domingo, 15 de dezembro de 2013

[Livro] A Menina Que Roubava Livros

Original: The book thief
Autor: Markus Zusak
Ano: 2005
Gênero: Drama, Ficção Histórica
SinopseA trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.

Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.

A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

Finalmente consegui concluir esse livro, já não era sem tempo. Fui desleixada quando à leitura, mas mesmo assim me decidi a continuar e agora vamos comentar um pouco sobre ele.
Sempre que vemos alguma coisa relacionada ao Nazismo, seja um filme ou um documentário, o foco está sempre no holocausto, mas o diferencial desse livro é que podemos ter uma percepção que vai além disso, não é um livro sobre judeus morrendo em campos de concentração ou sendo perseguidos, é um livro sobre o poder das palavras, sobre amizade, amor e ideais. Nós vemos aqui um outro lado da Alemanha Nazista, o lado dos alemães que viviam à margem da guerra, tentando sobreviver no duro mundo de preconceito e fogo, conhecemos alemães complacentes com a dor do judeu, que é gente como ele, vemos a pobreza devastadora surgindo com o céu constantemente rubro de fogo e sangue. E acompanhamos no meio do caos Liesel. A roubadora de livros.

Deixada pela mãe, tendo o irmão levado pela morte, sobrevivendo em um bairro pobre da Alemanha, onde há meninos jogando futebol, onde apenas o mais forte dá as cartas, onde quase tudo é escasso, nos deparamos com a frágil menina – aparentemente – assustada e sem palavras. Liesel não tinha nenhuma palavra sua, embora as carregasse consigo muito bem protegidas dos olhos curiosos, ela furtara aquelas palavras, mesmo sem saber o que significavam, ela sentiu necessidade de tê-las para si. O Manual do Coveiro. É fascinante a maneira como se dá a relação de Liesel com o mundo letrado, aos poucos podemos vê-la submergir no mundo nas palavras, conhecendo aos poucos o seu peso, o seu poder, a sua magia. E torna-se impossível não fascinar-se também pelas palavras como ela, apaixonando-se desesperadamente – e ainda mais – pela magia que um livro é capaz de trazer.

E há também Max. Rudy. A mulher do prefeito. Hans. Liesel nos mostra diferentes dimensões do amor e da amizade, Max era um judeu e mesmo assim ela fez dele seu amigo, ela o trouxe para o seu mundo e salvou-o, salvando também a si mesma. Rudy era seu melhor amigo, seu parceiro de furtos, seu diário, seu amor entubado. A mulher do prefeito, fora a relação de Liesel que mais me tocou, depois de Hans. Ela salvou a mulher de si mesma, ela transformou a vida dela de tal forma que me levou a pensar no peso que a culpa e o remorso tem sobre nós, as vezes só precisamos que alguém nos diga a verdade, nos faça enxergar a realidade que tentamos ignorar, perdoar a si mesmo é uma tarefa árdua e fora a senhora Hermman que ensinara a Liesel a escrever sua própria história. Já Hans é o tipo de pessoa literalmente boa. O patamar de sua bondade está muito além do ser humano mesquinho e egoísta. Ele ama tão amplamente e profundamente que chegamos a ser tocados por sua doçura, assim como Rosa, sua esposa, mas de jeitos completamente distintos.

Enxergar esse lado da Alemanhã nazista, ver além da conhecida frieza e indiferença a que normalmente somos apresentados, me fez encarar A menina que roubava livros de uma maneira altamente positiva, não é apenas porque o livro carrega consigo uma história verdadeira e de certa forma emocionante, mas porque ele é dotado de lições preciosas. A perda é algo inevitável seja de um jeito ou de outro, mas a forma como a encaramos é que torna as coisas diferentes. Liesel Menmiger me ensinou a nunca desistir, a honrar e lutar pelas pessoas que eu amo não importa quantas feridas sejam impostas a mim por causa disso, ela me mostrou o poder das palavras, da amizade, da verdade. Hans me ensinou que humildade e bondade são as chaves para cativar corações, para salvar vidas, inclusive a sua. Ser generoso é uma obrigação do ser humano, para que ele possa ser realmente humano. Eu não consegui encarar a morte de outra forma, por mais “humanizada” que o autor tenha tentado externa-la, eu não consegui vislumbrá-la além do que já tenho em mente, a forma assustadora, agonizante e cruel. Mas mesmo assim, sua fúnebre narrativa fora válida, esse livro é capaz de fazer você repensar muita coisa sobre si mesmo e sobre o que realmente vale a pena.


