Gêneros: Romance, Literatura fantástica, Alta fantasia
Publicação: 2015 (original)
Série: Corte de Espinhos e Rosas #1
Páginas: 434
Minha nota: 4/5
Sinopse: Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira que ela só conhecia através de lendas , a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la... Ou Tamlin e seu povo estarão condenados.
Depois de ouvir tanta gente recomendando com todas as forças de suas veias leitoras essa série, optei, por curiosidade, ler o primeiro livro para tirar minhas próprias impressões. Não é de hoje que amigas me recomendam Trono de Vidro (eu vou ler, juro!), mas como A Bela e a Fera é meu conto favorito depois da Bela Adormecida, optei por ler esse primeiro.
A história segue a jovem Feyre de 19 anos. Depois que seu pai perdeu toda a fortuna e ainda teve a perna praticamente destruída por credores violentos, a família se abriga em um casebre e precisa lutar pela sobrevivência, ou pelo menos Feyre precisa lutar para que eles não morram de fome. Sua mãe era uma mulher fútil e vazia que nada ensinou a ela e deixou-lhe com um par de irmãs em que uma vivia m constante utopia mental e a outra era a encarnação da amargura (embora, aquém de todos os defeitos de Nestha, eu me identifiquei pra caramba com ela).
No meio do inverno, quando as garras da fome e da escassez ameaçam com mais voracidade que nunca sua pobre família sem posses, Feyre sai para caçar mais uma vez, com sorte teria carne para a semana e algo que pudesse vender na vila. A sorte parece lhe sorrir quando avista um animal, mas à espreita um enorme lobo parecia também estar atrás da presa. Após um breve debate mental, a garota abate o lobo cuja pele lhe renderia um bom dinheiro.
O que ela não podia imaginar é que o troféu da sua caçada lhe custaria a liberdade. Dias depois de matar o lobo, um feérico bestial irrompe na sua casa acusando-a de assassinato. Há muitos anos, os feéricos (que eu deduzo serem algum tipo de fada pelo nome) dominavam a terra e escravizavam os humanos. Uma guerra sangrenta sucedeu entre eles e um tratado foi feito com humanos vivendo nas terras ao sul e os feéricos nas terras ao norte, separados por uma barreira invisível. Desde então, histórias sombrias envolvendo as criaturas do outro lado da barreira circundam pelo mundo humano.
É para esse lugar envolto por mitos que Feyre vai em uma tentativa de salvar sua família. Instalada na Corte Primaveril, ela se descobre "refém" do Grão Senhor Tamlin e seu subordinado Lucien. Uma praga estranha amaldiçoou todos na corte a usar máscaras e está se alastrando por toda Prytian, terra dos feéricos. Quanto mais convive com aquele poderoso e bestial feérico, mais Feyre se vê atraída pelo mundo que sempre temeu e odiou sem conhecer. Seu coração e mesmo seus sentimentos - moldados pelas relações familiares conturbadas que lhe criaram uma autorrejeição - passam a se desfazer conforme ela se redescobre parte daquele povo que lhe acolheu e lhe deu um lar.
Mas há segredos obscuros nas entranhas daquela corte, algo que nem Tamlin nem Lucien estão lhe contando e que os demais se recusam a lhe dizer. Feyre vai precisar atravessar o inferno para desvendar o poder atrás da maldição da Corte Primaveril e libertar o Grão Senhor que aprendeu a amar e todo o povo com quem passou a se importar. Mal qual seria o preço a ser pago por contrariar sua natureza?
O livro tem seus méritos, ele apresenta uma personagem feminina forte e nada pura e virginal como se costuma ver (embora ela seja chata pra caramba, mas okay), a concepção do mundo foi feita de forma muito interessante e embora a alusão à Bela e a Fera seja bem sutil, a releitura conta com personagens interessantes e uma trama intrincada de romance, cenas grotescas, macabras, divisões políticas e guerras, como li em algum lugar é uma mistura de A Bela e a Fera com Game of Thrones. Eu fui atrás de spoilers do resto da série, gente, como assim a personagem passou esse inferno todo por um cara e vai acabar com outro?! Meio que foi como se esse livro todo não tivesse nada a ver.
A coisa é que o livro é muito bom, como todo mundo fala, aliás. Mesmo tendo achado a personagem bem chata, rola uma simpatia por ela e sua situação e mesmo a ignorância dela e as atitudes estúpidas, às vezes (e é só às vezes mesmo) podiam ser relevadas pelo fato de ela estar meio alheia ao mundo novo que a circundava e do qual ela só ouvira histórias que se provavam, em boa parte, fantasiosas e cobertas de preconceito. Mas não engoli muito essa proximidade que a autora tentou empurrar pra mim com Rhysand, a apatia de Feyre quando se tornou uma feérica ou mesmo o amor que ela literalmente morreu para provar por Tamlin para depois terminar com outro cara. Isso meio que me tirou a vontade de ler o resto da série.
Outra coisa que eu não curti foi a rapidez com que Amarantha morreu. A mulher tocou o terror geral, fez e aconteceu, obrigou a guria a matar gente inocente, pra no final não dar tempo nem ficar com medo da morte e ter uma espada enfiada na cabeça. Pode ser sadismo meu, mas queria que ela tivesse sofrido mais, não é como se não merecesse.
Uma observação que quero fazer aqui é sobre a conduta de Tamlin. Enquanto lia o livro vi alguns comentários de gente que condenava a conduta dele e diziam que desgostaram dele no final desse livro. Quando eu li Mo Dao Zushi pude sentir na pele o que é uma personagem impotente. Pode não transparecer, mas são as que sofrem mais. Pode até ser que a conduta dele mude nos demais livros, não sei porque não li, mas falando especificamente deste, não querer e não poder fazer algo são coisas diferentes e, na situação dele, vi algo do que Lan Zhan passou conforme via Wei Ying sofrer todas as desgraças do mundo sem poder fazer praticamente nada. Então, quando ele estava com aquela postura impassível e fria, não encarei como uma pessoa que não se importava. Lan Zhan me ensinou isso, a não julgar a conduta de alguém quando não se sabe quais são seus verdadeiros sentimentos. Sem contar que a história é narrada no ponto de vista da Feyre, então a visão dela da situação não pode ser a verdade absoluta daquele mundo e daquelas pessoas, especialmente se levar em conta que ninguém, por mais próximo que seja, conhece ninguém de verdade.
Pesando os prós e contras, gostei de como a personagem foi construída, forte, mas sem abrir mão das suas fragilidades e dos seus medos, o que só tornava a coragem dela ainda mais inspiradora, a dualidade das demais personagens com pontos fortes e fracos bem definidos que, por vezes, nos colocavam em dúvida sobre suas intenções ou caráter foi uma jogada bacana, mas do meio pro fim do livro ficava sempre com aquela sensação de que a história estava me jogando para um desfecho que eu não ia gostar, quando peguei os spoilers a desconstrução do que foi construído nesse primeiro livro meio que me deixou com a sensação de ler tudo isso pra nada. Vou pensar com calma se vou continuar a série, mas recomendo para quem gosta de fantasia com um quê mais sombrio.
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