sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

[Livro] Os Elefantes Não Esquecem (+Filme)

 Original: Elephants Can Remember

Autor: Agatha Christie

Ano: 1972

Gêneros: Mistério, Ficção policial

Sinopse: “Foi a mãe dela que matou o pai ou foi o pai que matou a mãe?” Ariadne Oliver fica pasma com a impertinência da sra. Burton-Cox ao lhe perguntar, tão casualmente, sobre o trágico passado de sua afilhada, Celia Ravenscroft. Mesmo assim, a questão desperta sua curiosidade, pois o caso nunca foi esclarecido. Para investigar esse crime, Ariadne pede ajuda ao detetive Hercule Poirot. Ele tem certeza de que a resposta ainda está na memória das antigas testemunhas – e agora cabe a ambos remexer o passado e descobrir como as peças desse complexo quebra-cabeça se encaixam. Publicado em 1972, Os elefantes não esquecem foi um dos últimos livros escritos por Agatha Christie. Para além de um mistério intrigante, o romance esconde nas entrelinhas revelações autobiográficas sobre a autora.


Por alguma razão que não me lembro, quando li esse livro pela primeira vez em 2016 não escrevi resenha alguma sobre ele. Ano passado, fazendo meu caderno de leitura, me dei conta disso e coloquei como uma das releituras desse ano. Cá estamos.

Como uma leitora até voraz de Agatha, pois li bastante livros dela, não posso considerar esse como um de seus melhores trabalhos, tampouco é o pior, até agora o que menos gostei foi Noite sem Fim, contudo, é um livro clássico dela, daqueles envolvendo um mistério intrigante e, à primeira vista, insolúvel, especialmente por ser um caso acontecido mais de dez anos atrás.

Trazendo como uma das protagonistas a escritora Ariadne Oliver, ela vai por curiosidade a um almoço onde está sendo homenageada com outros escritores, é então abordada por uma matrona com ares autoritários que lhe faz um questionamento ousado e fora de tom sobre uma de suas afilhadas, Celia, referente a uma tragédia ocorrida com seus pais. Ela queria saber se foi o pai que matou a mãe ou o contrário, uma vez que ambos foram encontrados mortos em um penhasco. Chocada e furiosa, Ariadne diz à mulher que não pode ajudar e vai embora. A razão do questionamento se dá porque Celia está noiva do filho dela, Desmond.

Sem conseguir deixar de pensar no ocorrido, ela recorre a Poirot para saber o que fazer a respeito. Em algum lugar da sua mente também está curiosa com o que aconteceu já que, na época, nenhuma conclusão pautável foi encontrada pela polícia que fechou o caso como duplo suicídio. A própria Celia passa a ser assombrada pelo ocorrido com os pais, embora não tenha presenciado por estar em um pensionato na Suécia quando a tragédia aconteceu. Ariadne recorre então, junto com Poirot, aos "elefantes", pessoas que estavam por perto do casal na época dos fatos e que possa rememorar, com o máximo de precisão, sobre eles e o acontecido. 

Refazendo os passos dos pais de Celia, Poirot vai montando um quebra-cabeças improvável que envereda por segredos sombrios de família e uma trama meticulosa envolvendo as pessoas do presente.

Ao contrário de outros livros de Agatha, esse não tem um desenvolvimento tão expansivo, as coisas se desenrolam até rápido demais. Poirot, como sempre, muito carismático não dá qualquer sinal de doença ou fraqueza para justificar seu doloroso final no próximo e último livro da autora, Cai o Pano. Aqui, pode-se dizer, ele está em sua melhor forma, embora não na mais ativa delas hahaha. Gostei do livro, é bom pra quem procura um suspense bem feito, um caso intrincado, mas sem muita enrolação.

A adaptação do livro está no primeiro episódio da décima terceira temporada da Série Agatha Christie's Poirot, como sempre é apenas parcialmente fiel ao livro, o filme criou algumas conexões e personagens que não estão presentes no livro, a linha de raciocínio é a mesma, mas certos eventos não acontecem na história. Contudo, manteve-se fiel por boa parte.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

[Livro] Uma farsa doce como mel

Autor:  Thais Bergmann

Ano: 2024

Sinopse: Melissa não tem (e nem quer ter) sorte no amor. Apesar de ter uma vida social bastante agitada, não quer um compromisso sério. O problema é que, muitas vezes, os homens com quem ela sai acabam se apaixonando, não é à toa que ganhou o apelido de lábios de Mel. É por isso que Melissa já tem um plano pronto para colocar em ação sempre que um homem insiste em levar o relacionamento adiante: ela pede que Heitor, seu vizinho gostoso, finja que é seu namorado ciumento. Em geral, a tática dá certo, mas quando seu chefe — com quem ela passou uma única noite bêbada — aparece em sua porta, nada parece capaz de convencê-lo a deixá-la em paz. Então, quando Mel descobre que a empresa está planejando um evento em um ecoresort que vai durar um final de semana inteiro, convence Heitor a acompanhá-la como seu namorado de mentira. Ela só não esperava que fosse gostar tanto da sua companhia e muito menos que seu chefe fosse aparecer com uma esposa da qual Mel sequer sabia da existência.


Ainda estou me acostumando com audiobooks, mas, no geral, ao contrário do que imaginei quando ouvi minha primeira historia nesse formato, até que gosto bastante, em especial por poder fazer outras coisas enquanto escuto e, ainda assim, me divertir e imaginar as cenas.

Esse foi meu segundo livro no skeelo, achei a história bastante parecida com o primeiro que ouvi lá, Mais uma vez, embora sejam distintas, mas tanto o ambiente corporativo quanto o chefe assediador são em comum. Porém, ao contrário da outra, nessa aqui não há viagens no tempo.

Melissa está determinada a passar a vida inteira solteira. Primeiro, porque não consegue manter o interesse em um cara por mais de dois dias, segundo porque aprendeu desde pequena que a melhor maneira de não sofrer em um relacionamento é não ter um. Ela cresceu em uma casa disfuncional, além de trair, seu pai ainda tratava sua mãe de maneira horrível e a mãe dela estava longe de ser uma referência feminina no quesito amor próprio.

Assim, decidiu que jamais entraria em nenhum relacionamento. E, de fato, se manteve firme nisso por anos, ficando com homens por um curto espaço de tempo — muitas vezes não mais que dois encontros—  e usando seu vizinho Heitor para dispensar os insistentes, aqueles que não aceitam sua dispensa. Ela e Heitor mantêm uma amizade simples, são vizinhos de porta e sempre que ele a livra de um pretendente irritante, ela lhe leva comida.

Contudo, após uma noite de bebedeira, Melissa acaba passando a noite com o chefe, algo que complica ainda mais suas relações de trabalho. E, a pior parte, o chefe dela não está disposto a aceitar a rejeição tampouco acreditar que Heitor é mesmo o namorado dela. Assim, continua assediando ela no trabalho e por mais que suas amigas aconselhem a denunciá-lo para a CEO da empresa, ela recusa, sabendo que as fofocas vão tornar sua convivência naquele ambiente, impossível.

A empresa em que ela trabalha promoverá um evento de fim de semana em um resort e os funcionários podem levar a família com exceção dos filhos. Para convencer o chefe que está mesmo namorando e fazê-lo deixar ela em paz, Melissa precisa convencer Heitor a acompanhá-la nessa viagem. Porém, ambos não estão acostumados a manter a farsa por mais de cinco minutos para espantar pretendentes difíceis, muita coisa pode dar errado em 48h juntos.

Achei esse livro bem fofinho e mais engraçado que o primeiro que ouvi. Aquele tipo de historia pra uma tarde preguiçosa em que você não quer pensar muito e só deseja curtir uma historinha leve sem muita pretensão. Gostei, tem aquele tom levinho e sem pressão com um final previsível, mas que não deixa de ser fofinho. Recomendo.

[Livro] Contos de Fantasia Chineses

 Autor: Pu Sonling

Ano: 2022

Gênero: Ficção

Sinopse: Há muito considerado uma obra-prima do fantástico e do misterioso, Contos de fantasia chineses é uma coleção de contos sobrenaturais compilados de antigas histórias folclóricas chinesas por Pu Songling no século XVIII. Esses contos de fantasmas, magia e outras coisas bizarras e fantásticas são um verdadeiro clássico da literatura chinesa e dos contos sobrenaturais em geral. Esta primeira edição brasileira contou com organização de Yao Feng e tradutoras que converteram a obra ao português brasileiro pela primeira vez. De preferência, pedimos ao leitor e à leitora que aproveite a leitura desses contos de arrepiar com as luzes apagadas em uma noite tranquila.


Embora mencione o budismo em alguns contos, prevalece aqui a crença taoísta. São contos de fantasmas e raposas de nove caldas, sobre pessoas que voltam à vida e romances improváveis bem a cara do que estamos acostumados a ver em dramas chineses de fantasia, com a diferença de não haver aqui grandes batalhas. Porém, nem todos os contos são meras histórias para entreter crianças ou adultos, boa parte deles tem uma moral séria que leva a algumas reflexões, e outros utilizam de metáforas, curiosamente usando lobos, para tecer críticas à corrupção das autoridades (e fiquei bastante curiosa sobre a razão de usar lobos para isso uma vez que, pelo meu parco conhecimento, eles são leais, prezam e respeitam a família e a hierarquia). 

