segunda-feira, 13 de outubro de 2025
He's Coming To Me Novel
sábado, 11 de outubro de 2025
[Bíblia] Eclesiástico — Parte Final
Mais
de dois mil anos atrás já se alertava sobre a duração da tristeza (no luto e
demais momentos da vida) que poderia levar a uma doença, hoje conhecida como depressão. “Pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor (saúde)”. Não é a
primeira vez que a bíblia alerta do impacto dos sentimentos sobre o corpo e,
tampouco, é coincidência ela lembrar e repetir constantemente para “alegrar-nos”.
No
capítulo 39, a comparação entre o sábio e o trabalhador é muito egípcia, colocando um trabalho acima do
outro, hierarquizando a sociedade em colunas.
·
A
benção dele é como um rio que transborda
Pode
ser uma alusão ao rio Nilo, cujas cheias fertilizavam a terra, mas pode também
estar ligado ao dilúvio que alguns estudiosos acreditam ter sido uma grande
enchente do rio Eufrates.
·
Assim
como ele transformou as águas em aridez e ressecou a terra, e o seu
comportamento é determinado pelo deles, assim, em sua ira, seu comportamento é
movido de queda para os pecadores.
Alusão
a destruição de Sodoma e Gomorra onde, inclusive, passa o mar morto. A região
até hoje é árida, um chamado deserto de
sal.
·
Fogo,
granizo, fome e morte, tudo isso foi criado para vingança.
Essa
passagem foi tirada de um livro apócrifo
que circulava na época chamado Testamento
de Levi; neste, afirmava existirem sete céus e, no segundo, existiam fogo e
gelo para o juízo final. Então, é uma influência desse livro que não é
reconhecido pela igreja nem entrou no cânone da bíblia.
O
medo, as preocupações, as aflições e inquietações são parte da condição humana independente da classe
social. É fruto do pecado original (a desobediência) e de tudo que ele
desarmonizou em nós. O temor a Deus é o que dá sentido à nossa vida. Quem põe a
confiança no Senhor não teme a morte, pois não vive para o mundo, mas para a alma
entregue a Deus, o castigo é uma
consequência das nossas ações e não uma punição de Deus.
É
muito interessante como é possível fazer alguns intertextos entre a filosofia e
a visão cristã da alma, da vida de retidão e da morte. Embora vistas muitas
vezes como vertentes distintas — e, de fato, o são — minha leitura de Fédon
mostra que a visão de Sócrates sobre a alma, a retidão e a morte (uma passagem
para a eternidade) são muito afins com o ensinamento bíblico desde antes da era
Cristã. O próprio Pe. Juarez reforça que, na formação teológica dos padres, a
filosofia é um componente curricular, além de reforçar o próprio preceito
bíblico sobre estarmos abertos a todo o conhecimento como forma de consolidar
nossa própria fé.
O
eclesiástico faz uma espécie de releitura da lei judaica em um momento de crise
da fé pela influência helênica e, salvo sua visão retrógrada em alguns pontos,
é indiscutível que ele faz um grande resumo das leis e dos primeiros profetas.
A
partir do capítulo 46, o autor compõe um grande elogio aos antepassados indo
desde os primórdios antes dos patriarcas até os últimos reis justos e os
profetas, com isso, fazendo um grande resgate histórico de toda a história do
povo. Caleb foi, junto com Josué um dos doze espiões enviados por Moisés para
averiguar a terra prometida e, por serem os únicos a agir com otimismo, ao
contrário dos outros dez, foi-lhe permitido entrar com o povo. O nome de
Salomão significa paz.
A
“volta de Elias” se dá no nascimento de João Batista. O Josué citado por Bem Sirac
é o sumo sacerdote que reorganiza o templo e o culto quando o povo volta do
exílio e não o Josué que sucedeu Moisés. É provável que o autor tenha convivido
com o sumo sacerdote Simão, último da linhagem de Sadoc e o admirasse bastante.
O livro finaliza com uma oração do autor e uma reflexão da busca da sabedoria.
Na bíblia, buscar sabedoria é buscar a Deus.
O
Eclesiástico evoca muito os conselhos de um pai que guia o filho a se guardar
dos prazeres passageiros do mundo e cultivar tesouros na eternidade, ver as
aulas do Pe. Juarez me fez ler o livro com muito mais clareza e me dar conta de
complexidade e riqueza cultural e histórica.
[Filme] Flashes de uma Psicose
Ano: 2009
Diretor: Sean McConville
Gêneros: Terror, Drama, Suspense, Suspense psicológico, Independente, Sobrenatural
Roteiro: Sean McConville
Sinopse: Uma escritora problemática precisa entregar um roteiro e seu prazo está se esgotando. Ela se abriga em uma remota mansão vitoriana, mas logo percebe uma presença assustadora no local.
Após um trauma, Alice Evans se refugia em uma casa antiga no meio do nada para escrever seu próximo projeto. Sua melhor amiga, Rebeca, hesita em deixá-la sozinha lá, mas precisa ficar com a mãe no hospital e Alice lhe garante que ficará bem.
Sozinha, ela acaba sendo cercada por ruídos sombrios e sente a presença de alguém observando-a. Enquanto tenta trabalhar, Alice ouve o som de alguém chorando e, à noite, não consegue dormir. Rebeca se preocupa com ela, sem a certeza que ela está tomando os remédios direito (e não está). Alice encontra fitas que contam a história de Lucy, uma jovem recém-casada e sua vida com o marido, David, que lentamente se transforma em outra pessoa.
Conforme investiga mais a vida de Lucy, mais Alice mergulha nos recônditos da própria mente e cava um passado enterrado a sete palmos com a certeza que algo muito ruim aconteceu com Lucy. Enredando em uma trama instigante e cheia de mistérios, Alice precisará correr contra o tempo para fugir do marido, Ben, e de si mesma se quiser continuar viva.
