domingo, 6 de outubro de 2024

[Bíblia] Judite — Parte II

A Vitória do Povo Judeu

Chegando Holofernes a Betúlia, cortou o arqueduto que levava água para a cidade e pôs guardas em todas as fontes impedindo o fornecimento. O povo começou a se impacientar e dizer a Ozias que entregasse a cidade antes que começassem a morrer de sede. Este, porém, pediu-lhes que esperassem mais cinco dias pela resposta do Senhor. 

Ora, tudo isso chegou aos ouvidos de Judite, viúva de um rico homem que morrera no campo e mulher muito temente a Deus. Ela era muito estimada em sua comunidade e os repreendeu duramente por sua conduta que poderia inflamar a ira do Senhor contra eles. Aconselhando-os a mostrar sinceridade em seu clamor e orar por ela no empreendimento que planejava executar.


Judite então entrou em seu oratório e, prendendo seu cilício na altura dos rins, cobriu a cabeça de cinzas e fez uma prece suplicante para que o Senhor a atendesse e colocasse em suas mãos o inimigo que ameaçava seu povo. Terminando sua oração, saiu do oratório e desceu à sua casa, pedindo a sua criada para lhe ajudar a vestir, ornou-se com suas melhores vestes e joias e o Senhor lhe concedeu graça e formosura ainda maiores, a fim de que alcançasse seu propósito. Saiu então de Betúlia e desceu o caminho, sendo encontrada por guardas assírios que lhe indagaram quem era e para onde ia.

Ela, então, mentiu dizendo ter fugido do meio dos judeus, pois eles seriam mortos por Holofernes e, desse modo, unir-se-ia a ele para lhe revelar um meio de entrar com sucesso na cidade. Encantados por sua beleza, levaram-na para o general que imediatamente foi capturado pela formosura dela. Questionada novamente por ele a respeito de sua partida do meio de seu povo, proferiu um discurso sobre como Deus estava irado pela iniquidade do povo e a enviou como um sinal de que os entregaria nas mãos de Holofernes por intermédio dela. Agiu de maneira altiva, mas forjando certa submissão, encantando ainda mais o general. Rejubiloso por aquelas palavras, se viu muito satisfeito e concordou em proceder de acordo com as orientações dela.

Holofernes mandou instalar Judite em uma tenda, mas ela recusou o ouro e as provisões que lhe concedeu, pedindo apenas a liberdade para sair e orar a Deus, ao que o general ordenou aos seus homens que lhe permitissem sair quando lhe aprouvesse. Manteve-se, então, pura por três dias enquanto pedia a Deus que guiasse seus passos no empreendimento de libertar o seu povo.

O general de Nabucodonosor ofereceu, no quarto dia, um banquete aos seus convidados e enviou seu eunuco para persuadir Judite a se juntar a ele e ser sua concubina. Ela se vestiu com requinte e apresentou-se diante dele, mas cuidou de não tocar na comida pagã e comeu apenas o que sua serve preparou enquanto Holofernes embriagou-se. À noite, saindo todos os oficiais e o eunuco do general, Judite disse à serva que ficasse fora vigiando e orou pedindo força a Deus. Aproximou-se da cama onde Holofernes dormia bêbado e decepou-lhe a cabeça com sua própria espada. Enrolou-a no cortinado da cama e entregou à sua serva para colocar na cesta de provisões. Como tinha permissão para sair, ninguém as parou quando atravessaram o acampamento e, assim, retornou vitoriosa para Betúlia.

Sob sua orientação, após exibir a cabeça do inimigo, os hebreus saíram em marcha contra os assírios. Aos descobrirem morto seu general, foram tomados de pavor e fugiram sendo perseguidos pelos judeus que os aniquilaram. Todos os despojos abandonados no acampamento foram confiscados pelos judeus e grande festa se celebrou em toda a cidade. Aquior foi circuncidado e acolhido no meio do povo e Judite foi aclamada por todo povo pela demonstração de coragem, virtude e castidade.

O livro de Judite é um chamado à coragem em tempos difíceis. Deus favorece aqueles que andam em seu caminho e guardam seus mandamentos, protegendo-os do mal. Como uma guerreira, confiando naquele que lhe deu a vida, Judite não abdicou de sua pureza e não usou seu corpo para atingir seu objetivo. A sensualidade não deve ser confundida com promiscuidade ou vulgaridade. Somos templos do Senhor e nossa imagem deve refletir o conteúdo do nosso coração. Vale recordar que, no antigo testamento ainda prevalece a sangrenta lei de Talião onde a crueldade e a vingança eram os meios que justificavam os fins. Cristo, em sua vinda, ressignifica essa lei em favor da compaixão, mansidão, perdão e confiança na justiça divina. Não devemos jamais espelhar nossas ações na lei antiga, mas na nova aliança firmada por Jesus.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

[Drama] Can't Run Away From Love

 Original: どうせもう逃げられない

Roteirista e Diretor: Kawahara Eu

Gêneros: Romance , Drama

País: Japão

Episódios: 9

Ano: 2021

Sinopse: Nodakura Naho ansiava por uma vida comum como uma funcionária de escritório, mas ela não conseguia uma oferta de emprego. Para sobreviver, por enquanto, ela decide fazer uma entrevista para um emprego de meio período em uma empresa de design chamada Solo Design Office. No caminho, Naho encontra um homem e uma mulher tendo uma briga de amantes. Para se livrar da mulher, o homem agarra Naho, que por acaso está lá, e diz que ela é sua nova namorada. Naho fica brava e instintivamente o empurra para longe. Quando ela chega mais tarde ao Solo Design Office para sua entrevista, ela percebe que o homem que ela conheceu antes é na verdade o presidente da empresa, Sakisaka Takumi. Apesar de tudo o que aconteceu, Naho de alguma forma é contratado e começa a trabalhar meio período na empresa…

Depois de Snowfall fiquei com um pé atrás para assistir qualquer drama chinês, embora eles sejam meu foco, fica difícil quando não gosto de final ruim e praticamente todos eles são ruins! Tenho algumas produções bem grandes na lista, mas não me arrisco a começar algo em torno de 40 a 60 episódios no momento. Fui ao VIKI pra dar uma olhada por alto no que andava por lá e topei com esse drama do nada, como era pequeno, combinava com meu tempo corrido e decidi ver.

A história segue Nodakura Naho, uma jovem em busca de emprego para lidar com as dificuldades financeiras. Enquanto está indo para uma entrevista, ela se depara com um jovem sendo esbofeteado pela namorada que, provavelmente, traiu. Muito discreta, ela fica lá ouvindo a discussão prestes a ir comprar uma pipoca quando, do nada, o jovem vem em sua direção e a apresenta como atual namorada para a garota histérica com quem estava discutindo. Irritada por ter sido usada como escudo, ela o repreende e vai embora, só para descobrir que ele é o CEO da empresa onde ela será entrevistada.

De início, ela acha que não será contratada, mas para sua surpresa, ele a contrata como contadora e parece se divertir pregando todo tipo de peça nela. Aos poucos, Naho vai se sentindo à vontade no escritório e acaba por ser contratada como funcionária efetiva. Porém, com as brincadeiras e a gentileza de seu novo chefe, Takumi, começam a surgir outros sentimentos que ela não é capaz de controlar.

Takumi, por sua vez, demonstra corresponder a ela, desde que passaram a trabalhar juntos, é como se ele tivesse voltado a viver depois de muito tempo, mas há uma sombra do seu passado que limita sua felicidade e ele constantemente age para manter Naho longe, mesmo nos momentos que a quer perto dele. A esse comportamento, ela não entende e se sente magoada, mas tenta compreender das maneiras que consegue racionalizar. Quanto mais entra na vida do chefe, mais Naho se vê apaixonada, mas ela será capaz de lidar com os segredos que ele esconde?

Não é um drama fantástico, claro, mas daqueles para tirar a ressaca de algum muito bom ou muito ruim, ou mesmo só para passar o tempo. Há muito não via um drama japonês e foi como retornar às origens, já que comecei com eles. No geral, gostei, a história tem um ritmo bom, como aqueles contos que você lê "numa sentada só" e os personagens são simpáticos. Levou um tempo para me reacostumar com a dinâmica japonesa, mas curti. É um romancezinho fofo que lida com a questão do luto de uma maneira muito interessante. 

