domingo, 30 de agosto de 2020

[Relendo&Resenhando] Tormenta

 

Original: Torment

Autora: Lauren Kate

Páginas: 452

Ano: 2010

Gêneros: Romance, Romance de amor, Ficção juvenil, Literatura fantástica, Ficção paranormal

Sinopse: Inferno na terra. É assim que Luce se sente quando está longe de seu namorado, um anjo caído, Daniel.Demorou uma eternidade até que eles se encontrassem, mas agora ele lhe diz que precisam se separar novamente. Somente pelo tempo necessário para caçar os Párias ― anjos caídos, como ele, mas que desejam Luce morta mais do que tudo. Daniel leva sua amada mortal até a Shoreline, uma escola na rochosa costa californiana que esconde alunos com talentos únicos: os nefilim, filhos ou descendentes de relacionamentos entre anjos e mortais.Na Shoreline, Luce aprende mais sobre as sombras, e como pode utilizá-las como janelas para suas vidas passadas. Porém, quanto mais Luce descobre todas aquelas Luces anteriores a ela, mais ela suspeita que Daniel está escondendo um segredo ― um segredo mortal. E se a versão de Daniel para o passado dos dois não é exatamente verdadeira? E se Luce devesse estar com outra pessoa ― em uma vida não amaldiçoada por esse amor proibido? Será que ser amada por um anjo vale todo o sofrimento em séculos de existência?

Primeiramente, gostaria de me desculpar. Sei que essa resenha deveria ter saído no fim de Agosto e agora a primeira leitura de setembro deveria estaria sendo resenhada, mas problemas de força maior bagunçaram todo meu cronograma, a coisa é, meus amigos, que esses dias tornam meu futuro meio incerto, estou tentando viver apenas um dia de cada vez e vou seguindo conforme vai dando. Vou ler menos esse mês, mas é como é... 

Bem, na sequência de Fallen, após a biga entre anjos na Sword & Cross que colocou Cam e Daniel em lados opostos e culminou na morte de Penn pela senhorita Sophia, os dois lados - anjos e demônios - decidem por uma trégua por um mesmo objetivo: manter Luce viva e segura até que ela se lembre quem é de verdade e seu papel ao lado de Daniel. Para isso, a escola Shoreline é escolhida para escondê-la, especialmente por ser gerida por um demônio e um anjo em conjunto.

Luce não aceita a ideia muito bem, especialmente porque Daniel a deixa completamente no escuro sobre a razão pela qual não pode ficar com ela na escola ou o que está acontecendo fora do território do seu novo esconderijo. Mas, ao contrário da Sword & Cross, a Shorline é uma escola de luxo com acomodações aconchegantes, uma bela vista e alunos bem mais receptivos, ainda que sua colega de quarto, Shelby, não seja o melhor exemplo disso.

Logo que chega, Luce descobre que é muito famosa entre os alunos de sua turma, especialmente porque todos eles são parte anjo, é aí que ela descobre a existência dos nefilins. Apesar de Shelby não ser muito receptiva, Miles, Dawn e Jessica se tornam cola nela sempre tentando animá-la e fazendo-a se sentir bem vinda. Na escola ela começa a aprender um pouco mais sobre o mundo escondido que se descortinou aos seus olhos quado Daniel revelou ser um anjo. Especialmente sobre os anunciadores. Aos poucos, por mais que o receio com as sombras permaneça, Luce vai descobrindo façanhas sobre as criaturas que, até então, nunca sequer passaram pela sua mente e que, para variar, Daniel também não lhe explicou.

Quando mais os dias vão passando, mais Luce começa a se questionar a respeito de sua relação com Daniel, em especial pelo fato de ele sempre a deixar no escuro com relação a tudo. Ao descobrir que os anunciadores servem para vislumbrar o passado de quem os invoca, ela começa a mergulhar em seu passado com a ajuda de Shelby. Ao mesmo tempo, sua aproximação com Miles começa a fazê-la duvidar do poder dos seus sentimentos por Daniel e quanto mais rigidas são as regras que os anjos impoem a ela, mais Luce se vê tentada a quebrá-las.

Numa dessas infrações ela acaba encontrando Cam e um pária. É quando ela descobre que há mais perigo do que ela poderia imaginar, ainda assim, por mais que tenha recebido informações de Cam, Luce não confia totalmente nele e acaba outra vez frustrada com o silêncio de Daniel. Cada novo encontro proibido dos dois, uma nova briga sobrepuja os momentos doces. Em suas aulas na escola, ela acaba aprendendo mais sobre os nefilins e os anjos, além de aprender que consegue invocar e ver seu passado através das sombras, conforme vai descobrindo algumas de suas vidas anteriores, Luce vai desejando interagir com seu passado e uma pesada confusão a faz começar a duvidar não apenas do amor de Daniel, mas da sua conduta em relação a ela.

Conforme o clima com Daniel vai ficando pior, sua relação com Miles vai mostrando muito potencial assim como a amizade com Shelby. Os dois não só ficam ao lado dela, como ajudam-na com os anunciadores, mas a rebeldia de Luce pode não apenas acabar com os planos de Daniel, mas colocar seu amigos em sério perigo. Viajar pelo seu passado também e quando os párias formam um cerco que ameaça seus pais, Luce vai precisar de muito mais que coragem para vencer a própria teimosia e as dúvidas pelos sentimentos de Daniel.

Parece que é regra todo segundo livro de série ser chato e Tormenta não foge em nada à regra. Mesmo com a maravilhosa escrita da Lauren nada parece salvar o estado patético no qual Luce se converte nesse livro e, se por um lado procuramos tentar entender a posição da personagem, algumas atitudes infantis dela não dá mesmo para defender. Claro que Daniel não é isento de culpa, ele deveria ter deixado a situação dela mais clara ao invés de ficar distribuindo ordens que soavam como uma afronta à liberdade dela, mas desde o primeiro momento que ela se tornou consciente do perigo que lhe cercava, todas as atitudes de menininha mimada de Luce foram estupidezes que não dá mesmo para perdoar.

