domingo, 10 de novembro de 2024
[Bíblia] Macabeus I
[Livro] Nihonjin
Gênero: Ficção
Ano: 2012
Sinopse: Hideo Inabata é um japonês orgulhoso de sua nacionalidade, que chega ao Brasil na segunda década do século XX com o objetivo de enriquecer e cumprir a missão sagrada de levar recursos ao Japão, conforme orientação do imperador aos seus súditos. O árduo trabalho no campo, a difícil adaptação ao Brasil, a morte da primeira esposa e os conflitos com os filhos Haruo e Sumie são um teste para a inflexibilidade do nihonjin (japonês). O narrador, neto do protagonista e filho de Sumie, empresta voz e visão contemporânea à transformação do avô e do seu sonho de voltar rico para casa.
Peguei esse livro como referência para uma história que estou escrevendo e se passa, uma parte, durante a imigração japonesa no Brasil lá no começo de 1900. E o bacana é que ele acabou servindo como um complemento muito bom para outro livro que li com o mesmo propósito: Corações Sujos.
Nessa história acompanhamos a vida da família Inabata, desde a sua chegada ao Brasil em um navio, lá em 1908, até a geração presente. O livro é narrado pelo neto do patriarca Hideo e vai narrando, ora sobre o que sabe, ora sob a perspectiva do avô, a trajetória da família nos difíceis anos de adaptação e consolidação em solo brasileiro. Como a maior parte dos japoneses vindos para cá, Hideo também queria conseguir dinheiro para voltar ao Japão e ter uma vida melhor. Fiel ao seu imperador, era casado com uma mulher delicada que em nada estava habituada ao trabalho braçal.
Era, inicialmente, casado com Kimie, que fizera amizade com uma negra também empregada da fazenda e mesmo contra as ordens do marido. A mesma Kimie que se apaixonou por outro homem e morreu de tristeza poucos anos depois da chegada, ainda esperando nevar no Brasil. Hideo era um homem típico de sua época e de seu país patriarcalista, homem duro, meio rude e com preconceitos frutos de seu conhecimento limitado.
Casou-se depois com Sumie, uma mulher mais forte que Kimie, acostumada ao trabalho braçal e subserviente. E é desta que o narrador da história é neto. Hideo enfrentou o preconceito dos brasileiros na época, conquistou, a duras penas, seu sonho de ter uma loja de utensílios, viveu os tempos difíceis da segunda guerra onde o governo de Vargas impôs regras duras para os membros do eixo aumentando ainda mais o preconceito dos brasileiros que desde o começo eram contra a imigração deles (quem diria que uns séculos depois iam pagar tanto pau pra cultura asiática).
Além disso, a história percorre também os descendentes de Hideo. Seu filho jornalista que, desde criança, aprendeu sobre o Brasil, começou a questionar alguns aspectos da sua cultura nipônica e alguns pensamentos do pai o que lhe causaram várias punições. Mais tarde, após a guerra, foi considerado traidor da pátria e assassinado pela Shindo Renmei da qual o próprio Hideo era parte. A filha que se apaixonou por um brasileiro e abandonou a própria família para viver seu amor, sendo expulsa para sempre da vida dos filhos (do qual o narrador faz parte).
De uma maneira bem sensível, a gente é conduzido pela trajetória da família até o mundo atual (que não é mencionado a época), o fim que tiveram e os arrependimentos tardios ou não de Hideo. Achei muito legal, em especial porque faz um retrato bastante fiel ao mundo da época e a sociedade naqueles difíceis anos. A gente tem a perspectiva dos japoneses sobre a nossa terra e um pouco (bem pouco) do que foi o preconceito enfrentado por eles em solo brasileiro, mas, ainda mais, o preconceito deles em relação aos brasileiros.
Deu pra ver o outro lado da Shindo Renmei, embora não com muitos detalhes, Corações Sujos mostra uma visão meio brasileira de tudo, então ter essa perspectiva de japoneses e dos seus ideais, além da dinâmica da facção, foi bastante instrutivo e interessante. Quem tem curiosidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto, acho que esse é um bom livro pra começar. Recomendo muito.
terça-feira, 5 de novembro de 2024
[Drama] In Blossom
domingo, 3 de novembro de 2024
[Bíblia] Ester
Encolerizado pela recusa da rainha Vasti em atender ao seu chamado diante dos príncipes das províncias, Assuero — segundo seus conselheiros — a destituiu do posto de rainha e envia um edito para que sejam trazidas ao palácio todas as virgens formosas com o propósito de encontrar entre elas uma nova rainha.