Algo interessante é que o próprio autor comenta ao fim de alguns contos, dando uma espécie de "explicação" para a história que escreveu. E em um dos contos, ele cita a si mesmo como amigo de uma das personagens e expressa que aquela história era uma reprodução do seu relato. Boa parte dos contos mostra como eram as relações na China antiga, tanto familiares quanto sociais, o que traz pra gente um bom tanto de cultura em especial para os curiosos com a história chinesa. E, algo que me chamava muito a atenção, era a espécie de "distanciamento emocional" sempre soava estranho pra mim, talvez por vir de uma cultura calorosa e de muita aproximação familiar. Em algumas historias, os filhos sumiam e os pais apenas lidavam como se fosse algo normal, em outras os pais apenas deixavam os filhos e iam embora como se não fosse nada de mais como em "A Imortal Qing E", pra nós, ocidentais, parece impensável.

Outros contos como "Sequelas de Um Sonho" devia ser lido por todo mundo. Algo muito legal nos contos chineses é que eles são, de alguma forma, bastante parecidos com as fábulas da gente, tem uma moral que nos lembra de valores que a sociedade parece ter esquecido. Outros nos levam a reflexões até bem bíblicas de alguma forma. 

"(...) persuadir as pessoas a fazer o bem é como lhes dar uma azeitona. Embora de início seja amargo, a doçura virá com o tempo. Por outro lado, tentar as pessoas a fazer o mal é como dar-lhes um pedaço de carne podre. Quando a comem, podem não reparar em nada, a princípio, mas ao fim de algum tempo, caem mortas. Aqueles que ouvem maus conselhos devem sentir-se responsáveis, porém não devem também ser responsáveis aqueles que os dão?"

Gostei bastante do livro, demorei um pouco mais que o previsto para terminar, mas curti a leitura, algumas histórias mais que outras. Recomendo bastante para quem gosta de cultura e mitologia chinesa, embora seja uma mitologia bem reduzida se comparada ao número de criaturas e deidades dentro de suas religiões.

domingo, 5 de janeiro de 2025

[Livro] Frenesi

 Autora: Heloísa Seixas

Gênero: Ficção literária

Ano: 2006

Sinopse: O livro reúne seis contos que têm em comum personagens que gostam de ler histórias de terror e acabam atormentados pelo medo na vida real, quando o que está nas páginas de seus livros começa a acontecer de verdade. De forma muito bem amarrada, as tramas se desenrolam num ritmo envolvente em que aquele friozinho na barriga indispensável a qualquer boa história de terror vem junto com uma curiosidade irresistível de virar a próxima página. O duplo terror do título está ligado à idéia de narrativas que carregam outras narrativas. Alguns contos fazem referências a clássicos do gênero de terror, como em "Gatos pretos", em que um rapaz está lendo o célebre conto "O gato preto", de Edgar Alan Poe, e vê surgir em sua janela, no décimo andar, um gato negro de olhos cintilantes que irá mudar sua percepção das coisas; no último conto do livro, "Frenesi", uma história que se passa em pleno carnaval carioca, os homenageados são João do Rio e Jean Lorrain e seus assustadores "O bebê de tarlatana rosa" e "Os buracos da máscara". Para quem está acostumado com as crônicas delicadas de Heloísa Seixas sobre o cotidiano carioca, Frenesi é uma surpresa. No entanto, a autora é fã de histórias de terror desde criança e conhece muito bem a vasta literatura do gênero. Ao misturar histórias inspiradas na literatura fantástica do século XIX a personagens jovens e cenários atuais, ela conquista leitores de todas as idades e mostra, mais uma vez, que é uma escritora de múltiplos talentos.

Em A Ilha, cinco amigos vão em uma viagem inóspita para viverem uma aventura longe de qualquer civilização. Entre eles está Lucas, o amigo de um dos amigos que passou por recentes problemas psicóticos, mas está, segundo o outro, curado. Explorando a ilha, eles encontram um velho presídio onde, anos atrás, aconteceu uma tragédia e Lucas fica em estado de transe, se separando dos demais, algo muito estranho está acontecendo.

Histórias de Fantasma conta sobre o vigia de um museu histórico mal assombrado que começa a ter vislumbres de outra presença dentro do prédio. Para se acalmar e não prestar atenção às assombrações, ele começa a contar e rememorar histórias de terror que sua avó costumava contar na infância. Meses atrás, o museu havia sido assaltado e, desde então, o guarda relata que tudo estava "diferente", o que poderia de fato estar errado?

Em gatos pretos, Pedro é um fã de histórias de terror, mas não as modernas cheias de sangue e vísceras desnecessárias, e sim as clássicas, onde o medo reside nos detalhes e sussurros do vento pelas frestas de uma casa velha. Introduzido desde cedo a vários autores renomados no gênero, ele iniciou sua leitura de Poe e ficou fascinado com o conto do Gato Preto, qual não é sua surpresa ao terminar o conto e notar um gato preto muito similar ao do conto parado na sacada do seu quarto. 

Frio da Noite nos transporta de novo para a natureza onde Mariana, contrariada, acompanha o namorado Caio para praticar esportes radicais. Na pousada onde ficam, ela acaba encontrando um livro que tem um conto se passando exatamente onde ela vai descer o rio no dia seguinte, é verdadeiramente assustador e a deixa nervosa. Quando eventos estranhos e muito similares ao conto começam a acontecer no meio de seu passeio radical, Mariana começa a se perguntar até onde o conto é ficção.

A seguir vem Passos na Areia, durante uma festa de Halloween, Malu é convidada pelos amigos a comemorar e se depara com uma estranha figura que parece observá-la. Curiosa, ela a segue e, em paralelo, é contada a história de Natanael que, anos atrás, foi perseguido pela mesma figura macabra. Realidades se chocam e, de repente, a festa de Malu não será a mesma.

Frenesi se passa no carnaval, um grupo de amigos faz fantasias tradicionais para seguir seu bloco favorito, mas essas fantasias calham de ser as mesmas de uma história de terror. Uma das integrantes do grupo é atraída por um mascarado misterioso durante a passeata e se depara com algo que pode acabar não sendo humano.

Esse livro é bem antigo, pra ter noção minha irmã trocou na época do orkut! Tinha lido a primeira vez em 2012, mas, por alguma razão, não resenhei. Bem, fazendo meu caderno de leitura ano passado me dei conta disso e decidi reler. Não lembrava que ele era tão sinistrinho assim hahaha. São uns contos pra deixar a gente com o cabelo em pé mesmo, tem um clímax ótimo e como todo bom texto do gênero dá espaço para nossa tenebrosa imaginação. Quem curte histórias de terror está aí uma boa indicação. Leitura fluida, rápida e bem macabra.

sábado, 4 de janeiro de 2025

[Filme] And Yet You're So Sweet

 Título original: なのに、千輝くんが甘すぎる。

Diretor: Shinjo Takehiko

Gêneros: Romance, Juventude

País: Japão

Ano: 2023

Sinopse: Kisaragi Maaya, 16 anos. A primeira declaração de amor de sua vida terminou em completa rejeição. Ela promete “nunca mais confessar a alguém” na presença do estoico, mas popular Chigira-kun, enquanto estão juntos em serviço na biblioteca. Ao se encontrarem novamente e vê-la abatida enquanto relembra o passado, ele propõe que realizem um “jogo de amor não correspondido fingido”. À medida que o coração de Maaya começa a se curar, seus pensamentos se voltam para se aproximarem ainda mais… no entanto, ela definitivamente não pode se apaixonar pelo inatingível Chigira-kun…?

ONDE ACHAR: WEI FANSUB

Maaya finalmente conseguiu coragem para se declarar para Yamada, o garoto da escola por quem era apaixonada, mas além de ser ignorada, ele ainda falou mal dela nas redes sociais. De coração partido e envergonhada, ela recebe de Chigira, o garoto mais popular da escola, a proposta de persegui-lo para curar seu coração, concentrando todas as suas energias nele. No começo, ela pensa que se trata apenas de um jogo e estipula suas regras. 

Contudo, Chigira é sempre atencioso e solícito com suas necessidades. O garoto popular que não presta atenção em ninguém e não liga para nada, parece sempre ter os olhos em cada detalhe dela. Cada vez mais próxima dele, Maaya se vê aos poucos se apaixonando e colocando o jogo que começaram em risco. As atitudes de Chigira também não ajudam muito, ele sempre age como se correspondesse aos sentimentos dela, dizendo e fazendo coisas que confundem mais o seu coração.

Quando uma foto deles juntos é postada e os alunos da escola começam a difamá-la, cabe a Maaya escolher fugir como da primeira vez ou enfrentar os seus sentimentos por Chigira.

Desse eu gostei bem mais. Um casal fofinho e embora a dinâmica da perseguição não seja das mais saudáveis, a história é bonitinha, focando em amizade, autoestima (e, gente, pelo amor de Deus, como aquele povo pode dizer que a Maaya é feia?! São cegos ou o quê? Queria eu ser feia daquele jeito!). O final não foi bem o que eu esperava, embora tenha sido bem previsível, achei corrido demais. Contudo, ainda gostei. Recomendo, é um filminho bem fofo pra deixar o coração quentinho.

[Livro] Um Vizinho Perfeito

 Autor: Nicola Mackenzie

Ano: 2004 

Páginas: 128

Sinopse: À frente da lareira do aconchegante chalé, Helena e Louis entregam-se a um turbilhão de carícias. A mera simpatia inicial de novos vizinhos se transformou em uma paixão mais do que avassaladora.

Louis sabia que aquele amor não seria para sempre, pois estava ali só se passagem. Logo voltaria para seu mundo,longe da quietude das montanhas solitárias.

Difícil seria esquecer o fascínio ingênuo dessa mulher envolvente e prosseguir em seu caminho sem olhar para trás...

Feliz ano novo, pessoas!

Esse livro funcionou mais pra mim na primeira vez que o li, talvez naquela época ainda alimentasse alguns devaneios adolescentes que, agora, mais velha, não existem mais.