Cada pessoa tem o próprio tempo e a própria maneira de lidar com a perda, é uma evolução que precisa de apoio, mas, sobretudo, de respeito. Além de lembrar-nos de valorizar as pessoas que estão à nossa volta e são importantes para nós. Que possamos dar flores, reconhecimento, carinho aos vivos, enquanto ainda temos chance de demonstrar o que sentimos.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

[Bíblia] Judite — Parte I

Introdução: 

O texto não foi conservado no original hebraico, restando apenas a tradução grega. Situa-se na época de libertação da Betúlia, sitiada pelo general de Nabucodonosor, Holofernes. Foi provavelmente escrito em meio às lutas enfrentadas pelos judeus agudamente nos dois séculos que antecederam a era cristã.

As indicações do livro de Judite, geográficas e históricas, são em geral muito imprecisas. Os tradutores da versão grega divergem muito entre si.

Antecedentes do assédio de Betúlia

O rei Nabucodonosor, governante da Babilônia, no décimo segundo ano de seu reinado, fez guerra contra Arfaxad na grande planície de Ragau e venceu-o. Ora, ele havia enviado emissários para todas as cidades da Cilícia até os confins da Etiópia solicitando aliados em sua campanha contra Arfaxad, mas recebeu desprezo em resposta.

Tendo vencido e submetido o império de seu inimigo, orgulhou-se da grandeza do seu próprio e encolerizou-se no seu coração contra todos aqueles que desprezaram suas ordens. Chamou então seu marechal Holofernes enviando-lhe com grande exército para vingá-lo contra os que o desprezaram. Partiu Holofernes com grande exército, riqueza, e provisões espalhando terror por toda a terra.

Aterrorizados, os reis e príncipes de todas as cidades e províncias da Síria, Mesopotâmia, Líbia e Cilícia, enviaram delegados à Holofernes pedindo-he que cessasse a campanha contra eles e oferecendo-lhe a si e seus habitantes como escravos. O general aceitou a oferta, todavia ainda destruiu as cidades e derrubou todos os lugares de adoração, pois assim lhe ordenara Nabucodonosor que desejava ele mesmo ser o deus adorado por todos.

Recebendo essas notícias, os judeus se viram aterrorizados temendo que o mesmo fosse feito ao Templo do Senhor. Começaram então seus preparativos para a guerra, cercaram os muros, guarneceram e bloquearam as passagens das montanhas, estocaram trigo e enviaram mensagens às planícies vizinhas segundo a ordem do sacerdote Eliacim. E todo povo orou fervorosamente ao Senhor.

Ao descobrir que os judeus bloquearam as passagens nas montanhas e fortificaram os muros de suas cidades, Holofernes encheu-se de fúria  e mandou trazer o chefe dos amonitas, Aquior, para arguir acerca daquele povo que recusava a se submeter ao seu poder. O discurso de Aquior é um resumo de toda a história da aliança de Deus com Israel e vendo esse conhecimento proferido pela boca de um estrangeiro pagão percebemos todo o sentido especial desse ato que enaltece a grandeza do Senhor.

Aquior aconselha Holofernes a investigar se os israelistas estavam em pecado contra o Senhor, pois, do contrário, Deus combateria por eles e Holofernes perderia. Ao ouvi-lo, o general e todo conselho se encolerizou e queria queimar Aquior, jurando que o matariam junto com os judeus. Os escravos do general levaram o chefe dos amonitas até Betúlia e o amarraram em uma árvore fugindo dos atiradores judeus. Ele foi encontrado e, após narrar seu testemunho, acolhido pelo povo judeu.

domingo, 22 de setembro de 2024

[Biblia] Tobias — Parte II

 Em meio às lágrimas por sua provação, Tobit ora ao Senhor clamando misericórdia. Enquanto isso, naquele mesmo dia, a filha de Raguel, a quem Tobit emprestou dinheiro, também pedia clemência a Deus pela sua difícil situação. Acontece que ela já havia tido sete maridos e todos eles morriam vitimados por um demônio. Sem explicação mesmo, ele só matava e é isso. Sofrendo com a situação, Sara também faz uma súplica ao Senhor para se livrar daquela humilhação.

Em sua oração, Tobit havia pedido a Deus que tirasse sua vida e, crendo que seria atendido, chamou o filho para lhe dar orientações antes de partir. Disse-lhe para enterrá-lo quando se fosse e para honrar a mãe até o fim de sua vida quando deveria sepultá-la junto com ele. Conservasse sempre o pensamento de Deus em seu coração e jamais negligenciar seus preceitos; dar sempre esmola e nunca se desviar de um pobre, sendo sempre generoso de acordo com suas posses; que se conservasse de fornicação e escolhesse por esposa uma mulher de sua tribo; jamais permitisse que o orgulho dominasse seu espírito e suas palavras, pois era a origem de todo o mal.

Jamais fazer aos outros o que não gostaria que lhe fosse feito (conselho de ouro!) dividir com quem tem fome e vestir o nu; não se juntar à companhia dos pecadores; buscar conselhos com os sábios e bendizer a Deus todo o tempo. Quem dera ainda hoje os pais educassem seus filhos com esses conselhos tão ricos em amor e sabedoria! As instruções de Tobit são o segredo para a vida plena e do agrado do Senhor! Senti um calorzinho no coração lendo essa parte e grifei praticamente tudo!

Tobit manda que Tobias viaje até a Média para procurar Raguel e receber o dinheiro emprestado anos antes. O jovem se vê um tanto preocupado porque nunca viajou e não sabe chegar até lá, além do fato de não conhecer o homem. O pai então lhe entrega o recibo e manda que ele procure alguém para acompanha-lo na viagem. Tobias acaba topando com um jovem distinto que se prepara para viajar e, sem saber que era o arcanjo Rafael, o cumprimenta e pergunta se ele conhece o caminho até a Média, leva-o então até seu pai que após mais algumas perguntas se despede dos dois. Assim, começa a odisseia de Tobias.

Pararam à margem do Tigre para lavar os pés, eis que um enorme peixe se lança sobre Tobias, este, aterrorizado, clama ao Senhor e o anjo lhe instrui a pegar o animal pelas guelras, em seguida, tirar-lhe o coração, o fígado e o fel que seriam usados como remédio posteriormente. Curioso, Tobias pede que ele lhe explique o uso medicinal daquelas três partes, ao que arcanjo responde que o coração e o fígado servem para curar a aproximação de espíritos ruins e o fel como remédio para os olhos. Chegam, então, ao seu destino e o arcanjo instrui Tobias a tomar Sara como esposa, pois é sua parenta e lhe está destinada. Explica que os homens que se casaram com ela anteriormente foram mortos porque a desposaram com ímpeto da paixão e não o desejo de gerar filhos.


Raguel os recebeu com cordialidade e, ao descobrir que Tobias era o filho de seu primo Tobit, seu coração se encheu ainda mais de alegria. Instruído pelo anjo, Tobias pediu Sara em casamento a seu pai e vendo este hesitante pelo que aconteceu aos outros maridos da jovem, foi persuadido pelo anjo a aceitar o enlace, cedendo enfim. O casamento aconteceu e, tendo seguido as orientações do arcanjo, Tobias não só conservou a vida, como afastou o demônio de Sara e este foi cuidado por Rafael e preso no deserto. Tendo o sogro rogado que ficasse mais um tempo, pediu ao anjo que fosse buscar o dinheiro do pai e permaneceu na casa dos sogros. Semanas depois, orientado por Rafael, pôs o fel do peixe nos olhos do pai. Passados trinta minutos, Tobit recuperou a visão. Bendizendo a Deus, agradecia as grandes bênçãos recebidas.

O arcanjo Rafael se manifesta para eles e lhes explica todo o acontecido, dizendo ter sido pela bondade e generosidade de Tobit que sua fé foi testada e grandes bênçãos lhes foram concedidas. Orientou-lhes a bendizer o Senhor e publicar suas maravilhas e eles assim o fizeram. Tobit cantou a Deus em ação de graças e teve um tanto de anos em felicidade antes de morrer, aconselhou o filho a, tão logo enterrasse sua mãe, partisse de Nínive e Tobias seguiu o conselho do pai, mudou-se para a casa dos sogros e viveu toda a sua vida no temor do Senhor, assim como sua posteridade.

