segunda-feira, 24 de novembro de 2025

[Bíblia] Isaías - Parte II

 O Livro de Isaías é bem grande, são 66 capítulos ao todo, as aulas do Pe. Juarez são por capítulo, alguns tem mais informações que outros, então serão muitas partes. Eu ainda estou estudando esse livro, faltam mais ou menos uns 16 ou 17 capítulos para terminar. Assim, vai ser uma trajetória longa de postagens porque não vou colocar muitos capítulos de uma vez pra não cansar a leitura.

Capítulos 05 e 06

  • A imagem da vinha e seu Senhor exprime, em toda a bíblia, a aliança de Deus com seu povo.
  • Sete, na bíblia, significa plenitude.
  • O núcleo do Livro de Isaías é a Santidade de Deus.
Isaías usa uma metáfora alegórica para mostrar a sua vocação. Deus prepara  o profeta para falar por ele para o povo surdo e cheio de indiferença, prenunciando o exílio.

Capítulo 07

  • Reflete a grande promessa do Emmanuel
A Assíria planeja atacar a Síria e Israel para se apoderar de suas terras, os dois reis se unem e tentam convencer Acaz, rei de Judá, a se unir a eles, mas Isaías proíbe a mando de Deus. Esses reis então planejam invadir a Judeia e destronar Acaz (acabando com a linhagem davídica) e colocando outro que se alie a eles, mas Isaías profetiza que isso não acontecerá e faz o anúncio da vinda do Messias através da Virgem Maria, além de prenunciar o exílio de Israel.

O anúncio do Messias é também para nós um lembrete que não precisamos temer, pois Deus está conosco, nada pode nos atingir porque somos de Cristo e, em Cristo, reside a nossa força.

  • Em hebraico não existe superlativo, para salientar que algo é muito santo repete-se três vezes.

Capítulos 08 e 09

Com a aliança de Acaz e a Assíria, o rei se torna muito permissivo e Isaías (já pela tampa) alerta o rei das consequências de sua aliança (que ele advertiu a não fazer) e, lentamente, vê Judá se tornando pagão. O profeta se recolhe, deixando o rei por si mesmo e só voltando a profetizar quando Ezequias sobe ao trono. O povo se afasta de Deus, mas Deus jamais se afasta do seu povo.

Isaías anuncia a grande mudança com a vinda do Messias. No antigo testamento, direito e justiça são competências de Deus, ao afirmar que o Messias firmará e manterá o trono de Davi no direito e na justiça, firma a descendência de Jesus e sua divindade como filho de Deus.

[Livro] Um Pai Especial/Doces Lembranças

Original: Merry Christmas, Mommy

Autor: Muriel Jensen

Ano: 1995

Sinopse: Um Pai Especial Sou apenas um bebê, mas já sei o que quero: que Nate seja meu pai. Falta apenas convencer minha mãe..." A única coisa que todos no Hospital Riverview sabiam sobre o médico Nate Foster era que ele nunca cuidava de bebes. No entanto, quando Louise Endicott chegou ao hospital num trabalho de parto prematuro, ele permaneceu ao lado dela e ajudou-a a dar à luz seu saudável bebezinho. O que havia de especial em Louise que, após um único olhar,estava se oferecendo para cuidar das fraldas sujas.

Após um acidente de automóvel em que quebrou o braço, Louise entra em trabalho de parto de modo prematuro, duas semanas antes do esperado. Sua amiga Roberta que deveria estar ao seu lado, não estava esperando por isso e estava em uma reunião em outra cidade então ela estava sozinha, até que de modo inesperado o médico Nate Foster conhecido por não gostar de bebês se encarrega de recebe-la na emergência e se prontifica a ficar ao lado dela durante o parto.

Ele estava prestes a entrar de férias e ir acampar no Canadá, mas algo em Louise e no bebê que ele ajudou a nascer — e descobriu ser fruto de uma inseminação artificial — o impedem de viajar. Ela era uma mãe de primeira viagem com um bebê recém-nascido, sozinha e com um braço quebrado. Assim, quando Nate aparece em sua porta com a mentira de que adiara sua viagem porque o carro quebrou as defesas de Louise se erguem ao mesmo tempo em que ela se sente grata por ter alguma ajuda.

Só que, ao contrário do seu mundo extremamente organizado e planejado, o mundo de Nate é caótico e cheio de liberdade. Mesmo a atração entre os dois sendo irresistível, ela não acredita que possam chegar a um acordo, ele tem relacionamentos abertos, sem compromisso, mas Louise quer estabilidade, responsabilidade duas coisas que Nate não acredita serem necessários. 

Porém as circunstâncias — e o bebê de Louise — parecem estar dispostas a juntar os dois, independente de suas vontades. Ignorando o medo do inesperado de Louise e os traumas do passado de Nate, o sentimento que os une promete ser mais forte que o medo.

Tirando essa parte de “Olha quem está falando” que eu achei muito nada a ver, a história é até boazinha, mas não passa disso. O desenvolvimento é bom tirando algumas discussões bem nada a ver e o que me incomodou mesmo foi esse final desnecessário que podia ser resolvido com uma conversa, atitude madura e terapia. Mas, fazer o quê?

Doces Lembranças

Original: Mistletoe Kisses

Ano: 1994

Autor: Lynsey Stevens

Sinopse: A simples presença daquele homem era capaz dè provocar em Yasmin sensações enlouqueçedoras. Sean Craigen continuava jurando amor por Yasmim. mas como ela poderia perdoar a traição de cinco anos atrás. No entanto, voltar à Austrália despertara as doces lembranças de seu amor por Sear... e desejo de acreditar nas palavras dele. e em seus beijos sedutores!

Essa história foi muito mal desenvolvida. Ela não deve ter nem cem páginas direito. É mais um conto que uma novela. Yasmin volta para casa do avô após cinco anos de ser traída por Sean que a enganou e escondeu o fato de ter uma esposa e filho. E só volta porque a mãe lhe garantiu que ele estaria no Canadá e ela precisa impedir que a mãe peça dinheiro ao avô doente para pagar as dívidas do irmão inescrupuloso. 

Contudo, para sua surpresa, Sean está na mansão quando ela chega, acompanhado do filho Toby que simpatiza com Yasmin na mesma hora. Enquanto as lembranças do passado e o sentimento que ainda vive teimam em arder dentro dela, Yasmin está disposta a não permitir que Sean a faça de boba outra vez.

Não gostei. Eu detesto personagens femininas que são "mortas" porque veem um par de músculos definidos, elas não se impoem, ficam lá com a energia de uma caqueira enquanto todo mundo decide o que elas devem fazer porque elas são incapazes de dar um basta no que não querem. Além disso, faltou desenvolvimento aqui, tudo acontece de modo muito abrupto, numa página eles estão brigando, na outra estão se resolvendo e na outra já aparece um monte de revelações saídas do absoluto nada. Gostei não. 

terça-feira, 11 de novembro de 2025

[Bíblia] Isaías - Parte I

 Introdução


  • Os profetas viveram no tempo dos reis e crônicas;
  • 767 e 698  a.C.
  • Período do rei Azarias, Joatão, Acaz e Ezequias;
  • Escrito por vários autores que atribuem a Isaías, prática muito comum no antigo testamento;

Divisão


1º Isaías Cap. 1-39

Antes do exílio, período de atividade do profeta.

2º Isaías Cap. 40-55

Durante e depois do exílio, capítulos posteriores a Isaías, mais de dois séculos, escritos pela sua escola.