Se tenho algo a reclamar desse livro são as inúmeras palavras e expressões em alemão, muitas vezes sem tradução, mas é só. Em 2014 seguirá a adaptação cinematográfica do livro, eu não tenho expectativas quanto a isso, nem sei se terei mesmo coragem de assistir depois de tudo que li, mas sei que por melhor que se faça, nunca chegará aos pés do livro. Isso é algo que tenho por certo. Se você ainda não viu, segue o trailer:

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Entenda a Letra: Ghost Love Score - Nightwish

Eae? Bom, cá estamos nós novamente com a tag música, e hoje eu estou trazendo para vocês outra majestosa criação do Nightwish *U* essa música é uma verdadeira obra prima da música gótica e outra das minhas favoritas da banda! Haja fôlego para cantá-la, e é da inconfundível era Turunen! Então aproveitem e apreciem!

Partitura do Amor Fantasma
Costumávamos nadar nas mesmas águas da luz da lua
Oceanos distantes do dia que está para nascer


Tudo nas letras do Nightwish é amplamente interpretativo, mas vamos tentar. Luz da lua, as tais “águas”ai representam a fluidez de uma relação estável, porém não estagnada, eles caminhavam juntos e enfrentavam as mudanças juntos também, na segunda estrofe vemos o que poderia representar o destino, algo inalcançável e ao mesmo tempo inevitável.

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Se você for aquele que me ferir
Eu sangrarei eternamente

Bom, essa música tem aquele lirismo romântico que hoje é considerado a famosa relação “não saudável”. Dá pra ver nitidamente que o eu lírico doa-se completamente para seu amado (a) colocando toda a sua esperança e vida nas mãos dele (a) ambos são um só e se ele chegar a ferí-lo será uma ferida que jamais cicatrizará. Eu gosto mais porque isso me lembra a geração do romantismo, longos vestidos, sacadas, chás e declarações de amor sussurradas.

A essência do mar antes do despertar do mundo
Me leva até você
Dentro da triste memória

Bom, até aqui está bem claro que estamos falando de um amor impossível, porque na verdade ele está morto. Daí o nome da música. E como sempre o que resta? Lembranças. Os primeiros versos falam sobre um estado de estupor, o despertar do mundo me parece algo como a volta da realidade, como se o eu lírico estivesse agonizante, louco.

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Se você for aquele que me ferir
Eu sangrarei eternamente

Dentro da triste memória...

Uma sereia das profundezas veio até mim
Cantou meu nome, meus desejos
Enquanto ainda escrevo minhas canções daquele meu sonho
Que valia tudo que eu ainda poderei me tornar

Aqui reforça a minha teoria de que ele perdeu completamente a razão, né? Mesmo assim, é como se ele conseguisse vê-la, o objeto de sua devoção, e agora sabemos que é uma mulher, o que torna nosso eu lírico um homem (nada contra os homossexuais ta?) em forma de seria ela aparece para ele, despertando o amor e a luxúria dormentes em sua pele, ele poetiza os sonhos, tenta manter viva a esperança de que ainda há um futuro, mas o que ele me passa é que é uma pessoa que perdeu tudo.

A criança nascerá novamente
Aquela sereia o carregou até mim
O primeiro deles ama verdadeiramente
Sentado nos ombros de um anjo
Sem se importar com o amor e a perda

Esse primeiro verso me remete à pureza, inocência, através da alma doce de uma criança (pelo menos nas de antigamente u.u). Era isso que ela fazia dele, um eterno menino, carregava sua inocência em si, ele a amou mais que qualquer coisa, agora ela estava em algum lugar inatingível, insensível a qualquer sentimento. (Em resumo: morta né?)

Me leve pra casa ou me deixe sozinho
Meu amor no coração escuro da noite
Perdi o caminho à minha frente
Aquele atrás de mim me guiará

Acho que essa é uma fala dela... Não tenho certeza. Mas é nítido o sentimento de confusão, mas o desejo de libertar-se do sentimento aprisionador que o mantem no cárcere da loucura, os sentimentos em completa neblina densa, sem caminho, guiado por um fantasma distante e inalcançável. 