O livro de Tobias manifesta três pontos importantes: a caridade, o temor a Deus mesmo nas dificuldades e a educação familiar. Quando caminhamos no desejo do Senhor, vem o perigo, a calúnia e a zombaria, mas se perseveramos e mantemos viva a nossa fé, Ele nos protege. Sobretudo, a única coisa que deixamos para trás é a caridade que praticamos, como disse Paulo “a fé sem obras está morta”, o mundo urge de compaixão, de amor, de Deus. E mesmo que sejamos apenas uma única andorinha, façamos nossa parte, eduquemos nossos filhos como Tobit educou Tobias. Como as famílias estão fragmentadas hoje! Correspondamos às graças ofertadas por Deus em nossas vidas todos os dias, pois sua misericórdia vem com cada amanhecer em que somos chamados a ser melhores, a agir diferente!

[Anime] Hyouka

Original: 氷菓

Ano: 2012

Episódios: 22

Gênero: Mistério, comédia, suspense

Sinopse: A história gira em torno de Oreki Hotaro, um garoto do ensino médio que sempre age de forma passiva. Um dia, ele entra em um clube, recomendado pela sua irmã mais velha. Lá ele encontra Eru, Satoshi e Mayaka. Chitanda é uma garota linda e calma, mas que se transforma em uma encarnação de curiosidade. Fukube é um menino sorridente que se destaca pela sua memória, mas que nunca constrói sua própria dedução. Ibara é uma menina rigorosa com os outros e com ela mesma. Ela ama Fukube, mas ele sempre se esquiva quando ela se aproxima. Eles começam a investigar um caso ocorrido há 33 anos. Dicas deste mistério é enterrado em uma obra antiga coletada pelos ex-membros do clube.

O que quer que Oreki precise fazer, ele faz rápido, pois seu lema é "poupar energia o máximo possível", ele é um preguiçoso convicto. Assim, jamais participou de nenhum clube, fez qualquer atividade que exigisse muito esforço e mantinha pouquíssimos amigos. Contudo, as coisas mudam quando ele recebe uma carta da sua irmã ordenando que ele entre no clube de literatura clássica que estava ameaçado de fechar por falta de membros. Sem saída, ele acaba aceitando, afinal, se vai ser o único membro, pode matar o tempo dormindo ou fazendo nada.

Porém, para frustração dos seus planos, quando ele chega à sala do clube, já havia alguém lá. Se tratava de Chitanda, a primeira a entrar para o clube e, portanto, sua nova presidente. Ela fica intrigada por descobrir que havia sido trancada na sala e acaba envolvendo Oreki para investigar o mistério. Por alguma razão, ele não consegue negar e acaba buscando uma explicação lógica para a situação, algo que encanta Chitanda. Ela revela que tem um motivo particular para ter se inscrito no clube e não dá a ele nenhuma chance de se esquivar de ser um dos membros. Junto a eles, acaba aderindo o melhor amigo de Oreki, Fukube, uma verdadeira enciclopédia de conhecimentos, mas que não consegue ser tão bom com investigação como o amigo, embora se esforce muito para resolver os mistérios. 

Os três acabam se embrenhando no passado misterioso do festival anual da escola que parece ser sombrio, e onde o tio desaparecido de Chitanda é um dos personagens. Com essa investigação e vendo a genialidade com que Oreki desfaz os nós dos mistérios, a quarta integrande do time aparece na figura de Ibara, também colega da ex-escola de Oreki e apaixonada por Fukube. Conforme os mistérios vão se tornando mais complexos, Oreki começa a se dar conta da sua própria capacidade dedutiva que, surpreendentemente, nunca falha. Ele consegue abrir planos inteiros com poucas informações e chegar nos resultados mais surpreendentes como um verdadeiro Sherlock enquanto, gradualmente, seu olhar sobre Chitanda começa a mudar.

No começo, confesso que estava vendo o anime por curiosidade, ele estava na minha geladeira do banco de séries fazia um tempão, então decidi ver sem dar muito nele, mas me vi envolvida e incapaz de largar até terminar. É uma sensação muito boa achar um anime que me faz isso, me prende na história sem precisar apelar. Além de ser divertido, é bem bacana ver as pequenas transformações no Oreki ao longo da narrativa. Para quem é fã de mistério, Hyouka pode ser uma boa pedida, começa bem despretensioso, mas logo você se vê preso por ele querendo saber o que vem a seguir e como Oreki vai resolver aquela situação.

Particularmente não shippei ele com a Chitanda, embora o enredo tente empurrar eles como um futuro casal. Eu, inclusive, achava a Eru bem lerdinha a maior parte do tempo, sempre que via os dois juntos, mesmo com a promessa implícita ali, só os via como amigos mesmo. Gostei bastante do anime, ele é excelente, sabendo equilibrar bem mistério e comédia com um slice of life que quase nem se nota.

domingo, 15 de setembro de 2024

[Livro] Lucíola + adaptação

 Autor: José de Alencar

Ano: 1862

Gênero: Drama, romance

Sinopse: Sob a perspectiva do personagem Paulo, conhecemos o relacionamento dele com uma cortesã do império por meio de cartas que ele envia à senhora G. M., nelas recorda o passado e compartilha seus sentimentos mais íntimos a respeito de Lúcia. Alencar constrói o romantismo com muita sensibilidade, ao mesmo tempo em que explora acontecimentos e cenários de maneira extremamente natural, trazendo fundos de veracidade e espelhando com maestria a corte imperial carioca. A crítica social está presente na construção dos personagens, em seus valores e atitudes, que trazem reflexões sobre os preconceitos da época e as mazelas de uma burguesia pautada por aparências.

Meu primeiro contato com José de Alencar foi na escola e não por obrigação das aulas, mas por interesse meu, numa época em que descobri romances históricos e estava apaixonada por eles. A biblioteca da escola era meu refúgio desde sempre, mesmo nas vezes em que foi remanejada para diferentes lugares conforme as reformas e as mudanças ocorriam, se estive longe dela em algum momento foi no período de um ano no qual dividíamos a escola dentro de outro colégio, misturado com os alunos de lá, de modo que não era a biblioteca da minha escola.

Lembro que, logo de cara, me vi apaixonada por Machado de Assis e sua Iaiá Garcia, mas torci o nariz para a Senhora de Alencar. Motivo? Por mais "estrambólica" que a prosa de Machado pudesse ser para meu eu de quatorze, dezesseis anos, ele usava de metáforas e intrínsecas melodias que muito me encantavam os olhos e soavam poéticas aos ouvidos. Enquanto Alencar usava aquela prosa mais "seca" permeada de um amontoado de palavras hiperbólicas que não me agradavam e dificultavam meu primário conhecimento literário.

Anos depois, após revisitar Iaiá Garcia e conhecer melhor outras obras de Machado, eis que faço nova tentativa de ler José de Alencar e, com sorte, tirar a primeira impressão ruim da adolescência.

A prosa é narrada do ponto de vista de Paulo, pernambucano recém-chegado ao Rio de Janeiro que se encanta por Lúcia, uma jovem que vê por acaso na ocasião de sua chegada. descobre ser esta uma famosa e cobiçada cortesã da corte com particularidades muito específicas no que diz respeito aos seus "clientes". Esta introdução lhe é feita por Sá, seu amigo que já tinha prévio conhecimento com a citada.

Incapaz de dissolver no esquecimento a beleza etérea da jovem, Paulo passa a ir até sua casa e tentar aproximar-se dela com claro intuito de tornar-se seu amante. A relação, inicialmente apenas moldada nos arremates da carne, vai aprofundando-se em algo mais complexo com o passar da convivência de ambos, que gera burburinho na sociedade e leva à mexericos que põem em xeque o relacionamento.

Tendo sido persuadido por seus invejosos amigos a deixar de lado essa relação infrutífera, Paulo se vê incapaz de resistir à Lúcia e a hipnótica dominância que ela tem sobre ele. Porém, a relação vai esfriando ao ponto de tornar-se uma amizade na qual ambos escondem seus verdadeiros sentimentos em nome de duvidosos segredos que por vezes são mal interpretados pelo febril Paulo.

Não tenho nem bagagem, nem conhecimento para tecer aqui análises profundas sobre a obra, por isso, vou me abster à minha impressão pessoal acerca da história e suas personagens sem buscar holofotes, tentando dar voltas em uma análise vazia de informações próprias ou tiradas de algum site qualquer. 

De fato, a prosa de Alencar não me cabe. É cheia de firulas que, embora se mostrem por vezes poéticas, são compostas de uma tessitura e cheias de hipérboles léxicas que me soam secas e talvez — não sem propósito do autor — carregadas de satírica ironia que quebram um pouco o uso ao qual eram primariamente destinadas de modo a não permitir ao leitor separar a impressão de seu propósito mesmo sendo esta sua vontade.