Esse é mais um da série de filmes que indiquei sem resenhar. Não lembrava nadinha dele, revi hoje e vi como é uma trama bem feita, Brittany Murphy continua brilhante embora a gente veja claramente os sinais de desgaste nela. Com um roteiro inteligente e bem montado, é o filme ideal para os bons fãs de thrillers psicológicos. Como não lembrava dele, foi como se estivesse assistindo pela primeira vez de novo e já deve ter uns bons dez anos desde que o vi. Vale muito a pena, não apenas pelo enredo em si, mas pelo lado psicológico que é trabalhado de forma muito coerente, mostrando como a nossa mente é fascinante e busca jeitos únicos de lidar com traumas e feridas emocionais.
sexta-feira, 10 de outubro de 2025
[Livro] Sarah
Clássicos Históricos 164
Autor: Theresa Michaels
Ano: 2001
Gênero: Romance, histórico, drama
Sinopse: UM HOMEM CAÇADO... ASSOMBRADO... ATORMENTADO... Rio Santee buscara abrigo na casa de Sarah Westfall. Mas só podia retribuir a gentileza da jovem viúva com inquietação, pois o perigo o perseguia. Embora não quisesse se envolver com ninguém, na primeira noite em que tomou Sarah nos braços seu sangue correra mais rápido nas veias, num ritmo selvagem e primitivo! UMA MULHER SOLITÁRIA... CORAJOSA... MISTERIOSA... Sarah Westfall oferecera seu lar a um estranho em fuga. Mas no silêncio da noite, quando todos os segredos se desvendavam, sua alma clamou pela dele numa canção de cumplicidade... e amor!
Olha, comparado com outros que eu li, esse nem foi tão tóxico viu. Mas não começou lá muito bem também.
Rio Santee perdeu tudo, a esposa, os filhos, o rancho que construiu com luta e o suor do seu trabalho. Mestiço de Apaches e irlandeses, era o que chamavam de renegado, não estava envolvido nas guerras entre brancos e índios, apenas queria viver uma vida tranquila com sua esposa e filhos, mas a bebida atrapalhou primeiro e a guerra depois. Os brancos queriam suas terras e a conquistaram, em troca da vida de sua esposa e da captura de seus filhos. Agora ali estava ele, após ser preso, jurando vingança contra os assassinos da sua esposa e prestes a sequestrar os próprios filhos.
Fugindo dos homens que o caçam, ele acaba indo parar no isolado rancho de uma viúva chamada Sarah que vive sozinha na propriedade e é conhecida na região por ajudar os necessitados e rejeitar todas as investidas dos homens que tentam cativar seu coração. Ele a subjuga e se apossa momentaneamente de sua casa, com a promessa de ir embora depois da tempestade. No início, ela reluta, mas tudo muda quando descobre que ele está com os filhos.
Não demora muito para ela se apegar a Gabriel, o mais novo, um garotinho meigo, cheio de perguntas e carência. O mais velho, Lucas, ainda é arisco e tem grande ressentimento do pai. Mas vai cedendo a Sarah aos poucos, movido por sua bondade e paciência. Porém, os homens à caça de Rio não vão desistir facilmente e Sarah pode estar correndo tanto perigo quanto o próprio Rio e seus filhos.
O livro não é de todo ruim, a maneira como ele aborda o preconceito e a guerra entre os indígenas e os brancos é um pouco maquiada, sim, mas bem convincente. Acho que esse aspecto histórico é a coisa mais interessante no livro, porque nem o arrebatamento quase instantâneo dos personagens e nem as circunstâncias com as quais eles se conheceram me caiu bem na digestão. Contudo, se comparado a outros que já li, até que esse se saiu bem.
A parte do romance foi bem enrolada, não digo nem construída porque é aquele clichêzão de atração à primeira vista. O que ficou bem feito mesmo foi o relacionamento dela com os filhos dele. Achei toda a parte da caça dele uma enrolação só e aquele confronto final ficou bem arrastado e desnecessário. Ainda assim, deu pra passar o tempo, o que eu acho mesmo é que estou ficando velha demais pra esse tipo de livro, notei que já não consigo gostar mais tanto quanto antes.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
[Livro] A Volta ao Mundo em Oitenta Dias [Livro + Filme]
terça-feira, 30 de setembro de 2025
[Livro] Obrigada Pelas Lembranças
Autor: Cecelia Ahern
Ano: 2022
Gêneros: Ficção Doméstica, Romance contemporâneo
Sinopse: E se uma doação de sangue lhe trouxesse novas memórias? Um verdadeiro conto de fadas moderno, conheça o romance de Cecelia Ahern, autora best-seller de P.S. Eu te amo, e descubra uma história sobre amizade, família e uma abordagem realista do luto à luz da imaginação.
É possível amar alguém que não conhecemos?
Com o casamento desmoronando, Joyce Conway quase perdeu tudo em um terrível acidente. Ao acordar no hospital, ela percebe que, inexplicavelmente, consegue falar latim e italiano, tem conhecimentos sobre arquitetura e a Renascença e se lembra do rosto de pessoas que nunca conheceu e de lugares que nunca visitou, como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa.
Depois de procurar a ex-mulher e a filha sem sucesso, Justin Hitchcock vai para Dublin lecionar sobre Arte. Após um divórcio, solitário e inquieto, ele não tem muita esperança para o futuro. A decisão de doar sangue foi a primeira coisa boa que fez em um bom tempo. Mas sua vida está prestes a mudar quando começa a receber presentes anônimos que vão lançá-lo em uma busca que transformará duas vidas para sempre.
Envolvente e apaixonante, o novo livro de Cecelia Ahern, autora best-seller de livros de romance amada por leitores do mundo inteiro, nos entrega essa história única que brilha com esperança e sentimento ― e um toque de magia.