Me pegue
Me cure
Me mate
Me leve para casa
Em todos os caminhos
Em todos os dias
Só mais uma volta no pescoço do enforcado

O desejo de morte, o ápice da dor que parece nunca findar, ele anseia ficar ao lado dela, anseia que ela atenue seu sofrimento... Ele se sente sufocado pela vida, pela dor, por si mesmo... Mais um pouco de dor já não faz a mínima diferença.

Me leve, me cure, me mate, me leve pra casa
Todo caminho, todo dia
Eu ainda fico nos vendo dormir

Reviva o velho pecado de Adão e Eva
De você e eu
Perdoe o monstro adorador

...Aprisionado pela presença dela, incapaz de deixa-la partir imerso na luxúria insaciável que ela deixou em cada parte do seu ser. Sente-se um “monstro adorador” que a venera acima de qualquer coisa.

Me faça voltar até a infância
Mostre-me a mim mesmo sem a concha
Como a chegada de Maio
Eu estarei lá quando você disser
Hora de nunca segurar nosso amor

Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Você foi quem me feriste
Agora eu sangro para sempre

Ele anseia a sensação que ela podia lhe ofertar, a magia de seu coração de menino que agora está envelhecido pela amargura deixada por sua perda, ele espera ansiosamente pelo chamado silencioso da amada, pela eternidade ao lado dela onde nada mais existe além do amor que compartilham. Ela está nele, ele está nela e ambos estão condenados a sangrar para sempre até que possam unir-se novamente.

Viram porque eu amo essa música??


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Entenda a letra: Primavera In Anticipo

A música de hoje não é de origens do Inglês. Vamos dar um pulo para Itália hoje, e o motivo disso - além de eu amar a Laura Pausini - é que essa música fez parte de um projeto muito especial que em breve eu conto para vocês, por hora vamos curtir a letra linda dessa música.

Primavera Antecipada

Para descontar eu não dou
Nada disso que eu tenho
Nem mesmo um mínimo calafrio, agora não
...é o ar que eu respiro
...é minha queda a seus pés
...é a minha canção
Eu canto quando você for embora
Confesso que eu não entendi muito bem essa música, fazendo uma "análise" por assim dizer, dela junto ao vídeo, a letra fala de encontro e procura. Nessa primeira estrofe a gente vê que ambas as pessoas (porque é um dueto) são bem decididas, mesmo com a perda eles não se deixam abater e quando se apaixonam. E versos como "é minha queda a seus pés" me passam a ideia de que já estão apaixonados.
Confesso, és a minha razão primeira
Agora em mim
De tudo o que existe de bom
Até aqui, nós percebemos que é uma declaração de amor, mas não esses "amores de hora" que vem como um vendaval e só deixam destruição por onde passam, estamos vendo aquele amor que cresce aos poucos, capaz de, como diz a letra da música, antecipar a primavera mesmo no mais árduo inverno.
Ahahah... eu sei
És a primavera antecipada
Ahahah... é a prova que demonstra o efeito que você tem em mim
Porque...
...todas as minhas esperanças e os meus medos (minhas esperanças e meus medos)
Neste momento estão claros
Você é o escolhido
Minha lua, minhas estrelas, meu sol.
Como dito na estrofe anterior, o amor que muda estações, eu acho a relação deles tão lindinha - por mais que isso tenha soado meio gay! - e olha só, não é por nada não, mas noventa por cento das garotas de hoje em dia ( e não estou generalizando) acharia "careta" ouvir esse último verso, "você é o escolhido minha lua, minhas estrelas, meu sol." e os garotos também, vivemos numa sociedade onde o verdadeiro romantismo está morto e enterrado. Infelizmente. Felizmente não para os nossos eu-líricos, que usam de todo esse carinho suave para declara-se.
Por isso, nos pulmões o ar muda
Afinal de contas, você sabe
És tudo de bom que existe
Ahahah... eu sei
És a primavera antecipada
Ahahah... é o exemplo que demonstra quanto efeito que você tem em mim
Flores que nascem das amoreiras
Aqui fora cicatrizam os meus erros
Agora, vamos olhar um pouco além da metáfora, é mais que o amor que simplesmente transforma inverno em primavera, é o amor que transforma a vida - para melhor - na minha concepção, o inverno simboliza a vida triste e vazia que havia antes de o outro aparecer, a constante procura por algo - ou alguém - capaz de doar-se em calor e afeição. E o encontro de alguém capaz de mudar essa realidade, que no caso é representada pela primavera, e aceita-lo do jeito que ele é, com seus defeitos, ignorando os seus erros do passado e em conjunto construir um novo presente e um novo futuro.
É você, sem nenhuma dúvida, o criador desta primavera que há, em mim,
Aqui fora
No nosso auto-retrato
Primavera in anticipo fala sobre a busca de alguém que consegue completar você, de um amor sincero e, no meu ver, até um pouco utópico. Alguém capaz de te fazer enxergar a beleza que há em você e na vida, capaz de transformar o mundo à sua volta e preencher os vazios que há dentro do seu coração.