Ela se tornou apenas chata. É um fato. Tanto quanto Shelby era no começo e apesar da personagem ir melhorando um pouco ao longo da história a gente ainda fica meio azedo com ela. Miles é aquele típico personagem de friendzone que aqui soou meio forçado ao meu ver, sei lá, não importava o quanto a Lauren tenha tentado fazer a aproximação dele com Luce parecer natural, eu sempre achava tão fraquinho e até desnecessário esse clima deles já que era claro que ela ficaria com Daniel no fim das contas, quer dizer, realmente não precisava disso. Mesma coisa para aquele passado de Daniel e Shelby, mesmo que esse ainda soasse mais crível que o pseudo romance de Luce e Miles.

Ainda assim, continuo gostando muito da saga e a história tem sim seus pontos positivos. Além de ser muito bem escrita (embora a revisão pecou feio nessa minha edição) ele tem um clima legal, boas descrições e gostei muito do contraste de Francesca e Steven, especialmente pelo modo como Francesca, sendo um anjo, soava por vezes falsa e autoritária. Ainda ganha do Crescendo (hush hush 2) porque mesmo que Luce tenha agido de forma bem infantil nesse livro, não pode se comparar a estupidez de Nora.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

[Drama] The Sand Princess

Original:  เจ้าหญิงเม็ดทราย

Gêneros: Amizade, Comédia, Romance, Drama

País: Tailândia

Episódios: 14

Ano: 2019

Elenco: Pimchanok Luevisadpaibul (Baifern) 

Worrawech Danuwong (Dan) 

Chutavuth Pattarakampol (March)

Sinopse: Kodnipa, uma menina órfã que cresceu com a avó, foi estudar na cidade. Durante esse tempo, ela conheceu Jirapat, o herdeiro rico dessa cidade. Ambos se tornaram amigos. Mas chamar de amigos não é tão bom assim. Ela é mais como uma freelancer de Jirapat porque ele a ordena que ela o sirva com frequência. Mas pelo dinheiro, ela sempre faz suas vontades. 

Jirapat tem um irmão mais velho chamado Kirakorn, que tem uma noiva chamada Apisada. Jirapat disputa rouba a noiva de seu irmão. Kirakorn sofre muito com esse assunto, mas não pode fazer nada. Além disso, esta é uma decisão de Apisada, então ele não tem o direito de impedir esse amor.  

As coisas ficam mais complicadas quando Jirapat tem um relacionamento secreto com uma jovem e a engravida. Jirapat acaba pedindo a Kod para ser a mãe de Mochi com um salários de dois milhões de baht, Kodnipa cria Mochi em um condomínio que é um condomínio de um dos projetos de Kira. Ela começa a amar Mochi como sua verdadeira filha. Um dia, Kodnipa precisava ir a Chiang Mai, então teve que levar a criança com ela. E desta vez em Chiang Mai, ela conhece Kirakorn sem saber que Kirakorn é o irmão mais velho de Jirapat. E parece que Kirakorn está se apaixonando por Kodnipa. E assim começa a história caótica de Kodnipa, Jirapat e Kirakorn.

Baseado na novel เจ้าหญิงเม็ดทราย por Ancharee.

Onde Achar: Wei Fansub. Mahal Fansub e LuannaSou

Eu tentei os links do Mahal e do LuannaSou, mas estavam quebrados. Os do Wei estão funcionando.

Quando a galera do Mahal anunciou esse drama ano passado eu fiquei maluca para assistir, era justamente o tipo de história pela qual eu me apaixono com facilidade e os  trailers faziam meus olhos brilharem! Acabei colocando esse ano porque não estava conseguindo ficar presa em nenhum outro drama e lembrei que ainda não tinha visto ele, sem contar que era pequeno então eu conseguiria terminar antes do fim de agosto. Esse mês foi meio complicado, estou com problemas em casa então acabou afetando tudo, a leitura do projeto de releitura, os dramas, os trabalhos, enfim...

A história do drama gira em torno de Kot, uma jovem que foi abandonada pela mãe quando criança e, por isso, começou a trabalhar desde cedo para conseguir ajudar a avó que era quem lhe criava. Com muita dificuldade e sofrendo preconceito por ser órfã, Kot cresceu e começou a trabalhar como garçonete em um bar/café que foi onde conheceu Ji. De início, a beleza de Ji encantou Kot como se fosse um conto de fadas, mas logo ela descobriu que sua história estava bem longe de ser bonita e Ji nem perto de ser um príncipe.

Em um piscar de olhos, Kot se vê como a escrava de Ji realizando qualquer trabalho por dinheiro, como os trabalhos da faculdade, comprado lanches ou cozinhando para ele! Porém, é graças a esses trabalhos que ela consegue pagar a mensalidade e se formar com louvor. Quando Ji vai estudar no exterior, Kot pensou que teria finalmente uma folga para viver sua vida e, finalmente, focar no sonho de ter seu próprio restaurante. Contudo, uma das ficantes de Ji aparece grávida. A melhor amiga de Kot, Meaw, liga para ela anunciando que a garota planeja fazer um aborto, então Kot corre para tentar impedir.

Quando a neném nasce, a mãe a coloca numa caixa de papelão e manda entregar na residência de Kot na faculdade dizendo que o nome da menininha é Moji. Tanto Kot quato Ji ficam chocados ao descobrir que a garota foi embora para os EUA e não planeja cuidar da neném. Ji, então, diz a Kot que vai pagar a ela para ser a mãe de Moji e a garota imediatamente discorda, mas quando ele ameaça deixar a neném em um orfanato, sabendo na pele o que é crescer sem pais, Kot imediatamente aceita e se torna a mãe de Moji.