A história acompanha Helena, uma carteira que vive com o irmão em uma região montanhosa meio isolada onde só se tem acesso por via aérea. Como carteira, ela também desempenha funções de enfermeira e leva suprimentos quando é necessário já que possui um avião. Ela se aproxima de Louis, um engenheiro civil que se isolou nas montanhas após ser deixado pela noiva e sofrer um processo por causa de uma ponte que caiu e ele estava envolvido no projeto, mesmo depois de ser considerado inocente, sua vida não foi mais a mesma.

Com o tipo de personalidade que acha ter de salvar todas as almas perdidas, Helena força sua aproximação do novo vizinho mesmo quando ele claramente não a quer por perto. Não somente pela personalidade meio intrometida dela, mas pela atração instantânea (literalmente falando) entre eles. Depois de um término público e complicado, a última coisa que ele quer naquele momento é outra mulher bagunçando sua vida. Contudo, Helena não é o tipo que desiste fácil, ela o quer e não vai se deixar intimidar até consegui-lo.

O irmão dela, Adam, é contra a insistência. Trabalhando como minerador em busca de ouro, eles vivem juntos do outro lado da montanha, paralelo a Louis. Embora aconselhe a irmã de todas as formas, Helena se mostra surda e continua visitando o engenheiro e a atração entre eles se torna mais e mais difícil de controlar. Louis, por mais incendiado que esteja, se mantem cauteloso, ele quer aventura sem compromisso enquanto Helena parece esperar um conto de fadas. A "inocência" dela o assusta.

Entre vai e volta, problemas e o desaparecimento de Adam dentro da mina, os dois começam a se dar conta da verdade de seus sentimentos, mas Helena não tem certeza se Louis é capaz de romper com o passado.

A história não é ruim, aquele livro pra ler num domingo à tarde com uma música baixa e alguns chocolates. Negócio é que o joguinho de gato e rato, as situações meio forçadas com soluções quase miraculosas não me convenceu muito. Por ser um livro muito curto, alguns personagens ficam meio de escanteio, como o irmão dela, o foco é quase todo na quase pegação ou na pegação dos dois e isso é bem desnecessário, além de na maior parte do tempo Helena se magoar com o ar ou Louis agir como um adolescente medroso.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

[Filme] Lovesick Ellie

 Título nativo:  恋わずらいのエリー

Diretor: Miki Koichiro

Roteirista: Okazaki Satoko

Gêneros: Comédia , Romance , Juventude

País: Japão

Ano: 2024

Sinopse: Eriko Ichimura tem uma vida estudantil comum e despercebida em sua escola. Sua única alegria é assistir ao popular estudante Akira Omi e imaginá-los como um casal. Ela escreve esses pensamentos em sua conta de mídia social sob o nome de Lovesick Ellie. Akira Omi parece um cara perfeito, com boa aparência e uma personalidade gentil. Um dia, ela testemunha Akira Omi falando linguagem vulgar, e ela percebe que ele é meio que uma pessoa de duas caras. Para piorar as coisas, seus pensamentos fantasiosos são descobertos por ele. Ele acha que ela é engraçada e se aproxima dela.

Onde achar: Wei Fansub

A guria literalmente "viaja na maionese" com o cara mais popular da escola que ela nem conhece de verdade, mas fantasia como sendo um príncipe, até o dia que descobre que ele na verdade é pior que um sapo e não fosse ruim o bastante, ele ainda descobre que ela tem umas alucinações muito doidas com ele e, não satisfeita, ainda posta na rede social. Em resumo, ela é desmiolada, ainda mais do que é comum na adolescência. Fazendo um acordo com ela, ele não conta a ninguém que ela surta com devaneios loucos na internet se ela não contar que ele é, na verdade, um embuste, mas a aproximação dessa amizade improvável vai acabar fazendo-os perceber suas particularidades com outros olhos. Enquanto ele acredita que ninguém seria capaz de aceitar seu verdadeiro eu, ela desejava sair da invisibilidade e viver no mundo real. Negócio é que, talvez, ela ainda não esteja pronta pra isso.

Confesso que eu esperava mais. Minha irmã amou o filme, mas não caiu nas minhas graças, achei a guria viajada demais, tonta na maior parte do tempo e a comédia foi muito falha, era mais vergonha alheia que qualquer outra coisa. Os personagens não me cativaram muito, tirando o quase casal secundário que eram, de todos, os mais simpáticos, mas nem eles conseguiram salvar o filme. Isso, claro, no meu ponto de vista, não venho dizer que a história é ruim, só não gostei. Pensei que seria algo mais para o lado do Our Secret Diary, mas não foi. Talvez se a comédia tivesse sido melhor acertada ele tivesse funcionado. Enfim, não curti.

sábado, 28 de dezembro de 2024

[Bíblia] Macabeus II

Aparentemente a narração desse livro não é cronológica já que o início soa um pouco confuso, há, inclusive, uma menção ao período de Neemias. Ele narra com mais minúcia os acontecimentos dos primeiros anos do conflito, fornecendo informações que não aparecem no primeiro livro e isso acaba confundindo um pouco. Temos um pano de fundo maior sobre os judeus traidores de sua gente e o fim que tiveram, além das origens de sua atitude injustificada e detalhes sobre a cruel perseguição de Antíoco.

Algo que me chamou a atenção foi o teor xenofóbico dessa perseguição, lembra bastante o episódio da perseguição bem específica de Hitler na segunda guerra, embora esta também tenha se estendido a outras raças, ele parecia ter ódio particular pelos judeus, tal qual Antíoco que estava contrariado por eles se recusarem a se dobrar aos seus costumes.

Outra parte que se ressaltou foi a passagem a respeito do templo. Sempre ouvi muito na igreja que "nós somos o templo" ou que "nós somos o corpo da igreja" e, embora isso seja autoexplicativo, uma passagem desse livro iluminou isso de forma muito mais profunda. Os membros do clero sempre se esforçaram para, desde os primórdios da igreja, erguer templos grandiosos em honra de Deus e enchê-los de riqueza quando o Senhor não se importa tanto com a construção, mas com a fidelidade verdadeira do templo que é nosso coração.

Além disso, houve mais uma parte que me puxou algumas reflexões. Fica claro desde o gênesis que Deus busca corrigir o povo desviando dele seus olhos e permitindo que desfrutem da consequência de seus atos ruins sem nunca, porém, afastar deles sua benevolência. Isso me fez refletir sobre todas as coisas que o mundo passou e passa, especialmente a escuridão desses dias. Os homens têm se afastado cada vez mais de Deus e transformado a humanidade lentamente em organismos vazios. Somos testemunhas do resultado na nossa própria pele, porém, ainda conseguimos encontrar feixes de luz no meio das trevas, nos lembrando da aliança de Deus refeita pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz. O próprio autor relata em suas reflexões que os sombrios acontecimentos tem o intuito de corrigir a raça judia, salientando que, ao contrário do que fazia com as outras nações, o Senhor não esperava que eles estivessem além da salvação antes de puni-los.

Da mesma maneira acontece conosco, cada dia é uma nova chance de nos corrigir, de aprender as lições da dor e devemos ser gratos por essa oportunidade, do contrário já teríamos sido aniquilados por nossos inúmeros pecados. Há ainda o testemunho do martírio de Eleazar que ecoa agora, alguns séculos antes, o conselho de Cristo aos seus seguidores. 

Jesus parafraseia essas palavras em uma de suas pregações e, estou certa, muitos antes dele farão valer esse conselho com suas vidas. O episódio ainda serve de analogia à flagelação do Senhor, cujo instrumento usado foi o mesmo e a finalidade semelhante: a obediência à ordem do Pai Eterno. Nossa passagem nesse mundo é breve e devemos vivê-la almejando e trabalhando com o propósito de merecer a vida eterna. Infelizmente, boa parte das pessoas esquece disso e vive para acumular riquezas e o legado que deixa para trás é a ruína de um trabalho vazio e uma vida sem obras significativas.


Segue-se um exemplo bem detalhado dos horrores da perseguição de Antíoco aos judeus que se recusaram a abandonar a lei para servi-lo. Usando o martírio de uma mãe com seus sete filhos, o autor mostra a crueldade bárbara imposta aos martirizados pela fé. O que mais chama atenção nesse episódio é o papel da mãe. Como um prenúncio de Maria aos pés da cruz, ela vê os filhos sendo, um a um, martirizados e mortos, mas mantem viva sua fé, encontrando nela o consolo. Como é difícil! Quantas vezes, na agonia da perda, nossos olhos perdem a fé e se fecham? Cada um de seus filhos sofre o horror do martírio com fé e podendo poupar o mais novo, ela o aconselha a se manter fiel a Deus como seus irmãos e perecer do que atrair para a si a indiferença do Senhor por tê-lo traído para se preservar.

Essa parte me remeteu muito a um sinal prévio da vinda de Cristo e do seu sofrimento. Enquanto lia as últimas palavras de cada um deles ficava pensando nos dias que vivemos em em como são consequência do nosso afastamento de Deus, quanto horror não presenciamos nesses últimos anos e, creio agora, numa tentativa de nos corrigir, mas a humanidade — cada vez menos humana — parece cega e de coração duro, não tira qualquer aprendizado de nada.

Parece extremamente errado o prazer que senti ao ler sobre a grotesca morte de Antíoco Epífanes sobre quem a ira do Senhor caiu com justiça após a cruel repressão do seu povo.  Nos finais de sua existência soberba, tomado pelas dores excruciantes, ousou clamar a Deus de quem zombou e escarneceu, mas não recebeu dele nenhuma misericórdia, e mesmo eu, enquanto lia, não consegui sentir qualquer pena ou simpatia por seu atroz sofrimento, ele comeu a própria fruta. 

