos muito pontuais e não significa que todo sonho vai ter um
significado revelador sobre algo, afinal, quem somos nós para receber
revelações do Senhor? Mais tarde, Freud
vai afirmar que o sonho é um reflexo dos nossos desejos ou medos, assim,
reflexos do nosso inconsciente. Devemos nos fiar na palavra de Deus que sempre
se cumpre.
Devemos,
igualmente, ter a mente aberta para conhecer (não seguir) outras religiões e
culturas, pois isso nos faz firmar na nossa própria fé. A verdadeira religião é
temer a Deus, mudar o coração, viver de forma justa, não adianta rezar, ir à
missa e fazer sacrifícios se nossa atitude e nosso coração permanecem no pecado
e na injustiça. O senhor atende os justos e o verdadeiro arrependimento é
precedido pelo compromisso de não permanecer naquele erro, mas se voltar de
forma sincera para o caminho da retidão. O cumprimento da lei deve ser feito
dentro da retidão moral, não apenas
com as mãos, mas com o coração justo.
Alguns
estudiosos acreditam que a oração pelo
povo oprimido no capítulo 36 tenha sido incluída posteriormente no livro.
Ela reflete uma mentalidade da época que acreditava que para Deus demonstrar o
seu amor pelo povo ele tinha que destruir os opositores estrangeiros, uma visão
mais bélica que não traduz o pensamento de Deus e é refutada por Cristo que diz
para amar os inimigos e rezar por eles.

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