A obra me remeteu bastante à ópera La Traviata de Giuseppe Verdi que, inclusive, gosto bastante, esta por sua vez é baseada no livro A Dama das Camélias, de Dumas Filho, obra citada em Lucíola talvez como uma menção ou uma pista de lhe ser, de alguma forma, versão (não posso dizer, pois não li). Todavia, são semelhanças bem nítidas e pessoas que viram a ópera decerto notarão, incluindo o final trágico que se dá por razões distintas, mas em circunstâncias pares.

Paulo, que não julgo por sua ignorância dos ventos juvenis, era instável e dava-se com facilidade aos mexericos invejosos de seus "amigos" por conseguir-lhes a cobiçosa posse fugidia. Levado pela vida de aparências e futilidades, embora sabendo a verdade sobre a vida levada por Lúcia, nada dela de fato sabia e, ao mesmo em que ela lhe instava fidelidade, este a desejava enquanto a repelia em favor do próprio nome "social". Estava consciente dos sentimentos dela, mas não a assumia, tampouco se impedia de julgá-la ao menor sinal de dúbio acontecimento. O próprio admite sua boçalidade quando, enfim, a consciência experiente lhe permite compreender as nuanças que os cegos olhos apaixonados lhe subtraíam na obcecação do desejo.

Lúcia, de sua parte, começou como um enigma. Suas particularidades me deixavam a dúbia percepção dos seus pensamentos que eram intensificados pelo olhar nublado de Paulo. Entre idas e vindas do que me pareciam devaneios desvairados de uma possível insanidade, comecei a perceber, por fim, os arroubos de depressão que lhe sacudiam os sentidos devido à vida que levava e eram ainda mais violentos à luz dos seus sentimentos por Paulo. Descobrir a história dela e a revelação trágica no final apenas clareou mais essa percepção tardia. De alguma forma, ela me representava o clamor de uma igualdade jamais advinda, uma vez que, dado seu gênero e a vida levada, qualquer de suas ações eram interpretadas ao bel-prazer da sociedade hipócrita e moralista na qual vivia.

Embora não possa dizer que tenha tirado de todo a má impressão da primeira leitura de Alencar, afirmo que esta suavizou-se ao menos um pouco, embora não seria minha primeira opção escolhida entre os clássicos brasileiros. Talvez a semelhança muito grande com uma ópera da qual gosto bastante tenha sido útil no meu, se não agrado, mas perseverança na leitura e afastou por completo qualquer decepção que pudesse ter tido no final, uma vez que este era esperado desde certo ponto nos primeiros capítulos.

Adaptação

Tem 2 adaptações, um filme mudo de 1916 e outro filme já na década de 70, em 1975 que foi o que achei para ver, inclusive, acho que é o filme mais velho que já assisti. Tem no youtube para quem desejar. Foi roteirizado e dirigido por Alfredo Sternheim tendo no elenco Rossana Ghessa, Helena Ramos, Carlo Mossy, Clemente Viscaíno e Sérgio Hingst.

Eu não tenho nenhum tipo de conhecimento sobre cinema, então nem vou falar de coisas como fotografia, figurino ou coisa do tipo. Achei as interpretações um pouco "engessadas"? Achei. Mas não julguei o filme ruim, inclusive, foi mais fiel ao livro que muita adaptação feita hoje em dia. Teve pouquíssimas elipses na história, até mesmo os diálogos são tal e qual estão no livro de modo que é mesmo como se a gente estivesse vendo o filme da nossa cabeça enquanto lia na tela.

É um filme que eu indicaria? Não. Se fosse pra indicar, faria isso com o livro. Mas a título de curiosidade fui ver e para quem tem preguiça de ler por ser um clássico antigo com linguagem um tanto rebuscada, fica aí uma boa adaptação da obra.

[Bíblia] Tobias — Parte I

Informações introdutórias:
  • Foi escrito em aramaico na metade do século II a.C
  • Possivelmente ambienta-se em Nínive, no tempo do exílio
  • Importante didatismo religioso, salientando a virtude, a piedade e a fidelidade 
Tobit era da tribo de Nínive e foi levado ao cativeiro junto com os seus durante o tempo do rei dos Assírios. COntudo, manteve-se firme no caminho da verdade e compartilhava de tudo que tinha com seus irmãos de fé que partilhavam com ele do cativeiro. Mesmo sendo o mais jovem de sua tribo, era prudente e enquanto muitos dos seus irmãos se entregavam à idolatria do rei Jeroboão, ele fugia e ia ao templo do Senhor oferecer com fidelidade os tributos prescritos pela lei de Moisés.

Quando se tornou adulto, guardou-se de se casar com mulheres estrangeiras e escolheu por esposa uma mulher de sua tribo chamada Ana, com quem teve um filho que nomeou Tobias e a quem ensinou desde cedo a temer a Deus e abster-se do pecado. Por guardar com esmero em seu coração a lembrança de Deus e não contrair mancha alguma em meio ao cativeiro ao contrário de muitos dos seus irmãos, o Senhor tornou o rei dos Assírios simpático a ele, que lhe concedeu ir onde quisesse e fazer o que lhe agradasse. Tobit visitava os deportados para lhes dar conselhos.

Foi um dia a Ragés com dez talentos de prata que lhe foram concedidos pelo rei e lá entrou Gabael, um homem de sua tribo, que passava por grande dificuldade. Deu-lhe então a quantia que tinha mediante um recibo.

Quando morreu o rei da Assíria subiu seu filho Senaquerib ao trono. Este odiava os judeus. Tobit permanecia fiel à sua fé e era diligente na prática da caridade, vestia os nus, alimentava os famintos, dividia tudo que tinha e sepultava os mortos com particular solicitude.

Na ocasião de Senaquerib, ferido de peste pelo castigo de Deus, mandou assassinar um sem número de israelitas, Tobit sepulto seus cadáveres. Denunciaram-no ao rei que mandou matá-lo e confiscar todos os seus bens. Sem nada, fugiu com sua mulher e filho e por ter muitos amigos foi escondido até a morte do rei, assassinado por um de seus filhos. Tobit pôde então voltar para casa e todas as suas posses foram restituídas.

Em um dia de festa religiosa, preparada a ceia, pedia a seu filho que buscasse alguns homens piedosos de seu povo para cear com eles, tão logo saiu o rapaz, voltou anunciando que um dos israelitas jazia degolado na rua. Tobit levantou-se sem ao menos ter comido e foi buscar o corpo que escondeu m sua casa para enterrar à noite. Trêmulo, lembrou-se das palavras do profeta Amós, onde o Senhor anunciava transformar em luto suas festas por conta das iniquidades dos homens. Seus compatriotas o repreendiam pelo que fazia, mas Tobit temia mais a Deus que os reis e continuava seu trabalho.

Um dia, cansado, deitou-se junto à parede de sua casa e adormeceu. Caiu um ninho de andorinhas e o esterco quente queimou seus olhos tonando-o cego. Tendo temido a Deus toda sua vida e guardado seus mandamentos, não entregou-se à aflição e nem murmurou contra o Senhor, mas continuou lhe dando graças em todos os dias de sua vida. Os seus parentes e amigos escarneciam dele por permanecer com sua fé após castigo tão duro como recompensa por sua retidão, ele, porém, os repreendia por falarem dessa forma.

Quantas vezes, atingidos pela dificuldade, enxergamos apenas a nossa dor e culpamos ou reclamamos com Deus ao invés de, como Tobit, confiar em seus caminhos? Somos incapazes de ver que pela dor Deus nos prepara para planos melhores.

domingo, 8 de setembro de 2024

[Livro] A Casa dos Muitos Caminhos

 Original: House of Many Ways

Autora: Diana Wynne Jones

Gênero: Literatura fantástica

Sinopse: Charmain vive uma confortável e tranquila rotina – não tira os olhos dos livros não tem tarefas domésticas e, principalmente, é muito mimada pelos pais... Até que tia Semprônia lhe pede que cuide da casa do seu tio-avô, o Mago Norland, durante sua ausência. Ela imagina que a tarefa, no fim, valerá a pena – afinal, esta é sua única chance de sair de casa e tentar trabalhar na Biblioteca Real, seu maior desejo. Mas as tarefas domésticas das quais Charmain deve se ocupar são, naturalmente, quase todas mágicas. E, embora precise arrumar a bagunça que o tio-avô deixou, ela não entende absolutamente nada sobre magia!