No livro dos Macabeus também há aparições de anjos do Senhor, enviados como auxílio contra os inimigos dos judeus. Desde o livro de Tobias esse é o que tem mais manifestação angélica, embora anônima.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

[Mangá] We Won't Have Children [Com Spoiler]

Original: 僕たちは繁殖をやめた

romanização: Bokutachi wa Hanshoku wo Yameta

Autor: Saotome Yagi

Gênero: Comédia, drama, romance

Sinopse: O estudante universitário do terceiro ano, Shin Momotari, sonha em criar o melhor filme, e um dia ele tem um encontro casual com Hitomi Oosako, uma garota bonita o suficiente para ser confundida com atriz. E acontece que ela é uma estudante ingressante na universidade que Shin frequenta. Guiados pelo destino, os dois gradualmente começam a se apaixonar um pelo outro. No entanto, há algo que nenhum deles sabe. O parceiro por quem eles se apaixonaram é parente de sangue deles, seu irmão. E assim se abre a cortina de uma história de amor pura e proibida, tecida pelos dois que nunca deverão ficar juntos.

Esse mangá foi indicação no meu post de obras japonesas de incesto. Como já mencionei por aqui, gosto bastante da maneira como eles abordam o assunto, mesmo tendo lido vários mangás do gênero, as histórias têm semelhanças, mas nunca são iguais. Contudo, confesso que esse mangá me pegou de surpresa.

A história gira em torno de Shin, um estudante de cinema que está empenhado em fazer o melhor filme do mundo, contudo seu roteiro recebe críticas severas o que o desencoraja um pouco. Enquanto procura inspiração, ele acaba encontrando Hitomi olhando melancólica o horizonte de uma ponte. A imagem perfeita dela captura Shin por completo e ele acaba descobrindo que ela é caloura na sua universidade. 

Por ser muito bonita, ele convida Hitomi para ser a atriz principal do seu filme, embora pareça delicada, ela tem uma força física invejável e, mesmo tendo algumas desavenças com Shin no início, logo eles se aproximam, em especial quando ela lê o script que ele escreveu e se apaixona pela história. O pai de Shin conta que sua mãe deseja vê-lo, mas o garoto não se mostra muito receptivo à ideia. Enquanto isso, sua relação com Hitomi avança de uma amizade para uma paixão que os dois têm problema de controlar.

A coisa é que a mãe de Hitomi está muito doente e não tem muito tempo de vida, mas a garota não sabe disso. Enquanto ela vive um romance intenso com Shin, sua mãe tenta ver o filho uma última vez antes de partir. E esse filho é justamente Shin. Quando os dois se divorciaram, ela levou a menina e deixou o filho com o pai. A descoberta dessa verdade destrói Shin, ele não apenas está apaixonado pela irmã, mas dormiu com ela! 

Geralmente, nesse tipo de mangá, mais pra frente acaba-se descobrindo que os dois não tem relação sanguínea e a coisa toda se resolve bem, mesmo que, perante a sociedade japonesa, o incesto se mantenha mesmo sem relação de sangue, pelo menos é o que as histórias costumam mostrar. Só que a qui, como em Boku wa Imouto ni Koi wo Suru, os dois são irmãos mesmo, filhos dos mesmos pais. Isso me fez ficar imaginando como a coisa ia andar porque, nesse outro mangá, o final não foi bom.

E eis que Shin começa a se afastar de Hitomi sem dar nenhuma explicação, as coisas começam a se complicar e os dois vão precisar encontrar uma saída para lidar com seus sentimentos que não são nada fraternos.

No começo eu estava até empolgada com a história, mas do jeito que o desenrolar da confirmação de eles serem irmãos se mostrou, ao contrário dos outros mangás que li, foi meio um banho de água fria aqui. Aí a história envereda em um vai e volta de desentendimentos pra, no fim, eles decidirem não ter filhos, como o título do mangá diz. Não digo que é ruim, a história é boa, mas não teve aquela conexão com os personagens que me faz ficar presa no mangá sem largar, acho que nunca vou achar outro como True Love. Ainda assim, fica a recomendação para quem curte o gênero.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

[Drama] Cherry Magic Thai

 Título original: 30 ยังซิง

País: Tailândia

Episódios: 12

Ano: 2023

Diretor: X Nuttapong Mongkolsawas

Roteirista: Lemon Waneepan Huaphoklang, Jarini Thanomkat, Suwanan Phokutsai

Gêneros: Romance, Sobrenatural

Sinopse: Achi chegou aos 30 anos de idade ainda virgem e, por isso, adquiriu o poder de ler a mente das pessoas. Ele é funcionário de um escritório e acidentalmente toca em Karan, o homem bonito e mais popular da empresa, descobrindo que Karan está apaixonado por ele. O que Achi fará agora?

Sempre sou cautelosa com remakes de dramas que eu gosto, especialmente porque na maioria dos casos não funciona muito bem (Boys over Flowers que o diga!). Cherry Magic está no meu top 3 de BLs favoritos, então quando saiu essa adaptação tailandesa fiquei com um pé atrás, em especial porque já tinha começado um drama com esses atores (perdoem, mas esses nomes tailandeses são impronunciáveis) e não tinha gostado, acho que era dark blue kiss o nome, não lembro.

A história segue quase a mesma premissa, mas adaptada ao contexto tailandês, claro, são países com costumes distintos então é claro que haveria novidades. Achi e Karan trabalham em uma empresa japonesa de papelaria, isso pra mim soou meio estranho, não quero dizer que não tenha empresas japonesas na Tailândia, mas esse fato não tinha qualquer relevância pro enredo, podendo se passar em qualquer lugar de trabalho tailandês.

Quando completa trinta anos, Achi se descobre com o poder de ler a mente das pessoas quando toca nelas, mas embora esse fato seja quase enlouquecedor, o remake reduziu isso apenas ao Karan, tirando a tortura que isso representa para o personagem. Com o pressuposto de que os expectadores já teriam a base do original, a história se permite resumir bastante coisa, focando quase exclusivamente no casal principal. Quando descobre os sentimentos do colega de trabalho, Achi fica muito sem reação (normal) e, conforme vai conhecendo melhor Karan, seus sentimentos também vão mudando.

Aqui acontece algumas liberdadezinhas, a personagem da secretária que era apaixonada pelo Adachi, aqui é uma fujoshi de carteirinha e maior defensora do casal imaginário do escritório. Inclusive, ela ganha seu próprio interesse romântico o que, a meu ver, foi até acertado, embora o casal não tenha peso quase nenhum no drama. Algumas coisas como a proibição de relacionamentos na empresa e a cliente que insiste em assediar o Karan para ele dormir com ela, bem, isso foi um drama bem desnecessário.

Achi não é fofinho como Adachi, ele se mostra mais forte e mais confiante em si mesmo ao contrário do tímido e retraído Adachi que só percebe as coisas em si mesmo quando passa a se ver pelos olhos de Kurosawa. Inclusive, não posso dizer que Karan é uma versão melhorada de Kurosawa, a personalidade dele, embora seja fofa até certo ponto, não funciona de contraponto pro Achi, sendo só um complemento dos sentimentos que o outro começa a enxergar. Senti falta desse desenvolvimento no remake. Ainda assim, é inegável que os dois deram o melhor no papel, e não quero dizer de jeito nenhum que o remake ficou ruim, só não pode ser comparado em nenhum ponto ao original.

O casal secundário me incomodava bastante na versão original. Eu não conseguia shippar os dois, talvez pela disparidade de idade, talvez pela nítida falta de química dos atores, embora eles tenham tido seus momentos fofos, não conseguia criar um vínculo com eles como acontecia com Kurosawa e Adachi. A mesma coisa acontece aqui, Jinta é pintado como um personagem caricato, infantil com seus momentos de lucidez quase súbita que tornam o personagem instável e dificulta muito comprar a ideia dele sendo um adulto quando o Min parece ter muito mais maturidade que ele. 

Enquanto na versão japonesa a comédia envolvendo esses personagens soava natural, tanto pela cultura envolta neles, quanto pela própria construção, na tailandesa soa tão forçado que a gente sente mais vergonha alheia que graça. Claro, eles têm alguns momentos acertados, sim, mas na maioria das vezes não dá pra torcer por eles não. Pelo menos foi como me senti. E olhando aquela cara de 20 fica bem difícil comprar o Jinta como um "tio" como tentaram pintar ele, mesmo com toda a triste questão da idade envolvendo a Ásia.

Se fosse pra dar uma nota, o drama ganharia meu 7,0. Não é ruim, inclusive oferece uma perspectiva diferente pela mudança cultural, mas não se compara nem de longe com a fofa e bem construída história japonesa que soube dar um brilho particular para o desenvolvimento dos personagens e do seu romance. 

Soube a pouco que fizeram o contrário agora, uma versão japonesa de Love in The Air, vou esperar completar e decidir se vou ou não ver, considerando que do mesmo jeito que aconteceu aqui, as chances de erro também são grandes. 

[Filme] O Pálido Olho Azul

 Original: The Pale Blue Eye

Diretor: Scott Cooper

Ano: 2022

Gênero: Mistério/thriller

Sinopse: Um detetive aposentado recruta um cadete chamado Edgar Allan Poe para ajudar a investigar um terrível assassinato na Academia Militar dos EUA.

Baseado na obra de Louis Bayard

Eu entendo o que de cinema? Nada. Li esse livro? Muito menos. Então tudo que vou falar aqui é um julgamento não embasado em nada além da minha experiência de expectadora de um filme de suspense.

