Autor: Marcos Debrito
Editora: Faro Editorial
Ano: 2018
Páginas: 144
Sinopse: Dez anos depois de estar cara a cara com aquela assombração, Tiago finalmente concorda em voltar à mesma casa para visitar sua avó. Agora adolescente, ele pretende provar para si mesmo, que a terrível imagem que o aterrorizara nas madrugadas por tanto tempo, não passava de uma criação tenebrosa da infância. Mas, ao chegar no casarão, o jovem se depara com o misterioso quarto de seu falecido avô, agora mantido fechado, e tratado como espaço proibido. As restrições com relação ao aposento, as sensações e barulhos no meio da noite logo alimentam nele a suspeita de que algo terrível habita o local. Tomado por uma estranha coragem e desejo de ver-se finalmente livre do medo, tudo que o rapaz deseja é descobrir o que há por trás daquela porta. Então, o pesadelo toma novo impulso quando a figura sombria da infância mostra-se real novamente... mas, desta vez, ela quer atacar o seu irmão mais novo. Determinado a impedir que o caçula passe por terror semelhante, Tiago, mesmo apavorado, decide enfrentar a criatura. E o que descobre expõe terríveis segredos do passado que ninguém poderia imaginar.
Quando li A Sombra da Lua, meu primeiro contato com DeBrito, não fiquei muito entusiasmada com a narrativa, apesar do livro ter suas qualidades. Porém, ao contrário de outros autores (e por já ter abandonado mais livros nacionais do que gostaria esse ano), optei por dar outra chance ao DeBrito aproveitando uma promoção na Avon em que o livro dele vinha super baratinho na compra de outro. Que bom que eu fiz essa escolha, fui surpreendida.
Nesse livro acompanhamos Tiago, um adolescente que volta à casa da avó Célia dez anos após ter sofrido um forte trauma. Ele está apreensivo em retornar, mas parte dele quer enfrentar o medo e descobrir a verdade por trás das suas lembranças parcialmente bloqueadas pelo terror. Junto a ele voltam também sua mãe Laura e seu irmão mais novo, Bruno, que tem a mesma idade dele quando os fatos ocorreram.
A relação de Tiago com a avó sofreu um sério abalo após os acontecimentos daquela noite fatídica, o rapaz nutre uma profunda repulsa pela velha senhora que ainda alimenta a crença de ser falsa a ideia de sua casa possuir algum espírito maligno. Mas quando Bruno também é perseguido pelo monstro, as convicções de Tiago em seus dez anos de terapia caem por terra e ele está mais que disposto a descortinar o passado e o quarto proibido da casa da avó em busca da verdade.
Utilizando do recurso fantástico, DeBrito compõe de forma magistral um trauma de infância sob a perspectiva lúdica de uma criança e atrela essa imagem muito bem ao "monstro" real. Ao contrário de A Sombra da Lua que flerta bem mais com o fantástico, A Casa dos Pesadelos é um terror psicológico muito inteligente que aborda o sério tema de abuso infantil de maneira sutil, mas sem tirar o peso que o assunto pede.
A narrativa é fluida, garante uma boa velocidade de leitura sem deixar de lado a lírica e a cadência, algo muito difícil de se conseguir. Apesar de, inicialmente, os personagem soarem meio caricatos, conforme vamos penetrando o passado de Tiago ele vai adquirindo uma profundidade muito bacana na mesma proporção que sua avó vai sendo desconstruída. Eu gostei muito disso.
É um livro que fala não somente de traumas, mas de famílias disfuncionais, do impacto que elas têm sobre as crianças e os adultos que elas serão um dia. É um livro super curtinho, mas nem um pouco raso e a maneira que ele escolheu para universalizar o medo do Tiago através do viés fantástico foi muito verossímil, especialmente quando esse medo foi refletido nos olhos do pequeno Bruno.
A única coisa que eu não gostei no livro foi o final aberto. Foi frustrante, me deu a sensação de que a história havia sido publicada incompleta o que acabou quebrando um pouco da magia construída e na qual ficara submersa por algumas horinhas. Ainda assim, mais que recomendo.
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