Tudo ia bem até que a professora de Kot adoece quando Moji tem dois aninhos, até então as duas estavam vivendo uma vida tranquila e Kot, mesmo com a vida dura, se tornara realmente mãe da menininha por quem nutria um amor sincero. Quando Ji não concorda em cuidar da filha para que Kot possa viajar, um pequeno incidente acontece e coloca Ki em seu caminho. Eles moram no mesmo condomínio e ela pinta um quadro pouco lisonjeiro de Ji para ele. O que ela não sabe é que Ki é irmão mais velho de Ji que está noivo da Aff, a ex namorada de Ki.

Uma baita confusão se forma quando Ki pensa que Kot é a mãe de Moji e foi abandonada pelo irmão. Ainda mais, como noivo de Aff, Ji não pode romper o compromisso porque o pai dela é o principal investidor da empresa dos pais deles que já faleceram e deixaram Ki no comando da companhia. Sem saída, para que o homem não descubra a verdade, Ki propõe a Kot um contrato de casamento e pede para afirmar que Moji é filha dele, mas o que acontece quando a farsa começa a se tornar muito real? E pior, quando Ji começa a se dar conta que não quer que Kot se apaixone por Ki?

Apesar da vontade, eu não tinha realmente muitas expectativas sobre o que esperar desse drama, mas logo que vi o primeiro episódio já me apaixonei por ele. Não apenas por causa da Moji que é a coisinha mais mordível dessa vida, mas pela forma como a Kot demonstra um amor genuíno por ela. É duro e cansativo, ela não tinha a menor experiência com maternidade, mas o modo como ela se doa pela Moji é muito comovente (e também, quem não ia derreter por aquele pedacinho de gente fofinho??)

Quem me fez muita raiva foi o Ji, no começo ele é bem irresponsável e só coloca a Kot em problemas. Também chega a ser chocante como a Rin descarta a Moji quando ela nasce, como se fosse a coisa mais normal do mundo se desfazer de uma criança. O Ki não era lá meu personagem favorito e demorou um pouquinho pra eu começar a shippar ele com a Kot, mas o legal é exatamente esse, a gente consegue ver o progresso da relação deles e dá altas risadas com as doideras da Kot, ela é hilária.

A atriz que fez a Moji com dois aninhos era a coisinha mais mordível dessa vida, quando ela aparecia em cena eu tinha altos surtos de fofura! Gente, que fofurinha! Talvez por ela ainda ser muito pequenininha eles não conseguiram trabalhar bem o papel dela, acho que deve ter sido um avanço e tato fazer ela chamar os dois atores de mamãe e papai hahaha, de todo modo, ela fazia parte da maior graça do drama. Nem tenho do que reclamar das atuações também, maravilhosas. Vou procurar, inclusive, outros lakorns da Baifern porque essa mulher é uma atriz e tanto! Fui do riso às lágrimas em poucos capítulos.

Tem algumas coisinhas no drama que são bem previsíveis, mas nada que tire o encanto do enredo. A coisa é que eu achei que ele foi curtinho demais, algumas coisas poderiam ter sido melhor desenvolvidas e deixaram a sensação de que ficou algo faltando, alguns eventos, inclusive, se resolveram depressa demais sem permitir que a gente aproveitasse de fato o momento. Se tivesse ali em torno de, pelo menos, 16 episódios talvez tivesse sido mais consistente. Ainda assim eu gostei muito e recomendo demais para quem procura um drama fofinho, curtinho e leve para assistir.

Personagens Centrais

Kot - nossa heroína cresceu com a avó e aprendeu desde cedo o que é lutar pela sobrevivência. Sempre nutriu uma paixão secreta por Ji e em parte era por isso que aceitava as vontades mais malucas dele apesar de dizer que era por dinheiro. Aceitar ser mãe da Moji ajudou Kot não apenas a amadurecer ainda mais como a mudou sua vida para melhor em muitos aspectos.

Me irritava às vezes como ela não era sincera com seus sentimentos e não dizia a verdade para as pessoas, mas não se podia duvidar do seu coração, mesmo ela fazendo todo mundo acreditar que só estava interessada em dinheiro, era mais que visível sua devoção e amor pela Moji e como uma menina rejeitada pela mãe, a vontade que ela tinha da menininha crescer se sentindo amada. Tanto é que a Moji não conseguia ficar muito tempo longe dela.

Uma personagem super engraçada e fácil de causar empatia na gente, Baifern fez um trabalho excelente no papel de Moji e ganhou minha admiração como atriz. 

Ji - Bonitão, playboy e irresponsável, Ji no fundo tem um bom coração e só queria ajudar Kot, muitas das vezes pedia que ela fizesse coisas desnecessárias apenas para poder lhe dar dinheiro.

Filho mais jovem de uma família muito rica, nunca se preocupou em ser responsável e não mantinha uma relação muito boa com o irmão mais velho. Ama Moji do seu jeito e se preocupa com ela, apesar de não pensar de verdade em assumi-la.

Foi um pouco difícil gostar desse personagem, só fui simpatizar de verdade com ele bem no meio do drama, ainda assim além de oferecer um certo tom cômico para a produção, Ji faz ali as vezes de um triângulo amoroso que fica bem difícil de comprar no começo, mas que logo vai fazendo sentido embora eu não tenha torcido muito por ele haha.

Também não tenho do que reclamar no quesito atuação. Conseguiu me convencer bem.

Ki - o irmão mais velho de Ji é um homem certinho, meticuloso e obcecado com trabalho. Desde a morte dos pais, Ki leva sobre os ombros o peso da responsabilidade de não deixar a empresa, que o pai construiu do zero, desabar.

Ki tinha mania de arrumação, era muito sério e paternalista razão pela qual Aff decidiu dar em cima de Ji que, por não ter responsabilidades, era mais divertido. Por ter pouca experiência com relacionamentos, Ki fica meio perdido quando se vê casado com Kot e tendo que se aproximar de Moji.