Já quero começar dizendo que essa é a sinopse mais mentirosa que você vai ler hoje. Sabe o que esse livro tem de sobra? Encheção de linguiça.
A história já começa com um aborto (não é spoiler, tá na primeira página), Joyce cai da escada ao correr para atender o telefone e sofre um aborto, indo parar no hospital em estado grave e precisando de uma doação de sangue. Simultaneamente, numa universidade de Dublim, Justin está chegando para uma palestra como professor convidado bem no momento em que uma médica conversa sobre os alunos sobre a importância da doação de sangue. Ele tem pavor de agulhas, mas depois de uma conversa com a filha, Bea, decide ir doar uma bolsa de sangue e ser responsável por salvar a vida de alguém, mas fica encasquetado querendo saber para quem seu sangue vai.
Nisso, Joyce recebe o sangue dele e quando acorda da cirurgia, sem o bebê e encarando a verdade, tudo que lhe resta é seu pai, um casamento fracassado e memórias que ela jura não serem dela. De início pensa que é alguma coisa relacionada ao trauma, uma maneira do seu corpo lidar com o sofrimento. Ela pede o divórcio ao marido e volta para a casa do pai. A partir disso, a vida de Joyce e Justin vai se desenrolando enquanto ele flerta com a médica que tirou seu sangue, ela tenta lidar com a perda do bebê e entender as lembranças estranhas que estão acompanhando seus novos gostos. Como se, de repente, ela tivesse se tornado outra pessoa.
A relação com o pai de Joyce se estreita enquanto ele lida com sua memória cada dia pior, o peso da idade e velhos vícios retornando, Joyce se divide entre a preocupação com o pai e o turbilhão de mudanças acontecendo com ela. Ela e Justin se encontram em um salão de beleza, há uma conexão estranha entre eles, mas os dois têm certeza que nunca se viram antes. Uma série de eventos faz os dois se desencontrarem enquanto tentam se encontrar.
Esse livro foi uma decepção viu. Quando li a sinopse imaginei algo totalmente diferente, mas fica enrolando a maior parte da história e praticamente só vai se resolver nas últimas quatro páginas da forma mais clichê e sem graça possível. Além disso, não que eu espere que magia tenha sentido, mas a maneira que ela escolheu de manifestar as memórias e as próprias memórias ficou tão sem graça. Olha, sendo bem sincera? Como romance não funcionou para mim. Achei lento, arrastado e chato. O único ponto bom nessa história, de fato, foi a relação de Joyce com o pai, a maneira como a dinâmica deles se desenrola é não apenas muito real, mas igualmente adorável. De resto, não gostei.
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
[Filme] Poder Além da Vida
Diretor: Victor Salva
Adaptação de: O Caminho do Guerreiro Pacífico: Um Livro que Modifica Vidas
Autor: Dan Millman
Duração: 2 horas
Gêneros: Romance, Melodrama, Drama, Filme de Esportes, Suspense psicológico, Romance psicológico, Independente
Sinopse: Dan Millman é um atleta que tem dinheiro, mulheres perseguindo-o e aptidões para participar das Olimpíadas. Mas um encontro com Sócrates, um homem que questiona tudo, faz sua visão de mundo mudar completamente.
Ainda da série de filmes que indiquei e não resenhei.
Um guerreiro não desiste daquilo que ama, Dan. Ele encontra amor naquilo que faz.
Vi esse filme pela primeira vez muitos anos atrás, quando tentei fazer crisma pela segunda vez. Depois revi e indiquei no blog, mas não falei nada sobre ele. Tive a chance de rever hoje e quero conversar um pouco sobre ele porque é um filme que gosto muito.
Conta a história de Dan, um ginasta que frequenta a universidade e tem tudo que um cara pode querer: os pais são ricos, a faculdade pra ele é fácil e ele pode ter a garota que quiser. Porém, tudo muda quando, após um pesadelo, ele acaba indo parar em um posto de gasolina e é atendido por um senhor idoso na loja de conveniência. Há coisas estranhas sobre aquele homem, começando pelo fato de que as botas dele estavam no pesadelo que Dan havia acabado de ter.
Intrigado pelo fato de, num átimo de segundo, o homem ter ido parar no telhado do posto, ele continua voltando lá e o estranho, a quem Dan começa a chamar de Sócrates, sempre faz perguntas desconfortáveis e o instiga a pensar de forma profunda. Ele diz a Dan que, se fosse seu treinador, ele seria capaz de alcançar o máximo de excelência no que faz, mas o caminho era duro e exigiria que ele confiasse em Sócrates. Dan aceita a princípio mesmo sem estar realmente pronto.
O treinamento consiste em largar a bebida, parar de dormir com garotas, limpar banheiros, atender no posto de gasolina. Contudo, o desempenho de Dan nos treinos de ginástica começa a deteriorar e, irritado, ele confronta Sócrates sobre o sentido de tudo que está fazendo. O homem explica que ele só conseguirá ser quem quer se deixar de lado o seu orgulho e aprender a olhar em volta e servir os outros, mas Dan não dá ouvidos e diz que é perda de tempo. Ele volta para sua vida de álcool, sexo sem compromisso, treinos árduos e vazio.
Tudo muda quando um acidente o deixa dez meses imobilizado e tudo parece perdido. Os médicos dizem que ele tem uma barra de ferro segurando sua perna no lugar e que seu futuro na ginástica chegou ao fim. Ele jamais poderá treinar ou competir de novo. Afundado em tristeza e autocondenação, Dan se fecha, ficando isolado por um tempo e descobre-se com saudade de Sócrates, mas reluta em procurá-lo por causa da última conversa que tiveram.
A morte não é triste. Não existe tristeza na morte.
O triste é que as pessoas não aproveitam a vida.
