Mais
de dois mil anos atrás já se alertava sobre a duração da tristeza (no luto e
demais momentos da vida) que poderia levar a uma doença, hoje conhecida como depressão. “Pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor (saúde)”. Não é a
primeira vez que a bíblia alerta do impacto dos sentimentos sobre o corpo e,
tampouco, é coincidência ela lembrar e repetir constantemente para “alegrar-nos”.
No
capítulo 39, a comparação entre o sábio e o trabalhador é muito egípcia, colocando um trabalho acima do
outro, hierarquizando a sociedade em colunas.
·
A
benção dele é como um rio que transborda
Pode
ser uma alusão ao rio Nilo, cujas cheias fertilizavam a terra, mas pode também
estar ligado ao dilúvio que alguns estudiosos acreditam ter sido uma grande
enchente do rio Eufrates.
·
Assim
como ele transformou as águas em aridez e ressecou a terra, e o seu
comportamento é determinado pelo deles, assim, em sua ira, seu comportamento é
movido de queda para os pecadores.
Alusão
a destruição de Sodoma e Gomorra onde, inclusive, passa o mar morto. A região
até hoje é árida, um chamado deserto de
sal.
·
Fogo,
granizo, fome e morte, tudo isso foi criado para vingança.
Essa
passagem foi tirada de um livro apócrifo
que circulava na época chamado Testamento
de Levi; neste, afirmava existirem sete céus e, no segundo, existiam fogo e
gelo para o juízo final. Então, é uma influência desse livro que não é
reconhecido pela igreja nem entrou no cânone da bíblia.
O
medo, as preocupações, as aflições e inquietações são parte da condição humana independente da classe
social. É fruto do pecado original (a desobediência) e de tudo que ele
desarmonizou em nós. O temor a Deus é o que dá sentido à nossa vida. Quem põe a
confiança no Senhor não teme a morte, pois não vive para o mundo, mas para a alma
entregue a Deus, o castigo é uma
consequência das nossas ações e não uma punição de Deus.
É
muito interessante como é possível fazer alguns intertextos entre a filosofia e
a visão cristã da alma, da vida de retidão e da morte. Embora vistas muitas
vezes como vertentes distintas — e, de fato, o são — minha leitura de Fédon
mostra que a visão de Sócrates sobre a alma, a retidão e a morte (uma passagem
para a eternidade) são muito afins com o ensinamento bíblico desde antes da era
Cristã. O próprio Pe. Juarez reforça que, na formação teológica dos padres, a
filosofia é um componente curricular, além de reforçar o próprio preceito
bíblico sobre estarmos abertos a todo o conhecimento como forma de consolidar
nossa própria fé.
O
eclesiástico faz uma espécie de releitura da lei judaica em um momento de crise
da fé pela influência helênica e, salvo sua visão retrógrada em alguns pontos,
é indiscutível que ele faz um grande resumo das leis e dos primeiros profetas.
A
partir do capítulo 46, o autor compõe um grande elogio aos antepassados indo
desde os primórdios antes dos patriarcas até os últimos reis justos e os
profetas, com isso, fazendo um grande resgate histórico de toda a história do
povo. Caleb foi, junto com Josué um dos doze espiões enviados por Moisés para
averiguar a terra prometida e, por serem os únicos a agir com otimismo, ao
contrário dos outros dez, foi-lhe permitido entrar com o povo. O nome de
Salomão significa paz.
A
“volta de Elias” se dá no nascimento de João Batista. O Josué citado por Bem Sirac
é o sumo sacerdote que reorganiza o templo e o culto quando o povo volta do
exílio e não o Josué que sucedeu Moisés. É provável que o autor tenha convivido
com o sumo sacerdote Simão, último da linhagem de Sadoc e o admirasse bastante.
O livro finaliza com uma oração do autor e uma reflexão da busca da sabedoria.
Na bíblia, buscar sabedoria é buscar a Deus.
O
Eclesiástico evoca muito os conselhos de um pai que guia o filho a se guardar
dos prazeres passageiros do mundo e cultivar tesouros na eternidade, ver as
aulas do Pe. Juarez me fez ler o livro com muito mais clareza e me dar conta de
complexidade e riqueza cultural e histórica.

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