Ester é uma dessas virgens e, antes de ser levada, é proibida pelo primo a revelar suas origens. Embora nada se diga sobre sua personalidade, o livro conta que era estimada por todos que a conheciam e rapidamente ganhou o favor e a proteção do encarregado das mulheres, Egeu. Ele a favoreceu mais que as outras, colocando servas à sua disposição e lhe reservando o melhor aposento.
Uma a uma, as jovens eram levadas ao rei, mas nenhuma lhe manifestava interesse, até que, no décimo mês, Ester foi levada à sua presença. Não há nenhum detalhe desse encontro, o livro apenas diz que ele a preferiu a todas as outras e a corou rainha em lugar de Vasti.
Dois eunucos tramaram contra a vida do rei e, como se sentasse todos os dias à porta do palácio, Mardoqueu ouviu a trama e contou à rainha Ester que deu parte ao rei em nome do primo. Não é mencionado aqui a morte de Mamucã, mas o livro avança para a promoção de Amã. Este guardava profundo ódio de Mardoqueu simplesmente porque este se recusava a se curvar ou ajoelhar diante dele, assim, tramou para dizimar de todo o reino de Assuero o povo judeu. Contou uma historinha qualquer e ganhou o consentimento do rei para cuidar de sua vontade.
Foi promulgado então em todas as províncias do império na língua de cada uma o edito anunciando a morte de todos os judeus no dia 13 do mês de Adar, ou seja, dezembro. Tendo conhecimento disso, Mardoqueu cobriu-se de cinzas, rasgou suas vestes, cobrindo-se com um saco e correu por toda Susa ecoando gritos de dor, então foi ter com Ester para lhe pedir que intercedesse junto ao rei em favor do seu povo. Ora, fazia trinta dias que ela não era chamada à presença do imperador.
Mardoqueu a repreende dizendo que ela não estava livre do decreto apenas por estar no palácio e que fora provavelmente por essa razão que foi alçada ao mais alto posto. Ciente que o primo tinha razão ela pede ao povo de Israel que faça um jejum de três dias depois dos quais se apresentaria diante do rei.
No terceiro dia, Ester foi a presença do imperador e tomado por devoção ele estendeu o cetro para ela, afirmando que qualquer que fosse seu desejo este seria cumprido. Ela, cuidadosa, convidou o marido e Amã para um banquete que transcorreu como esperado, mas ao ser questionada sobre seu pedido, adiou-o ainda para o dia seguinte.Amã estava se sentindo confiante por ter o favor do imperador e pelo convite da imperatriz, mas a presença de Mardoqueu minava sua alegria de modo que, aconselhado por sua mulher e amigos, mandou erguer uma forca para pendurá-lo antes do próximo banquete da rainha. Contudo, chega ao conhecimento de Assuero o cimplo dos eunucos e tendo chegado Amã com intenção de pedir-lhe a cabeça de Mardoqueu, indagou-o acerca das honrarias que deveria prestar-lhe e, pensando se tratar de si mesmo, diz para vestir o homem com trajes reais e monta-lo no cavalo do rei, passeando pelas ruas.
Qual não é a sua surpresa ao ser incumbido de fazer a honraria a Mardoqueu. Quando retorna, a esposa e os conselheiros o alertam a não comparecer ao banquete da rainha, mas ele vai mesmo assim e dessa vez Ester faz seu pedido pela vida do seu povo apontando Amã como o inimigo que deseja destruí-los.
O rei fica furioso ao ver o homem inclinando sobre Ester e acusa-o de tentar molestar a rainha, condenando-o a morte na mesma força que construiu para Mardoqueu. Ester lhe implora pela vida do seu povo e a sua, Assuero então dá o anel real à Mardoqueu para que publique em seu nome uma solução já que o decreto não podia ser revogado.