Após um tempo, ele retorna ao posto de gasolina e, ao invés de hostilidade ou sermões, encontra apenas acolhimento e silêncio. Com o passar do tempo, Dan vai se recuperando devagar e aprendendo mais coisas com Sócrates, até o dia em que ouve do senhor que ele deve persistir na ginástica. Dan fica incrédulo, afirmando ser impossível, mas Sócrates garante que ele é capaz sim se acreditar em si mesmo. Assim, o treinamento real de Dan começa, do zero, com as mesmas primeiras quedas e os recomeços. Mas dessa vez ele não treina apenas o corpo, ele projeta sua mente e alma no propósito. Aprende a viver no agora, a calar as vozes que dizem que ele não é capaz.
E Dan Millman renasce.
Esse é um daqueles filmes inspiradores sem ser o tipo doutrinário ou didático. Ele usa metáforas muito interessantes para alcançar o seu propósito. Com um bom equilíbrio entre drama e humor, ele traz reflexões fortes que podem variar da percepção do expectador para o lado religioso ou filosófico. No meu ponto de vista abrange ambos com perfeito equilíbrio, porque fica muito claro no filme que o homem a quem Dan chama de Sócrates não é, de nenhuma forma, comum.
A importância de viver no agora, manter a mente livre de coisas tóxicas e pensamentos negativos, focar naquilo que realmente se ama e dar tudo de si nisso. Seguir em frente, apesar da dor e dos tropeços que a vida impõe sobre nós. Essas são apenas algumas das mensagens passadas pelo longa enquanto acompanhamos a jornada de reconstrução de Dan que sai de um garoto mimado, orgulhoso e egoísta para um homem maduro, centrado e sincero. E creio que a mensagem central está nisso: a justiça é a amardura que precisamos para alcançar o melhor de nós mesmos. Quando agimos com retidão, nos voltamos de coração para Deus e buscamos viver com propósito maior que o terreno, conseguimos ver milagres, porque a mudança acontece assim, de dentro para fora.
Com certeza vou procurar o livro desse filme para ler! É realmente inspirador e vale muito a pena.
A felicidade está na jornada, não no destino.
domingo, 28 de setembro de 2025
[Bíblia] Eclesiástico — Parte III
Devemos
nos manter longe daquilo que nos faz pecar. Jesus voltou à esse ensinamento em
sua fala para “cortar fora” aquilo que leva ao pecado, usando o olho e a mão
como metáforas para aquilo que vemos e praticamos.
Um
ponto interessante aparece no capítulo 22 sobre o dever cristão de ir à missa
de sétimo dia seja de um parente e conhecido ou até mesmo de um estranho, como
cristãos é nosso dever ir e prestar
solidariedade aos parentes do falecido. Esse livro explica a proibição de jurar por Deus, quando se
faz isso chama-o como testemunha o
que é uma afronta, pois somos
pecadores, outra curiosidade é que raramente se usa pai em relação a Deus no
antigo testamento e quando aparece é no sentido de meus pais ou pai de Israel
e não o pai (abba) ensinado por Jesus.
Volta
também a um ponto mostrado em levítico e deuteronômio onde era aplicada pena de
morte para adultério, posteriormente, essa pena foi trocada para flagelação em
praça pública.
O
capítulo 24 é o ponto central do Eclesiástico. Um capítulo profundamente teológico e profundo usado mais tarde no prólogo do Livro de João. Traz uma síntese da doutrina sobre a sabedoria que é identificada como o próprio Deus e é base da formação cristã e
fundamentação da trindade. A sabedoria sai
da boca de Deus logo é o próprio
espírito dele, essa palavra criadora que S. João denominará verbo em seu prólogo, pois tudo que Deus diz acontece, essa
sabedoria se “encarna” ou “arma sua tenda” no meio do povo através de Cristo.
O
livro volta muito na tecla do casamento, da conduta da “mulher má”, a “esposa
perfeita” de modo bem repetitivo.
Em
uma de suas parábolas sobre a pessoa que não usava vestes adequadas em um
casamento e foi expulsa, Jesus usa essa história como alusão a essa parte do
livro onde se explica que essas “vestes” representam a justiça. Os injustos serão expulsos da presença de
Deus. Há menção também à condenação à hipocrisia reforçada por Cristo que
não a admitia. Entende-se por hipócrita
aquele que finge ser o que não é. Reflete-se também sobre o perdão de modo
muito semelhante ao ensinado por Cristo mais tarde.
O
capítulo 29 chama a atenção das pessoas que abusam de quem empresta dinheiro —
que é uma premissa bíblica emprestar — e viram inimigos para não pagar. É
pecado. Da mesma forma que cobrar juros é. Reforça o conselho de dar esmola e socorrer o pobre, um mandamento que Cristo não só pregou,
mas viveu. Deus abomina quem despreza o
pobre e castiga aqueles que abusam da bondade do outro. Outra coisa diz
respeito ao cuidado com a saúde, um bem
primordial, 200 anos antes de Cristo já era uma preocupação. Quem vive pelo dinheiro é infeliz, na
bíblia o vinho representa a alegria e nossa alegria está em viver plenamente na
graça de Deus.
O
autor justifica por meio da criação em dualidade de opostos para a predileção
de Deus por um povo em específico e, com isso, justificar a invasão e guerra para
a ocupação de uma terra habitada. A visão é antiga, com a vinda de Cristo toda
nação e todos os povos são iguais ao projeto de Deus. Inclusive, Sócrates trata
o assunto de bem e mal — vida e morte — em seu diálogo de Fédon, como esse
livro foi escrito em meio a uma grande influência grega, então creio que seja
uma referência bacana. Além disso, vale lembrar que, naquela época, a
escravidão era admitida, mas o livro começa a dar sinais sutis de avanço nesse
aspecto.
A
palavra é clara no que se refere àqueles que procuram significados em sonhos;
embora Deus tenha se manifestado dessa maneira diversas vezes a alguns
profetas, foram casos muito pontuais e não significa que todo sonho vai ter um
significado revelador sobre algo, afinal, quem somos nós para receber
revelações do Senhor? Mais tarde, Freud
vai afirmar que o sonho é um reflexo dos nossos desejos ou medos, assim,
reflexos do nosso inconsciente. Devemos nos fiar na palavra de Deus que sempre
se cumpre.