Ao abrir a porta da casa, Charmain passa a ser responsável não apenas pelo lugar, mas também por um cachorro mágico e um muito atrapalhado aprendiz de mago. A aventura fica ainda mais arriscada quando a menina se torna alvo de uma aterrorizante criatura, e junta-se a uma equipe que vai ajudar o rei e a princesa a encontrar o misterioso dom de Elfo perdido. Como Charmain acabou no meio dessa confusão? E, mais importante: como vai sair dela?

Terceiro e último volume do Castelo Animado, o livro traz de volta os personagens adoráveis do primeiro livro e nos dão um vislumbre opaco da vida deles juntos, agora, com Howl e Sophie sendo pais do menino Morgan e ainda vivendo com Calcifer. Contudo, a protagonista do livro é Charmain, a filha imprestável de um rico casal. A mãe dela acha que garotas respeitáveis não podem fazer praticamente nada e não concorda nem um pouco com o uso de magia. Assim, Charmain não sabe fritar um ovo, é desagradável e preguiçosa, o que não contribui nem um pouco para nossa simpatia pela personagem.

Ela é recomendada pela tia avó para cuidar da casa do tio avô enquanto ele passa por um tratamento delicado. O tio avô dela é um mago muito respeitado, mas nenhum deles desconfia que Charmain nada sabe de magia, nada sabe sobre nada que não seja um nariz enfiado num livro e comer como uma desesperada faminta. Ainda assim, vê nisso uma oportunidade de escapar da superproteção dos pais e aceita, preparando uma carta para o rei se voluntariando a ser assistente da biblioteca real. Espera, longe da supervisão férrea da mãe, poder se aventurar por coisas que gosta de fazer. E o que ela gosta é enfiar o nariz em qualquer livro que lhe interesse.

Na casa do tio avô, Charmain encontra vários problemas, primeiro por não saber nada sobre magia, depois por não saber fazer nada e tampouco se importar. Por sorte, o tio avô se precaveu e encantou a casa para ajudá-la enquanto estivesse fora. Eles não contavam, contudo, com a chegada de Peter, o filho da bruxa de Montalbino que havia escrito avisando sua chegada antecipada para estudar como seu aprendiz. De início ele e a garota não se dão nada bem, embora eu tenha amado as partes que ele coloca ela no lugar.

Para sua surpresa, Charmain é aceita como auxiliar bibliotecária e descobre que o reino está falindo, o rei e a princesa estão à procura de um tesouro escondido que pode solucionar todos os problemas do castelo. Como a princesa está para receber convidados, a garota deve tomar seu lugar e ajudar o rei a procurar pistas no extenso arquivo real. E quem não é a visita da princesa senão Sophie! Com a sua chegada, não demora muito para que Howl, disfarçado de menino, apareça junto com Calcifer e o pequeno Morgan. Eles estão ali para descobrir o mistério do tesouro desaparecido e ajudar o rei a impedir que o tirano primo assuma o trono.

Enquanto descobre um pouco mais sobre si mesma e sua relação com a magia, Charmain acaba envolvida em todo o enigma e se vê encurralada em uma conspiração com seres muito perigosos que ameaçam o reino. 

A conclusão que eu tiro terminando esse terceiro volume é que nenhum dos dois se compara com o primeiro. Aqui, não apenas a personagem principal é bem antipática, o que torna difícil torcer por ela, como a própria construção da história soa bem insossa. Claro, não quer dizer que o livro é ruim, de maneira nenhuma, mas embora a presença de Howl, Sophie e Calcifer ajudem a narrativa a ficar um pouco mais legal, não é suficiente para fechar a história achando o melhor livro da trilogia.

Pra mim, a parte mais legal foi ver a dinâmica de Howl e Sophie como um casal, eu torci tanto por eles no primeiro volume, embora o romance lá seja muito sutil, no segundo eles quase não aparecem como eles mesmos e aqui, saber que eles construíram uma família dá aquele quentinho no coração. A dinâmica da casa também era um tanto confusa em alguns momentos, mas me soou bem crível com o universo mágico criado desde o primeiro livro. De dez, ganhou meu 6,0.

[Filme] O Jardim Secreto: Adaptações

Dirigido por Agnieszka Holland, foi lançado em 1993 contando com Kate Maberly, John Lynch, Maggie Smith, Heydon Prowse e Andrew Knott. 
O filme é uma adaptação fiel até certo ponto do livro. No longa, os pais de Mary morrem em um terremoto e não com uma epidemia como no livro. A mãe de Dikon, uma das melhores personagens do livro, não foi mostrada no filme, assim como o primo do pai dele, que é seu médico, deixando o pseudo antagonismo nas mãos da Senhora Madlock.
Embora as personalidades de Mary e Colin tenham sido preservadas, achei Dikon um tanto quanto menos encantador que no livro, ele perde um pouco sua aura mágica ficando meio apagado como se fosse de propósito para dar destaque aos outros dois personagens. Não gostei disso.
Além do mais, foi bem despropositado colocar essa aura romântica entre Colin e Mary, pelo amor de Deus, eles eram crianças de dez anos! Na fala que ele diz que quer se casar com ela eu pausei o filme e disse "oi?". Por mais que a criação de Colin justifique certas atitudes, a maneira como ele foi retratado no filme em relação à Mary me soou um tanto errônea. No livro, eles são apenas crianças sendo crianças, primos que se tornam amigos.
O longa tem aquela cara de sessão da tarde que dá uma nostalgia no coração, quando os filmes realmente eram bons e mágicos e tinham o poder de nos unir numa sala sem que cada pessoa ficasse preocupada com as notificações do celular ou batendo papos paralelos. Me senti de novo com seis anos, sentada no tapete da sala com os olhos grudados na tela e o meu finado avô sentado no sofá atrás de mim. Vale muito a pena se ver.

Dirigido por Dave Edwards, foi lançado em 1994. Que nostalgia! Sinto muita falta desse gráfico 2D antigo, que tem a cara da minha infância.
Assim como o live-action,a animação conta com algumas compressões de enredo. Ela é um pouco menor que o filme, mas em alguns aspectos mais fiel ao livro. Aqui, os pais de Mary morrem mesmo em uma epidemia de cólera na Índia e ela é encontrada pelos guardas. 
A relação de amizade tanto com Dikon quanto com Colin foi mantida como no livro, mas encurtada de modo considerável e a mãe do Dikon não aparece. O antagonismo ficou por parte da senhora Medlock e do doutor Craven que desejam matar Colin para ficar coma mansão, algo que não acontece no livro, embora em algum ponto de sinais que o médico não desejava a melhora do sobrinho, ele o encoraja, sim, a atividades que o ajudam a se curar.
Os animais ganham destaque na animação com voz e certo protagonismo o que se distancia um pouco do livro e dá um ar fantasioso para a história. Ainda assim, acho que vale muito a pena conferir e, não apenas isso, gostaria muito que pais mostrassem esse tipo de desenho pros filhos hoje em dia. Para mim, essas animações sim são desenho de verdade.

[Bíblia] Neemias

Neemias era copeiro do rei Ataxerxes I (465-424), quando um de seus compatriotas chega à cidade de Susã, ele lhe pede notícias sobre Jerusalém e o povo liberto do cativeiro, mas a resposta não serve senão para agustiá-lo. Hanani lhe conta que o povo está na miséria, os muros da cidade estão em ruínas e os portões incendiados.

Entendendo que, cronologicamente, este livro se insere depois de Esdras, supõe-se que a reforma estabelecida por ele não durou muito e o povo voltou a cair em pecado atraindo a fúria de Deus que lhes retirou o favor mais uma vez, deixando-os a mercê de seus inimigos. Consternado, Neemias faz uma fervorosa oração à Deus, suplicando misericórdia e pedindo para alcançar o favor do rei, podendo retornar à sua terra.

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Tal como seu antecessor, o livro de Neemias também é narrado em primeira pessoa, o que nos aproxima mais de sua pessoa, pois nos conecta com seus pensamentos e sentimentos e nos oferece uma visão parcial do mundo da época. Isso me faz pensar que a história nem sempre é escrita pelos vencedores, em boa parte, seu texto é tecido pelos sobreviventes. Esse pensamento se aplica com precisão a esses livros até aqui.

Após sua prece, Neemias buscou uma oportunidade de falar com o rei quando ele estivesse na presença da rainha para que, em caso de recusa, ela interviesse em seu favor. O rei, todavia, mostrou-se favorável a ele tão logo estipulou um prazo para sua volta. Assim, partiu o copeiro levando consigo algumas cartas do rei para conseguir passagem no além-rio.