E ai? Gostaram?

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Entenda a Letra: Valentine - Xandria

Eae!
Então eu to voltando com o entenda a letra dessa semana - acho até que eu vou colocar isso como tag de sexta! - e nessa semana a gente volta com o bom e velho metal sinfônico dentro do gothic metal, com a linda e maravilhosa Manuela Kraller, e essa profunda e belíssima música que é Valentine. O motivo de eu ter escolhido essa letra foi uma colega de curso de inglês que se chama Valentina, a minha personagem de Beauty and The Beast que também se chama Valentina e também o fato de eu ter me re-apaixonado pela música nessa semana. É uma letra bem ambígua e interpretativa, então possívelmente eu não vou me dar muito bem com ela, fiz pouca pesquisa e dei a minha visão sobre a letra. Então fiquem a vontade para complementar e dar seus pontos de vista - com educação u.u'.
Valentim
Seja o Valentim, parta o meu coração
Dê a sua inocência para o mais brilhante dos sonhos
Esta é a época da colheita, provar o vinho vermelho-sangue
Desta arte dourada, que é derramada a partir do meu próprio
Coração
A letra dessa música não é só intensa, mas interpretativa e até mesmo histórica. Eu obviamente não sou “estudada” o bastante para analisa-la profundamente, mas vou tentar. Valetim se refere à um bispo romano que realizava casamentos em uma época que Claudio II, imperador de Roma, impediu que os jovens se casassem a fim de formar um enorme exército. Quando a letra refere-se Valentim, é como os namorados assinam as cartas entregues ao amado no Valentine’s Day. Mas ao que parece o eu lírico dessa música não está muito feliz. Vendo de maneira interpretativa, a segunda estrofe revela muita coisa, entregar-se – possivelmente – de corpo e alma à uma ilusão, um amor que não vai durar, a época da colheita pode ser interpretada como o dia dos namorados por exemplo, a arte dourada que é a conquista, o sentimento derramado do coração puro que conhece o amor pela primeira vez e a dor de tê-lo desfeito.

É tão difícil ver a meu rosto
Na desgraça fria do espelho
Eu quero saber o que é isso que me tornei
Um desejo infantil abandonado
Tão fácil para seduzir
Parece que é apenas um passo para cair
Viu como eu disse que a letra da música é altamente interpretativa?
Bom, aqui nas três primeiras versos fica bem na cara que o eu lírico dessa letra se odeia – bem like me – e a confusão sobre si mesmo pode ser originada de n possibilidades entre elas a amargura de ter sido constantemente magoada. Esses últimos versos contradizem o fato de ter sido muito magoada, mostram que o eu lírico pode ser uma “iniciante” na arte do coração, e assim fácil de ser seduzida e, consequentemente, magoada, apenas um passo para sua própria destruição.

Seja o Valentim, parta o meu coração
Dê a sua inocência para o mais brilhante dos
Sonhos
Eu não falo do refrão duas vezes, mas essa parte dele me chama a atenção, ela fala diretamente para a pessoa que gosta e pede que ele lhe parta o coração, porque é o que ela espera que ele faça. No segundo verso, o brilhante e inalcançável sonho é o amor que ela acredita ser impossível.
Mal posso escrever estas linhas
Porque eu já assinei
Meu nome através da parede de orações
Agora, eu ouvi meu nome
Soando como uma culpa
Eu fecho meus olhos e começo a cantar minha canção
É nítido que essa garota (ou garoto né) ta sofrendo. O terceiro e quarto verso me chamam a atenção, escrever o nome através da parede das orações pode implicar dizer que ele ou ela reza para alguém o que me reforça a ideia de São Valentim dita na primeira estrofe. Nos versos seguintes, é como se o sentimento que ela nutria dentro de si, e que se permitiu viver tivesse sido interpretado como um erro, provavelmente até mesmo pela pessoa objeto de sua devoção, daí o nome “soando como uma culpa”.
Seja o Valentim, parta o meu coração
Dê a sua inocência para o mais brilhante dos
Esta é a época da colheita, provar o vinho vermelho-sangue
Desta arte dourada, que é derramada do meu coração

Se eu estou olhando para trás
Esquecendo-me do tempo
Há algo que está queimando sem parar
Só há – para mim – uma maneira de encarar essa estrofe: revivendo o passado que não pode voltar para desfazer, nada queima tanto por dentro do que lembranças, principalmente lembranças de algo que você anseia esquecer.