Um detetive aposentado é chamado à Academia Militar dos EUA para investigar a violação de um cadáver, cujo coração foi arrancado. De início, ele não quer aceitar o trabalho, mas se vê forçado a isso. A filha dele desapareceu anos atrás, colocando-o em uma profunda melancolia. Após examinar o cadáver, ele sai sem muitas conclusões, mas recebe uma dica de um dos cadetes, o excêntrico Edgar Allan Poe (sim, o autor de O Corvo).

Quando animais aparecem mutilados na floresta e um novo cadáver surge, as suspeitas de um serial killer se tornam maiores e, junto a Poe, o detetive embarca em uma jornada de sociedades secretas e seitas religiosas envolvendo uma família da alta sociedade.

O que me levou a querer ver esse filme foi a sinopse do livro. É o tipo de história que a minha irmã gosta, mas escolhi comprar O Eco dos Livros Antigos na BF da Amazon no lugar dele, então fiquei só com o filme mesmo e vi com ela na noite do sábado. A montagem do roteiro foi muito inteligente — digna de Agatha Christie! — e nos imerge mesmo na melancólica sociedade inglesa do século dezoito. Poe, um jovem excêntrico e boêmio amante de poesia com uma mente brilhante e incompreendida, foi interpretado de modo brilhante por Harry Melling (Harry Potter), a maquiagem e a caracterização o deixaram uma cópia muito fiel ao Poe que imagino na juventude.

Christian Bale dispensa comentários, trazendo uma atuação visceral e cheia de emoções (como sempre, aliás) no seu personagem cinza e cheio de mistérios. Como mencionei antes, a montagem do roteiro foi realmente brilhante, de início, pensei que ia ser só mais um filme de suspense recaindo em uma seita satânica qualquer cujos membros eram motivados por uma razão de força maior, no caso, a doença incurável da filha. Todavia, nos momentos finais, o filme vira 360° empurrando todas as nossas, até então, convicções formadas para o fundo do penhasco.

Um plot twist bem feito assim só vi em O Assassinato de Roger Ackroyd, para mim a obra mais inteligente de Agatha. Tanto minha irmã quanto eu ficamos realmente surpresas e foi uma reviravolta muito bem-vinda em uma onda de filmes que se repetem dentro do gênero. Recomendo bastante.

domingo, 24 de novembro de 2024

[Livro] Mais uma Vez

 Autora: Aione Simões

Ano: 2024

Páginas: 100

Editora: Pormenor

Sinopse: Não há um dia sequer que Letícia não se pergunte como seria sua vida se ela não tivesse sido promovida a diretora de criação, um ano antes. Estaria mais feliz? Menos cansada? Não teria se afastado de Jéssica, sua melhor amiga? Da mesma forma, por mais que tenha tentado seguir em frente, Letícia não consegue deixar de pensar na noite inesquecível com Felipe, que conheceu anos antes em pleno Réveillon de São Paulo — e de quem nunca mais teve notícias.

Peguei esse livro no skeelo e foi o primeiro que "li" na plataforma, na verdade ele veio em versão audiobook e, além daqueles "Conte outra Vez" da minha infância, essa foi minha primeira experiência com esse formato de livro. Confesso que foi bem ambígua, gostei porque a narração deixa a coisa mais imersiva e, ao mesmo tempo, achei muito estranho porque estou acostumada a acompanhar a leitura e nesse caso foi só ouvir mesmo.

A história acompanha Letícia, que está tendo um dia ruim. Desde que foi promovida no trabalho, sua amizade de anos com Jessica encontrou um fim, o cara que ela conheceu quatro anos antes e por quem se apaixonou desapareceu sem deixar rastros e seu atual ex-namorado era um idiota que a traiu. Pensando em como seriam as coisas se o curso da sua vida tivesse tomado um rumo diferente, nesse dia péssimo ela acaba encontrando uma senhora que lhe oferece um presente inusitado e some. Chegando em casa, Letícia deixa o celular cair na privada bem no momento que queria aceitar a solicitação de Felipe, o cara que ela conheceu quatro anos atrás.

Desesperada, ela mergulha o aparelho no saco de arroz dado pela velhinha e... volta no tempo! Antes de se envolver com o canalha do ex-namorado, antes de perder a amizade com Jessica, ser promovida no emprego e de comprar a casa dos sonhos. Infelizmente, não antes de retomar o contato com Felipe. Ela decide aproveitar essa oportunidade para mudar o curso da sua história. Primeiro, arranja para que Jessica seja promovida em seu lugar, segundo, evita a todo custo se encontrar com o babaca e continua no seu cargo.

O problema é que Jessica não é nem um pouco competente para o cargo e, após várias falhas sérias, ela é demitida e a empresa vem à falência, o que atrapalha de toda forma a amizade delas já que, incapaz de assumir a responsabilidade de sua incompetência, Jessica coloca em Letícia a culpa do seu fracasso. Sem ter o que fazer, ela acaba se candidatando a um emprego na empresa do seu ex babaca e consegue o emprego, evitando todas as investidas dele. O destino lhe sorri e ela acaba encontrando Felipe que trabalha no mesmo lugar.

Esse é um daqueles livros pra ler numa tarde preguiçosa em que você não quer pensar muito em nada. Levinho, divertido até e nitidamente focado na jornada da heroina, Mais uma Vez remete a filmes como De repente 30. A autora usa vários bordões nossos de maneira acertada contribuindo para mais familiaridade com a história. O romance fica em segundo plano enquanto o desenvolvimento pessoal da personagem rouba a cena e tudo é sempre consequência da evolução dela como pessoa e da reflexão sobre o rumo da sua vida. Gostei bastante.

domingo, 10 de novembro de 2024

[Bíblia] Macabeus I

Introdução

Os dois livros dos Macabeus eram originalmente distintos um do outro. Recebe esse nome por causa de Judas Macabeu. No primeiro livro, cobre-se o período de 40 anos indo  175-135 a.C, foi redigido na Palestina no início do século I em hebraico ou aramaico, mas só foi preservado na versão grega.

Salienta a predileção de Israel e sua luta contra os sírios e o paganismo na época logo após a morte de Alexandre Magno em 323. Um de seus sucessores, Antíoco Epífanes (175-163) usou todos os meios para converter os judeus ao helenismo, o que culminou na chamada revolta macabaia que logo se tornou uma guerra santa de independência.

Os romanos no ano de 63 a.C. foram quem, através de Pompeu, reduziram essa independência e sujeitaram os judeus que viviam inflamados de ódio contra eles. Nesse livro, ressalta-se o sentimento de uma fé ardente vinculada a uma fidelidade inviolável da lei e apego fanático à Jerusalém.

No segundo livro, diferente do primeiro, narra alguns episódios da primeira parte da luta contada no primeiro livro. Foi redigido em grego mais ou menos em 100 a.C. por um judeu que resumiu um escrito de Jasão de Cirene em 160, trazendo narrações mais episódicas do que históricas. Sua finalidade é avivar o patriotismo dos judeus em Alexandria. Além disso, nesse livro aparece uma crença nova no ensino religioso dos judeus: a imortalidade da alma. Dos livros históricos é o que apresenta menos conteúdo religioso.

1 Macabeus

Após a morte de Alexrandre Magno, Antíoco IV sobre ao trono e começa a espalhar terror sobre a terra, impondo sua conduta pagã sobre todos os povos sob pena de morte aos desobedientes. Muitos dos filhos de Israel sucumbiram à ordem, fosse por aceitá-la ou se revoltar contra ela.

Nesse cenário, Matatias, chamado Macabeu, levantou-se com seus filhos contra a idolatria, recusando-se a abandonar o culto a Deus e formando um exército para combater pelo povo que igualmente desejava manter sua fé a salvo da tirania do rei.

Antes de sua morte, tendo todo o exército organizado, deixou seu filho Judas Macabeu no comando em seu lugar. Corajosamente, Judas abraça a missão de proteger o povo  e com fé e determinação alcança as primeiras vitórias contra o rei, crescendo seu exército e seu nome pela terra. Em suas campanhas, consegue reaver Jerusalém, reconstruir o altar profanado e destruir os pontos de idolatria erguidos na terra santa, além de libertar os judeus cativos. Mesmo com a coligação dos seus inimigos contra eles, Deus manteve erguida a mão de Judas e seu exército, pois tinham o coração fiel à sua lei.

Contudo, com a morte de Antíoco e a despeito da sua última vontade, sobre o filho de Lísias ao trono, e, ao saber do avanço e das vitórias de Judas, une-se a um grande exército de aliados e consegue acuá-los, sitiando Jerusalém. Porém, Demétrio, verdadeiro herdeiro de Antíoco, cujo trono foi usurpado pelo tio, retorna de seu exílio como refém em Roma para ocupar seu trono de direito, matando os usurpadores.

Alcino, descendente de Aarão, voltou-se contra seu povo e acusou-o diante de Demétrio das maiores atrocidades. O rei o nomeou sacerdote e enviou junto ao seu general para buscar vingança. Mais uma vez, tempos de terror se abateram sobre Israel. Judas, vendo que o mal praticado por Alcino era ainda pior que o de Antíoco, marchou contra ele; mas covarde como era, ao ver a força de Judas, voltou para junto do rei e espalhou mais mentiras.

Judas faz então aliança com Roma contra a Grécia que oprimia Israel e sinto que é aqui que começam os futuros problemas. Mesmo essa aliança não impediu que os opressores voltassem a atacar e grande parte do exército de Judas desertou de medo. Ainda assim, ele leva 800 homens ao combate e perece sob a espada do inimigo sem qualquer ajuda vir de Roma. O povo lamentou sua morte vendo a sombra cair sobre eles.

Nomearam Jônatas como chefe no lugar do irmão e, após batalhas e fugas, ele e seu irmão Simão conseguiram um acordo de paz com Báquides que jurou não mais erguer a espada contra Israel e Alcino alcançou a morte ante o castigo de Deus, perecendo em grande sofrimento.