Chegando à Jerusalém, atestou que seus muros estavam mesmo destruídos e suas portas consumidas pelas chamas. Cheio do espírito e temor de Deus, animou seus compatriotas à reconstrução independente da troça de seus inimigos que planejavam contra eles para impedi-los de reconstruir. Neemias enfrentava, contudo, mais que os povos opositores, mas uma facção do seu próprio povo que, a despeito da reforma de Esdras, compactuavam com os estrangeiros em favor de alianças matrimoniais.

As obras prosseguiram com cuidado redobrados, os homens precisavam trabalhar armados e fazer turnos de vigia para prever o ataque dos inimigos.

Além de toda essa dificuldade, o próprio povo se voltava contra os seus, aqueles que muito tinham tomavam por meio de juros os que quase nada possuíam forçando-os a vender os próprios filhos como forma de sobreviver. Enojado, Neemias os repreendeu duramente tão logo ouviu o lamento do povo, lembrando-lhes da lei do Senhor e da vergonha que sua nação representava para eles diante de Deus. Fê-los prometer devolver os bens cobrados a juro e não mais prosseguir de tal forma contra seu próprio povo.

Os inimigos dos judeus, vendo reconstruídas as muralhas e nem mais uma brecha, começaram a criar boatos sobre Neemias estar planejando uma revolta com a intenção de se tornar rei dos judeus e passaram a ameaçar levar essas fantasias ao rei. Enquanto isso, agora no posto de governador instituído pelo rei, ele continuava a obra sem cobrar seus direitos de posto para não oprimir o povo que já passava por dificuldades.

Prontas as muralhas no sexto mês, Neemias organizou os turnos de vigília e entregou a segurança a seu irmão Hananias, que era um homem de Deus. Feito isso, inspirado por Deus, ordenou um recenseamento do povo começando por aqueles que haviam sido libertados da Babilônia, entre os quais estava Mardoqueu, primo de Hadassa, que terá papel relevante no Livro de Ester.

No primeiro dia do sétimo mês, Neemias reuniu todo o povo diante da porta da água, em um pátio, e pediu ao sacerdote Esdras que trouxesse o livro da lei. O sacerdote apresentou o livro diante do povo e foi feita sua leitura da manhã até o meio-dia. Lia e explicava o sentido de cada parte distintamente para que se pudesse compreender a leitura. E temos aqui a primeira celebração da Palavra!

No vigésimo dia do mesmo mês, vestindo sacos e com a cabeça coberta de pó, os israelitas se reuniram para um jejum. Escutavam a palavra de Deus e por um quarto do dia, durante o outro quarto do dia confessavam seus pecados e prostravam-se diante do Senhor, e assim aconteceu a primeira confissão comunitária. É interessante ver nesse livro os primeiros passos do que se tornaria o rito da missa. Após uma grande prece, na qual é relembrada a trajetória do povo desde sua saída do Egito, faz-se a renovação da aliança na qual se comprometem a seguir os preceitos da lei.

Contudo, a realidade era menos brilhante que o entusiasmo fervoroso de Neemias. Tendo ele voltado para Susã, o povo voltou a transgredir a aliança e descumprir a lei. Em seu retorno, mais tarde, consternou-se ao atestar a facilidade com que se corrompia seus corações. Repreendeu-os duramente e trabalhou para recolocar as coisas em ordem, banindo, inclusive, alguns dos seus irmãos por graves transgressões contra o templo do Senhor.

O livro de Neemias traz, como o de Esdras, os primórdios da igreja a partir da observância de seus ritos e normas, mas também apresenta a intolerância religiosa por parte de alguns dentro do templo, um fato que prossegue até nos dias de hoje e nos recorda que, mesmo sendo Deus soberano e sábio, aqueles que lhe servem são homens falhos, destituídos de perfeição. Hoje mais do que nunca vejo esse povo intolerante e duro de Israel esculpido na sociedade individualista e egoísta que não percebe dos sinais da ira de Deus ao seu coração corrompido.

Estamos condenando a nós mesmos no caminho do fim. Nunca antes os homens foram mais cegos e ignorantes do que agora e cada vez menos são os chamados à conversão e claridade. Antes, era um papel de alguns, hoje é de cada um de nós. A igreja está perdendo sua voz, o povo escolhido seguiu um caminho sem volta, a humanidade perdeu o verdadeiro sentido da consciência e não consigo ver nada à frente além do grande castigo pelos nossos inúmeros pecados.

“Pois vós sois um Deus sempre pronto ao perdão, clemente e compassivo. Vagaroso em encolerizar-se e rico em bondade e assim não os abandonastes.” Nee 9,17

Setembro é o mês da bíblia, sei que ando sumida do blog, mas estou tendo dificuldades em administrar o meu tempo, querendo fazer muita coisa ao mesmo tempo. Vou tentar trazer mais posts da bíblia para cá esse mês já que é um tempo de incentivo ao conhecimento da palavra. 

sábado, 7 de setembro de 2024

[Drama] Snowfall FUI TROLLADA DE NOVO!

 Título nativo: 冰雪谣

Diretor: Li Mu Ge

Roteirista: Wang Hong

Gêneros: Thriller , Histórico , Romance , Fantasia

País: China

Episódios: 24

Sinopse: Durante a Era Republicana, Shen Zhi Heng, um vampiro famoso que viveu por mais de um século, quase foi assassinado por um grupo de soldados corruptos e foi salvo por uma garota cega chamada Mi Lan e seu melhor amigo, o doutor Situ Wei Lian. Sabendo que a situação doméstica de Mi Lan era abusiva, o vampiro solitário começou a prestar mais atenção e cuidar dela. Depois que a tentativa de assassinato falhou, o astuto Li Ying Liang, o diretor do departamento de operações militares, estava determinado a descobrir qual era o segredo de Shen Zhi Heng. Ele e seu chefe superintendente igualmente corrupto estavam tentando assumir diferentes negócios e outras operações para continuar com suas atividades obscuras. Enquanto isso, as vidas de Shen Zi Heng e Mi Lan se tornaram ainda mais interligadas enquanto ele procurava a razão pela qual ele se tornou o que era enquanto ela precisava de uma razão para viver. Juntas, essas duas almas solitárias se tornaram as linhas de vida uma da outra. Mas um vampiro centenário e uma garota mortal cega poderiam encontrar a verdadeira felicidade em seu mundo perigoso e caótico?

ESSA RESENHA CONTERÁ SPOILER, LEIA POR SUA CONTA.

Gao Wei Guang, foi esse rostinho carismático e sedutor que me levou para esse drama, me fazendo ignorar o fato de nunca acompanhar dramas em lançamento porque a China adora cagar (com o devido perdão da palavra) os finais de suas produções. Ainda assim, fingi que não sabia disso e comecei a assistir com infantil entusiasmo.

A história segue Shen Zhi Heng, um vampiro centenário que lidera uma cadeia jornalística na cidade de Haidong enquanto procura seu irmão perdido. Ele vai à uma festa na mansão da próspera família Mi e acaba descobrindo que uma das concubinas do velho Mi maltrata sua filha. Curiosamente, após ser brutalmente atacado durante sua volta para casa, ele é ajudado exatamente por essa jovem menina cega, Mi Lan, que promete buscar ajuda para ele. Com suas próprias dificuldades, ela consegue avisar Situ Weilian sobre a situação de Shen Zhi Heng, contudo, arruma problemas para si mesma sendo outra vez surrada pela mãe e trancada em casa.

Quando consegue se recuperar, junto à Situ Weilian, Zhiheng vai até a mansão Mi para tentar encontrar Mi Lan, mas é impedido pela mãe dela, contudo, ao ouvi-la cair ele invade a casa e a resgate muito doente. A partir desse dia, ele toma para si o dever de resgatar a garota e começa a jornada dos dois no perigoso mundo da noite. Shen Zhiheng encontrou na corrupção do chefe militar um inimigo e seu principal subordinado, Li Yilian, está na cola dele, sem medir esforços para atingi-lo. Sabendo que seus planos podem falhar a qualquer momento, o chefe militar pede ajuda para a família Mo que também é amaldiçoada como a família de Zhihen. No meio de tudo isso, Mi Lan está disposta a vencer suas dificuldades para ajudar a pessoa que lhe ensinou a ter vontade de viver.