Oh, oh, oh pactum, fraudis! (X4)
Sanguinans!
Para os que não falam Latim (nós temos uma noção mínima em letras) “Pacto, Fraude, Sangue!” Isso até me lembra Romeu e Julieta. Pacto pode representar as promessas feitas para serem quebradas, fraude é o momento da descoberta de que elas não eram verdadeiras, e ainda mais, pode ser interpretada pela maldade de sentimento de quem mente. Sangue... Bem... As consequências deixadas por essa atitude cruel. Lembram que na quarta estrofe o eu lírico escrevia, possivelmente ele pode estar escrevendo uma carta de suicídio? É uma letra gótica (gothic metal, doom metal) é muito possível.
Eu vivo em memórias, lançado em melodias
Eles morrem em harmonia com a ganância e traição
Reforçando a estrofe anterior ao latim, viver em lembranças, lançada em melodias pode significar uma maneira de amenizar a dor. Já o segundo verso fala da pessoa que a feriu, e o fato de “Morrer” não está diretamente ligado ao fim da vida, mas ao caminho que essa atitude vai levar as pessoas que o trilham.
Seja o Valentim, parta o meu coração
Dê a sua inocência para o mais brilhante dos
Esta é a época da colheita, provar o vinho vermelho-sangue
Desta arte dourada, que é derramada do meu coração

Como eu posso fugir dessa dor sem fim?
Se ela estava mesmo escrevendo uma carta de suicídio e tudo nessa letra indica um desejo profundo de morte, eu não preciso mesmo responder a essa pergunta não é?

---////---

Um dado Histórico:
São Valentim (ou Valentinus em latim), é um santo reconhecido pela Igreja Católica e igrejas orientais que dá nome ao Dia dos Namorados em muitos países, onde celebram o Dia de São Valentim. O nome refere-se a pelo menos três santos martirizados na Roma antiga.
O imperador Cláudio II, durante seu governo , proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderosoexército. Cláudio acreditava que os jovens, se não tivessem família, alistar-se-iam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimónias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, Astérias, filha do carcereiro, a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270.
Entretanto, desde 1969 sua data não é mais celebrada oficialmente pela Igreja Católica em função da precariedade de comprovações históricas que levam em questão até mesmo a sua existência.1
[FONTE: Wikipédia]



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Diário de Uma Paixão - Resenha Livro + Filme

Original: The Notebook

Autor: Nicholas Sparks

Ano: 1996

Gênero: Romance, Drama

Sinopse: Duke é um homem simples com uma vida modesta, mas amou alguém de todo o coração e, para ele, isso sempre foi suficiente. Na clínica de repouso em que vive, Duke se dedica a ler poemas para os outros pacientes, mas, para uma senhora que sofre de Alzheimer – e somente para ela –, lê um diário especial à espera de que um milagre aconteça.

Nele está escrita a emocionante história de Allie Nelson e Noah ¬Calhoun, dois jovens que descobrem o verdadeiro significado da paixão, mas são separados por uma série de obstáculos e mal-entendidos.

Muitos anos depois, a vida dá conta de uni-los novamente e a paixão volta com todo o seu fulgor. Já noiva de um bem-sucedido advogado, Allie precisa optar entre manter o rumo estável de sua vida e se entregar ao verdadeiro amor, correndo todos os riscos.

Com a leitura do diário, Duke recorda a própria vida e, às vezes, a senhora consegue romper as barreiras da doença e retomar sua antiga identidade alegre e vivaz. E, sempre que isso acontece, Duke tem a certeza de que o amor relatado nas páginas do diário é a força mais poderosa do Universo.

Eu já havia visto o filme desse livro antes, e como acontecera com Orgulho e Preconceito eu temia detestar o livro e o peguei apenas com a curiosidade de ver o quanto do livro havia no filme e o quanto do filme havia no livro. Fora uma surpresa. A adaptação fora feita de maneira “fraca” e fora de ordem, mas muito semelhante ao livro, por isso eu gostei tanto.