Contudo, eu tenho que aplaudi-lo por se adaptar tão bem à situação. Embora ele demonstre mais afeto por Kot, é de fato notável que ele se importa com a neném e dá seu melhor pelo bem estar dela, além de se empenhar em aproximar-se e ganhar a confiança dela. Gostei mais da atuação dele que do Ji, ele foi mais convincente. Apesar de ter a mesma péssima mania da Kot de nunca dizer a verdade sobre o que sente.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

[Livro] three lives three worlds ten miles of peach blossoms

 

Original: 三生三世十里桃花 

Série: To The Sky Kingdom #1

Autora: Tang Qi

Gêneros: Ficção, Romance de amor

Ano: 2009

Sinopse: Três vidas e três mundos entrelaçados por segredos

Quando a imortal Bai Qian finalmente encontra seu pretendente a marido, o herdeiro do Trono Celestial, se considera sortuda – até que um antigo inimigo volta para ameaçar tudo que ela ama…

Quando uma mulher mortal entra no mundo imortal para ficar com seu verdadeiro amor, ela desperta ciúmes e tudo acaba em tragédia…

E quando um deus da guerra esgota sua energia espiritual, seu devotado discípulo sustenta o corpo dele com sangue de seu próprio coração até que a alma dispersa do deus se reagrupe…

Abrangendo mil anos de vidas emaranhadas, To The Sky Kingdom é uma história de batalhas épicas, paixão, maldade e magia. Em sua jornada através de mundos e tempo, o livro adentra forças poderosas que conduzem tanto mortais como deuses pela vingança, lealdade – e amor.

Finalmente li esse livro. Originalmente ele não estava na minha meta de leitura, mas na lista reserva. Quando eu desisto de um livro, essa lista reserva é usada para repor o livro abandonado. Vi o drama desse livro e fiquei apaixonada pela história de Bai Qian e Ye Hua, quando surgiu a oportunidade de finalmente ler o livro que deu origem a uma das minhas séries chinesas favoritas, não podia perder a chance.

O livro segue a deusa maior Bai Qian, rainha de Qinqiu, que acorda depois de um sono de duzentos anos e descobre-se com um problema nos olhos. Seus pais e irmão explicam que ela ficou desacordada para repor suas energias após selar o rei demônio no sino. Setenta mil anos antes, Bai Qian se tornou discípula do deus da guerra Mo Yuan por quem tinha enorme devoção, mas ele acabou se sacrificando para selar o rei demônio e, desde então, ela preservava seu corpo na espera que a alma dele se juntasse outra vez.

Durante seu tempo com Mo Yuan na montanha Kunlun, ela se apaixonou por Li Jing o segundo filho do rei demônio que a havia sequestrado junto de outro discípulo. Contudo, ele a traiu com sua prima Xuan Nu e, desde então, a relação entre os dois acabara. Quando acorda, Bai Qian descobre muitas coisas diferentes desde a última vez que esteve em Qinqiu e no mundo mortal. Em um evento no reino do mar do oeste, ela é confundida com a mãe de um pequeno menininho a quem chama de Bolinho de Arroz, apenas para descobrir que ele é filho de Ye Hua, o príncipe herdeiro dos nove céus.

Ye Hua também a confunde com alguém chamado Su Su, e mesmo que haja um casamento arranjado entre eles, Bai Qian não tem intenção de levar o compromisso adiante. Mas o príncipe insiste em se manter por perto e a convivência estreita os laços entre os dois, mas Su Jin, a sufei de Ye Hua, está mais que disposta a dificultar o romance dos dois e promete trazer à tona o passado do príncipe. Bai Qian seria capaz de perdoar uma história que ela mesma escolheu esquecer?

O drama é bem fiel ao livro. Alguns detalhes, claro, foram mudados como o fato do rei demônio ser homossexual do mesmo modo com a confusão de Bai Qian, que se passava por homem durante a guerra contra as sereias, ter se envolvido em um boato de que Ye Hua era homossexual. Nada disso é mostrado no drama. Os nomes de alguns personagens foram mudados como o do segundo príncipe do céu, e outras coisas ficaram muito melhores no drama como o castigo de Su Jin.

A personalidade das personagens ficou boa, embora alguns no livro, como Bai Zhen, sejam um pouco diferentes. Tal como a relação de Bai Qian com Zhe Yan. Iclusive, algo que me surpreendeu muito foi a forma como o livro foi escrito, ele é narrado quase inteiramente por Bai Qian com alguns capítulos em terceira pessoa. E o último sob a perspectiva de Ye Hua. A cronologia da história ficou meio bagunçada no livro, passagens como o arco da Montanha Kunlun tem bem menos desenvolvimento que no drama o que deixa de fora personagens como Die Feng, por exemplo.

Nunca me conformei com a forma que Bai Qian ficou irracional e egoísta quando descobriu a verdade. Entendo o ponto dela, de fato tinha direito de ficar com raiva, mas ela foi irascível e ignorou completamente toda a devoção e sacrifício que Ye Hua fez por ela durante todo aquele tempo, inclusive, chegou a duvidar dos sentimentos dele. O final, como no drama, também é bem corrido, o que foi uma pena, pensei que no livro eu encontraria mais detalhes. Mas fiquei surpresa em como foi bem adaptado, acho que por causa de Ice Fantasy em que o drama ficou praticamente outra história se comparado ao livro.  

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domingo, 16 de agosto de 2020

[Livro] Fahrenheit 451 (+ Adaptações)

 

Original: Fahrenheit 451

Ano: 1953

Autor: Ray Bradbury

Páginas: 215

Gênero: Distopia, soft science fiction

Sinopse: Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu, em 6 de junho de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia.

A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da “indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes.

O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.

O Livro

"A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?"

Se essa citação acima não te causou incômodo, te assustou pelas recentes ameaças políticas do cenário brasileiro e não te fez torcer o nariz, então tem algo bastante errado com você. Cogite pegar um livro de história. Ler Fahrenheit 451 é como levar um tapa na cara e um soco no estômago, especialmente diante da real ameaça ao livro e ao conhecimento que enfrentamos nesse momento. 