Devemos,
igualmente, ter a mente aberta para conhecer (não seguir) outras religiões e
culturas, pois isso nos faz firmar na nossa própria fé. A verdadeira religião é
temer a Deus, mudar o coração, viver de forma justa, não adianta rezar, ir à
missa e fazer sacrifícios se nossa atitude e nosso coração permanecem no pecado
e na injustiça. O senhor atende os justos e o verdadeiro arrependimento é
precedido pelo compromisso de não permanecer naquele erro, mas se voltar de
forma sincera para o caminho da retidão. O cumprimento da lei deve ser feito
dentro da retidão moral, não apenas
com as mãos, mas com o coração justo.
Alguns
estudiosos acreditam que a oração pelo
povo oprimido no capítulo 36 tenha sido incluída posteriormente no livro.
Ela reflete uma mentalidade da época que acreditava que para Deus demonstrar o
seu amor pelo povo ele tinha que destruir os opositores estrangeiros, uma visão
mais bélica que não traduz o pensamento de Deus e é refutada por Cristo que diz
para amar os inimigos e rezar por eles.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
[Bíblia] Eclesiástico — Parte II
Como
todos os livros do antigo testamento há passagens que podem soar bem “problemáticas”
para nossos ouvidos, por isso é preciso
contemporizar que essa é uma visão machista e antiga que vê a mulher como
um objeto e fonte de pecado. A bíblia vai evoluindo e a visão também, Cristo
coloca homem e mulher lado a lado. Vale lembrar que esse livro é um alerta aos
judeus que viviam no meio da influência grega para que não se distanciassem dos
valores e das leis de Deus.
O
orgulho é a raiz de todo pecado. Quando, no paraíso, o homem pecou o fez por
orgulho, por renegar a Deus, querer se igualar a ele. Tal é a sociedade
pecadora da atualidade, um mundo que renega Deus. Muitos dos ensinamentos desse
livro serão, posteriormente, mencionados nas cartas de Paulo. Fica claro no
decorrer da leitura que o autor é alguém que confia pouco nas ações humanas
colocando toda sua fé na providência divina.
Ele
volta a bater na tecla da riqueza criticando aqueles que vivem para acumular,
dedicando a vida inteira a isso esquecendo a própria finitude. Não é que Deus
julgue o dinheiro como algo ruim, mas é o que essa riqueza provoca no coração e
no caráter do homem. A verdadeira riqueza é desfrutar a vida com quem amamos,
ter o necessário é suficiente, pois nada se leva desse mundo. E, por isso
também, o autor critica quem faz distinção de pessoas por sua aparência. A
pessoa soberba não é capaz de ver a providência divina, pois acredita que tudo
vem por si mesmo quando, na verdade, tudo que acontece na vida vem de Deus.
O
capítulo 12 vem falar sobre a prática do bem e o verdadeiro amigo. Até aqui,
nota-se que nesse livro o “fazer o bem” é algo muito seletivo, voltado apenas
para os amigos e, mais uma vez, é preciso contextualizar a época em que foi
escrito. Ao dizer que não se deve fazer o bem ao inimigo e ao pecador — mas
deixar Deus puni-los — Ben Sirac se refere aos gregos, eles eram, nessa época,
os “inimigos” dos judeus. Por isso, o autor orienta a não fazer o bem ao
inimigo, contrariando o ensinamento de Cristo que mais tarde ensina que se deve
amar os inimigos.
Num
segundo momento, fica muito claro que só
conhecemos os amigos no momento do sofrimento. O perigo da bíblia é ler e
tirar o texto do seu contexto, isso é usado como pretexto para fazer o mal, não
devemos ler os textos, especialmente da velha aliança, sem compreender o
período e o intuito em que foram escritos.
Faz-se
uma descrição duríssima da realidade. O rico finge amabilidade para sugar o
pobre até a última gota e a palavra critica com dureza o orgulho do rico,
fazendo um alerta para nos afastarmos de pessoas orgulhosas. Essa comparação
entre rico e pobre já era abordada nas fábulas de Esopo, escritas antes do
Eclesiástico.
O
rico nunca vai ver o pobre como seu semelhante. Aquele que se torna amigo do
rico carrega o fardo dele e na
necessidade será por ele abandonado.
Contudo, vale lembrar que essa é uma constatação
da realidade, não um ensinamento da
bíblia. A vinda de Cristo muda essa visão, mostrando qe ricos e pobres,
justos e pecadores, podem sim conviver em harmonia.
No
capítulo 14 volta a questão do acúmulo de riquezas e da condenação à avareza,
esse ponto e o cuidado com a língua são dois tópicos muito repetidos no livro.
Então vem a questão do livre arbítrio
que é a liberdade concedida ao homem de escolher
o caminho que quer seguir. Deus dá a orientação,
mas somos nós que tomamos a decisão
e sofremos as consequências dela.
Tudo pode ser reparado desde que haja comprometimento e arrependimento sincero.
E aqui entra a questão da justiça divina.
Ao mesmo tempo que Deus é misericordioso, é igualmente justo, e dará a cada um
conforme suas ações.
Um
exemplo são aqueles que não entraram na terra prometida, a destruição de Sodoma
e Gomorra, etc. Deus vai retribuir o bem e o mal que fazemos, ninguém
se esconde do Senhor! Por isso, é preciso escolher o bem e a justiça enquanto se vive nesta terra, pois após
a morte nada mais há de ser feito, será apenas prestação de contas. A grandeza
de Deus é incompreensível à razão humana, como nada somos, precisamos
constantemente da sua misericórdia e, após tomar consciência real disso, da
nossa insignificância, conseguimos observar melhor nossas atitudes e viver
segundo a vontade daquele que nos deu a vida.