3º Isaías Cap. 56-66


Cap 1

Deus chama o povo à fidelidade. Os reinos, com o exílio assírio, foram tomados por estrangeiros que instituíram a idolatria. O reino do norte (10 tribos) não tinham descendência davídica e agiam ainda pior que o sul, ao ponto de Isaías compará-lo a Sodoma e Judá a Gomorra. Ele alerta que não adianta fazer sacrifícios a Deus mantendo um coração em pecado, isso é abominável ao Senhor. Enquanto não houver conversão sincera, Deus não volta os olhos para as preces, pois elas são impuras.

O nome Isaías, em hebraico, é  יְשַׁעְיָהוּ (Yeshayahu) que deu Esaías, depois Isaías e significa "salvação do Senhor", mesma raiz de Ieshua, nome de Jesus que significa "O Senhor salva".

V.2 "Ouvi, céus, e tu, ó terra, escura, é o Senhor quem fala"
É uma linguagem jurídica, Deus chama o céu e a terra como testemunha.

V.4 "Ai da nação pecadora, do povo carregado de crimes, da raça de malfeitores, dos filhos desnaturados."
Acusação contra Judá

V. 29 "Então tereis vergonha dos carvalhos verdes que cobiçais, e corareis de pejo dos jardins que ora vos agradam"
Revolta contra a idolatria cananeia no meio do povo. Os cananeus tinha culto a árvores sagradas.

Cap. 2

O que é um profeta?
Um profeta não é um adivinho ele não prevê o futuro. Profeta significa aquele que fala em nome de Deus. O profeta Isaías tem várias nuances messiânicas, ele aponta para o dia em que o messias virá restaurando a paz e a felicidade no meio do povo.

Isaías fala, nesse capítulo, contra a idolatria e na segunda parte parece se dirigir ao povo do norte, onde havia menos fidelidade que o sul em que o centro ainda é Jerusalém. Ele é claro ao afirmar que não adianta ter dinheiro ou força se não tem fidelidade a Deus, sem Deus tudo é vazio.

V.5 "Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor"
Luz do Senhor significa salvação.

Cap 3

Vendo a desordem e atenção a futilidades de um povo que abandonou a fé, o profeta repreende-os para que se convertam e voltem seu olhar para o Senhor. Essa sociedade anárquica e fútil é um reflexo em larga escala daquela que vivemos hoje.

Cap 4

Isaías fala sobre o que está acontecendo ao mesmo tempo sobre o tempo que há de vir com o messias. A expressão filhas de Sião se refere não apenas as mulheres, mas a população como um todo.

"Vai sobrar apenas um resto"
Se refere a invasão de Nabucodonosor e o exílio que virá. O resto é um termo muito comum na bíblia e se refere a misericórdia de Deus para com o povo, mesmo quando eles pecam e são castigados, o Senhor mantem um "resto" para continuar a linhagem.

[Livro] Assassinato no Expresso do Oriente [+Adaptações]

 Original: Murder in Orient Express

Autora: Agatha Christie

Ano: 1934

Gêneros: Romance, Mistério, História de detetives, Ficção policial

Sinopse: Neste clássico da literatura, e um dos mistérios mais famosos da Rainha do Crime, Hercule Poirot precisa descobrir quem está por trás do assassinato no Expresso do Oriente – e o culpado está entre os passageiros do trem.

Em meio a uma viagem, Hercule Poirot é surpreendido por um telegrama solicitando seu retorno a Londres. Logo o famoso detetive belga embarca no Expresso do Oriente, que está inesperadamente cheio para aquela época do ano. Pouco após a meia-noite, o excesso de neve nos trilhos obriga o trem a parar, e na manhã seguinte, o corpo de um dos passageiros é encontrado, golpeado por múltiplas facadas. Isolados e com um assassino entre eles, a única solução de Poirot é iniciar uma investigação, reunindo todas as pistas e os suspeitos para chegar à conclusão de quem é o criminoso ― antes que ele faça mais uma vítima. 


Poirot embarca no ilustre Expresso do Oriente após ser convocado de volta a Londres. Como o trem estava lotado, ele decide viajar no dia seguinte, mas o chefe da condução, Bouc, arranja uma acomodação para ele ainda naquela noite, insistindo que ele viaje com ele. Durante a viagem, incialmente apertada e desconfortável, uma noite agitada traz um assassinato, um homem mal encarado é apunhalado doze vezes em sua cabine enquanto o trem fica parado por uma nevasca.

Bouc implora que Poirot tome a chefia da investigação já que eles estão isolados e precisarão dar um retorno a polícia tão logo cheguem a cidade mais próxima. Há doze passageiros no trem, aparentemente sem nenhuma ligação entre si, mas quando a identidade do morto se revela como a de um sequestrador envolvido no assassinato muito repercutido de uma criança americana, todos parecem ser suspeitos do crime.

Enquanto investiga, levantando suposições e destruindo teorias, Poirot chega a uma chocante conclusão de que talvez, dentre os suspeitos, ninguém seja realmente inocente.

No fim, o ponto desse livro é trabalhar o senso de justiça. Quando as leis falham em cumprir o seu papel, até onde é justo as vítimas irem atrás da compensação pela perda que sofreram? Quem está certo ou errado aqui? O preço do crime compensa de verdade a falha da justiça? Muitas dessas reflexões fazem a gente pensar sobre até onde é permitido ir em nome da nossa verdade. Achei o livro muito parado, embora o quebra-cabeça seja muito bom, mas o que realmente prende são essas discussões e gosto muito quando Poirot é ativo e sarcástico. Não é o melhor livro dela, mas tem seu charme.

O episódio da série, 04 da décima segunda temporada, é fiel ao livro em sua maior parte. Infelizmente o lugar por onde eu vi a legenda estava muito adiantada, mas deu pra entender por ter lido o livro. Há, contudo, uma parte da construção do personagem do próprio Poirot que entra em conflito com o que acontece no livro. Durante a conclusão, no livro, ele apresenta duas hipóteses para o que aconteceu, uma improvável e uma correta, diante das apresentações, a verdade revelada acaba causando uma comoção e chegam a um consenso de que foi feita justiça. Ele se retira do caso e a primeira hipótese mesmo falha é escolhida para ser dada a polícia. Na série, há todo um embate ético e religioso envolvido que não acontece no livro, acaloradas discussões acerca do crime onde Poirot fica diante de uma escolha difícil quando sua fé e sua ética entram em conflito com a "justiça" falha ao longo dos anos. Embora o final se mantenha o mesmo do livro, esse acréscimo ficou muito pertinente e deu a série uma aura mais dramática e reflexiva do que a objetividade do livro.

A adaptação de 2017 embora tenha o mesmo teor do livro peca em omitir personagens, suprimir personalidades e mudar alguns eventos sem necessidade nenhuma. A história segue a mesma, mas em algumas circunstâncias diferentes. Nacionalidades de personagens foram mudadas e, mesmo que isso tenha cara de inclusão, não foi uma coisa que eu achei realmente importante ou necessária no que diz respeito a este filme em específico. Houveram embates sem qualquer necessidade, e mesmo que a linha principal da história tenha se mantido, não julgo uma adaptação muito boa. A da série se mostrou muito mais fiel ao livro sem acessórios dispensáveis e discussões que não cabiam.

Embora disponha de um elenco muito bom com nomes como Jonny Depp e Penelope Cruz, não entusiasma e essa versão meio "cômica" de Poirot soou muito forçada também. Eu, particularmente, não gosto muito dessa série de adaptações novas que estão fazendo dos livros de Agatha, elas se perdem muito das obras e não respeitam as características dos personagens.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

[Livro] Nomeador de Objetos

Autor: Ester Oliveira

Ano: 2024

Gênero: Aventura

Sinopse: Até onde você iria para salvar a vida de quem mais ama?

Luan sonha em ser um aventureiro, como seus pais. Ísis nasceu da magia, e, conforme seu pai envelhece, percebe que ser imortal significa presenciar a morte de todos ao seu redor. Juntos, os dois descobrem sobre a lenda da Joia da Juventude: um anel capaz de conceder a vida eterna a quem usá-lo.