No dia marcado, ao invés do extermínio, os judeus venceram e exterminaram todos aqueles que ergueram as mãos contra eles. Ester ainda pediu a Assuero que fossem erguidos em forcas os dez filhos de Amã e este concedeu se desejo. Ainda no dia 14 continuou o ataque e houve grande celebração ante a vitória dos judeus. Mardoqueu e Ester estipularam os dias 14 e 15 de Adar deviam ser comemorados como Purim, derivado da palavra pur (sorte) e esse costume mantido pela posteridade para sempre.
O livro tem sua grande parte ainda no original em hebraico, o autor é desconhecido e pode ter vivido no fim do século IV a.C., retratando a época persa, reino que durou em torno de 200 anos, destruídos pelos gregos. Embora comparado com outros livros do Antigo Testamento, a resolução desse conflito em particular — tal qual a motivação do mesmo — parece bem irrisória, contudo, igualmente reforça a ideia que Deus não é nenhum mágico que resolve as coisas com um estalar de dedos (embora possa se quiser), mas recorre à lógica em cada um de seus feitos, mesmo os prodígios. Além disso, há certa alusão ao papel de Maria como intercessora da humanidade, tanto é que a igreja católica coloca esse texto junto ao evangelho do milagre das bodas.
Apesar de abrir espaço para muitas indagações e reflexões, de uma primeira impressão, a história de Ester parece quase uma fábula romântica que destoa um pouco do texto principal da bíblia; o apêndice, entretanto, nos traz de volta ao propósito da história com as orações de Ester e Mardoqueu e quase funciona como um compensação ao tom pouco religioso de sua narrativa concisa.
Gente, cheguei ha pouco no livro de Isaías e, confesso, tanto o livro de Provérbios, quanto o Cantico dos Canticos me soaram difíceis de entender, então fui procurar explicações de algum padre no youtube e para minha sorte encontrei um curso completo e gratuito da bíblia. Já quero começar do gênesis, mas vou partir desses livros sapienciais que me deram mais dificuldade de entendimento. Estou deixando o link aqui para quem desejar conhecer mais profundamente a bíblia, achei a aula do padre muito satisfatória e fácil de entender:
Curso Padre Juarez de Castro - Youtube
Sei que ando meio afastada do blog, mas estou tentando encaixar uma rotina que funcione na minha vida, agora que comecei a academia e ando lidando com algumas coisas, não tem sido muito fácil acordo quatro e meia da manhã, mas ainda não consigo administrar direito as 24h do dia.
[Livro] O Conde de Monte Cristo - Tomo 1
domingo, 6 de outubro de 2024
[Bíblia] Judite — Parte II
A Vitória do Povo Judeu
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
[Drama] Can't Run Away From Love
Roteirista e Diretor: Kawahara Eu
Gêneros: Romance , Drama
País: Japão
Episódios: 9
Ano: 2021
Sinopse: Nodakura Naho ansiava por uma vida comum como uma funcionária de escritório, mas ela não conseguia uma oferta de emprego. Para sobreviver, por enquanto, ela decide fazer uma entrevista para um emprego de meio período em uma empresa de design chamada Solo Design Office. No caminho, Naho encontra um homem e uma mulher tendo uma briga de amantes. Para se livrar da mulher, o homem agarra Naho, que por acaso está lá, e diz que ela é sua nova namorada. Naho fica brava e instintivamente o empurra para longe. Quando ela chega mais tarde ao Solo Design Office para sua entrevista, ela percebe que o homem que ela conheceu antes é na verdade o presidente da empresa, Sakisaka Takumi. Apesar de tudo o que aconteceu, Naho de alguma forma é contratado e começa a trabalhar meio período na empresa…
Depois de Snowfall fiquei com um pé atrás para assistir qualquer drama chinês, embora eles sejam meu foco, fica difícil quando não gosto de final ruim e praticamente todos eles são ruins! Tenho algumas produções bem grandes na lista, mas não me arrisco a começar algo em torno de 40 a 60 episódios no momento. Fui ao VIKI pra dar uma olhada por alto no que andava por lá e topei com esse drama do nada, como era pequeno, combinava com meu tempo corrido e decidi ver.
A história segue Nodakura Naho, uma jovem em busca de emprego para lidar com as dificuldades financeiras. Enquanto está indo para uma entrevista, ela se depara com um jovem sendo esbofeteado pela namorada que, provavelmente, traiu. Muito discreta, ela fica lá ouvindo a discussão prestes a ir comprar uma pipoca quando, do nada, o jovem vem em sua direção e a apresenta como atual namorada para a garota histérica com quem estava discutindo. Irritada por ter sido usada como escudo, ela o repreende e vai embora, só para descobrir que ele é o CEO da empresa onde ela será entrevistada.