Volta-se
à questão da língua e de como é melhor ouvir mais e falar menos, evitando
fofocas, preconceitos e pré-julgamentos, além da necessidade de corrigir
aqueles que vivem no erro, aconselhando-os. Essa parte tem uma grande
influência dos filósofos da época, por isso há grande semelhança com alguns
provérbios filosóficos de pensadores da região asiática. Por exemplo:
Ø O
tolo fala muito, o sábio fica mais calado;
Ø A
mentira é a pior das artimanhas do ser humano;
Ø O
silêncio nem sempre é a prova de sabedoria, podendo ocultar estupidez;
Ø A
recompensa do bem feito é o ato, ele não espera retribuição;
Ø A
desgraça às vezes traz benefícios como a sorte pode trazer o mal;
Ø A
justiça não coaduna com a violência, é inútil tentar fazê-la por esse meio.
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
[Livro] O Amor é Seu Destino
Autor: Mary Burton
Ano: 2003
Páginas: 219
Sinopse: A Vingança era sua missão. O amor era seu dever. Nenhuma mulher conseguira despertar um desejo tão intenso em Travis Rafferty quanto a enfermeira da guerra civil, Meredith Carter. Ainda assim, quando ele tentou escapar do campo de prisioneiros, ela o traiu. Agora, anos depois, o desejo de vingança o levava de volta ao Oeste. E desta vez, Meredith não escaparia... Meredith precisava convencer Travis de sua inocência. Mas como poderia fazê-lo se reagia de forma tão intensa à sua proximidade? Cuidar de seus ferimentos e ficar com ele era a única maneira de provar que jamais seria capaz de trai-lo, pois, se fizesse isso, estaria traindo seu próprio coração.
Dois anos atrás, Travis ficou preso em uma cela com seus companheiros de regimento sob a mira dos rebeldes, mas recebeu auxílio para um amigo ferido da esposa de um rebelde. Contudo, o ferido deixou escapar sobre o plano de fuga e a emboscada levou embora vários dos amigos de Travis que jurou vingança contra Meredith Carter. Da sua parte, Meredith nunca traiu a confiança daqueles homens, mesmo não sendo simpatizante da União, sua missão era salvar vidas independente do que essas vidas defendiam. Assim, quando soube que a fuga deu errado, teve certeza que Travis viria atrás dela um dia tirar satisfações, mesmo não tendo sido culpa dela o fracasso da empreitada.
Dois anos mais tarde, ali estava ele na sua cozinha, com um mandado de prisão para levá-la de volta a Washington onde enfrentaria um julgamento como traidora. Não importa quantas vezes tente dizer a ele que nunca fez mal a nenhum dos seus homens, Travis não está disposto a acreditar em nada, mas nem mesmo ele contava com dois homens tentando matar a mulher que ele planejava levar à justiça e, no embate, ele é baleado, ficando sob os cuidados da sua inimiga e sem conseguir controlar a atração intensa que sente por ela.
A convivência forçada e as circunstâncias acabam aos poucos fazendo Travis duvidar se seu ódio por Meredith realmente tem algum fundamento, primeiro porque ela não mede esforços para mantê-lo vivo, segundo porque alguém tão querido na região não pode ser um traidor de sangue frio responsável pela morte de tantos homens. Ainda assim, seu senso de justiça sempre se sobrepõe a sua razão mesmo quando todos os seus instintos são empurrados contra o fato de que aquela mulher pode ser inocente e ele odiou a pessoa errada durante os dois últimos anos.
Olha, só de não ter sido o típico romance tóxico com macho escroto já valeu muito. Esses livros amam romantizar um estupro, então, foi um alívio ler uma história de consentimento e sem violência desnecessária ou abuso disfarçado de cuidado. Não que eu esteja isentando Travis de todas as culpas, ele foi idiota em boa parte dos momentos sim, mas pelo menos de uma forma respeitosa. Confesso que achei o desfecho bem óbvio, metade do livro já estava bem claro quem era o verdadeiro culpado, nenhuma surpresa, se algo me deixou levemente surpresa foi o motivo por trás da traição, embora ele seja humano o suficiente para soar bem plausível.
A lenga lenga desnecessária do "você não confia em mim, como podemos ser felizes?" pelo menos durou pouco o suficiente para minha paciência não esgotar. Não achei o livro fantástico, mas é o tipo de história que eu pegaria de novo num domingo de chuva que eu só quisesse ler algo pra passar o tempo. É bem aquele tipo de romancinho de banca que já estamos acostumadas e vacinadas desde a época da escola. Em vista de outras atrocidades que já li dentro desse nicho, esse foi bom.
[Livro] Por que Não pediram a Evans? (+Adaptação)
Autor: Agatha Christie
Ano: 1934
Gênero: Suspense, crime, mistério
Páginas: 288
Sinopse: Após uma tacada especialmente ruim, Bobby Jones lança sua bola de golfe em um precipício. Ao procurá-la, encontra um homem acidentado que parece estar em seus momentos finais. Pouco antes de morrer, o moribundo abre os olhos e proclama suas últimas palavras: “Por que não pediram a Evans?” Assombrados pela pergunta, Bobby e sua amiga Frankie tentam descobrir quem é Evans e o que exatamente não lhe foi pedido. Porém, os dois logo percebem que, por mais que não sejam detetives profissionais, os perigos dessa investigação são muito reais…
Embora seja engenhoso como todos os livros de Agatha ou, a meu ver, boa parte deles, Por que não pediram a Evans não conseguiu me prender. Já entendi que não sou muito fã das histórias sem Poirot, e embora esse livro trabalhe bem com o tema de mistério intrincado, personagens interessantes e alguma ação, a história em si não me agradou muito e achei o vilão até bem óbvio demais no fim das contas.