Seguimos um mundo ali pelos anos 90, em algum lugar não especificado nos EUA, onde os bombeiros são as "armas da felicidade", eles queimam livros e mantem a sociedade nas garras daquilo que o governo deseja delas: alienação. Um mundo onde ninguém se preocupa com nada, vivem para assistir televisão sem absorver nada útil, sem pensar, entorpecidos por remédios e existindo sem qualquer razão, de forma robótica. Porque pensar, questionar, opinar, causa desconforto, gera infelicidade.

O protagonista e narrador é Montag, um bombeiro que como a maioria dos colegas de ofício vive nessa mesma bolha, mas esconde um segredo no duto de ventilação da sua casa: livros. Claro que ele não começou a furtá-los de uma hora para outra, isso se deu de um encontro que ele teve com um velho professor de inglês que perdeu seu espaço para a doutrinação televisiva. Mesmo sem tê-los lido, Montag sente certa atração por eles.

Um dia, porém, ao voltar do trabalho, um encontro muda toda a sua vida: uma adolescente chamada Clarisse entra em seu caminho e puxa assunto com ele. Como bombeiro, muitas pessoas sentem-se intimidadas perto dele, mas aquela garota estranha não parece incomodar-se na sua presença. Logo de cara, Montag percebe que Clarisse é diferente, ela não vê o mundo pela limitação dos ecrãs nas paredes como sua esposa Mildred, ela observa o céu, prova a chuva, passeia ao ar livre, questiona o porquê das coisas, algo por si só já perigoso demais em um mundo que aceita tudo que lhe é dado sem fazer perguntas.

Essa adolescente faz a Montag três perguntas cruciais: 1. Por que ele faz o que faz. 2. Um dia, bombeiros apagaram incêndios ao invés de provocá-los? 3. Você é feliz? Ao longo da narrativa, nós vamos sendo, junto com Montag, apresentados à importância dessas indagações. A primeira pergunta levou o bombeiro a questionar a bolha que lhe cercava. A segunda, fez-lhe questionar a sua verdade enfiada goela a baixo e a terceira fez-lhe questionar sua própria existência naquele mundo. Pura filosofia. E é essa uma das coisas que esse livro nos mostra: a importância do pensar, logo, da filosofia.

451 ºF equivale a 232,778 °C e diz-se ser a temperatura em que o papel do livro pega fogo e queima, mas a ideia por trás dessa afirmação vai muito além, a ideia aqui é justamente queimar aquilo que desperta a criticidade, queimar o que faz as pessoas questionarem o mundo no qual habitam, queimar as ideologias que as fazem lembrar que tem direitos. Queimar livros é queimar o direito à expressão, ao conhecimento, ao pensamento e isso implica tirar das pessoas o direito de escolha ou subverter esse direito em uma manipulação que as faça crer que elas têm controle sobre o que fazem.

É o que nós vemos conforme Montag chega em casa com a cabeça cheia de pensamentos conturbados se fazendo acreditar que é feliz, mas sem conseguir se convencer disso. Olhando sua esposa apática, viciada em remédios e controlada por uma "família" virtual inexistente e sem afeto, ele se pergunta se aquilo que faz é mesmo para garantir felicidade às pessoas, sequer consegue lembrar o dia que conheceu a esposa, ainda mais: começa a se questionar se aquela é mesmo sua esposa e não uma estranha que fizeram-no acreditar que era sua esposa. E o choque só aumenta quando Montag vê a mulher caída no chão, inconsciente, após tomar mais comprimidos do que deveria.

Desesperado, ele telefona para a emergência enquanto as perguntas de Clarice pairam em sua mente tão quentes quanto o fogo que consumiu os livros que ele queimara antes. Então temos outro choque: os homens que chegam para socorrer a esposa de Montag não demonstram qualquer sensibilidade, tratam-na apenas como mais uma a apagar por causa dos remédios e mais: dizem com a maior naturalidade que ela não será a primeira e nem a última. Isso só reforça o cenário assustador do livro: uma sociedade que não se importa, que não tem nada a perder e por isso a vida é tratada de forma vã, sem valor.

Assim, o bombeiro começa a saga para descobrir o que há por trás das palavras dos livros que queima, por que pessoas perdem a vida para mantê-los e para continuar seu legado, por que ainda existem aqueles como Clarisse, que se rebelam contra os ecrãs e escolhem pensar, sentir o desespero das ideias e dos questionamentos, ser parte da magia que é ler um livro. E quanto mais Montag descobre as verdades que lhe foram tiradas e imerge no mundo das palavras, mais seu mundo vai sendo desconstruído e ele passa a enxergar as verdades que sua bolha lhe impedia de ver, mas sua corporação não está disposta a deixá-lo sair numa boa e sua esposa  — um fantoche bem treinado desse mundo — é a primeira a se virar contra ele.

Gente, é perturbador a forma como esse livro é atual. Enquanto ainda estava lendo fiquei sabendo da proposta de tarifar os livros e meu coração pulou batidas diante do horror dessa distopia podendo se tornar real. Analisem bem: primeiro tiram filosofia e sociologia das escolas, minimizam o estudo de história — que em vários aspectos já é subvertido com algumas desinformações dos livros — depois privatizam o livro, isso não soa assustador pra você? Se não, sugiro que pegue urgentemente um livro de história. É exatamente assim que começa um sistema de manipulação opressiva das massas: tirando completamente o acesso ao conhecimento e à capacidade crítica da população. Não é necessário queimar os livros, torne-os inacessíveis e o resultado será o mesmo.

O Brasil já é um país que culturalmente lê muito pouco, infelizmente, mas houve sim um crescimento no meio literário e temos que festejar isso, contudo, a ameaça ainda é real, o número de não pensantes ainda supera o de pensantes e isso é desesperador. Livros como Fahrenheit 451 devia ser levado para debates em aulas de literatura e história dentro das escolas, dentro das faculdades, o pesamento urge, o despertar da criticidade e da fome de conhecimento precisa ser inflamada nessa população manipulada e alienada que regurgita atrocidades como a volta da ditadura ou o apoio completo a discursos facistas.  E quando a gente lê um livro desse só percebe como essa realidade imaginada em 1953 continua sendo uma ameaça real que se concretiza nas sombras de uma nação que não tem educação como prioridade, na qual as pessoas escolhem a ilusão do ecrã e se submetem a aceitar o que lhes é oferecido sem questionar.

