quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Eleanor e Park - Rainbow Rowell

Título Original: eleanor & park
Ano de Publicação: 2013
Páginas: 286 (versão econômica), 329 (edição normal)
Gênero: romance
ISBN: 1250012570

Sinopse: Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo. (Via Skoob)

Então, finalmente terminei de ler o tão recomendado e bem falado eleanor e park (ainda tentando entender por que colocaram os nomes deles em letra minúscula, mas okay). A história se divide entre as vidas dos protagonistas trazendo temas como autoimagem, bullying, fuga, abuso infantil e doméstico. Eleanor é nova na escola e logo no primeiro dia já enfrenta as consequências por causa de sua aparência exótica: cabelos muito vermelhos, pele com sardas e peso muito fora do padrão. Não bastasse tudo isso ainda vem sua escolha de roupas que não ajudava em nada. As pessoas no ônibus fazem dela chacota e o único que parece completamente alheio ou indiferente a isso é Park, o garoto asiático que olha pela janela. Percebendo a situação e irritado com o tumulto, ele apenas manda (não muito gentilmente) ela sentar ao lado dele no banco. Esse é o começo de uma relação baseada em nada mais que o sentimento evolutivo.
A graça de Eleanor e Park é que eles não têm uma relação instantânea, começa com o sentar lado a lado sem nenhuma palavra, depois com a curiosidade dele com relação ao que ela esconde por trás daquela aparência absurda, os interesses em comum que surgem silenciosamente, a vontade de falar e de conhecer o outro que é despertada com ações, tão lentamente quanto a passagem de uma noite no inverno ou de uma estação para outra. Acho que esse diferencial é o que não faz o livro ser totalmente ruim. Mas não é suficiente para fazê-lo totalmente bom.
Eleanor mora com o padrastro, a mãe e os quatro irmãos em um casebre que pertence ao padastro a quem ela odeia. O pai os abandonou quando ela era não muito pequena. Richie, seu padastro, é um homem odioso, alcoólatra,  ele bate na mãe de Eleanor por qualquer motivo (principalmente por alguma coisa que a própria Eleanor fez e ele não gostou), eles vivem em tal miséria que mal tem o que comer, ela veste roupas usadas de qualquer lugar muito barato em que a mãe dela consiga comprar alguma coisa quando acha dinheiro nas roupas do marido alcoólatra.
Park mora com os pais e o irmão mais novo, Josh, que apesar de ser bem mais alto que ele tem apenas vento na cabeça. Seu pai é um veterano de guerra e conheceu a mãe na Coréia. Ele tem uma vida estável apesar de não ter muitos amigos, não bastasse isso ainda é irritado por Steve, seu vizinho que faz bullying com praticamente todo mundo. Ele nunca esperaria se interessar por Eleanor, a garota que se veste como menino e tem cabelo desgrenhado que parece ter sido pintado com sangue ou tinta de caneta. Ela nunca imaginou que o carinha aparentemente perfeito e lindo se interessaria por ela.
Enquanto enfrenta problemas na escola - brincadeiras de mau gosto, apelidos maldosos, alguém riscando obscenidades em seus livros - Eleanor tem a felicidade de compartilhar com Park os poucos momentos no ônibus, as coisas que ele passa a lhe emprestar, as músicas que ele lhe ensina, o mundo que ele lhe abre. Mesmo com o medo constante pelo padrasto e as dificuldades financeiras em casa, ela se sente feliz por simplesmente ter Park na sua vida. Em contrapartida, ele fica dividido inicialmente entre seus sentimentos por ela e o medo que alguém descubra que ele está interessado nela. A questão se resolve quando ela vira alvo de Steve e Park se mete em uma briga para defendê-la. Eleanor não entende por que alguém como Park gosta dela, por que ele não fica com Kim ou Tina que são visualmente bonitas. Park não sabe quando começou a gostar de Eleanor, mas para ele, ela é perfeita.
Contudo, as dificuldades que Eleanor enfrenta podem colocar seu relacionamento com Park em cheque, não apenas por ter de enfrentar a família perfeita dele com seu visual exótico, mas principalmente por causa de Richie, seu padrasto alcoólatra. O livro faz um "caminho de rato" com a relação de Richie e  Eleanor, sabemos que ela o odeia, mas há mais sob isso do que descobrimos até o final. A narração vai oscilando entre os dois, suas primeiras brigas e reconciliações, os primeiros momentos de amor e ódio, a relação sincera que eles constroem apesar dos rótulos que recebem das outras pessoas e que impõem a si mesmos.
Acho válido trabalhar o tema de abuso doméstico, mostra como as mulheres vivem acuadas por maridos violentos, mas acho que a situação da mãe de Eleanor é muito de falta de amor próprio. Ela tinha cinco filhos, era divorciada, caiu na lábia de um homem nojento para dizer o mínimo, mas tinha um irmão a quem recorrer, ela não estava sozinha e desamparada no mundo, tinha opções, a impressão que eu tive é que ela não saía daquela vida porque não queria. O modo como ela sacrificava a vida dos filhos por um homem escroto como Richie  já diz o tipo de mulher que ela é. Eleanor foi outra que me tirou do sério algumas vezes, pesei com cuidado a situação dela em cada momento, melhor que ninguém eu sei que a autoimagem reflete muito no modo como agimos com as pessoas (e eu sou a imagem corporal viva dela, só não sou ruiva), mas ela podia ter sido um pouco mais madura para tomar algumas decisões com relação a Park. A impressão que eu tive, aquém de tudo que li, foi que ela não sabia de verdade se gostava mesmo dele.
Entendi a intenção quanto ao final do livro, mas não sou obrigada a concordar com ela. Havia sim a chance de fazer algo melhor. Uma saída alternativa para a relação dos dois. Pra mim, Eleanor e Park é quele tipo de livro que entra na lista de nem amei, nem odiei. Ele é meio a meio, não totalmente bom e não totalmente ruim. Então não digo se vale ou não a pena ler, deixarem que tirem suas próprias conclusões.

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