A história é boa. São três famílias, cada uma ligada a um artefato mágico que lhes confere poder, mas cobram um preço alto por isso. Shen Zhiheng foi transformado em vampiro contra a sua vontade e desde então tenta viver da maneira mais humana possível, o drama, inclusive, falhou muito em esconder que Weilian era o irmão dele. Ficou na cara logo no começo. No decurso dos fatos, pelo modo como o enredo foi construído, havia todas as possibilidades de terminar de modo satisfatório, por mais que a pedra do sangue tenha sido ligada à Mi Lan, no momento que foi absorvida por Mo Lihua ela podia ter revertido a imortalidade de Mi Lan, assim os dois morriam juntos, ou o artefato da família Mo poderia ter revertido a fraqueza do Zhiheng e assim os dois terminavam felizes.

Negócio é que o final desse negócio é todo apressado e muito desnecessário. Aquela briga com a Mo Lihua que, sinceramente, podia ter morrido na explosão e terminado de maneira mais decente, só veio como um pretexto para terminar as coisas em choro. A gente não vê o que aconteceu com ninguém, só sabe que o Zhiheng morreu e deixou a Mi Lan sozinha. A raiva ainda nos últimos episódios os personagens começam a cometer burrices gratuitas para impulsionar o final ruim e nem chega a soar crível pra gente como expectador. Sendo franca, nem o trabalho de escrever fanfic desse negócio valeria a pena. Havia todas as brechas para terminar bem e eles só decidiram cagar mesmo o final.

É uma das coisas que eu não gosto em dramas chineses, boa parte deles insiste em tragificar uma coisa que é pra ser claramente boa sem qualquer propósito ou necessidade. Claro que não são todos, há vários com final bom, mas a boa maioria é sad ending sem qualquer motivo. Isso me irrita profundamente. E não sou o tipo de "Ah, a história foi boa então valeu a pena". Não. Se o final foi ruim eu sinto é que perdi o meu tempo e meus surtos vendo aquilo. Vou continuar preferindo spoilers.

[Livro] O Jardim Secreto

Original: The Secret Garden
Autor: Frances Hodgson Burnett
Ano: 1911
Gêneros: Literatura infantil, Ficção
Sinopse: Quando Mary Lennox deixa a Índia e chega à mansão de seu tio, tudo parece estranho para ela. Até que certo dia ouve falar de um jardim misterioso onde ninguém põe os pés há dez anos. Com a ajuda de alguns novos amigos, ela planeja descobrir esse segredo... e fazê-lo florescer novamente.

Mary Lennox nunca conheceu o amor de seus pais. Sua mãe jamais quis ter filhos e, após seu nascimento, a única exigência feita aos criados era que não deixassem a menina aparecer na sua frente e nem lhe permitissem ouvir seus gritos. Assim, na Índia, ela cresceu tendo todas as suas vontades atendidas pelos criados da casa, especialmente sua aia, sem ter qualquer contato real com os pais, a quem só via de longe e por quem não nutria qualquer tipo de afeto.
Quando a epidemia de cólera chegou, sua aia morreu e todos na mansão estavam tão assustados que não se lembravam dela. Seus pais morreram enquanto Mary dormia, todos na mansão foram levados pela doença e ela permaneceu esquecida no quarto, sozinha. Por fim, foi encontrada por dois oficiais do exército inglês que a deixaram aos cuidados do reverendo até ser encontrado o parente mais próximo a quem ela seria confiada.
Mary era desagradável, imperativa e antipática. Ninguém que a olhasse ou tentasse conversar dois minutos com ela conseguiria gostar da garota que sequer parecia ter dez anos. Foi, então, designada a morar com o tio, irmão de sua mãe, numa casa de campo na Inglaterra. Ela nada sabia dele e foi buscada por uma governanta austera e rígida, que lhe advertiu ser seu tio um homem duro e inflexível que não tolerava certos comportamentos e, durante sua estadia, ela não devia incomodá-lo nos parcos períodos em que estivesse na casa.
Conforme os dias iam passando, ela começou a se aproximar um pouco mais de Marta, uma das criadas da casa e ouvir histórias sobre um de seus irmãos apaixonados pela natureza, incentivada por ela a sair pela propriedade, Mary ouviu falar de um jardim secreto onde ninguém ia e se determinou a procurá-lo. Na sua jornada, conquistou novos amigos e passou a entender sobre afeto, amizade e cumplicidade. Para descobrir sobre o jardim, ela também precisará descobrir mais sobre si mesma e os segredos que sua nova casa esconde.
Esse é daqueles livros de quentinho no coração! Quando as adaptações saíram eu tinha entre 3 e 4 anos, de modo que vim a ver quando era maior pouca coisa e quase não me lembrava da história. Então, consegui aproveitar cada página do livro com a avidez da primeira vez. É tão bonitinho ver como Mary evolui e, sobretudo, o peso que a família tem na personalidade de uma criança. A menina tinha dez anos, mas às vezes não conseguia imaginá-la com essa idade no começo do livro. Da mesma forma, tem Colin e a rejeição do pai que o tonou uma criança retraída, medrosa e assustadoramente conformada com uma morte imaginária incutida em sua mente. Foi muito divertido quando Mary, uma menina diminuta, colocou ele no lugar.
Crianças precisam ser crianças, ar puro, imaginação, livros, inocência, enquanto lia, me recordava de poucos momentos da minha própria infância e lamentava a infância da atualidade, presa em telas, robotizada, com pouco espaço para criar, com poucos espaços verdes para sentirem a liberdade de um dia de sol ao ar-livre, me bateu uma tristeza tão grande ao imaginar que, futuramente, talvez as crianças realmente nem saibam que há a possibilidade de um mundo fora da tela de um celular. Por isso há tanta doença infantil. Tal como Passarinha, acho que todo mundo devia ler esse livro.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

[Anime] Horimiya Piece

 Título Original: ホリミヤ -piece-

Ano: 2023

Episódios: 13

Gênero: Romance, escolar, comédia

Sinopse: Apresentando histórias do mangá não adaptadas no anime principal.

Horimiya se tornou de longe um dos meus animes favoritos, subindo com rapidez para o top 3 por sua história divertida e que trata de assuntos relevantes de maneira sensível. Assisti a primeira temporada duas vezes e já revi diversas vezes de modo que, como parei de procurar animes por um tempo, essa temporada passou batida por mim, infelizmente. Mas foi um verdadeiro alívio e um achado quando a encontrei sem querer, estava não apenas órfã do anime, mas com vontade de ver alguma coisa leve para descontrair e ele desde o começo já entrega ótimas risadas.

Quem viu a primeira temporada, centrada na autoaceitação de Hori e Miyamura, terá a oportunidade de acompanhar mais da vida escolar deles, especialmente às vésperas da formatura e ficar por dentro da amizade com outros personagens. Não há, exatamente, um desenvolvimento mais aprofundado deles, mas as novidades acrescentam e muito ao enredo principal além de mostrar um pouco mais da dinâmica de relacionamento do nosso casalzão. Queria que fechassem o Toru com a Yuki? Queria. Mas não rolou.

Horimya é excelente, quem não viu precisa ver. Essa segunda parte do anime só vem a acrescentar ainda mais na comédia e na shippagem dessa galerinha adorável que nos lembra de ser autênticos e sempre dar o nosso melhor. Vale muito a pena conferir!


domingo, 18 de agosto de 2024

[Bíblia] Esdras

Introdução

 Originalmente era um só livro com o livro de Neemias e está provavelmente atribuído ao mesmo autor do livro das Crônicas já que faz sequência aqueles eventos. É composto de arquivos e documentos oficiais em aramaico além das memórias pessoais de duas personagens que os nomeiam. Relata a restauração religiosa ocorrida quando Ciro, rei dos persas, autorizou em 538 os judeus a voltarem à judeia, libertando-os do cativeiro babilônico.

É a partir dessa época que a classe sacerdotal começa a adquirir influência cada vez maior, o templo centralizava a nação e o culto tomava formas particulares com uma observância cada vez mais rigorosa da lei criando o terrível formalismo repassado de hipocrisia religiosa que seria conhecido como farisaísmo mais tarde condenado por Jesus.

Livro

A partir do edito de Ciro, os judeus eram libertados para retornar à sua terra e prestar culto a Deus. Por sua ordem, todos à sua volta deviam ofertar toda a sorte de provisões e presentes para reedificar o templo do Senhor. Segue-se então uma lista dos repatriados dentre os quais se destacava a figura de Mardoqueu que surgirá adiante no livro de Ester.

Já instalados em suas respectivas cidades e casas, deu-se início a reconstrução do culto, o povo reuniu-se diante do altar, celebraram a festa dos tabernáculos e fizeram holocaustos prescritos para cada dia. Apenas dois anos após o retorno foi que começaram a reconstrução do templo sob ordens e aprovação de Ciro.