O que noto até aqui, além do fato de ser um livro muito bélico, é que o povo parece quase sempre depositar sua fé cada vez mais nos homens e menos em Deus, quase não há, inclusive, menção ao Senhor, embora preces sejam feitas a Ele. Se me lembro, só li o nome d'Ele duas ou três vezes ao longo de toda a narrativa. Também fica muito claro que, desde o livro de Esdras, Israel não luta somente contra nações inimigas, mas contra sua própria gente.

Muitos judeus se voltam contra sua raça por dinheiro, poder, fama ou favor. A própria nação começa a se dividir e com o passar dos livros isso se evidencia. Fico pensando se não são esses frutos ruins que remanescem e transformaram aquela região no que é hoje.

Jerusalém significa cidade da paz. Chega a ser irônico.

[Livro] Nihonjin

 Autor: Oscar Fussato Nakasato

Gênero: Ficção

Ano: 2012

Sinopse: Hideo Inabata é um japonês orgulhoso de sua nacionalidade, que chega ao Brasil na segunda década do século XX com o objetivo de enriquecer e cumprir a missão sagrada de levar recursos ao Japão, conforme orientação do imperador aos seus súditos. O árduo trabalho no campo, a difícil adaptação ao Brasil, a morte da primeira esposa e os conflitos com os filhos Haruo e Sumie são um teste para a inflexibilidade do nihonjin (japonês). O narrador, neto do protagonista e filho de Sumie, empresta voz e visão contemporânea à transformação do avô e do seu sonho de voltar rico para casa.

Peguei esse livro como referência para uma história que estou escrevendo e se passa, uma parte, durante a imigração japonesa no Brasil lá no começo de 1900. E o bacana é que ele acabou servindo como um complemento muito bom para outro livro que li com o mesmo propósito: Corações Sujos

Nessa história acompanhamos a vida da família Inabata, desde a sua chegada ao Brasil em um navio, lá em 1908, até a geração presente. O livro é narrado pelo neto do patriarca Hideo e vai narrando, ora sobre o que sabe, ora sob a perspectiva do avô, a trajetória da família nos difíceis anos de adaptação e consolidação em solo brasileiro. Como a maior parte dos japoneses vindos para cá, Hideo também queria conseguir dinheiro para voltar ao Japão e ter uma vida melhor. Fiel ao seu imperador, era casado com uma mulher delicada que em nada estava habituada ao trabalho braçal.

Era, inicialmente, casado com Kimie, que fizera amizade com uma negra também empregada da fazenda e mesmo contra as ordens do marido. A mesma Kimie que se apaixonou por outro homem e morreu de tristeza poucos anos depois da chegada, ainda esperando nevar no Brasil. Hideo era um homem típico de sua época e de seu país patriarcalista, homem duro, meio rude e com preconceitos frutos de seu conhecimento limitado.

Casou-se depois com Sumie, uma mulher mais forte que Kimie, acostumada ao trabalho braçal e subserviente. E é desta que o narrador da história é neto. Hideo enfrentou o preconceito dos brasileiros na época, conquistou, a duras penas, seu sonho de ter uma loja de utensílios, viveu os tempos difíceis da segunda guerra onde o governo de Vargas impôs regras duras para os membros do eixo aumentando ainda mais o preconceito dos brasileiros que desde o começo eram contra a imigração deles (quem diria que uns séculos depois iam pagar tanto pau pra cultura asiática).

Além disso, a história percorre também os descendentes de Hideo. Seu filho jornalista que, desde criança, aprendeu sobre o Brasil, começou a questionar alguns aspectos da sua cultura nipônica e alguns pensamentos do pai o que lhe causaram várias punições. Mais tarde, após a guerra, foi considerado traidor da pátria e assassinado pela Shindo Renmei da qual o próprio Hideo era parte. A filha que se apaixonou por um brasileiro e abandonou a própria família para viver seu amor, sendo expulsa para sempre da vida dos filhos (do qual o narrador faz parte).

De uma maneira bem sensível, a gente é conduzido pela trajetória da família até o mundo atual (que não é mencionado a época), o fim que tiveram e os arrependimentos tardios ou não de Hideo. Achei muito legal, em especial porque faz um retrato bastante fiel ao mundo da época e a sociedade naqueles difíceis anos. A gente tem a perspectiva dos japoneses sobre a nossa terra e um pouco  (bem pouco) do que foi o preconceito enfrentado por eles em solo brasileiro, mas, ainda mais, o preconceito deles em relação aos brasileiros.

Deu pra ver o outro lado da Shindo Renmei, embora não com muitos detalhes, Corações Sujos mostra uma visão meio brasileira de tudo, então ter essa perspectiva de japoneses e dos seus ideais, além da dinâmica da facção, foi bastante instrutivo e interessante. Quem tem curiosidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto, acho que esse é um bom livro pra começar. Recomendo muito.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

[Drama] In Blossom

Título original
: 花间令
Diretor: Zhong Qing
Roteirista: Yu Hai Lin, Zhong Jing
Gêneros: Thriller, Histórico, Romance, Fantasia
País: China
Episódios: 32
Ano: 2024
Sinopse: Na pecaminosa cidade de Heyang, o querido Pan Yue casou-se com Yang Cai Wei, que era desprezado por todos. No entanto, Yang Cai Wei foi assassinada no dia do casamento. O suposto culpado não era outro senão Pan Yue. Renascida dos mortos, Yang Cai Wei posou como a "mulher má" Shangguan Zhi. Ela voltou com uma atitude feroz, com a intenção de expor a verdadeira face de Pan Yue.

Quando eles enfrentaram bravamente os Quatro Clãs Maiores e descobriram os casos antigos, seus corações se aproximaram novamente. Yang Cai Wei descobriu que o verdadeiro culpado não era Pan Yue, que a amava profundamente o tempo todo. Justamente quando as coisas pareciam estar se encaixando, o cérebro por trás das cenas preparou outra armadilha para eles, empurrando-os para o abismo do desespero.

Quando crianças, Pan Yue e Yang Caiwei eram muito amigos. Pan Yue precisou conviver com uma vida difícil na casa do seu pai após o suicídio de sua mãe para aplacar os rumores de que ele não era um filho legítimo e isso teve impacto significativo na sua personalidade, mas Caiwei sempre esteve ao seu lado para afugentar os fantasmas e as pessoas que o maltratavam. Vendo sua amizade sincera, o imperador concedeu a eles um casamento.

Acontece que, na descoberta de uma conspiração envolvendo alguém com alto cargo dentro da corte, o pai de Caiwei é exilado e assassinado no meio do caminho, ela consegue escapar por pouco, mas recebe um corte muito feio no rosto. Tenta voltar à casa de Pan Yue, mas é expulsa. Vagando sozinha, se refugia em uma cidade costeira chamada Heyang onde é acolhida como aprendiz por um legista que a salva de uma situação ruim.

Dez anos depois, Pan Yue consegue a localização de Caiwei após pressionar o pai e vai atrás dela bem no momento que ela estava sendo torturada como uma criminosa para assumir um crime que não cometeu. Ele a salva e, após muitos contratempos, consegue convencê-la de seu sentimento sincero. Mas eis que aparece Shangguang Zhi, uma jovem rica que sempre foi obcecada por Pan Yue desde criança.

No dia do casamento, Shangguang Zhi sequestra Caiwei e troca de rosto com ela (não perguntem como, não explica) indo ao casamento no lugar de Caiwei a quem ela empurra de um penhasco (que não daria para ficar nem um osso dela inteiro, mas ela sobrevive! Como? Não perguntem, não explica. Nem Freud ia conseguir explicar isso!). O negócio é que, Se Pan Yue descobriu que Caiwei está viva, os inimigos da família dela também e ela é assassinada na noite do casamento, sem saberem, claro, que era, na verdade, Shangguang Zhi no corpo dela (isso é muito confuso, eu sei) e Caiwei acaba presenciando isso, acreditando que foi Pan Yue que a matou.

Agora, com a nova identidade da mulher que tentou matá-la, ela tem a chance de ficar perto de Pan Yue e descobrir a verdade sobre a sua “morte” e a dos seus pais. Enquanto tenta provar que Pan Yue é o responsável pela sua morte, ela precisa se lembrar de não acabar se apaixonando por ele de novo e lutar ao máximo para não revelar sua identidade. Juntos, eles começam a investigar casos que desafiam a lógica e a derrubar as quatro potências que dominam com mão de ferro a cidade enquanto buscam pistas de uma organização criminosa infiltrada no palácio.

Até o capítulo 26 posso dizer que gostei muito do drama, ele tinha aquele quê de comédia, misturando investigação e romance, tudo na medida certa. Os personagens são bastante carismáticos e é fácil se apegar a eles. As tramas são bem conectadas, mas, sendo franca, colocar magia num drama que não é fantasia e ainda mais do jeito que o recurso foi usado ficou muito sem sentido. É tipo: as duas trocaram de rosto, aceitem isso e não tem nenhuma explicação para aquilo, além de não ter nenhum tipo de magia em mais nenhum outro episódio e o drama, em praticamente todo o enredo, preza pela lógica.

O final não é ruim, mas tampouco é bom. Se a gente analisar a história como um todo e o tanto de gente que foi assassinada, incluindo as tentativas de morte do próprio Pan Yue e da Caiwei, fica bem difícil aceitar aquilo quando no final parece que o esforço dos dois foi em vão. Achei o desfecho do vilão muito fácil. E as duas mortes finais podiam claramente ter sido evitadas, por mais críveis que tenham sido, não gostei e pronto. Roteiro fez a gente terminar com cara de palhaço e ainda jura que nos convenceu do final “feliz”. Gente, o inferno que aqueles dois passaram e ainda não acabou? Como assim? E nem tem segunda temporada!