De início, ela acha que não será contratada, mas para sua surpresa, ele a contrata como contadora e parece se divertir pregando todo tipo de peça nela. Aos poucos, Naho vai se sentindo à vontade no escritório e acaba por ser contratada como funcionária efetiva. Porém, com as brincadeiras e a gentileza de seu novo chefe, Takumi, começam a surgir outros sentimentos que ela não é capaz de controlar.
Takumi, por sua vez, demonstra corresponder a ela, desde que passaram a trabalhar juntos, é como se ele tivesse voltado a viver depois de muito tempo, mas há uma sombra do seu passado que limita sua felicidade e ele constantemente age para manter Naho longe, mesmo nos momentos que a quer perto dele. A esse comportamento, ela não entende e se sente magoada, mas tenta compreender das maneiras que consegue racionalizar. Quanto mais entra na vida do chefe, mais Naho se vê apaixonada, mas ela será capaz de lidar com os segredos que ele esconde?
Não é um drama fantástico, claro, mas daqueles para tirar a ressaca de algum muito bom ou muito ruim, ou mesmo só para passar o tempo. Há muito não via um drama japonês e foi como retornar às origens, já que comecei com eles. No geral, gostei, a história tem um ritmo bom, como aqueles contos que você lê "numa sentada só" e os personagens são simpáticos. Levou um tempo para me reacostumar com a dinâmica japonesa, mas curti. É um romancezinho fofo que lida com a questão do luto de uma maneira muito interessante.
Cada pessoa tem o próprio tempo e a própria maneira de lidar com a perda, é uma evolução que precisa de apoio, mas, sobretudo, de respeito. Além de lembrar-nos de valorizar as pessoas que estão à nossa volta e são importantes para nós. Que possamos dar flores, reconhecimento, carinho aos vivos, enquanto ainda temos chance de demonstrar o que sentimos.
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
[Bíblia] Judite — Parte I
Introdução:
O texto não foi conservado no original hebraico, restando apenas a tradução grega. Situa-se na época de libertação da Betúlia, sitiada pelo general de Nabucodonosor, Holofernes. Foi provavelmente escrito em meio às lutas enfrentadas pelos judeus agudamente nos dois séculos que antecederam a era cristã.
As indicações do livro de Judite, geográficas e históricas, são em geral muito imprecisas. Os tradutores da versão grega divergem muito entre si.
Antecedentes do assédio de Betúlia
O rei Nabucodonosor, governante da Babilônia, no décimo segundo ano de seu reinado, fez guerra contra Arfaxad na grande planície de Ragau e venceu-o. Ora, ele havia enviado emissários para todas as cidades da Cilícia até os confins da Etiópia solicitando aliados em sua campanha contra Arfaxad, mas recebeu desprezo em resposta.
Tendo vencido e submetido o império de seu inimigo, orgulhou-se da grandeza do seu próprio e encolerizou-se no seu coração contra todos aqueles que desprezaram suas ordens. Chamou então seu marechal Holofernes enviando-lhe com grande exército para vingá-lo contra os que o desprezaram. Partiu Holofernes com grande exército, riqueza, e provisões espalhando terror por toda a terra.
Aterrorizados, os reis e príncipes de todas as cidades e províncias da Síria, Mesopotâmia, Líbia e Cilícia, enviaram delegados à Holofernes pedindo-he que cessasse a campanha contra eles e oferecendo-lhe a si e seus habitantes como escravos. O general aceitou a oferta, todavia ainda destruiu as cidades e derrubou todos os lugares de adoração, pois assim lhe ordenara Nabucodonosor que desejava ele mesmo ser o deus adorado por todos.
Recebendo essas notícias, os judeus se viram aterrorizados temendo que o mesmo fosse feito ao Templo do Senhor. Começaram então seus preparativos para a guerra, cercaram os muros, guarneceram e bloquearam as passagens das montanhas, estocaram trigo e enviaram mensagens às planícies vizinhas segundo a ordem do sacerdote Eliacim. E todo povo orou fervorosamente ao Senhor.