Conversar, discutir, trocar ideias — ter ideias! — se posicionar sobre as coisas, contemplar a natureza — enquanto ela ainda existe! — pensar e repensar o mundo, isso é literatura. Há vida nos livros. Mesmo aqueles que contam histórias impossíveis e cheias de fantasia escondem sua verdade nas entrelinhas. É urgente que nos desvinculemos mais do nosso lado máquina e comecemos a olhar para o nosso lado humano, aquele que ajuda uma pessoa acidentada ligando para a emergência ao invés de gravar para pôr nas redes sociais, aquele que empatiza com o sofrimento dos outros, aquele que tem sede de descobrir a razão do azul ser azul ou da política ser o que é hoje. Aquele que olha o céu de verdade e não na proteção de tela do computador. Livros como Fahrenheit 451 seriam proibidos em países ditadores porque levantam ideias, questionamentos, fazem a gente enxergar a sociedade como ela se torna. Coloca aquela pulguinha atrás da nossa orelha e nos faz olhar em volta se perguntando "será que isso é manipulação?" "Será que já está acontecendo aqui?"

Imagine um país como a Coreia do Norte, por exemplo, onde tudo é proibido. O povo só tem acesso ao que o ditador quer, vive na miséria enquanto ele festeja banquetes e a pior parte é que a lavagem cerebral é feita de tal forma que eles acreditam que só existe aquele modo de vida, que eles são abençoados, felizes. Não conseguiu imaginar? Então vamos trazer a ilustração para cá, pro sul da América: imagine que você acorda um dia e o mundo é quase como o universo de Wall-e. As pessoas estão uma ao lado da outra, mas se comunicam por mensagem de vídeo (!!!!), pior, dizem que D. Pedro I foi o pioneiro no combate aos livros quando você é a única pessoa que sabe que D. Pedro era um aficcionado por conhecimento. Imagine que você detém o conhecimento da verdade que foi subvertida para todas as pessoas que começam a tomar você por louco por ser a única voz com um discurso diferente e, de repente, você se torna uma ameaça que precisa ser aniquilada. E agora, conseguiu sentir melhor?

É esse o mundo que estamos construindo. Aos poucos, as pessoas se tornam mais celular e menos humanos. Aos poucos o conhecimento vai sendo manipulado e subvertido para aquilo que os "manda chuva" querem e nós precisamos que essas pessoas que pensam e são consideradas loucas continuem escrevendo para nos mostrar a realidade. Precisamos que esses malucos continuem gritando no meio da multidão para nos alertar que estamos sendo manipulados. Precisamos acordar para enxergar o mundo como ele é e arregaçar as mangas para transformá-lo o que ele deveria ser. 

Como eu queria que cada pessoa descobrisse a magia que é se apaixonar por um livro. Ler uma história e fazer parte dela, ao mesmo tempo em que permite que ela faça parte de você, então os dois mundo co-habitam num mesmo, novo, melhorado. Que pelo menos uma vez eles tivessem a oportunidade de ler uma passagem e apenas olhar para o céu, sentir a brisa batendo no seu rosto e deixando as palavras ecoarem no seu coração, pesando seu impacto, refletindo suas verdades. Fahrenheit 451 é um alerta, um grito de advertência para aquilo que estão fazendo conosco e o que estamos perdendo. E o que mais me assusta é que, provavelmente, quando as pessoas se derem conta e acordarem para essa verdade — e temo mais ainda que isso não aconteça — será tarde demais.

Mais que recomendado!

Os Filmes

Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Ray Bradbury, Jean-Louis Richard, David Rudkin, Helen Scott
Ano: 1966
País: Reino Unido

Sinopse: Adaptação do livro de Ray Bradbury sobre uma sociedade do futuro que baniu todos os materiais de leitura e o trabalho dos bombeiros de manter as fogueiras a 451 graus: a temperatura que o papel queima. Um bombeiro começa a repensar sua função ao conhecer uma jovem encantadora que adora livros.

Por incrível que pareça não foi tão complicado quanto achei que seria achar esse filme na net, por ser uma produção antiga relevei algumas coisas como os efeitos especiais e alguns cortes de imagem. A narrativa em si é parcialmente fiel ao livro, embora eles tenham omitido alguns personagens e transformado Clarisse de uma adolescente para uma professora e algumas outras mudanças que incomodaram um pouco, mas deu para relevar.

A Julie Christie, que interpreta tanto a Clarisse quanto a Mildred (que aqui trocaram o nome para Linda) não convenceu muito, enquanto a atuação dela como Linda soava insossa, embora isso estivesse de acordo com a personagem e o contexto dela, parecia forçado. Na verdade, boa parte do elenco parecia bem forçado, mas ela era a pior. Contudo, para uma adaptação, fora as elipses de algumas coisas foi boa. 

Direção e roteiro: Ramin Bahrani
Produção: David Coatsworth
Ano: 2018

Sinopse: Em uma sociedade do futuro na qual livros são proibidos e queimados, um bombeiro começa a ler em segredo e descobre uma organização rebelde subterrânea engajada em proteger a literatura.

Esse aqui foi difícil de achar pra ver e ainda não consegui assistir todo porque a internet não deixou. Eu não chamaria, inclusive, de adaptação, acho que o termo certo para esse filme seria releitura. Por que é o que ele faz, pega a ideia do livro e recria em algo diferente.

Apesar de ter ganhado alguns prêmios, a maioria da galera não gostou muito da produção do longa e, particularmente, como uma adaptação literária eu sou obrigada a concordar que não é satisfatório, ele não só elipsa personagens como a Mildred que se tonou um robô literalmente, como cria coisas que não existem no livro, mas como material em si, apesar de só ter conseguido ver a metade, não acho que a obra seja de um todo ruim.