Voltando à história. Diário de uma paixão é o tipo de livro que mesmo que você não queira, chora enquanto folheia as últimas páginas... É um tipo de amor que não existe mais, que eu acho mesmo – por tudo que já vi – até difícil que tenha mesmo um dia existido. Acompanhamos Noah e Allie em um mundo de dificuldades, preconceitos sociais, amor juvenil e maduro e a real beleza da vida... Eles construíram juntos uma história que eu desconfio muito que possa um dia ter sido real para alguém, ao mesmo tempo em que oro dentro de mim para que possa ter existido e, assim, me agarrar a esperança de que o amor é realmente a força que eu acredito que seja. Noah é um exemplo de que não devemos desistir de nada, não importa o quão difícil sejam as coisas, ele nos ensina a apreciar a beleza verdadeira da vida, a ver e dar importância ao que realmente é fundamental, a ser honesto e plantar boas sementes por onde quer que passemos, a ser trabalhador e não ter medo de se entregar ao que se sente. Allie é o tipo de pessoa com quem eu me identifico, não pelo fato de ser rica – o que eu não sou. – e ter tudo que quer à mão, mas pelo fato do medo que tem de tudo ao mesmo tempo em que vive em um ímpeto de quebra-los e arriscar. Ela é sincera, e é ai que acaba a semelhança entre nós, porque ela também é espontânea, é dinâmica, cheia de vida, uma verdadeira arista, como afirma Noah. E juntos eles fizeram diferenças virarem igualdades, dificuldades se tornarem festas, tristezas se converterem em força e o tempo o palco e expectador da mais poderosa manifestação de amor já pensada um dia.

Ler Diário de Uma Paixão foi mais que uma viajem para um lugar distante com pessoas novas – como as leituras me costumam ser – foi um despir das minhas emoções e sonhos, foi um enfrentar de sentimentos e um expectar de algo transcendental, único, sincero e intenso. Um amor como o descrito nesse livro é algo que não pode ser explicado por nada, é algo divino e tão alto como só Deus poderia ter feito. Cada palavra que meus olhos fitaram e minha mente captou ficou guardada no meu coração e na esperança de que, mesmo sozinha, pelo menos por um momento em minha vida eu pude acreditar que existe algo maior que a vida, a dor e a morte, que eu acreditei realmente que o que chamam amor realmente existe.

 Adaptação:

Ano: 2004

Diretor: Nick Cassavetes

Roteiro: Nick Cassavetes, Jeremy Leven, Jan Sardi

Elenco: Ryan Gosling, Rachel McAdams

Agora vou falar um pouco sobre o filme, a adaptação de 2004 The Notebook, tem pouco ou nada a ver com o livro! Poderia até dizer que há dois Diários de uma paixão, o livro e o filme. Começando pela personalidade do Noah, que no livro é descrito por Allie como um cara muito tímido no primeiro encontro deles e no filme pula em uma roda gigante e acaba de cuecas – se isso é timidez então eu tenho problemas mentais! - a ordem de acontecimentos é completamente diferente e a maneira como o passado e o presente são expostos também está em quase completo desacordo com o livro, como, por exemplo, temos: A visita de Martha a Noah quando Allie está com ele que no livro não acontece; a chegada da mãe de Allie na casa de Noah, que é, no livro, atendida por ele e participa da conversa que ela tem com a filha, e no filme apenas ela e Allie fazem parte da conversa. O amor de juventude da mãe que não é citado no livro; o diálogo entre Allie e Lon que foi completamente modificado assim como a leitura do diário e os diálogos na casa de repouso.

Isso entre tantas outras coisas; é como se o roteiro do filme tivesse se baseado bem parcialmente no livro, não que tenha ficado ruim, não ficou, mas acho que deveriam ter dado juiz ao nome adaptação, que certamente não se aplica a esse filme em relação ao livro. O final de ambos também foi modificado – e bem modificado – podemos dizer que no livro o final é razoável, e no filme é trágico e triste embora igualmente belo. Em minha opinião, (se não entendeu essa expressão releia antes de me criticar) quando Nicolas Sparks escreveu o final de Diário de uma paixão ele estava pensando em algo comovente e esperançoso, como o milagre ao qual Noah se refere intensamente nos últimos capítulos... E esse milagre se dissolveu no filme, transformando-o em um Romeu e Julieta da vida quase... Algo profundo, mas com um desfecho triste – e confesso, eu chorei demais quando assisti a primeira vez! – novamente reforço o que eu disse, em momento algum disse que o filme é ruim, mas não acho de forma alguma que ele tenha a ver com o livro. De qualquer forma, vale a pena vê-lo, eu recomendo tanto quanto o livro.