Ao descobrir que os judeus bloquearam as passagens nas montanhas e fortificaram os muros de suas cidades, Holofernes encheu-se de fúria e mandou trazer o chefe dos amonitas, Aquior, para arguir acerca daquele povo que recusava a se submeter ao seu poder. O discurso de Aquior é um resumo de toda a história da aliança de Deus com Israel e vendo esse conhecimento proferido pela boca de um estrangeiro pagão percebemos todo o sentido especial desse ato que enaltece a grandeza do Senhor.
Aquior aconselha Holofernes a investigar se os israelistas estavam em pecado contra o Senhor, pois, do contrário, Deus combateria por eles e Holofernes perderia. Ao ouvi-lo, o general e todo conselho se encolerizou e queria queimar Aquior, jurando que o matariam junto com os judeus. Os escravos do general levaram o chefe dos amonitas até Betúlia e o amarraram em uma árvore fugindo dos atiradores judeus. Ele foi encontrado e, após narrar seu testemunho, acolhido pelo povo judeu.
domingo, 22 de setembro de 2024
[Biblia] Tobias — Parte II
[Anime] Hyouka
Ano: 2012
Episódios: 22
Gênero: Mistério, comédia, suspense
Sinopse: A história gira em torno de Oreki Hotaro, um garoto do ensino médio que sempre age de forma passiva. Um dia, ele entra em um clube, recomendado pela sua irmã mais velha. Lá ele encontra Eru, Satoshi e Mayaka. Chitanda é uma garota linda e calma, mas que se transforma em uma encarnação de curiosidade. Fukube é um menino sorridente que se destaca pela sua memória, mas que nunca constrói sua própria dedução. Ibara é uma menina rigorosa com os outros e com ela mesma. Ela ama Fukube, mas ele sempre se esquiva quando ela se aproxima. Eles começam a investigar um caso ocorrido há 33 anos. Dicas deste mistério é enterrado em uma obra antiga coletada pelos ex-membros do clube.
O que quer que Oreki precise fazer, ele faz rápido, pois seu lema é "poupar energia o máximo possível", ele é um preguiçoso convicto. Assim, jamais participou de nenhum clube, fez qualquer atividade que exigisse muito esforço e mantinha pouquíssimos amigos. Contudo, as coisas mudam quando ele recebe uma carta da sua irmã ordenando que ele entre no clube de literatura clássica que estava ameaçado de fechar por falta de membros. Sem saída, ele acaba aceitando, afinal, se vai ser o único membro, pode matar o tempo dormindo ou fazendo nada.
Porém, para frustração dos seus planos, quando ele chega à sala do clube, já havia alguém lá. Se tratava de Chitanda, a primeira a entrar para o clube e, portanto, sua nova presidente. Ela fica intrigada por descobrir que havia sido trancada na sala e acaba envolvendo Oreki para investigar o mistério. Por alguma razão, ele não consegue negar e acaba buscando uma explicação lógica para a situação, algo que encanta Chitanda. Ela revela que tem um motivo particular para ter se inscrito no clube e não dá a ele nenhuma chance de se esquivar de ser um dos membros. Junto a eles, acaba aderindo o melhor amigo de Oreki, Fukube, uma verdadeira enciclopédia de conhecimentos, mas que não consegue ser tão bom com investigação como o amigo, embora se esforce muito para resolver os mistérios.
Os três acabam se embrenhando no passado misterioso do festival anual da escola que parece ser sombrio, e onde o tio desaparecido de Chitanda é um dos personagens. Com essa investigação e vendo a genialidade com que Oreki desfaz os nós dos mistérios, a quarta integrande do time aparece na figura de Ibara, também colega da ex-escola de Oreki e apaixonada por Fukube. Conforme os mistérios vão se tornando mais complexos, Oreki começa a se dar conta da sua própria capacidade dedutiva que, surpreendentemente, nunca falha. Ele consegue abrir planos inteiros com poucas informações e chegar nos resultados mais surpreendentes como um verdadeiro Sherlock enquanto, gradualmente, seu olhar sobre Chitanda começa a mudar.