Para Luan, essa é a chance de uma vida extraordinária. Para Ísis, a esperança de companhia eterna. Mas seus interesses logo entram em conflito com os de Dominique, uma criatura obscura disposta a destruir qualquer um que atrapalhe seus planos perversos.

Ísis e Luan precisam ser mais rápidos e mais espertos, mas, muito além de uma corrida contra o tempo, essa será uma jornada de autodescoberta, sacrifícios, legado, laços de sangue e amor, que testará os limites da lealdade ao desvendar segredos há muito enterrados. Será que a Joia realmente existe? E, caso sim, quais são as consequências de mexer com essa magia antinatural?

Conta a história de Ísis, uma garota mágica nascida com dez anos por deuses antigos e que carrega em si a salvação da humanidade. Quando seu pai é atacado por alguém e para no hospital, ela fica sob os cuidados da Colecionadora de Defeitos e seu filho, Luan, o Nomeador de Objetos.

Investigando, junto com Luan, os últimos passos do pai, ela descobre que ele estava atrás de uma joia de propriedades mágicas que poderia dar a juventude eterna aquele que a usasse. Vendo nisso a chance de salvar o seu pai e mantê-lo ao seu lado para sempre, Ísis começa uma busca perigosa por essa joia.

Mas uma criatura sombria chamada Dominique também quer a joia para dar vida eterna para seu amante, Pedro. Ela começa a vigiar de perto Ísis e tenta envenená-la com seu sangue como fez com o pai dela, mas dá errado por causa da natureza imortal de Ísis e ela acaba crescendo dos dez para quinze anos.

A partir disso, sua relação com Luan também começa a mudar enquanto eles vão juntos no encalço da joia e de Agatha, avó de Ísis, que parece ter alguma ligação com o artefato. Enquanto desvendam o passado e tentam fugir de Dominique, a história se funde em sentimentos novos e desconhecidos e relacionamentos do passado fadados a um fim trágico.

Quando acompanhei o processo de publicação desse livro eu apostava todas as minhas fichas que era uma espécie de fantasia onde um guri conseguia atribuir algum tipo de magia nomeando objetos. Na minha cabeça era o que fazia mais sentido. Contudo, talvez por não ter lido os livros iniciais do universo que contam a trajetória da mãe do Luan, não tinha esse conhecimento e me senti meio frustrada.

Eu não costumo ler aventura. Acho que junto com ficção científica e romances eróticos é um gênero que eu não procuro, então também foi uma experiência diferente ler esse livro. De certa forma, me deu aquela sensação de livros que eu lia no começo da minha adolescência, ali pelo final da infância, onde o mundo já não é mais tão bonito e colorido.

A coisa é que, desde a minha concepção como escritora, eu sou uma pessoa “romântica” embora não no sentido mais literal da palavra no tocante a minha pessoa, mais no sentido literário, se eu for escrever o terror mais grotesco, com certeza vai ter romance no meio, é o gênero que eu mais consumo e mais gosto de ler, então é de se esperar que eu shippe qualquer casal num livro, mesmo odiando algum dos personagens, e aqui não foi diferente, eu comecei a shippar a Ísis e o Luan antes mesmo de haver qualquer possibilidade de romance entre eles. É algo automático de mim.

Se ela tivesse terminado esse livro sem nem um beijinho entre eles eu teria ficado muito, muito irritada. No que toca a narrativa, achei bem imersivo, a mescla de passado e presente, o meio político que, percebi logo, é igual em todo lugar, os relacionamentos problemáticos foi muito interessante de acompanhar e se entrelaçou com coerência. É um livro muito fácil de ler, sem nem se dar conta você engole sete ou oito capítulos num par de horas.

Pra um primeiro contato com a autora, gostei. Foi uma boa experiência. Houve algumas coisas que me deixaram um pouco incomodada, mas é de mim como leitora e não um problema com o livro. Como todo leitor, eu tenho minhas particularidades e nenhum autor é obrigado a escrever pela minha régua, obviamente, pesando tudo eu gostei da imersão e fiquei, inclusive, com vontade de conhecer Minas Gerais. Para quem gosta de aventura com um toque de realismo mágico, vale muito a pena.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

[Livro] Cúmplice do Amor

 Original: Scoundrel's Daughter

Ano: 2003

Autor: Margo Maguire

Sinopse: Inglaterra, 1883. Quando deixou a tranqüila Oxford para morar na casa de seu adorado pai, em Londres, Dorothea nunca imaginou que seria lançada num turbilhão de intriga e perigo pelas mãos do aventureiro Jack. Por mais atrevido e complicado que esse homem se mostrasse, Dorothea demonstraria espanto ao descobrir que estava se divertindo imensamente ao lado dele.Arrancar os segredos do pai de Dorothea estava longe de ser uma tarefa fácil! Jack, porém, jurou que a filha toda certinha daquele malandro o ajudaria a encontrar uma antiga peça de incalculável valor. O problema era que Jack estava começando a se desviar dos propósitos que tinha em mente, atraído pelas camadas infinitas de paixão escondidas sob a aparência bem-comportada de Dorothea!

Gênero: Romance histórico


Após perder a mãe, Dorothea Bright deixa sua casa em Oxford e parte para Londres com o intuito de viver com seu pai, um pesquisador de renome (nas palavras da sua mãe), mas o que encontra, além de uma casa vazia, é um aventureiro furioso que se recusa a sair de sua casa se ela não disser onde está o pai que nunca viu.

Consternada e tentando manter a razão, Dorothea tenta argumentar com o sujeito, mas acaba se envolvendo em uma série de confusões e descobrindo uma coleção erótica de esculturas e pinturas do pai na pior situação possível junto com o senhor americano Jack Temple. As coisas entre eles começam definitivamente com o pé esquerdo. 

Quando ela pensa que se livrou dele, eis que Jack invade sua casa no meio da noite e revira o quarto do seu pai em busca de alguma coisa. Ele encontra, muito bem guardado um mapa antigo que levaria a um artefato religioso de valor inestimável e, segundo se acredita, seria o verdadeiro sudário. Na história, supostamente usado por Maria Madalena para enxugar o rosto de Cristo na subida para o calvário, na vida real, sabe-se que o sudário foi usado por Verônica para enxugar o rosto de Jesus, mas okay.

Há muitas coisas escritas em árabe antigo no mapa e ele não consegue ler, mas Dorothea se mostra uma competente tradutora para o idioma, ela se recusa a traduzir tudo se ele não a levar consigo para procurar o artefato. Para Jack, é uma maneira de usá-la para conseguir algo que o salafrário pai dela quer, para Dorothea uma maneira de conquistar para o pai mais renome. Ela não faz ideia que ele é um mentiroso ganancioso e não importa o quanto Jack tente avisá-la, ela não acredita.

Só que, conforme se aventuram, os sentimentos de ambos um pelo outro sai de uma desavença para uma atração arrebatadora e, finalmente, um amor intenso que nenhum dos dois consegue controlar. Dorothea, dividida entre o que sente por Jack e a lealdade pelo pai, acaba metendo os pés pelas mãos enquanto tenta agir de acordo com o próprio julgamento enquanto, de sua parte, Jack na luta desesperada para refrear seus sentimentos e não ultrapassar os limites com ela acaba sendo ambíguo em demonstrar seus sentimentos e complicando tudo.

E é exatamente isso que falta na história toda: diálogo. Se os dois tivesse simplesmente sentado o traseiro em uma cadeira e conversado como duas pessoas adultas, metade desses mal-entendidos teria se resolvido e o livro teria cem páginas a menos. De resto, é um romance com caça ao tesouro misturando história, lendas e um casal morde e assopra que é puro fogo no parquinho.