 Bom galera, essas foram as minhas impressões de ambos e essa é a minha resenha para Diário de Uma Paixão. Espero que tenham curtido. Estou atualmente lendo A Menina que Roubava Livros, que peguei emprestado com uma amiga. Minha meta de leitura de 2013 foi concluída com êxito e estou imensamente satisfeita.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Entenda a Letra: For Amelie - Leaves' Eyes

Olá pessoas! Então estou aqui de volta com a música da semana e trazendo até vocês uma letra da qual eu fui compelida a aprender pela minha leitora linda Roberta Machado – a quem carinhosamente chamamos de Clara *U* - ela me indicou a música para um cover e eu gostei muito tanto da letra quanto da melodia que é um conjunto harmonioso e lindo então vamos ver o que eu captei em Por Amelie?

Por Amelie
Por que você não me sente?
Por que não posso segurar sua mão?
Você nunca disse que me deixaria
E eu sei que você está em algum lugar
Bom, mesmo sendo cantada por uma mulher dá pra notar de cara que a letra não é no sentido mulher>homem e sim ao contrário homem>mulher, até o nome da música acusa que o eu lírico é masculino. Nessa primeira estrofe as perguntas sugerem que ele está afastado do objeto de sua devoção, e seu sofrimento podemos dizer até passivo torna-o imerso em sua melancolia. A letra também pode indicar a cena de um amor impossível.

Eu levantei você
Toda vez que você estava mal
Seu pranto parava
Quando eu estava por perto...mas...
Pois é, aqui a gente tem a clássica visão do sentimento de abandono, a indignação de ser deixado por alguém pelo qual você fez tudo. Ou mesmo – no caso do amor impossível – o fato de eles estarem perto e não poderem ficar juntos de verdade. Através dessa estrofe e principalmente nos dois últimos versos podemos ver que eles tinham uma amizade forte.

Por que você não me ama
O bastante pra ficar comigo?
Agora me diga sinceramente
Isso estava lá no seu coração também?
Tudo o que levo comigo
É um sonho meu e seu
Nesse ponto da música nós temos um empasse. Nos dois primeiros versos, a pergunta denota a possibilidade do abandono, dá a entender que, por alguma razão ela optou por deixa-lo, por desistir do que eles tinham, e na segunda pergunta ele questiona se a relação que havia entre eles era realmente recíproca da parte dela. Nos últimos versos ele mostra o que restou em sua vida, o sonho distante arrancado da possível realidade.
Eu levantei você
Toda vez que você estava mal
Seu pranto parava
Quando eu estava por perto...mas...

Você preenchia minha alma
Com sua beleza e com esperança
Nós somos diferentes sobretudo
Nós éramos como água na areia
Nos primeiros versos dessa estrofe vemos como a paixão e o sentimento (eu não gosto de usar “amor”) era verdadeiro, ela era o centro da vida dele a razão pelo qual a vida e o mundo tinham cor e brilho, e mesmo no contraste existente – representado no terceiro verso – eles se fundiam, se completavam como “água na areia”.

Por que você não me sente
Por que não posso segurar sua mão
Você nunca disse que me deixaria
E eu sei que você está em algum lugar

Eu levantei você
Toda vez que você estava mal
Seu pranto parava
Quando eu estava por perto...mas...

Eu segurava você bem forte
Quando você caía no chão
E agora você destruiu toda a minha esperança
Você poderia ter dito adeus
Essa última estrofe para mim é a mais triste... O sentimento de companheirismo que foi quebrado de maneira tão fria me parte o coração... E nos dois últimos versos a gente tem a certeza de que ele foi (trocado) abandonado por ela, e ainda diz que ela poderia simplesmente ter dito adeus ao invés de iludi-lo daquela maneira.
Por Amelie é uma letra linda não acham? Roberta minha anjinha logo eu faço seu cover, essa última estrofe da música tem uma oscilação de tom que eu estou com um pingo de dificuldade de pegar! Mas eu amei a música e super te agradeço a indicação! Agora confiram ai o som lindo e essa música incrível na impecável voz da Liv Kristine em Leaves’ Eyes.