No começo, confesso que estava vendo o anime por curiosidade, ele estava na minha geladeira do banco de séries fazia um tempão, então decidi ver sem dar muito nele, mas me vi envolvida e incapaz de largar até terminar. É uma sensação muito boa achar um anime que me faz isso, me prende na história sem precisar apelar. Além de ser divertido, é bem bacana ver as pequenas transformações no Oreki ao longo da narrativa. Para quem é fã de mistério, Hyouka pode ser uma boa pedida, começa bem despretensioso, mas logo você se vê preso por ele querendo saber o que vem a seguir e como Oreki vai resolver aquela situação.
Particularmente não shippei ele com a Chitanda, embora o enredo tente empurrar eles como um futuro casal. Eu, inclusive, achava a Eru bem lerdinha a maior parte do tempo, sempre que via os dois juntos, mesmo com a promessa implícita ali, só os via como amigos mesmo. Gostei bastante do anime, ele é excelente, sabendo equilibrar bem mistério e comédia com um slice of life que quase nem se nota.
domingo, 15 de setembro de 2024
[Livro] Lucíola + adaptação
Ano: 1862
Gênero: Drama, romance
Sinopse: Sob a perspectiva do personagem Paulo, conhecemos o relacionamento dele com uma cortesã do império por meio de cartas que ele envia à senhora G. M., nelas recorda o passado e compartilha seus sentimentos mais íntimos a respeito de Lúcia. Alencar constrói o romantismo com muita sensibilidade, ao mesmo tempo em que explora acontecimentos e cenários de maneira extremamente natural, trazendo fundos de veracidade e espelhando com maestria a corte imperial carioca. A crítica social está presente na construção dos personagens, em seus valores e atitudes, que trazem reflexões sobre os preconceitos da época e as mazelas de uma burguesia pautada por aparências.
Meu primeiro contato com José de Alencar foi na escola e não por obrigação das aulas, mas por interesse meu, numa época em que descobri romances históricos e estava apaixonada por eles. A biblioteca da escola era meu refúgio desde sempre, mesmo nas vezes em que foi remanejada para diferentes lugares conforme as reformas e as mudanças ocorriam, se estive longe dela em algum momento foi no período de um ano no qual dividíamos a escola dentro de outro colégio, misturado com os alunos de lá, de modo que não era a biblioteca da minha escola.
Lembro que, logo de cara, me vi apaixonada por Machado de Assis e sua Iaiá Garcia, mas torci o nariz para a Senhora de Alencar. Motivo? Por mais "estrambólica" que a prosa de Machado pudesse ser para meu eu de quatorze, dezesseis anos, ele usava de metáforas e intrínsecas melodias que muito me encantavam os olhos e soavam poéticas aos ouvidos. Enquanto Alencar usava aquela prosa mais "seca" permeada de um amontoado de palavras hiperbólicas que não me agradavam e dificultavam meu primário conhecimento literário.
Anos depois, após revisitar Iaiá Garcia e conhecer melhor outras obras de Machado, eis que faço nova tentativa de ler José de Alencar e, com sorte, tirar a primeira impressão ruim da adolescência.
A prosa é narrada do ponto de vista de Paulo, pernambucano recém-chegado ao Rio de Janeiro que se encanta por Lúcia, uma jovem que vê por acaso na ocasião de sua chegada. descobre ser esta uma famosa e cobiçada cortesã da corte com particularidades muito específicas no que diz respeito aos seus "clientes". Esta introdução lhe é feita por Sá, seu amigo que já tinha prévio conhecimento com a citada.
Incapaz de dissolver no esquecimento a beleza etérea da jovem, Paulo passa a ir até sua casa e tentar aproximar-se dela com claro intuito de tornar-se seu amante. A relação, inicialmente apenas moldada nos arremates da carne, vai aprofundando-se em algo mais complexo com o passar da convivência de ambos, que gera burburinho na sociedade e leva à mexericos que põem em xeque o relacionamento.
Tendo sido persuadido por seus invejosos amigos a deixar de lado essa relação infrutífera, Paulo se vê incapaz de resistir à Lúcia e a hipnótica dominância que ela tem sobre ele. Porém, a relação vai esfriando ao ponto de tornar-se uma amizade na qual ambos escondem seus verdadeiros sentimentos em nome de duvidosos segredos que por vezes são mal interpretados pelo febril Paulo.