Esse filme tem o claro propósito de explicitar a alienação e a mecanização cada vez maior causada pelas redes sociais e a internet em si. A doutrinação e a lavagem cerebral, além de dar uma leve alfinetada na pirataria literária embora ela tenha sido contextualizada de acordo. Enquanto no livro e na produção de 66 se queimam livros, aqui se queimam HD's e computadores. Inclusive, esse filme vai um pouco além mostrando um futuro onde livros físicos são uma raridade tendo sido destruídos não somente pelos bombeiros tendo em vista a manipulação do governo — e aqui é bem mais explícito a ditadura e a subversão da verdade por parte dos governantes —, mas também pelo espaço virtual em si que, aos poucos, vai ganhando mais espaço.

Como sou da velha guarda, não dispenso meus bons exemplares físicos que posso abraçar, cheirar e folhear. 

Até onde vi, Clarisse é também uma jovem e não adolescente, aqui é uma pária que trabalha para os dois lados, os rebeldes e os bombeiros. E, bem, esse filme não tem quase nada do livro. A proposta de trazer o universo para atualidade funciona como uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que as discussões e a explicitude de alguns "pontos delicados" seja uma excelente ideia, o afastamento da narrativa como um todo e o roteiro não muito forte podem tornar a produção um pouco cansativas para alguns. Pelo pouco que vi, como adaptação literária eu detestei, mas como material original é uma proposta que vale a pena ser analisada mais a fundo e pode gerar discussões interessantes.


terça-feira, 11 de agosto de 2020

[Livro] Quanto Pesa a Alma de um Homem?

 Autor: Cyl Gallindo
Ano: 1994
Gênero: Conto, Antologia
Páginas: 109

Ganhei esse livro de presente há alguns anos, mas acabei colocando ele na estante e esqueci que estava lá haha, é uma raridade de 1994 de um autor buiquense que eu não conhecia, infelizmente, mas que fiquei bem encantada quando comecei a ler!

"O verdadeiro caminho tem desvios, veredas, atalhos e se bifurca, para que a consciência do homem defina seu próprio rumo. O homem é quem abre o seu próprio caminho a cada passo, a cada ação, a cada ideia."

São dez contos que trabalham, praticamente, a natureza humana em todas as suas essências, talvez, mais sórdidas. Ele mexe também com algumas crenças do imaginário e traz algumas questões bem polêmicas também. 

O primeiro conto foi o que mais me surpreendeu, logo que cheguei ao final eu fiquei "Gente! Mentira!" Ele brinca com as palavras e com a nossa mente trazendo temas como incesto, traumas de infância, ganância, superstição, e flertando com o sobrenatural em alguns. Cheios de filosofia e com algumas boas alfinetadas na sociedade brasileira desde sempre ele instiga reflexões e faz um convite a analisar algumas crenças que permeiam em especial a cultura do nordeste.

Ele traz uma narrativa flexível, fluída e mesmo que por vezes seja bem descontraída, não é nada raso. Os contos, mesmo os que parecem mais "inofensivos" são cheios de camadas que induzem um parar para pensar sobre aquilo, para tentar se colocar na pele daquele personagem ou para entender a mecânica da sociedade que culmina em uma tragédia previamente construída. Repensar valores arraigados na nossa cultura, debater sobre questões que muita gente ainda reluta em falar.

Eu amei esse livro, alguns contos mais que outros, mas são todos de inegável qualidade literária e apaixonantes à sua própria forma. Com algumas pitadas de erotismo, Cyl Gallindo era um artesão das palavras que ganhavam vida e tocavam com dedos maliciosos todos os nossos sentidos. Dizem que presentear com um livro é a maior dádiva e é verídico, sou muito grata à professora Fabiana por esse presente maravilhoso e por essas horas de imersão, em muitas delas, bem pertinho aqui da minha terrinha sertaneja.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

[Livro] A Casa dos Pesadelos

Título: A casa dos pesadelos
Autor: Marcos Debrito
Editora: Faro Editorial
Ano: 2018
Páginas: 144

Sinopse: Dez anos depois de estar cara a cara com aquela assombração, Tiago finalmente concorda em voltar à mesma casa para visitar sua avó. Agora adolescente, ele pretende provar para si mesmo, que a terrível imagem que o aterrorizara nas madrugadas por tanto tempo, não passava de uma criação tenebrosa da infância. Mas, ao chegar no casarão, o jovem se depara com o misterioso quarto de seu falecido avô, agora mantido fechado, e tratado como espaço proibido. As restrições com relação ao aposento, as sensações e barulhos no meio da noite logo alimentam nele a suspeita de que algo terrível habita o local. Tomado por uma estranha coragem e desejo de ver-se finalmente livre do medo, tudo que o rapaz deseja é descobrir o que há por trás daquela porta. Então, o pesadelo toma novo impulso quando a figura sombria da infância mostra-se real novamente... mas, desta vez, ela quer atacar o seu irmão mais novo. Determinado a impedir que o caçula passe por terror semelhante, Tiago, mesmo apavorado, decide enfrentar a criatura. E o que descobre expõe terríveis segredos do passado que ninguém poderia imaginar.

Quando li A Sombra da Lua, meu primeiro contato com DeBrito, não fiquei muito entusiasmada com a narrativa, apesar do livro ter suas qualidades. Porém, ao contrário de outros autores (e por já ter abandonado mais livros nacionais do que gostaria esse ano), optei por dar outra chance ao DeBrito aproveitando uma promoção na Avon em que o livro dele vinha super baratinho na compra de outro. Que bom que eu fiz essa escolha, fui surpreendida.

Nesse livro acompanhamos Tiago, um adolescente que volta à casa da avó Célia dez anos após ter sofrido um forte trauma. Ele está apreensivo em retornar, mas parte dele quer enfrentar o medo e descobrir a verdade por trás das suas lembranças parcialmente bloqueadas pelo terror. Junto a ele voltam também sua mãe Laura e seu irmão mais novo, Bruno, que tem a mesma idade dele quando os fatos ocorreram.