Shippei o casalzão? Shippei loucamente. Eles tinham química juntos, embora não explodisse nos momentos mais próximos, podiam ser sentidos nas interações mais simples entre eles. O casal secundário foi aquela tragédia desnecessária e, sendo franca, não me convenceu muito não. Eu shippava bem mais o casal de servos dos dois protas, eles eram uma fofura juntos. Aliás, esse ator, que fez o Jin Lin em The Untamed, conseguiu tirar o meu ranço da cara dele, foi incrível aqui. O plot era muito bom e foi uma pena que o desfecho tenha sido tão mais ou menos, miraram no plot twist e acertaram em nada. Fazer o que. Ainda assim, recomendo.

domingo, 3 de novembro de 2024

[Bíblia] Ester

O início do livro é bem conciso e temos apenas um resumo dos acontecimentos até a eleição de Ester como rainha. O conflito de Israel com Amalec foi abordado de modo breve anteriormente e será simbolicamente intensificado nesse livro. Ester, nascida Hadassa, era a prima do judeu Mardoqueu, trazido com os cativos de Nabucodonosor. Com a morte de seus pais ele a adotou como filha.

Encolerizado pela recusa da rainha Vasti em atender ao seu chamado diante dos príncipes das províncias, Assuero — segundo seus conselheiros — a destituiu do posto de rainha e envia um edito para que sejam trazidas ao palácio todas as virgens formosas com o propósito de encontrar entre elas uma nova rainha.

Ester é uma dessas virgens e, antes de ser levada, é proibida pelo primo a revelar suas origens. Embora nada se diga sobre sua personalidade, o livro conta que era estimada por todos que a conheciam e rapidamente ganhou o favor e a proteção do encarregado das mulheres, Egeu. Ele a favoreceu mais que as outras, colocando servas à sua disposição e lhe reservando o melhor aposento.

Uma a uma, as jovens eram levadas ao rei, mas nenhuma lhe manifestava interesse, até que, no décimo mês, Ester foi levada à sua presença. Não há nenhum detalhe desse encontro, o livro apenas diz que ele a preferiu a todas as outras e a corou rainha em lugar de Vasti.

Dois eunucos tramaram contra a vida do rei e, como se sentasse todos os dias à porta do palácio, Mardoqueu ouviu a trama e contou à rainha Ester que deu parte ao rei em nome do primo. Não é mencionado aqui a morte de Mamucã, mas o livro avança para a promoção de Amã. Este guardava profundo ódio de Mardoqueu simplesmente porque este se recusava a se curvar ou ajoelhar diante dele, assim, tramou para dizimar de todo o reino de Assuero o povo judeu. Contou uma historinha qualquer e ganhou o consentimento do rei para cuidar de sua vontade.

Foi promulgado então em todas as províncias do império na língua de cada uma o edito anunciando a morte de todos os judeus no dia 13 do mês de Adar, ou seja, dezembro. Tendo conhecimento disso, Mardoqueu cobriu-se de cinzas, rasgou suas vestes, cobrindo-se com um saco e correu por toda Susa ecoando gritos de dor, então foi ter com Ester para lhe pedir que intercedesse junto ao rei em favor do seu povo. Ora, fazia trinta dias que ela não era chamada à presença do imperador.

Mardoqueu a repreende dizendo que ela não estava livre do decreto apenas por estar no palácio e que fora provavelmente por essa razão que foi alçada ao mais alto posto. Ciente que o primo tinha razão ela pede ao povo de Israel que faça um jejum de três dias depois dos quais se apresentaria diante do rei.

No terceiro dia, Ester foi a presença do imperador e tomado por devoção ele estendeu o cetro para ela, afirmando que qualquer que fosse seu desejo este seria cumprido. Ela, cuidadosa, convidou o marido e Amã para um banquete que transcorreu como esperado, mas ao ser questionada sobre seu pedido, adiou-o ainda para o dia seguinte.

Amã estava se sentindo confiante por ter o favor do imperador e pelo convite da imperatriz, mas a presença de Mardoqueu minava sua alegria de modo que, aconselhado por sua mulher e amigos, mandou erguer uma forca para pendurá-lo antes do próximo banquete da rainha. Contudo, chega ao conhecimento de Assuero o cimplo dos eunucos e tendo chegado Amã com intenção de pedir-lhe a cabeça de Mardoqueu, indagou-o acerca das honrarias que deveria prestar-lhe e, pensando se tratar de si mesmo, diz para vestir o homem com trajes reais e monta-lo no cavalo do rei, passeando pelas ruas.

Qual não é a sua surpresa ao ser incumbido de fazer a honraria a Mardoqueu. Quando retorna, a esposa e os conselheiros o alertam a não comparecer ao banquete da rainha, mas ele vai mesmo assim e dessa vez Ester faz seu pedido pela vida do seu povo apontando Amã como o inimigo que deseja destruí-los.

O rei fica furioso ao ver o homem inclinando sobre Ester e acusa-o de tentar molestar a rainha, condenando-o a morte na mesma força que construiu para Mardoqueu. Ester lhe implora pela vida do seu povo e a sua, Assuero então dá o anel real à Mardoqueu para que publique em seu nome uma solução já que o decreto não podia ser revogado.

No dia marcado, ao invés do extermínio, os judeus venceram e exterminaram todos aqueles que ergueram as mãos contra eles. Ester ainda pediu a Assuero que fossem erguidos em forcas os dez filhos de Amã  e este concedeu se desejo. Ainda no dia 14 continuou o ataque e houve grande celebração ante a vitória dos judeus. Mardoqueu e Ester estipularam os dias 14 e 15 de Adar deviam ser comemorados como Purim, derivado da palavra pur (sorte) e esse costume mantido pela posteridade para sempre.

O livro tem sua grande parte ainda no original em hebraico, o autor é desconhecido e pode ter vivido no fim do século IV a.C., retratando a época persa, reino que durou em torno de 200 anos, destruídos pelos gregos. Embora comparado com outros livros do Antigo Testamento, a resolução desse conflito em particular — tal qual a motivação do mesmo — parece bem irrisória, contudo, igualmente reforça a ideia que Deus não é nenhum mágico que resolve as coisas com um estalar de dedos (embora possa se quiser), mas recorre à lógica em cada um de seus feitos, mesmo os prodígios. Além disso, há certa alusão ao papel de Maria como intercessora da humanidade, tanto é que a igreja católica coloca esse texto junto ao evangelho do milagre das bodas.

Apesar de abrir espaço para muitas indagações e reflexões, de uma primeira impressão, a história de Ester parece quase uma fábula romântica que destoa um pouco do texto principal da bíblia; o apêndice, entretanto, nos traz de volta ao propósito da história com as orações de Ester e Mardoqueu e quase funciona como um compensação ao tom pouco religioso de sua narrativa concisa.

Gente, cheguei ha pouco no livro de Isaías e, confesso, tanto o livro de Provérbios, quanto o Cantico dos Canticos me soaram difíceis de entender, então fui procurar explicações de algum padre no youtube e para minha sorte encontrei um curso completo e gratuito da bíblia. Já quero começar do gênesis, mas vou partir desses livros sapienciais que me deram mais dificuldade de entendimento. Estou deixando o link aqui para quem desejar conhecer mais profundamente a bíblia, achei a aula do padre muito satisfatória e fácil de entender:

Curso Padre Juarez de Castro - Youtube

Sei que ando meio afastada do blog, mas estou tentando encaixar uma rotina que funcione na minha vida, agora que comecei a academia e ando lidando com algumas coisas, não tem sido muito fácil acordo quatro e meia da manhã, mas ainda não consigo administrar direito as 24h do dia.

[Livro] O Conde de Monte Cristo - Tomo 1

 Original: The Count of Monte Cristo
Ano: 1846
Autores: Alexandre Dumas, pai, Auguste Maquet
Gêneros: Romance, Série, Ficção de aventura, Ficção histórica, Romance de amor
Sinopse: Gira em torno de Edmond Dantè, que é preso por um crime que não cometeu. Ao sair da prisão, Edmond vai à busca de vingança contra seus inimigos. Uma trama repleta de reviravoltas dignas de um jogo de xadrez.

Esse é meu segundo contato com Dumas, tentei ler Os Três Mosqueteiros e, acredito por ter sido uma versão adaptada, não gostei muito. Já tinha um bom tempo que estava querendo ler O Conde de Monte Cristo, mas por ser uma obra muito grande, não me atrevia a ler em ebook e não queria cometer o erro do outro e acabar não gostando. Assim, quando surgiu a oportunidade de ler na íntegra com tradução direta do francês, não quis perder a chance. O mesmo havia acontecido com Crime e Castigo que demorei muito tempo para ler porque não queria versões adaptadas e a maioria das traduções vinha de outros idiomas, quando surgiu a edição da 34 com tradução direta do russo e texto integral, agarrei a chance e amei o livro.

No primeiro tomo, cerca de quinhentas e poucas páginas, somos apresentados aos primórdios da vida de Edmond e as pessoas que o cercam. Ele, jovem cheio de vigor, era um marinheiro experiente e respeitado em sua tripulação que se vê em um momento difícil com a morte de seu capitão tendo que ancorar na ilha de Elba onde estava, na época, exilado Napoleão. Edmond cuida de seu pai idoso a quem ama mais que a própria vida e tem sua noiva, Mercedes, uma bela jovem catalã por quem é apaixonado. Quando retorna de viagem, se vê incumbido de realizar o último desejo de seu capitão que se tratava de levar uma missiva a Paris.