Não tenho nem bagagem, nem conhecimento para tecer aqui análises profundas sobre a obra, por isso, vou me abster à minha impressão pessoal acerca da história e suas personagens sem buscar holofotes, tentando dar voltas em uma análise vazia de informações próprias ou tiradas de algum site qualquer.
De fato, a prosa de Alencar não me cabe. É cheia de firulas que, embora se mostrem por vezes poéticas, são compostas de uma tessitura e cheias de hipérboles léxicas que me soam secas e talvez — não sem propósito do autor — carregadas de satírica ironia que quebram um pouco o uso ao qual eram primariamente destinadas de modo a não permitir ao leitor separar a impressão de seu propósito mesmo sendo esta sua vontade.
A obra me remeteu bastante à ópera La Traviata de Giuseppe Verdi que, inclusive, gosto bastante, esta por sua vez é baseada no livro A Dama das Camélias, de Dumas Filho, obra citada em Lucíola talvez como uma menção ou uma pista de lhe ser, de alguma forma, versão (não posso dizer, pois não li). Todavia, são semelhanças bem nítidas e pessoas que viram a ópera decerto notarão, incluindo o final trágico que se dá por razões distintas, mas em circunstâncias pares.
Paulo, que não julgo por sua ignorância dos ventos juvenis, era instável e dava-se com facilidade aos mexericos invejosos de seus "amigos" por conseguir-lhes a cobiçosa posse fugidia. Levado pela vida de aparências e futilidades, embora sabendo a verdade sobre a vida levada por Lúcia, nada dela de fato sabia e, ao mesmo em que ela lhe instava fidelidade, este a desejava enquanto a repelia em favor do próprio nome "social". Estava consciente dos sentimentos dela, mas não a assumia, tampouco se impedia de julgá-la ao menor sinal de dúbio acontecimento. O próprio admite sua boçalidade quando, enfim, a consciência experiente lhe permite compreender as nuanças que os cegos olhos apaixonados lhe subtraíam na obcecação do desejo.
Lúcia, de sua parte, começou como um enigma. Suas particularidades me deixavam a dúbia percepção dos seus pensamentos que eram intensificados pelo olhar nublado de Paulo. Entre idas e vindas do que me pareciam devaneios desvairados de uma possível insanidade, comecei a perceber, por fim, os arroubos de depressão que lhe sacudiam os sentidos devido à vida que levava e eram ainda mais violentos à luz dos seus sentimentos por Paulo. Descobrir a história dela e a revelação trágica no final apenas clareou mais essa percepção tardia. De alguma forma, ela me representava o clamor de uma igualdade jamais advinda, uma vez que, dado seu gênero e a vida levada, qualquer de suas ações eram interpretadas ao bel-prazer da sociedade hipócrita e moralista na qual vivia.
Embora não possa dizer que tenha tirado de todo a má impressão da primeira leitura de Alencar, afirmo que esta suavizou-se ao menos um pouco, embora não seria minha primeira opção escolhida entre os clássicos brasileiros. Talvez a semelhança muito grande com uma ópera da qual gosto bastante tenha sido útil no meu, se não agrado, mas perseverança na leitura e afastou por completo qualquer decepção que pudesse ter tido no final, uma vez que este era esperado desde certo ponto nos primeiros capítulos.
Adaptação
[Bíblia] Tobias — Parte I
- Foi escrito em aramaico na metade do século II a.C
- Possivelmente ambienta-se em Nínive, no tempo do exílio
- Importante didatismo religioso, salientando a virtude, a piedade e a fidelidade
domingo, 8 de setembro de 2024
[Livro] A Casa dos Muitos Caminhos
Autora: Diana Wynne Jones
Gênero: Literatura fantástica
Sinopse: Charmain vive uma confortável e tranquila rotina – não tira os olhos dos livros não tem tarefas domésticas e, principalmente, é muito mimada pelos pais... Até que tia Semprônia lhe pede que cuide da casa do seu tio-avô, o Mago Norland, durante sua ausência. Ela imagina que a tarefa, no fim, valerá a pena – afinal, esta é sua única chance de sair de casa e tentar trabalhar na Biblioteca Real, seu maior desejo. Mas as tarefas domésticas das quais Charmain deve se ocupar são, naturalmente, quase todas mágicas. E, embora precise arrumar a bagunça que o tio-avô deixou, ela não entende absolutamente nada sobre magia!