Os pais de Dorothea são dois irresponsáveis, a mãe por ser omissa e mentirosa, o pai um charlatão ganancioso e mentiroso que só coloca os próprios interesses em pauta. Pesando prós e contras o livro não é ruim, o casal segura bem a história e dá uns momentos fofos, só do camarada não ser tóxico já é muito, embora ele tenha umas atitudes meio reprováveis em alguns momentos. Achei esse final meio mais ou menos, confesso, poderia ter sido mais redondinho e tirado um pouco da lenga lenga desnecessária, mas tudo bem. No geral, é um romancinho bacana pra passar o tempo.


domingo, 19 de outubro de 2025

[Livro] A Mansão Hollow (+Filme)

 Original: The Hollow

Ano: 1946

Gêneros: Romance, Mistério, Ficção policial

Numa magnífica casa solarenga de províncias, propriedade de um abastado aristocrata, reúne-se um grupo de pessoas da melhor sociedade inglesa, para passar um agradável fim de semana. Porém, entre a "gente fina", há quem faça coisas más e que, com muitas boas maneiras, pode cometer os piores assassinatos. Isto é o que acontece na mansão de sir Enrique Angkatell: um assassino oculta-se entre seus elegantes convidados e um deles é a sua vítima. Felizmente, também lá se encontra um homenzinho pequeno, de grandes bigodes e com um cérebro privilegiado: Trata-se do famoso detetive Hercule Poirot, que descobre o culpado e impede, na última hora, que este cometa um segundo assassinato.

Lady Angkatell está preparando um fim de semana para seus convidados, seus primos Henrieta, Edward e Midge, alguns amigos como os Cristow também são esperados embora ela não consiga lidar com Gerda Cristow que é muito lenta e conta com Henrieta para manter a mulher distraída. O marido de Gerda, John, é um médico pesquisador da doença de Ridgeway e, nas costas dela, tem um caso com Henrieta. Poirot, que está apreciando um fim de semana no campo, é convidado por Lady Angkatell para um almoço e tudo corre muito bem até ele chegar à mansão e se deparar com a cena de quatro pessoas em volta do corpo baleado de John Cristow.

No início, Poirot acredita que aquilo é uma encenação preparada para ele, mas ao aproximar-se e ver que o homem estava mesmo morrendo, John pronuncia o nome de Henrieta e morre em seguida. Segurando uma arma, está a estática Gerda e a seu lado, Henrieta pega a arma e a deixa cair "por acidente" na psicina. A polícia chega e as investigações começam. Poirot fica mais de escanteio, sendo uma testemunha ocular e, vez ou outra, um consultor e confessor de alguns suspeitos. 

Olha, depois de tantos livros de Agatha ao longo da minha jornada de leitora, acho que tenho liberdade o bastante para desgostar de algumas histórias dela sim, essa foi uma delas. Achei uma composição de personagens bem mais ou menos, um casanova infiel, uma mulher fingindo estupidez, uma artista libertina, uma atriz egoísta, uma garota com amor unilateral e um homem insípido atrás de uma mulher que não o quer. Tudo isso na casa de um homem sério casado com uma mulher maluca. 

O fato de Poirot ser praticamente um expectador das coisas também não me agradou muito. A maneira como o assassino é revelado foi igualmente insípida, me pegou bem pouco de surpresa e o fato de não ter sido levado à justiça não me agradou. Mas fazer o que, talvez eu só tenha pego o livro em um momento ruim.

A adaptação desse livro está no quarto episódio da nona temporada da série Poirot. Aqui, ao contrário do livro, Poirot tem muito mais protagonismo (claro, né, a série é dele), alguns elementos ficaram divergentes do livro, mas já era esperado, de certo modo, acho que para mim a adaptação funcionou mais que a leitura embora em alguns pontos ambas se complementem. 

Pensamentos de personagens só podem ser vistos no livro então para quem só vê o filme fica muito vago alguns detalhes ofertados apenas na leitura. De modo geral os fatos foram respeitados e a personalidade de todos os personagens foi mantida. Tiraram alguns pontos mais delicados da história (como o quase suicídio de um personagem) e suavizaram para segundo plano o pseudo romance de Edward e Midge, algo que, a meu ver, ficou melhor.

Não tenho muito o que falar de atuações porque eu gosto bastante dessa série, acho do David Tennant magnífico no papel de Poirot, ele encarna bem o personagem, como se tivesse nascido para esse papel. E em questão de fotografia, amo ver a ambientação e o figurino dessas séries de época.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

He's Coming To Me Novel

Há um tempo, tinha postado no wattpad minha tradução para a novel He's Coming to see me at Qing Ming Festival, obra que deu origem ao drama He's Coming To Me. Contudo, por alguma razão que não entendi, a tradução foi removida do wattpad. Então, pensando em quem queria ler ou parou na metade antes da remoção, estou disponibilizando o arquivo aqui. 
Lembrando que essa foi a primeira tradução que eu fiz na minha vida, então tudo é muito "cru" por assim dizer, tentei fazer o melhor que pude com o que eu tinha e, obviamente, pedi permissão a pessoa que traduziu do tailandês pro inglês para traduzir para português e recebi autorização. Essa tradução é GRATUITA e feita de fã para fã, então por favor, não comercialize.

Só clicar no link abaixo.

CLIQUE AQUI

sábado, 11 de outubro de 2025

[Bíblia] Eclesiástico — Parte Final

 O capítulo 38 apresenta uma visão mais evoluída da ação de Deus, deixando claro que ele é quem cura, sim, mas o faz por intermédio daqueles a quem deu inteligência para tratar as doenças e os remédios — manipulados pelo homem a partir da natureza — isso muda um pouco a visão “milagrosa” da ação divina a partir do nada, embora ela permaneça como tal em alguns momentos.

Mais de dois mil anos atrás já se alertava sobre a duração da tristeza (no luto e demais momentos da vida) que poderia levar a uma doença, hoje conhecida como depressão. “Pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor (saúde)”. Não é a primeira vez que a bíblia alerta do impacto dos sentimentos sobre o corpo e, tampouco, é coincidência ela lembrar e repetir constantemente para “alegrar-nos”.

No capítulo 39, a comparação entre o sábio e o trabalhador é muito egípcia, colocando um trabalho acima do outro, hierarquizando a sociedade em colunas.

·        A benção dele é como um rio que transborda

Pode ser uma alusão ao rio Nilo, cujas cheias fertilizavam a terra, mas pode também estar ligado ao dilúvio que alguns estudiosos acreditam ter sido uma grande enchente do rio Eufrates.

·        Assim como ele transformou as águas em aridez e ressecou a terra, e o seu comportamento é determinado pelo deles, assim, em sua ira, seu comportamento é movido de queda para os pecadores.

Alusão a destruição de Sodoma e Gomorra onde, inclusive, passa o mar morto. A região até hoje é árida, um chamado deserto de sal.

·        Fogo, granizo, fome e morte, tudo isso foi criado para vingança.

Essa passagem foi tirada de um livro apócrifo que circulava na época chamado Testamento de Levi; neste, afirmava existirem sete céus e, no segundo, existiam fogo e gelo para o juízo final. Então, é uma influência desse livro que não é reconhecido pela igreja nem entrou no cânone da bíblia.

O medo, as preocupações, as aflições e inquietações são parte da condição humana independente da classe social. É fruto do pecado original (a desobediência) e de tudo que ele desarmonizou em nós. O temor a Deus é o que dá sentido à nossa vida. Quem põe a confiança no Senhor não teme a morte, pois não vive para o mundo, mas para a alma entregue a Deus, o castigo é uma consequência das nossas ações e não uma punição de Deus.