Conta a história de Bobby que, em uma partida de golfe, acaba ouvindo um grito e quando sua bola cai em um precipício ele acaba encontrando o corpo de um homem que, possivelmente, caiu por não enxergar o trecho coberto pela neblina. O amigo de Bobby, médico, diz que o sujeito não tem mais salvação e vai atrás da polícia, deixando o jovem na vigília do morto. Contudo, Bobby havia prometido ao pai, vigário, que tocaria órgão na missa das seis da tarde e quando um estranho de passagem aparece se oferecendo para tomar seu lugar de carpideira, ele cede e vai ao seu compromisso.
É sabido no dia seguinte, no inquérito, que o sujeito era um homem viajante, a irmã e o cunhado vão reconhecer o corpo, mas Bobby, junto à sua amiga Frankie, desconfiam que há mais por trás daquela história do que aparentam as coisas. Eles começam então a investigar, usando subterfúgios e disfarces, as pessoas possivelmente envolvidas na morte do sujeito que, no fim, não era quem o casal que o reconheceu diziam ser. Enquanto se envolvem mais no mistério por trás, não apenas dessa, mas de outras mortes relacionadas a ela, Frankie e Bobby podem acabar entrando de cabeça num campo muito perigoso que vai pôr em xeque suas vidas e seus sentimentos.
Demorei bem mais do que gostaria pra terminar de ler, isso por si só já é prova que o livro não engajou no meu caso. A revelação da outra vilã da história só tornou tudo ainda pior, não porque eu não desconfiei dela, já tô mais que habituada à tia Agatha me fazendo de trouxa, mas porque pra mim não fez muito sentido e toda a história da resolução do caso ter sido explicada numa carta do próprio vilão só deixou a coisa toda com mais cara de "E Não Sobrou Nenhum". Sei lá, não consegui comprar a história. O livro é ruim? Não. Mas já li melhores dela. Pra quem gosta, fica aqui meu cumprimento. Feliz que a tua experiência foi melhor que a minha.
Adaptação de 1980
Direção: John Davies, Tony Wharmbysexta-feira, 19 de setembro de 2025
[Filme] Paixão de Aluguel
Ano: 2005
Diretor: Mark Rosman
Autores: Michael McQuown, Heather Robinson, Katherine Torpey
Gêneros: Romance, Comédia, Comédia romântica, Infantil, Melodrama, Drama, Adolescente, filme familiar
Sinopse: Toda vez que Jean rompe um relacionamento amoroso, se muda com as duas filhas para algum lugar. Decidida a se fixar em Nova York, o último destino da família, a filha mais velha, Holly, inventa um admirador secreto on-line para a mãe, baseado no tio de uma amiga. Porém, o falso romance progride, e Holly começa a ter problemas quando a mãe acredita na mentira. Enquanto isso, a própria Holly acaba se interessando pelo charmoso colega de classe Adam.
Fazendo uma limpeza e organização no arquivo do meu blog, encontrei uma porção de indicações antigas de filmes e livros que eu simplesmente joguei sem resenhar nada. O que, em parte, foi bem propício, pois me deu material não só para novas postagens, mas a chance de revisitar esses filmes e livros que indiquei sem dar muitos detalhes da história ou de como ela me impactou. E foi igualmente bom porque agora o blog está muito mais limpo e com apenas as postagens que são realmente necessárias.
O primeiro filme da lista foi Paixão de Aluguel que eu vi um ano depois que lançou porque peguei na locadora (sim, meus amigos, locadora! Entreguei minha idade agora). Conta a história de Holly, uma adolescente que vive se mudando de um lado para o outro porque sua mãe tem um gosto tenebroso para homens, ela sempre escolhe cafajestes que a tratam como objeto e nunca apoiam seus sonhos, além de traí-la na primeira oportunidade e, para lidar com a frustração do rompimento, ela se muda e leva as filhas no pacote e Holly, saturada, já começa a preparar as malas sem nunca fazer amigos de verdade ou participar de nada.
Dessa vez elas se mudam para Nova Iorque onde a mãe dela tem uma oferta de emprego na padaria de uma amiga como confeiteira. Ela é uma confeiteira de mão cheia e Holly só queria que ela acreditasse mais em si mesma. Na escola nova ela conhece Adam, um cara descolado que desenha quadrinhos e tem pinta de galã. E fica amiga de Amy uma garota alternativa que é sobrinha de um renomado chef de cozinha proprietário de um restaurante-bar muito sofisticado.
Para tentar fazer a mãe desistir de cair na lábia de um idiota errado de novo, Holly arma com Amy para se passar pelo tio de Amy, Ben, que ela acredita ser o homem perfeito para sua mãe. No meio de toda a confusão, a mentira acaba escapando do controle, envolvendo Adam também e o que era para ser apenas uma tentativa de salvar a própria pele de uma nova mudança vira uma verdadeira avalanche na vida de Holly mudando tudo à sua volta para sempre.
Esse filme era um dos meus queridinhos na adolescência/juventude e ainda hoje revejo de vez em quando porque tem aquela vibe de sessão da tarde gostosinha pra assistir com a família por perto e dar umas boas risadas. Pra mim, um dos melhores da Hillary Duff no seu auge como atriz. Confesso que me irrita bastante a personagem da mãe dela que tem aquela ideia fixa que ela só pode ser uma mulher completa se tiver um homem pendurado no braço, eu não digo isso por uma visão feminista nem nada do tipo, é só que eu não consigo entender esse tipo de pensamento, sabe? Ela era talentosa na confeitaria e ao invés de mostrar para as filhas que era possível ter sucesso e ser feliz consigo mesma, ficava pulando de um homem pro outro porque era incapaz de ser feliz sozinha. Era mais do que claro que ela nunca encontraria felicidade com ninguém e quando a Holly passou isso indiretamente na cara dela algumas vezes foi como lavar a minha alma, porque esse tipo de personagem me irrita bastante.