Ao abrir a porta da casa, Charmain passa a ser responsável não apenas pelo lugar, mas também por um cachorro mágico e um muito atrapalhado aprendiz de mago. A aventura fica ainda mais arriscada quando a menina se torna alvo de uma aterrorizante criatura, e junta-se a uma equipe que vai ajudar o rei e a princesa a encontrar o misterioso dom de Elfo perdido. Como Charmain acabou no meio dessa confusão? E, mais importante: como vai sair dela?
Terceiro e último volume do Castelo Animado, o livro traz de volta os personagens adoráveis do primeiro livro e nos dão um vislumbre opaco da vida deles juntos, agora, com Howl e Sophie sendo pais do menino Morgan e ainda vivendo com Calcifer. Contudo, a protagonista do livro é Charmain, a filha imprestável de um rico casal. A mãe dela acha que garotas respeitáveis não podem fazer praticamente nada e não concorda nem um pouco com o uso de magia. Assim, Charmain não sabe fritar um ovo, é desagradável e preguiçosa, o que não contribui nem um pouco para nossa simpatia pela personagem.
Ela é recomendada pela tia avó para cuidar da casa do tio avô enquanto ele passa por um tratamento delicado. O tio avô dela é um mago muito respeitado, mas nenhum deles desconfia que Charmain nada sabe de magia, nada sabe sobre nada que não seja um nariz enfiado num livro e comer como uma desesperada faminta. Ainda assim, vê nisso uma oportunidade de escapar da superproteção dos pais e aceita, preparando uma carta para o rei se voluntariando a ser assistente da biblioteca real. Espera, longe da supervisão férrea da mãe, poder se aventurar por coisas que gosta de fazer. E o que ela gosta é enfiar o nariz em qualquer livro que lhe interesse.
Na casa do tio avô, Charmain encontra vários problemas, primeiro por não saber nada sobre magia, depois por não saber fazer nada e tampouco se importar. Por sorte, o tio avô se precaveu e encantou a casa para ajudá-la enquanto estivesse fora. Eles não contavam, contudo, com a chegada de Peter, o filho da bruxa de Montalbino que havia escrito avisando sua chegada antecipada para estudar como seu aprendiz. De início ele e a garota não se dão nada bem, embora eu tenha amado as partes que ele coloca ela no lugar.
Para sua surpresa, Charmain é aceita como auxiliar bibliotecária e descobre que o reino está falindo, o rei e a princesa estão à procura de um tesouro escondido que pode solucionar todos os problemas do castelo. Como a princesa está para receber convidados, a garota deve tomar seu lugar e ajudar o rei a procurar pistas no extenso arquivo real. E quem não é a visita da princesa senão Sophie! Com a sua chegada, não demora muito para que Howl, disfarçado de menino, apareça junto com Calcifer e o pequeno Morgan. Eles estão ali para descobrir o mistério do tesouro desaparecido e ajudar o rei a impedir que o tirano primo assuma o trono.
Enquanto descobre um pouco mais sobre si mesma e sua relação com a magia, Charmain acaba envolvida em todo o enigma e se vê encurralada em uma conspiração com seres muito perigosos que ameaçam o reino.
A conclusão que eu tiro terminando esse terceiro volume é que nenhum dos dois se compara com o primeiro. Aqui, não apenas a personagem principal é bem antipática, o que torna difícil torcer por ela, como a própria construção da história soa bem insossa. Claro, não quer dizer que o livro é ruim, de maneira nenhuma, mas embora a presença de Howl, Sophie e Calcifer ajudem a narrativa a ficar um pouco mais legal, não é suficiente para fechar a história achando o melhor livro da trilogia.
Pra mim, a parte mais legal foi ver a dinâmica de Howl e Sophie como um casal, eu torci tanto por eles no primeiro volume, embora o romance lá seja muito sutil, no segundo eles quase não aparecem como eles mesmos e aqui, saber que eles construíram uma família dá aquele quentinho no coração. A dinâmica da casa também era um tanto confusa em alguns momentos, mas me soou bem crível com o universo mágico criado desde o primeiro livro. De dez, ganhou meu 6,0.
[Filme] O Jardim Secreto: Adaptações
[Bíblia] Neemias
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