É muito interessante como é possível fazer alguns intertextos entre a filosofia e a visão cristã da alma, da vida de retidão e da morte. Embora vistas muitas vezes como vertentes distintas — e, de fato, o são — minha leitura de Fédon mostra que a visão de Sócrates sobre a alma, a retidão e a morte (uma passagem para a eternidade) são muito afins com o ensinamento bíblico desde antes da era Cristã. O próprio Pe. Juarez reforça que, na formação teológica dos padres, a filosofia é um componente curricular, além de reforçar o próprio preceito bíblico sobre estarmos abertos a todo o conhecimento como forma de consolidar nossa própria fé.

O eclesiástico faz uma espécie de releitura da lei judaica em um momento de crise da fé pela influência helênica e, salvo sua visão retrógrada em alguns pontos, é indiscutível que ele faz um grande resumo das leis e dos primeiros profetas.

A partir do capítulo 46, o autor compõe um grande elogio aos antepassados indo desde os primórdios antes dos patriarcas até os últimos reis justos e os profetas, com isso, fazendo um grande resgate histórico de toda a história do povo. Caleb foi, junto com Josué um dos doze espiões enviados por Moisés para averiguar a terra prometida e, por serem os únicos a agir com otimismo, ao contrário dos outros dez, foi-lhe permitido entrar com o povo. O nome de Salomão significa paz.

A “volta de Elias” se dá no nascimento de João Batista. O Josué citado por Bem Sirac é o sumo sacerdote que reorganiza o templo e o culto quando o povo volta do exílio e não o Josué que sucedeu Moisés. É provável que o autor tenha convivido com o sumo sacerdote Simão, último da linhagem de Sadoc e o admirasse bastante. O livro finaliza com uma oração do autor e uma reflexão da busca da sabedoria. Na bíblia, buscar sabedoria é buscar a Deus.

O Eclesiástico evoca muito os conselhos de um pai que guia o filho a se guardar dos prazeres passageiros do mundo e cultivar tesouros na eternidade, ver as aulas do Pe. Juarez me fez ler o livro com muito mais clareza e me dar conta de complexidade e riqueza cultural e histórica.

[Filme] Flashes de uma Psicose

Original: Deadlines

Ano: 2009

Diretor: Sean McConville

Gêneros: Terror, Drama, Suspense, Suspense psicológico, Independente, Sobrenatural

Roteiro: Sean McConville

Sinopse: Uma escritora problemática precisa entregar um roteiro e seu prazo está se esgotando. Ela se abriga em uma remota mansão vitoriana, mas logo percebe uma presença assustadora no local.

Após um trauma, Alice Evans se refugia em uma casa antiga no meio do nada para escrever seu próximo projeto. Sua melhor amiga, Rebeca, hesita em deixá-la sozinha lá, mas precisa ficar com a mãe no hospital e Alice lhe garante que ficará bem.

Sozinha, ela acaba sendo cercada por ruídos sombrios e sente a presença de alguém observando-a. Enquanto tenta trabalhar, Alice ouve o som de alguém chorando e, à noite, não consegue dormir. Rebeca se preocupa com ela, sem a certeza que ela está tomando os remédios direito (e não está). Alice encontra fitas que contam a história de Lucy, uma jovem recém-casada e sua vida com o marido, David, que lentamente se transforma em outra pessoa. 

Conforme investiga mais a vida de Lucy, mais Alice mergulha nos recônditos da própria mente e cava um passado enterrado a sete palmos com a certeza que algo muito ruim aconteceu com Lucy. Enredando em uma trama instigante e cheia de mistérios, Alice precisará correr contra o tempo para fugir do marido, Ben, e de si mesma se quiser continuar viva.

Esse é mais um da série de filmes que indiquei sem resenhar. Não lembrava nadinha dele, revi hoje e vi como é uma trama bem feita, Brittany Murphy continua brilhante embora a gente veja claramente os sinais de desgaste nela. Com um roteiro inteligente e bem montado, é o filme ideal para os bons fãs de thrillers psicológicos. Como não lembrava dele, foi como se estivesse assistindo pela primeira vez de novo e já deve ter uns bons dez anos desde que o vi. Vale muito a pena, não apenas pelo enredo em si, mas pelo lado psicológico que é trabalhado de forma muito coerente, mostrando como a nossa mente é fascinante e busca jeitos únicos de lidar com traumas e feridas emocionais.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

[Livro] Sarah

 Original: The Merry Widows

Clássicos Históricos 164

Autor: Theresa Michaels

Ano: 2001

Gênero: Romance, histórico, drama

Sinopse: UM HOMEM CAÇADO... ASSOMBRADO... ATORMENTADO... Rio Santee buscara abrigo na casa de Sarah Westfall. Mas só podia retribuir a gentileza da jovem viúva com inquietação, pois o perigo o perseguia. Embora não quisesse se envolver com ninguém, na primeira noite em que tomou Sarah nos braços seu sangue correra mais rápido nas veias, num ritmo selvagem e primitivo! UMA MULHER SOLITÁRIA... CORAJOSA... MISTERIOSA... Sarah Westfall oferecera seu lar a um estranho em fuga. Mas no silêncio da noite, quando todos os segredos se desvendavam, sua alma clamou pela dele numa canção de cumplicidade... e amor!


Olha, comparado com outros que eu li, esse nem foi tão tóxico viu. Mas não começou lá muito bem também.

Rio Santee perdeu tudo, a esposa, os filhos, o rancho que construiu com luta e o suor do seu trabalho. Mestiço de Apaches e irlandeses, era o que chamavam de renegado, não estava envolvido nas guerras entre brancos e índios, apenas queria viver uma vida tranquila com sua esposa e filhos, mas a bebida atrapalhou primeiro e a guerra depois. Os brancos queriam suas terras e a conquistaram, em troca da vida de sua esposa e da captura de seus filhos. Agora ali estava ele, após ser preso, jurando vingança contra os assassinos da sua esposa e prestes a sequestrar os próprios filhos.

Fugindo dos homens que o caçam, ele acaba indo parar no isolado rancho de uma viúva chamada Sarah que vive sozinha na propriedade e é conhecida na região por ajudar os necessitados e rejeitar todas as investidas dos homens que tentam cativar seu coração. Ele a subjuga e se apossa momentaneamente de sua casa, com a promessa de ir embora depois da tempestade. No início, ela reluta, mas tudo muda quando descobre que ele está com os filhos.

Não demora muito para ela se apegar a Gabriel, o mais novo, um garotinho meigo, cheio de perguntas e carência. O mais velho, Lucas, ainda é arisco e tem grande ressentimento do pai. Mas vai cedendo a Sarah aos poucos, movido por sua bondade e paciência. Porém, os homens à caça de Rio não vão desistir facilmente e Sarah pode estar correndo tanto perigo quanto o próprio Rio e seus filhos.

O livro não é de todo ruim, a maneira como ele aborda o preconceito e a guerra entre os indígenas e os brancos é um pouco maquiada, sim, mas bem convincente. Acho que esse aspecto histórico é a coisa mais interessante no livro, porque nem o arrebatamento quase instantâneo dos personagens e nem as circunstâncias com as quais eles se conheceram me caiu bem na digestão. Contudo, se comparado a outros que já li, até que esse se saiu bem. 

A parte do romance foi bem enrolada, não digo nem construída porque é aquele clichêzão de atração à primeira vista. O que ficou bem feito mesmo foi o relacionamento dela com os filhos dele. Achei toda a parte da caça dele uma enrolação só e aquele confronto final ficou bem arrastado e desnecessário. Ainda assim, deu pra passar o tempo, o que eu acho mesmo é que estou ficando velha demais pra esse tipo de livro, notei que já não consigo gostar mais tanto quanto antes.