Tão logo foram iniciadas as obras do templo, os samaritanos se ofereceram, a princípio, para construir em conjunto com eles, mas, diante da recusa por parte dos judeus, começaram a atrapalhar o processo, intimidando os trabalhadores e comprando conselheiros para frustrar a obra. Isso durou toda a vida de Ciro.

No reinado de Ataxerxes, os samaritanos encontraram a oportunidade de usar o rei para interromper de vez as obras e, usando subterfúgios, conseguiram interromper de vez a construção por ordem do rei. Assim, a reconstrução do templo ficou parada até o reinado de Dário (pai de Assuero que aparecerá no livro de Ester).

Mesmo sem a autorização, guiados pelo profeta Ageu e por Zacarias os judeus retomaram as obras causando a ira dos samaritanos que escreveram para Dario na esperança de parar os trabalhos novamente. Só que o tiro saiu pela culatra porque o rei mandou investigar nos arquivos e na Babilônia e encontrou o edito de Ciro; prontamente, emite a ordem de retomada da reconstrução sob pena de morte para qualquer um que atrapalhar ou nega a pagar os tributos referentes aos holocaustos para o templo. Sem saída, os samaritanos não tiveram alternativa além de acatar as ordens.

Algo retomado aqui é sobre a proibição de mistura com outros povos. Deus já tinha alertado quanto a isso antes do povo entrar na terra prometida e, já naquela época, foi desobedecido. Mesmo aós todo percurso doloroso do cativeiro, a ordem permanecia ignorada por grande parte do povo, levando Esdras à profunda aflição.

Esdras vinha da Babilônia e era um escriba versado na lei de Moisés. Com a permissão de Ataxerxes voltou à Jerusalém após conseguir a libertação de vários dos cativos lá. O livro segue então uma narrativa em primeira pessoa contando a viagem do escriba de volta para sua terra.

Diante da desobediência do povo, Esdras rasga suas vestes e implora a Deus por perdão para aquele povo de coração duro.

Esdras promoveu uma reforma para que aqueles dentre eles casados com mulheres estrangeiras as despedissem e se purificassem, oferecendo um sacrifício pelo seu pecado.

No vai e vem desse povo, aqui realmente começa a se manifestar ainda de forma bem tímida a observância estrita da lei de Moisés. No livro de Esdras, ela ainda não surge de modo tão opressor quanto o seguido pelos fariseus, mas vemos sinais do farisaísmo em detalhes diminutos que, acredito eu, serão desenvolvidos de modo mais aprofundado ao longo dos outros livros até chegar ao ponto que Jesus encontrou quando veio.

[Livro] Lendas Japonesas

 Autor: Loputyn

Ano: 2024

Gêneros: Ficção, Conto de fadas, Realismo mágico

Sinopse: No universo rico e cativante das lendas japonesas, criaturas misteriosas e seres encantados surgem entre as sombras e entram em cena, desencadeando eventos surpreendentes e interações inusitadas entre os personagens. Nesse cenário fascinante que entrelaça o mundano e o sobrenatural, a quadrinista italiana Jessica Cioffi, que adota o pseudônimo Loputyn, dá nova vida e perspectiva a 25 contos tradicionais japoneses, ilustrando-os com seu toque delicado e singular.

Selecionados cuidadosamente pela artista, que já encantou os darksiders com Francis, os contos que compõem Lendas Japonesas abrangem temas como amores não correspondidos, vingança, feitiços e acontecimentos sobrenaturais. São histórias que atravessaram épocas e gerações, transmitidas pela tradição oral e registradas na literatura clássica ou adaptadas para o teatro.

Ganhei esse livro de presente de aniversário da minha irmã, já tinha um tempo que eu estava de olho nele, até porque, uma das minhas histórias mais diferentes começou depois de uma lenda japonesa. O livro é bem pequeno, 64 páginas e reúne contos curtíssimos dos mais sombrios e variados temas. As ilustrações são belíssimas, enchem os olhos, em relação às histórias, confesso que esperava mais, embora não conhecesse a maior parte dos contos, outros já tinha lido antes, queria ver mais do Japão antigo, ainda assim acho que vale muito a pena, especialmente para quem quer retomar o hábito da leitura ou não anda com muito tempo, já que são histórias muito curtas, dois ou três parágrafos.



domingo, 11 de agosto de 2024

[Bíblia] Crônicas

 O livro de Crônicas começa com um balanço da população desde o Gêneses até os reis e, depois, ocupa-se em fazer um apanhado dos principais feitos dos reis de Israel a começar com Davi a partir da morte de Saul.
 
Com poucos adendos à história apresentada nos dois livros dos reis, o livro vem como uma revisão dos principais pontos e evoca reflexões acerca do serviço a Deus e à sociedade. Até aqui fica bem clara não apenas o declínio do caminho humano desde que Israel passou a ser governada por homens, os escolhidos de Deus eram falhos, como os próprios Davi e Salomão, seus descendentes em boa parte se arrastavam à corrupção atraindo a ira de Deus. Ainda assim, por mais irado e magoado, o Senhor continuava insistindo neles e na sua redenção. Isso me faz pensar na própria igreja que é composta e liderada por pecadores e, como tal, propensa a falhas como é provado na história e isso nos leva ao segundo ponto: longe de Deus perecemos e não há nada que seja bem-sucedido.

Essa é outra mensagem fixa nos livros até aqui. Reis afastados de Deus e entregues ao mundo eram abandonados, mas aqueles que permaneciam fiéis encontravam prosperidade em tudo que se propunham, porque seus planos eram entregues a Deus e estavam sempre com o olhar voltado para Ele. A bíblia prepara bem o caminho da vinda de Cristo com sinais sutis. Jesus foi um divisor de águas na história do mundo, mas apesar de suas obras também não foi ouvido ou aceito, contudo, ao contrário dos profetas, deixou não só ensinamentos perpétuos, mas soldados que serviram de exemplo para a posteridade: os apóstolos.

Essa etapa do caminho de Israel é como um reflexo da gênese que formou a sociedade que posteriormente receberia o Messias, mas não seria capaz de reconhecê-lo ou negaria por meio das "autoridades" que eram a voz do mundo. O povo segue os passos do líder e o histórico dos reis apresentados em crônicas não é promissor.

O poder cega e fica claro na história que os homens não são capazes de lidar com ele. Tão logo se veem com poder sobre outros começam a se achar superiores e esquecem quem está acima deles. O coração humano é volúvel e facilmente compelido ao mal, somos fracos. Quanto mais nos afastamos de Deus em prol de nós mesmos, mais atraímos nossa própria ruína e a pior parte é que sequer nos damos conta disso!

O que eu sinto muito forte acompanhando essa jornada do "povo escolhido" é como isso reflete de modo assustador em toda a história da humanidade, de modo mais gritante ainda na atualidade. A idolatria, a apostasia, o vazio de empatia e compaixão. O mundo como seus ancestrais incita a ira de Deus e busca a própria condenação.

Outra coisa que me fascina é a simbologia bíblica. Mesmo muito antes da vinda de Cristo, os sinais de seu sacrifício e o significado já se mostram. Aqueles que clamam ao Senhor e são fiéis aos seus mandamentos são protegidos de todo o mal e suas preces são ouvidas. Isso não quer dizer que não haverá problemas ou que Deus sempre vai dizer sim a tudo que pedimos. Às vezes, precisamos passar duras provações para nossa fé ser fortalecida e, como Cristo, aprendermos a obediência aos planos do Pai. É na dor que Deus nos lapida e testa a força do âmago do nosso coração. Ele nos diz para não temer, mas confiar.

Com todo o vai e vem dos reis de Judá e Israel, fica claro que, independente de se irar com os pecados abomináveis dos reis, do povo, Deus continua tentando chamá-los com insistência à salvação e abençoa seus planos quando o escutam. É outra mensagem clara até aqui Ele nunca desiste de nós. Precisamos escolher com critério aqueles que ouvidos e seguimos. Os líderes levavam o povo ao pecado e a falta de critério e discernimento fazia com que o povo se deixasse levar por quem lhes guiava. Hoje, a voz dos padres e do papa está lentamente enfraquecendo, abafadas pelos gritos cegos e vazios do mundo. Que possamos ser criteriosos e filtrar as coisas que nos chegam para não sermos afastados da presença e preceitos do Senhor.

Israel ficou cativo na Babilônia até o edito de Ciro, rei da Pérsia e avô de Xerxes (Assuero) libertando-os do cativeiro.