A relação de Tiago com a avó sofreu um sério abalo após os acontecimentos daquela noite fatídica, o rapaz nutre uma profunda repulsa pela velha senhora que ainda alimenta a crença de ser falsa a ideia de sua casa possuir algum espírito maligno. Mas quando Bruno também é perseguido pelo monstro, as convicções de Tiago em seus dez anos de terapia caem por terra e ele está mais que disposto a descortinar o passado e o quarto proibido da casa da avó em busca da verdade.

Utilizando do recurso fantástico, DeBrito compõe de forma magistral um trauma de infância sob a perspectiva lúdica de uma criança e atrela essa imagem muito bem ao "monstro" real. Ao contrário de A Sombra da Lua que flerta bem mais com o fantástico, A Casa dos Pesadelos é um terror psicológico muito inteligente que aborda o sério tema de abuso infantil de maneira sutil, mas sem tirar o peso que o assunto pede.

A narrativa é fluida, garante uma boa velocidade de leitura sem deixar de lado a lírica e a cadência, algo muito difícil de se conseguir. Apesar de, inicialmente, os personagem soarem meio caricatos, conforme vamos penetrando o passado de Tiago ele vai adquirindo uma profundidade muito bacana na mesma proporção que sua avó vai sendo desconstruída. Eu gostei muito disso.

É um livro que fala não somente de traumas, mas de famílias disfuncionais, do impacto que elas têm sobre as crianças e os adultos que elas serão um dia. É um livro super curtinho, mas nem um pouco raso e a maneira que ele escolheu para universalizar o medo do Tiago através do viés fantástico foi muito verossímil, especialmente quando esse medo foi refletido nos olhos do pequeno Bruno.

A única coisa que eu não gostei no livro foi o final aberto. Foi frustrante, me deu a sensação de que a história havia sido publicada incompleta o que acabou quebrando um pouco da magia construída e na qual ficara submersa por algumas horinhas. Ainda assim, mais que recomendo.

[Drama] My Dear Loser: Monster Romance

Original: My Dear Loser รักไม่เอาถ่าน Monster Romance
Ano: 2017-2018
País: Tailândia
Gênero: Romance, drama
Episódios: 10
Diretor: Chatkaew Susiwa
Elenco: Lee Thanat Lowkhunsombat, Mook Worranit Thawornwong, Sing Harit Cheewagaroon, Namtan Tipnaree Weerawatnodom, Nicky Nachat Juntapun

Sinopse: Pong, o líder da gangue, muitas vezes entra em brigas. Mas um dia, Pong sofre um acidente e conhece Namking. Pong lentamente se apaixona por Namking, para ser um homem digno dela, ele muda para melhor. Mas uma tragédia familiar acontece, o amor deles superará esse obstáculo?

Onde achar: Lianhua Fansub; Mahal Dramas (Breve)

Depois de sair do clube de garotos alugados Boy For Rent, Kyro se separa de Liz porque ela era muito chata e decide mudar de vida. Brincadeira. Falando sério agora. Pong e seus amigos vivem no limite da emoção em pistas de corrida de moto ilegais, com a sua turma de três amigos, Jack, On e Jude, ele é o mais famoso corredor e líder de gangue punk da sua área. Uma noite, após fugir da polícia ao ajudar seus amigos contra seu maior inimigo, o cruel Tae (na sua nova péssima encarnação após ser um fantasma em He's Coming to Me e aturar Sarawat em 2gether).

Em uma noite, ao avançar um sinal vermelho, ele acaba batendo no carro de Namking, uma garota rica que voltava da balada. Como acontece dano no carro e Pong se machuca, a menina chama as amigas temendo que o pai descubra o que aconteceu já que ele é muito controlador e os dois não se dão bem. Como a culpa foi de Pong, ela aceita levar o carro a uma oficina e deixá-lo se encarregar dos custos. O problema é que o valor é muito alto e ele não tem como pagar.

Namking acaba aceitando o pagamento em parcelas e dá a ele três meses para conseguir toda a quantia. Só que Pong não sabe como pode levantar o valor em tão pouco tempo. Ele acaba recorrendo às corridas, mas Tae contrata uma pessoa para trapacear e Pong acaba perdendo e aumentando ainda mais a sua dívida. Sem saída, ele acaba roubando os fundos monetários da mãe, mas a coisa se descontrola e, além de conseguir um problema familiar, ele descobre que ela está gravemente doente e precisando de uma cirurgia e era para aquilo que o dinheiro se destinava.

Agora, acorrentado pela culpa, Pong vai precisar se virar para devolver o dinheiro da mãe e conquistar o coração de Namking que não pode aceitar o amor de um punk que vive na margem da lei. Em contrapartida, On, que é apaixonada cegamente por Pong desde que ele lhe salvara de Tae, vai se empenhar em separar o casal sem saber que, na verdade, Jued é o verdadeiro heroi na sua história.

Sendo bem franca eu não curti muito esse draminha não. Apesar da história ter seus méritos, como a amizade do Pong com o Jued, o Jack e a On ser muito bonita tal como a relação da Namking com a Emma e a Kris, achei todo o enredo em si meio, sei lá, clichezão, até um pouco forçado em alguns aspectos. Tinha hora que a Namking me tirava do sério assim como o Pong que não deixava claro com todas as letras pra On que não gostava dela. Mas, se teve uma personagem irritante nessa série, sem dúvida foi a On.

Essa menina já tinha me feito raiva na segunda temporada de Puppy Honey, mas nessa ela tá ainda mais insuportável, fica correndo atrás do Pong feito uma imbecil mesmo quando ele não dá nenhuma brecha pra ela, é infantil, não se valoriza e fica no pé do cara como chiclete na sola do tênis, é um saco. E ele ao invés de dizer com todas as letras que não gosta dela, deixa ela ficar colada nele como cera de depilação. Aff. Por serem dez episódios, a história não ficou tão bem desenvolvida e achei bem fraquinha, ainda assim, para quem procura uma coisa rápida e levinha pra passar o tempo é uma boa pedida.