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

[Livro] A Volta ao Mundo em Oitenta Dias [Livro + Filme]

 Original: Le tour du monde en quatre-vingts jours

Ano: 1873

Autor: Júlio Verne

Gênero: Ficção de aventura

Personagens: Phileas Fogg, Passepartout, Princesa Aouda, Inspetor Fix, Andrew Speedy, Francis Cromarty, James Forster

Sinopse: Phileas Fogg, um inglês rico, metódico e um tanto quanto solitário aposta com seus colegas do clube de jogos que conseguirá dar uma volta ao mundo em apenas 80 dias. Fogg convida seu fiel empregado Jean Passepartout e juntos viverão muitas aventuras.

Esse foi outro livro que peguei no formato audiobook, provavelmente uma versão bem adaptada da obra original que tem pouco mais de trezentas páginas. Depois vou pegar o livro mesmo para ler. Mas, num primeiro momento, achei bem divertido. Conta a história de Fogg, um inglês metódico e rico cheio de precisões minuciosas que, após fazer uma aposta absurda com seus amigos inicia uma viagem de oitenta dias com seu criado Passepartout ao redor do mundo.

Porém, ele é confundido com um ladrão de banco e um policial da Scotland Yard fica no encalço dele, mas não consegue prendê-lo antes que ele saia de solo inglês. Enquanto isso, totalmente ignorante à sua caça, Fogg segue viagem com seus modos sempre calmos, metódicos e seu espírito generoso e empático. No meio do caminho, ele salva uma jovem viúva de ser morta junto ao corpo do seu marido, enfrenta índios que sequestram Passepartout, passa por uma tempestade em alto mar, perde um de seus navios, é preso por causa do criado que entrou de sapatos em um templo indiano e outras peripécias que fazem a gente rir demais.

Achei a história muito gostosinha, me lembrou alguns livros que eu lia pra minha irmã. Tem de tudo um pouco, aventura, romance, suspense, comédia. Ouvi ele no skeelo, gostei da narração e o sotaque do dublador do Passepartout ficou ótimo. Realmente recomendo para quem quer uma historinha leve e divertida para descontrair.

Original: Around the World in 80 Days

Ano: 2004

Direção:  Frank Coraci

Gênero: comédia, aventura, fantasia

O filme destoa completamente da obra original, acho que pelo fato de focarem na comédia, colocaram um monte de linguiça e trocaram vários personagens e digo, de forma desnecessária porque a história em si é engraçada não precisava mexer em nada.

O criado francês virou chinês e é protagonizado por Jackie Chan, Fogg saiu de um metódico burguês excêntrico para um cientista maluco (eu fiquei tipo "oi?") tem uma organização chinesa atrás de um buda de jade roubado do banco. Olha, pensa numa maracutaia de maluquices juntas em quase duas horas de longa.

Vi que tem outras adaptações do livro, acho que vou procurar outra mais antiga para ver se encontro mais fidelidade, embora ache pouco provável, raramente os filmes se mostram fiéis aos livros.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

[Livro] Obrigada Pelas Lembranças

Original: Thanks for Memories

Autor: Cecelia Ahern

Ano: 2022

Gêneros: Ficção Doméstica, Romance contemporâneo

Sinopse: E se uma doação de sangue lhe trouxesse novas memórias? Um verdadeiro conto de fadas moderno, conheça o romance de Cecelia Ahern, autora best-seller de P.S. Eu te amo, e descubra uma história sobre amizade, família e uma abordagem realista do luto à luz da imaginação.

É possível amar alguém que não conhecemos?

Com o casamento desmoronando, Joyce Conway quase perdeu tudo em um terrível acidente. Ao acordar no hospital, ela percebe que, inexplicavelmente, consegue falar latim e italiano, tem conhecimentos sobre arquitetura e a Renascença e se lembra do rosto de pessoas que nunca conheceu e de lugares que nunca visitou, como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa.

Depois de procurar a ex-mulher e a filha sem sucesso, Justin Hitchcock vai para Dublin lecionar sobre Arte. Após um divórcio, solitário e inquieto, ele não tem muita esperança para o futuro. A decisão de doar sangue foi a primeira coisa boa que fez em um bom tempo. Mas sua vida está prestes a mudar quando começa a receber presentes anônimos que vão lançá-lo em uma busca que transformará duas vidas para sempre.

Envolvente e apaixonante, o novo livro de Cecelia Ahern, autora best-seller de livros de romance amada por leitores do mundo inteiro, nos entrega essa história única que brilha com esperança e sentimento ― e um toque de magia.


Já quero começar dizendo que essa é a sinopse mais mentirosa que você vai ler hoje. Sabe o que esse livro tem de sobra? Encheção de linguiça.

A história já começa com um aborto (não é spoiler, tá na primeira página), Joyce cai da escada ao correr para atender o telefone e sofre um aborto, indo parar no hospital em estado grave e precisando de uma doação de sangue. Simultaneamente, numa universidade de Dublim, Justin está chegando para uma palestra como professor convidado bem no momento em que uma médica conversa sobre os alunos sobre a importância da doação de sangue. Ele tem pavor de agulhas, mas depois de uma conversa com a filha, Bea, decide ir doar uma bolsa de sangue e ser responsável por salvar a vida de alguém, mas fica encasquetado querendo saber para quem seu sangue vai.

Nisso, Joyce recebe o sangue dele e quando acorda da cirurgia, sem o bebê e encarando a verdade, tudo que lhe resta é seu pai, um casamento fracassado e memórias que ela jura não serem dela. De início pensa que é alguma coisa relacionada ao trauma, uma maneira do seu corpo lidar com o sofrimento. Ela pede o divórcio ao marido e volta para a casa do pai. A partir disso, a vida de Joyce e Justin vai se desenrolando enquanto ele flerta com a médica que tirou seu sangue, ela tenta lidar com a perda do bebê e entender as lembranças estranhas que estão acompanhando seus novos gostos. Como se, de repente, ela tivesse se tornado outra pessoa.

A relação com o pai de Joyce se estreita enquanto ele lida com sua memória cada dia pior, o peso da idade e velhos vícios retornando, Joyce se divide entre a preocupação com o pai e o turbilhão de mudanças acontecendo com ela. Ela e Justin se encontram em um salão de beleza, há uma conexão estranha entre eles, mas os dois têm certeza que nunca se viram antes. Uma série de eventos faz os dois se desencontrarem enquanto tentam se encontrar.

Esse livro foi uma decepção viu. Quando li a sinopse imaginei algo totalmente diferente, mas fica enrolando a maior parte da história e praticamente só vai se resolver nas últimas quatro páginas da forma mais clichê e sem graça possível. Além disso, não que eu espere que magia tenha sentido, mas a maneira que ela escolheu de manifestar as memórias e as próprias memórias ficou tão sem graça. Olha, sendo bem sincera? Como romance não funcionou para mim. Achei lento, arrastado e chato. O único ponto bom nessa história, de fato, foi a relação de Joyce com o pai, a maneira como a dinâmica deles se desenrola é não apenas muito real, mas igualmente adorável. De resto, não gostei. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

[Filme] Poder Além da Vida

Original: Peaceful Warrior

Diretor: Victor Salva

Adaptação de: O Caminho do Guerreiro Pacífico: Um Livro que Modifica Vidas

Autor: Dan Millman

Duração: 2 horas

Gêneros: Romance, Melodrama, Drama, Filme de Esportes, Suspense psicológico, Romance psicológico, Independente

Sinopse: Dan Millman é um atleta que tem dinheiro, mulheres perseguindo-o e aptidões para participar das Olimpíadas. Mas um encontro com Sócrates, um homem que questiona tudo, faz sua visão de mundo mudar completamente.