Em contrapartida, tem o Adam, de longe um dos meus personagens favoritos, não apenas pela personalidade dele que era encantadora, mas a maneira como ele abordava a Holly sempre com muito respeito e gentileza. Eu ficava caidinha e dei umas boas shippadas neles viu! A Amy é o alívio cômico da coisa toda, ela era maluquinha e divertida, assim como a irmã da Holly que também tinha umas tiradas muito legais. O Ben era um caso a parte, o tipo boa pinta, maduro e inteligente, entendia mais sobre mulheres do que as próprias mulheres desse filme e era, de fato, o par perfeito para a Jean, mãe da Holly. É um filme muito gostosinho e vale a pena ser visto ou rever para quem é fã de uma comédia romântica divertida e com umas cenas de vergonha alheia bem constrangedoras haha.
Tenho uma lista bem grande de filmes para revisitar e trazer pra cá agora haha, então esperem por novidades em breve.
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
[Livro] A Doceria Mágica da Rua do Anoitecer
Autor: Hiyoko Kurisu
Gêneros: Ficção, Realismo mágico
Páginas: 176
Sinopse: Situada na fronteira entre o mundo real e o mundo dos espíritos, a Rua do Anoitecer só pode ser vista por criaturas sobrenaturais ou por pessoas que se encontram vulneráveis devido a alguma angústia.
No fim dessa estranha rua, a Doceria Mágica Âmbar é a única loja aberta, e vez por outra acaba sendo encontrada por um humano perdido.
O proprietário – um jovem de grande beleza, olhos dourados e... serão orelhas de raposa? – vende confeitos com poderes mágicos, capazes de promover mudanças sutis na vida de quem os compra.
Poderia uma simples bala atrair coisas boas ao longo do dia? Seria possível um doce tornar alguém invisível? E uma maçã do amor poderia nos fazer enxergar o que as pessoas sentem de verdade?
Nem sempre aquilo que mais desejamos é o que realmente queremos ou precisamos. São seis contos que exploram isso, os sentimentos humanos e a necessidade de atitudes que nem sempre conseguimos ver por estarmos muito focados em nós mesmos e nos nossos próprios desejos.
No primeiro conto, Kana é uma jovem estudante que está preocupada com a distância do namorado mergulhado nos estudos por causa do vestibular próximo e do cursinho. Ela não conversa com ele sobre suas inseguranças temendo ser vista como uma namorada grudenta e chata. Porém, quando vai ao templo rezar pela sua relação, acaba descobrindo uma rua comercial estranha onde há uma loja incomum de doces com um proprietário inusitado. Kana compra um pacote de "balas da ambição" e recebe instruções de não comer mais de uma por dia. Contudo, ao descobrir o poder delas associados aos seus desejos, poderá resistir a tentação de querer sempre mais?
No segundo conto, Koguma é um corretor imobiliário que odeia sua aparência. Ele passou por uma situação muito ruim na escola e isso minou sua autoestima de modo que ele sempre pensa que as pessoas estão falando sobre ele de modo negativo e não gosta quando associam sua aparência a simpatia ou diminuem sua capacidade em torno disso. Ele queria ser invisível. Um dia, cansado por algumas questões de trabalho, ele acaba indo parar no templo e encontra a rua comercial incomum, findando na doceria mágica de Kogetsu, o proprietário inusitado. Lá ele compra o "Wosabon da invisibilidade" e seu maior desejo se torna realidade, porém, ele acaba descobrindo que ser invisível não resolve seus problemas e, ainda mais, que a forma como ele se vê pode não ser a mesma com que é visto.
No terceiro conto, Yui é uma universitária que tem duas amigas de quem gosta muito. Ela não é muito popular e teme ser julgada pelas coisas que gosta ou por sua maneira de pensar, por isso, sempre se mantêm cuidadosa em dizer as coisas certas para não magoar e perder suas amigas. Quando uma delas começa a namorar, as coisas na amizade se tornam mais difíceis porque a amiga não consegue falar de outra coisa e isso acaba incomodando não só Yui, mas sua outra amiga também. Um dia, indo ao templo para tirar fotos de um gatinho que há por lá, ela acaba encontrando a rua comercial do anoitecer e parando na doceria de Kogetsu. Instigada por seus sentimentos, ela acaba levando o Monaka de Castanha Inocultável e, depois de comer, começa a falar o que pensa de modo direto sem ter controle disso. O que essa atitude poderá causar na sua amizade?
No quarto conto, Risa é parte do clube de música e está se preparando para uma audição de uma apresentação importante. Contudo, ela teme perder para Ayaka que, embora não seja tão boa tocando como ela, foi escolhida como líder do clube por causa de suas boas notas. Risa não quer perder para Ayaka ou para qualquer outra pessoa, ela está irritada com seu azar, porque não é apenas nos estudos ou no clube que ela tem problemas, mas na sua vida tudo parece conspirar para sempre dar errado. Ela deseja dar seu azar para outra pessoa por mais horrível que isso seja. Quando vai rezar para se dar bem na audição, ela encontra a rua do anoitecer e a loja de doces de Kogetsu que, sondando seus sentimentos, lhe sugere os caramelos da substituição e, desde esse dia, a sorte parece sorrir para Risa enquanto o azar chega para pessoas próximas a ela, será mesmo que vale a pena ter sorte às custas do fracasso de outrem?
No penúltimo conto, Maçã do Amor do Desejo de Confirmação, Chika está começando a duvidar do amor do marido por ela desde o nascimento de sua filha, Sakura, e isso a está consumindo dia após dia. Ela acaba descobrindo a rua do anoitecer após visitar o templo e Kogetsu a persuade a comprar duas maçãs do amor. Ao comer uma, Chika passa a ver uma aura vermelha em torno do marido e da filha, tendendo a ser o nível de amor que eles nutrem por ela. