Autor: C. S. Pacat
Ano: 2013
Gênero: Fantasia, LGBT, Romance, Histórico
Páginas: 400
Sinopse: As intrigas políticas entre os reinos de Vere e Akielos continuam intensas. E as marcas do passado ainda perseguem Damen, que, para sobreviver, é forçado a manter sua verdadeira identidade em segredo.Paralelamente, Laurent tem agora 20 anos e está bem próximo de reivindicar o trono. Mas seu tio, o regente de Vere, não tem intenção de renunciar ao poder e fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que o sobrinho alcance seu objetivo.Ambos, Laurent e Damen, são herdeiros legítimos de seus respectivos reinos; no entanto, eles precisam unir forças para formar uma aliança um tanto improvável, e tentar impedir um plano letal. Mas, à medida que a confiança entre eles aumenta, uma relação ardente e intensa também se fortalece.Será que Damen e Laurent serão capazes de salvar a si mesmos e aos seus reinos?
Na sequência de O Escravo, Damen acompanha Laurent até a fronteira de Vere a mando do regente, mas está muito claro para o akielon que aquela viagem tem muito mais por trás que uma mera formalidade, o tio do príncipe quer eliminá-lo para continuar no trono e o que mais surpreende o estrangeiro é o anseio em seu peito de manter Laurent seguro. Durante todo o tempo em que sofreu todos os tipos de humilhação sob a corrente do príncipe veretiano, parecia que os dois haviam finalmente chegado a um acordo, embora Damen não fosse capaz de esquecer tudo pelo que passara desde que fora dado de presnte à Laurent, ele tampouco podia ignorar os sentimentos cada vez mais contraditórios em seu peito que o atraíam para o frio herdeiro do trono inimigo.
A empreitada, liderada por um capitão incompetente e com um séquito igualmente desordeiro, se mostrava cada vez mais difícil e era insuportável para o guerreiro ter de aturar as insinuações sórdidas dos homens sobre Laurent, eles não o respeitavam como príncipe e, desse modo, não estariam dispostos a lutar de verdade por ele. Laurent, contudo, parecia não apenas ciente disso, mas fazia seus preparativos para estar sempre um passo a frente e, mesmo mantendo o guerreiro em uma distância relativamente segura, ouvia seus conselhos a respeito da campanha e o mantinha integrado nas suas missões. A viagem lentamente começa a aproximá-los e Damen se vê cada vez mais próximo da liberdade, está mais próximo de casa do que nunca, por mais que sinta dor ao imaginar deixar o príncipe para trás, está comprometido a assegurar a segurança de Laurent antes de ir embora.
Contudo, as coisas parecem estar se complicando ainda mais conforme a viagem avança e Damen se vê dividido entre voltar para casa, deixando Laurent à própria sorte contra o tio, e ficar em Vere ao lado dele lutando contra o regente. Quando a armadilha se mostra real e inevitável, o guerreiro descobre que sua lealdade esconde mais sentimentos que patriotismo. Ficar ao lado do príncipe veretiano a quem aprendeu a admirar e amar não parece mais uma escolha, mas o que vai acontecer quando Laurent descobrir que o homem por quem nutre sentimentos tão profundos pela primeira vez é o mesmo homem que matou seu idolatrado irmão Auguste? A identidade de Damen está cada vez mais por um fio de ser revelada, traidores são apontados, Laurent começa a perder o controle e as teias do regente se mostram muito mais amplas do que o guerreiro podia imaginar. Haverá um futuro feliz para o sentimento proibido entre o akielon e o veretiano?
Confessar que li esse livro bem mais rápido do que planejava. Nem parece que ele tem 400 páginas, sério! Cada página que passava me via mais ávida pela aproximação de Damen e Laurent e, ao mesmo tempo, desejando que não acontecesse o que era bizarro. Não vou entrar no mérito da problemática do livro cheio de gatilhos, em um contexto medieval como esse, infelizmente, esse tipo de coisa era frequente e real, qualquer pessoa com conhecimento básico de história do mundo sabe disso, de modo que, quando comecei a ler O Escravo, nem fiquei realmente chocada. O ser humano é podre desde o início dos tempos. A coisa é que, ao mesmo tempo que a aproximação de Damen e Laurent se torna evidente, mais ficamos divididos entre torcer por eles e contra eles, o que "ajuda" se é que pode dizer assim, é a forma como o príncipe de Vere começa a tratar Damen aqui, uma espécie de trégua da crueldade por assim dizer, mas isso não implica que ela nunca aconteceu e tanto nós quanto o guerreiro lembramos disso.
Enquanto lia, notava o crescimento real da tensão sexual que a autora criava entre Damen e Laurent, embora ela existisse no primeiro livro era algo mais em segundo plano, evidenciando mais a situação do príncipe de Akielos e sua "adaptação" à corte Veretiana, um tanto quanto bárbara e despudorada podemos dizer. Todavia, com a nova situação, essa tensão no segundo livro é gradualmente maior e em cada página que ocorria me pegava imaginando que, no momento que extravasasse, ela seria nuclear. Mas não estava esperando que isso ocorresse ainda nesse livro, mas no terceiro. Qual não foi minha surpresa quando mais próximo do fim do volume veio a inesperada explosão. Uma das coisas que gostei foi que ela não deu detalhes desnecessários e conseguiu construir um cenário completamente erótico e de acordo com a tensão sexual que ela engatilhou nas páginas até ali. Uma coisa que me incomodava muito no livro eram os palavrões, achava desnecessário, foi uma grata surpresa esse momento entre Damen e Laurent ser tratado, em sua maior parte, de maneira mais velada. Foi uma cena bonita de ler e, ao mesmo tempo, quente na medida certa. Gostei. BL não precisa ser putaria. Na verdade, romance nenhum precisa disso, sou do time que acredita que histórias de amor são mais que cenas de cama e a dualidade das personagens se encaixando nesse momento foi realmente sublime de ler.
Os plot twists do livro em boa parte me pegaram de surpresa mesmo, alguns eu não consegui prever, especialmente esse do final. Fiquei bem chocada e foi muito bom. Gostei como a relação de Damen e Laurent evoluiu devagar conforme eles foram se conhecendo melhor e conforme Damen percebia que Laurent não seria um governante pautado no ódio pelo seu país apenas por rixas antigas. Mas mesmo essa proximidade que prometia um futuro pacífico para os dois reinos seguia sempre ameaçada pelo segredo do akielon e isso não deixava a 'peteca da tensão' cair nunca além de nos deixar claramente preparado para um desenvolvimento trágico mais à frente. Por mais que os sentimentos entre eles tenha evoluído para algo mais... "profundo", não acredito que Laurent vá ceder tão facilmente quando descobrir a verdade sobre Damen e desconfio que o próprio regente vai usar isso a seu favor e isso mina nossas chances de um final feliz, mas deixa uma saída verossímil para um final agridoce ou trágico.
Gostei muito do desenrolar dessa história, estou ainda mais curiosa para ler o último volume e indico para aqueles que tem estômago forte e não se incomodam muito com palavras de baixo calão. Esse livro é uma verdadeira aula de como escrever um livro erótico sem cair nas armadilhas da apelação e uma verdadeira aula de construir personagens. Amei.
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