Ainda da série de filmes que indiquei e não resenhei.

Um guerreiro não desiste daquilo que ama, Dan. Ele encontra amor naquilo que faz.

Vi esse filme pela primeira vez muitos anos atrás, quando tentei fazer crisma pela segunda vez. Depois revi e indiquei no blog, mas não falei nada sobre ele. Tive a chance de rever hoje e quero conversar um pouco sobre ele porque é um filme que gosto muito.

Conta a história de Dan, um ginasta que frequenta a universidade e tem tudo que um cara pode querer: os pais são ricos, a faculdade pra ele é fácil e ele pode ter a garota que quiser. Porém, tudo muda quando, após um pesadelo, ele acaba indo parar em um posto de gasolina e é atendido por um senhor idoso na loja de conveniência. Há coisas estranhas sobre aquele homem, começando pelo fato de que as botas dele estavam no pesadelo que Dan havia acabado de ter. 

Intrigado pelo fato de, num átimo de segundo, o homem ter ido parar no telhado do posto, ele continua voltando lá e o estranho, a quem Dan começa a chamar de Sócrates, sempre faz perguntas desconfortáveis e o instiga a pensar de forma profunda. Ele diz a Dan que, se fosse seu treinador, ele seria capaz de alcançar o máximo de excelência no que faz, mas o caminho era duro e exigiria que ele confiasse em Sócrates. Dan aceita a princípio mesmo sem estar realmente pronto.

O treinamento consiste em largar a bebida, parar de dormir com garotas, limpar banheiros, atender no posto de gasolina. Contudo, o desempenho de Dan nos treinos de ginástica começa a deteriorar e, irritado, ele confronta Sócrates sobre o sentido de tudo que está fazendo. O homem explica que ele só conseguirá ser quem quer se deixar de lado o seu orgulho e aprender a olhar em volta e servir os outros, mas Dan não dá ouvidos e diz que é perda de tempo. Ele volta para sua vida de álcool, sexo sem compromisso, treinos árduos e vazio.

Tudo muda quando um acidente o deixa dez meses imobilizado e tudo parece perdido. Os médicos dizem que ele tem uma barra de ferro segurando sua perna no lugar e que seu futuro na ginástica chegou ao fim. Ele jamais poderá treinar ou competir de novo. Afundado em tristeza e autocondenação, Dan se fecha, ficando isolado por um tempo e descobre-se com saudade de Sócrates, mas reluta em procurá-lo por causa da última conversa que tiveram.

A morte não é triste. Não existe tristeza na morte. 

O triste é que as pessoas não aproveitam a vida.

Após um tempo, ele retorna ao posto de gasolina e, ao invés de hostilidade ou sermões, encontra apenas acolhimento e silêncio. Com o passar do tempo, Dan vai se recuperando devagar e aprendendo mais coisas com Sócrates, até o dia em que ouve do senhor que ele deve persistir na ginástica. Dan fica incrédulo, afirmando ser impossível, mas Sócrates garante que ele é capaz sim se acreditar em si mesmo. Assim, o treinamento real de Dan começa, do zero, com as mesmas primeiras quedas e os recomeços. Mas dessa vez ele não treina apenas o corpo, ele projeta sua mente e alma no propósito. Aprende a viver no agora, a calar as vozes que dizem que ele não é capaz.

E Dan Millman renasce.

Esse é um daqueles filmes inspiradores sem ser o tipo doutrinário ou didático. Ele usa metáforas muito interessantes para alcançar o seu propósito. Com um bom equilíbrio entre drama e humor, ele traz reflexões fortes que podem variar da percepção do expectador para o lado religioso ou filosófico. No meu ponto de vista abrange ambos com perfeito equilíbrio, porque fica muito claro no filme que o homem a quem Dan chama de Sócrates não é, de nenhuma forma, comum.

A importância de viver no agora, manter a mente livre de coisas tóxicas e pensamentos negativos, focar naquilo que realmente se ama e dar tudo de si nisso. Seguir em frente, apesar da dor e dos tropeços  que a vida impõe sobre nós. Essas são apenas algumas das mensagens passadas pelo longa enquanto acompanhamos a jornada de reconstrução de Dan que sai de um garoto mimado, orgulhoso e egoísta para um homem maduro, centrado e sincero. E creio que a mensagem central está nisso: a justiça é a amardura que precisamos para alcançar o melhor de nós mesmos. Quando agimos com retidão, nos voltamos de coração para Deus e buscamos viver com propósito maior que o terreno, conseguimos ver milagres, porque a mudança acontece assim, de dentro para fora.

Com certeza vou procurar o livro desse filme para ler! É realmente inspirador e vale muito a pena.

A felicidade está na jornada, não no destino.

domingo, 28 de setembro de 2025

[Bíblia] Eclesiástico — Parte III

Devemos nos manter longe daquilo que nos faz pecar. Jesus voltou à esse ensinamento em sua fala para “cortar fora” aquilo que leva ao pecado, usando o olho e a mão como metáforas para aquilo que vemos e praticamos.

Um ponto interessante aparece no capítulo 22 sobre o dever cristão de ir à missa de sétimo dia seja de um parente e conhecido ou até mesmo de um estranho, como cristãos é nosso dever ir e prestar solidariedade aos parentes do falecido. Esse livro explica a proibição de jurar por Deus, quando se faz isso chama-o como testemunha o que é uma afronta, pois somos pecadores, outra curiosidade é que raramente se usa pai em relação a Deus no antigo testamento e quando aparece é no sentido de meus pais ou pai de Israel e não o pai (abba) ensinado por Jesus.

Volta também a um ponto mostrado em levítico e deuteronômio onde era aplicada pena de morte para adultério, posteriormente, essa pena foi trocada para flagelação em praça pública.

O capítulo 24 é o ponto central do Eclesiástico. Um capítulo profundamente teológico e profundo usado mais tarde no prólogo do Livro de João. Traz uma síntese da doutrina sobre a sabedoria que é identificada como o próprio Deus e é base da formação cristã e fundamentação da trindade. A sabedoria sai da boca de Deus logo é o próprio espírito dele, essa palavra criadora que S. João denominará verbo em seu prólogo, pois tudo que Deus diz acontece, essa sabedoria se “encarna” ou “arma sua tenda” no meio do povo através de Cristo.

O livro volta muito na tecla do casamento, da conduta da “mulher má”, a “esposa perfeita” de modo bem repetitivo.

Em uma de suas parábolas sobre a pessoa que não usava vestes adequadas em um casamento e foi expulsa, Jesus usa essa história como alusão a essa parte do livro onde se explica que essas “vestes” representam a justiça. Os injustos serão expulsos da presença de Deus. Há menção também à condenação à hipocrisia reforçada por Cristo que não a admitia. Entende-se por hipócrita aquele que finge ser o que não é. Reflete-se também sobre o perdão de modo muito semelhante ao ensinado por Cristo mais tarde.

O capítulo 29 chama a atenção das pessoas que abusam de quem empresta dinheiro — que é uma premissa bíblica emprestar — e viram inimigos para não pagar. É pecado. Da mesma forma que cobrar juros é. Reforça o conselho de dar esmola e socorrer o pobre, um mandamento que Cristo não só pregou, mas viveu. Deus abomina quem despreza o pobre e castiga aqueles que abusam da bondade do outro. Outra coisa diz respeito ao cuidado com a saúde, um bem primordial, 200 anos antes de Cristo já era uma preocupação. Quem vive pelo dinheiro é infeliz, na bíblia o vinho representa a alegria e nossa alegria está em viver plenamente na graça de Deus.

O autor justifica por meio da criação em dualidade de opostos para a predileção de Deus por um povo em específico e, com isso, justificar a invasão e guerra para a ocupação de uma terra habitada. A visão é antiga, com a vinda de Cristo toda nação e todos os povos são iguais ao projeto de Deus. Inclusive, Sócrates trata o assunto de bem e mal — vida e morte — em seu diálogo de Fédon, como esse livro foi escrito em meio a uma grande influência grega, então creio que seja uma referência bacana. Além disso, vale lembrar que, naquela época, a escravidão era admitida, mas o livro começa a dar sinais sutis de avanço nesse aspecto.

A palavra é clara no que se refere àqueles que procuram significados em sonhos; embora Deus tenha se manifestado dessa maneira diversas vezes a alguns profetas, foram casos muito pontuais e não significa que todo sonho vai ter um significado revelador sobre algo, afinal, quem somos nós para receber revelações do Senhor? Mais tarde, Freud vai afirmar que o sonho é um reflexo dos nossos desejos ou medos, assim, reflexos do nosso inconsciente. Devemos nos fiar na palavra de Deus que sempre se cumpre.

Devemos, igualmente, ter a mente aberta para conhecer (não seguir) outras religiões e culturas, pois isso nos faz firmar na nossa própria fé. A verdadeira religião é temer a Deus, mudar o coração, viver de forma justa, não adianta rezar, ir à missa e fazer sacrifícios se nossa atitude e nosso coração permanecem no pecado e na injustiça. O senhor atende os justos e o verdadeiro arrependimento é precedido pelo compromisso de não permanecer naquele erro, mas se voltar de forma sincera para o caminho da retidão. O cumprimento da lei deve ser feito dentro da retidão moral, não apenas com as mãos, mas com o coração justo.

Alguns estudiosos acreditam que a oração pelo povo oprimido no capítulo 36 tenha sido incluída posteriormente no livro. Ela reflete uma mentalidade da época que acreditava que para Deus demonstrar o seu amor pelo povo ele tinha que destruir os opositores estrangeiros, uma visão mais bélica que não traduz o pensamento de Deus e é refutada por Cristo que diz para amar os inimigos e rezar por eles.

[Nesse livro “fim dos tempos” se refere a quando 
o exílio dos povos de Israel acabasse e todos se 
reunissem outra vez como um só.] 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

[Bíblia] Eclesiástico — Parte II

Desde já, o texto reforça algo que Cristo pregará com palavras e ações: ações injustas contra os pobres e o povo são ações contra Deus. “Em tudo que fizerdes lembra do teu fim e jamais pecarás”. Inclusive, há o conselho de não censurar ou apontar os pecados alheios porque nós também somos pecadores.

Como todos os livros do antigo testamento há passagens que podem soar bem “problemáticas” para nossos ouvidos, por isso é preciso contemporizar que essa é uma visão machista e antiga que vê a mulher como um objeto e fonte de pecado. A bíblia vai evoluindo e a visão também, Cristo coloca homem e mulher lado a lado. Vale lembrar que esse livro é um alerta aos judeus que viviam no meio da influência grega para que não se distanciassem dos valores e das leis de Deus.

O orgulho é a raiz de todo pecado. Quando, no paraíso, o homem pecou o fez por orgulho, por renegar a Deus, querer se igualar a ele. Tal é a sociedade pecadora da atualidade, um mundo que renega Deus. Muitos dos ensinamentos desse livro serão, posteriormente, mencionados nas cartas de Paulo. Fica claro no decorrer da leitura que o autor é alguém que confia pouco nas ações humanas colocando toda sua fé na providência divina.

Ele volta a bater na tecla da riqueza criticando aqueles que vivem para acumular, dedicando a vida inteira a isso esquecendo a própria finitude. Não é que Deus julgue o dinheiro como algo ruim, mas é o que essa riqueza provoca no coração e no caráter do homem. A verdadeira riqueza é desfrutar a vida com quem amamos, ter o necessário é suficiente, pois nada se leva desse mundo. E, por isso também, o autor critica quem faz distinção de pessoas por sua aparência. A pessoa soberba não é capaz de ver a providência divina, pois acredita que tudo vem por si mesmo quando, na verdade, tudo que acontece na vida vem de Deus.

O capítulo 12 vem falar sobre a prática do bem e o verdadeiro amigo. Até aqui, nota-se que nesse livro o “fazer o bem” é algo muito seletivo, voltado apenas para os amigos e, mais uma vez, é preciso contextualizar a época em que foi escrito. Ao dizer que não se deve fazer o bem ao inimigo e ao pecador — mas deixar Deus puni-los — Ben Sirac se refere aos gregos, eles eram, nessa época, os “inimigos” dos judeus. Por isso, o autor orienta a não fazer o bem ao inimigo, contrariando o ensinamento de Cristo que mais tarde ensina que se deve amar os inimigos.

Num segundo momento, fica muito claro que só conhecemos os amigos no momento do sofrimento. O perigo da bíblia é ler e tirar o texto do seu contexto, isso é usado como pretexto para fazer o mal, não devemos ler os textos, especialmente da velha aliança, sem compreender o período e o intuito em que foram escritos.

Faz-se uma descrição duríssima da realidade. O rico finge amabilidade para sugar o pobre até a última gota e a palavra critica com dureza o orgulho do rico, fazendo um alerta para nos afastarmos de pessoas orgulhosas. Essa comparação entre rico e pobre já era abordada nas fábulas de Esopo, escritas antes do Eclesiástico.

O rico nunca vai ver o pobre como seu semelhante. Aquele que se torna amigo do rico carrega o fardo dele e na necessidade será por ele abandonado. Contudo, vale lembrar que essa é uma constatação da realidade, não um ensinamento da bíblia. A vinda de Cristo muda essa visão, mostrando qe ricos e pobres, justos e pecadores, podem sim conviver em harmonia.

No capítulo 14 volta a questão do acúmulo de riquezas e da condenação à avareza, esse ponto e o cuidado com a língua são dois tópicos muito repetidos no livro. Então vem a questão do livre arbítrio que é a liberdade concedida ao homem de escolher o caminho que quer seguir. Deus dá a orientação, mas somos nós que tomamos a decisão e sofremos as consequências dela. Tudo pode ser reparado desde que haja comprometimento e arrependimento sincero. E aqui entra a questão da justiça divina. Ao mesmo tempo que Deus é misericordioso, é igualmente justo, e dará a cada um conforme suas ações.

Um exemplo são aqueles que não entraram na terra prometida, a destruição de Sodoma e Gomorra, etc. Deus vai retribuir o bem e o mal que fazemos, ninguém se esconde do Senhor! Por isso, é preciso escolher o bem e a justiça enquanto se vive nesta terra, pois após a morte nada mais há de ser feito, será apenas prestação de contas. A grandeza de Deus é incompreensível à razão humana, como nada somos, precisamos constantemente da sua misericórdia e, após tomar consciência real disso, da nossa insignificância, conseguimos observar melhor nossas atitudes e viver segundo a vontade daquele que nos deu a vida.

Volta-se à questão da língua e de como é melhor ouvir mais e falar menos, evitando fofocas, preconceitos e pré-julgamentos, além da necessidade de corrigir aqueles que vivem no erro, aconselhando-os. Essa parte tem uma grande influência dos filósofos da época, por isso há grande semelhança com alguns provérbios filosóficos de pensadores da região asiática. Por exemplo:

Ø O tolo fala muito, o sábio fica mais calado;

Ø A mentira é a pior das artimanhas do ser humano;

Ø O silêncio nem sempre é a prova de sabedoria, podendo ocultar estupidez;

Ø A recompensa do bem feito é o ato, ele não espera retribuição;

Ø A desgraça às vezes traz benefícios como a sorte pode trazer o mal;

Ø A justiça não coaduna com a violência, é inútil tentar fazê-la por esse meio.