Acontece, que Mercedes estava sendo cortejada pelo seu primo Fernando, que torcia muito que Edmond não voltasse vivo da viagem, pois queria com loucura casar-se com ela. E, como um marinheiro talentoso, é claro que Edmond também tinha muitos inimigos com inveja do seu sucesso ascendente. Desse modo, numa conspiração usando o ciúme de Fernando, vê-se a oportunidade de interromper a trajetória promissora do jovem. Ele é acusado de traição e levado à justiça como um dos partidários de Napoleão, em seu interrogatório não diz nada mais que a verdade, mas devido a conexões desonrosas do próprio juiz, é exilado no castelo de If, lugar para os piores e mais perigosos criminosos de onde só se saía morto.

Edmond luta pela sua inocência até o fim, mas sua insistência em ver o governador acaba colocando-o na masmorra com a certeza de jamais ver a luz do sol outra vez. Com o passar interminável dos dias, ele se conforma, entregando-se ao ódio e a melancolia. Até o dia que conhece o Abade Faria, um velho padre condenado de traição muitos anos atrás. Inteligente e versado em várias artes, ele havia bolado um plano para fugir e, renovando sua esperança, Edmond se junta a ele que lhe ensina tudo que sabe enquanto travam o plano da liberdade. Contudo, o abade estava muito doente e viu seu fim se aproximando antes da desejada liberdade.

Ele confidencia ao companheiro sobre o tesouro de Spada escondido na ilha de Monte Cristo e dá a Edmond as instruções de como encontrá-lo, legando a ele o tesouro. Com a perda do amigo, o mundo de Edmond volta a cair tornando-se solitário, imaginando a dificuldade de fugir sozinho, ele se coloca no lugar do cadáver imaginando conseguir fugir após ser enterrado, o que ele não sabia é que os mortos eram jogados no mar. Como um marinheiro experiente, ele consegue escapar da mortalha e nadar até um pedaço de terra mais próximo, o mais longe possível do seu cárcere.

Cansado e debilitado, Edmond encontra piratas a quem se junta escondendo sua identidade. Os anos haviam operado mudanças drásticas na sua aparência devido à falta de luz solar do confinamento e o abatimento pelo qual passou até conhecer o abade. Assumindo uma nova identidade, procura o momento propício para ir atrás do seu tesouro, ficando na companhia de contrabandistas ao longo de meses e conquistando reputação por sua inteligência além de seus conhecimentos marítimos. No momento propício, assumiu sua herança e, sob diversos disfarces, retornou ao lugar de origem para saber o destino daqueles que lhe eram caros.

As notícias não eram boas. Seu pai havia falecido de tristeza, sua noiva se casara com outro homem e seu antigo patrão estava à beira da falência por ter sido enganado por um de seus homens de confiança. A primeira ação de Dantés é ajudar seu antigo patrão que sempre o havia tratado como um filho e por quem nutria grande estima. Partindo para sempre daquele pedaço de terra que só lhe trazia memórias dolorosas de uma vida arrancada dele, partiu em busca de iniciar sua vingança.

Nesse ponto, o livro muda de perspectiva e vemos a ótica de um par de amigos franceses em tour pela Itália para os festejos de carnaval. Duas figuras se destacam aqui: Simbat, o marujo e O Conde de Monte Cristo, ambas personagens vividas por Dantés. Para quem conhece um pouco mais da história sabe que Albert é o filho de Mercedes e, portanto, o alvo de Dantés por isso toda a aproximação mirabolante entre eles. O tomo 1 termina com a promessa de Edmond em visitar Albert na sua casa em Paris para este lhe servir como guia na sociedade.

O estilo narrativo dessa obra é meu primeiro destaque. Ele usa um narrador onisciente que oscila com um narrador observador ou uma terceira pessoa focada e eu gosto muito disso. Por mais que seja uma leitura longa não fica, em nenhum momento, cansativa com suas subtramas elaboradas e personagens interessantes. A morte do abade Faria e do pai de Dantés foram os dois momentos mais tristes do livro pra mim, inclusive, Dumas soube expressar com perfeição o luto, o quase enlouquecimento do cárcere, tornando todo o processo que tornou Edmond no Conde de Monte Cristo indiferente, misterioso e frio, algo crível e até mesmo aceitável.

O livro passeia por subtramas que, por vezes, se parecem com novelas dentro do livro, e é até fácil esquecer um pouco da trama principal tamanha é a riqueza de detalhes com que tudo se apresenta. Infelizmente, nesse mundo cada vez mais preguiçoso onde tudo tem que ser feito com pressa para ser rápido, seria uma leitura pouco apreciada, é um livro com linguagem até simples, mas feita para leitores experientes, que realmente amam embarcar em um universo rico em detalhes, debates éticos e filosóficos, além de ser transportado para a França pós-napoleônica de instabilidades políticas e sociais.

Gostei muito. Já está nos meus planos ler os outros dois tomos! E indico bastante para aqueles que realmente amam ler, porque O Conde de Monte Cristo não é um livro para iniciantes.

domingo, 6 de outubro de 2024

[Bíblia] Judite — Parte II

A Vitória do Povo Judeu

Chegando Holofernes a Betúlia, cortou o arqueduto que levava água para a cidade e pôs guardas em todas as fontes impedindo o fornecimento. O povo começou a se impacientar e dizer a Ozias que entregasse a cidade antes que começassem a morrer de sede. Este, porém, pediu-lhes que esperassem mais cinco dias pela resposta do Senhor. 

Ora, tudo isso chegou aos ouvidos de Judite, viúva de um rico homem que morrera no campo e mulher muito temente a Deus. Ela era muito estimada em sua comunidade e os repreendeu duramente por sua conduta que poderia inflamar a ira do Senhor contra eles. Aconselhando-os a mostrar sinceridade em seu clamor e orar por ela no empreendimento que planejava executar.


Judite então entrou em seu oratório e, prendendo seu cilício na altura dos rins, cobriu a cabeça de cinzas e fez uma prece suplicante para que o Senhor a atendesse e colocasse em suas mãos o inimigo que ameaçava seu povo. Terminando sua oração, saiu do oratório e desceu à sua casa, pedindo a sua criada para lhe ajudar a vestir, ornou-se com suas melhores vestes e joias e o Senhor lhe concedeu graça e formosura ainda maiores, a fim de que alcançasse seu propósito. Saiu então de Betúlia e desceu o caminho, sendo encontrada por guardas assírios que lhe indagaram quem era e para onde ia.

Ela, então, mentiu dizendo ter fugido do meio dos judeus, pois eles seriam mortos por Holofernes e, desse modo, unir-se-ia a ele para lhe revelar um meio de entrar com sucesso na cidade. Encantados por sua beleza, levaram-na para o general que imediatamente foi capturado pela formosura dela. Questionada novamente por ele a respeito de sua partida do meio de seu povo, proferiu um discurso sobre como Deus estava irado pela iniquidade do povo e a enviou como um sinal de que os entregaria nas mãos de Holofernes por intermédio dela. Agiu de maneira altiva, mas forjando certa submissão, encantando ainda mais o general. Rejubiloso por aquelas palavras, se viu muito satisfeito e concordou em proceder de acordo com as orientações dela.

Holofernes mandou instalar Judite em uma tenda, mas ela recusou o ouro e as provisões que lhe concedeu, pedindo apenas a liberdade para sair e orar a Deus, ao que o general ordenou aos seus homens que lhe permitissem sair quando lhe aprouvesse. Manteve-se, então, pura por três dias enquanto pedia a Deus que guiasse seus passos no empreendimento de libertar o seu povo.

O general de Nabucodonosor ofereceu, no quarto dia, um banquete aos seus convidados e enviou seu eunuco para persuadir Judite a se juntar a ele e ser sua concubina. Ela se vestiu com requinte e apresentou-se diante dele, mas cuidou de não tocar na comida pagã e comeu apenas o que sua serve preparou enquanto Holofernes embriagou-se. À noite, saindo todos os oficiais e o eunuco do general, Judite disse à serva que ficasse fora vigiando e orou pedindo força a Deus. Aproximou-se da cama onde Holofernes dormia bêbado e decepou-lhe a cabeça com sua própria espada. Enrolou-a no cortinado da cama e entregou à sua serva para colocar na cesta de provisões. Como tinha permissão para sair, ninguém as parou quando atravessaram o acampamento e, assim, retornou vitoriosa para Betúlia.

Sob sua orientação, após exibir a cabeça do inimigo, os hebreus saíram em marcha contra os assírios. Aos descobrirem morto seu general, foram tomados de pavor e fugiram sendo perseguidos pelos judeus que os aniquilaram. Todos os despojos abandonados no acampamento foram confiscados pelos judeus e grande festa se celebrou em toda a cidade. Aquior foi circuncidado e acolhido no meio do povo e Judite foi aclamada por todo povo pela demonstração de coragem, virtude e castidade.

O livro de Judite é um chamado à coragem em tempos difíceis. Deus favorece aqueles que andam em seu caminho e guardam seus mandamentos, protegendo-os do mal. Como uma guerreira, confiando naquele que lhe deu a vida, Judite não abdicou de sua pureza e não usou seu corpo para atingir seu objetivo. A sensualidade não deve ser confundida com promiscuidade ou vulgaridade. Somos templos do Senhor e nossa imagem deve refletir o conteúdo do nosso coração. Vale recordar que, no antigo testamento ainda prevalece a sangrenta lei de Talião onde a crueldade e a vingança eram os meios que justificavam os fins. Cristo, em sua vinda, ressignifica essa lei em favor da compaixão, mansidão, perdão e confiança na justiça divina. Não devemos jamais espelhar nossas ações na lei antiga, mas na nova aliança firmada por Jesus.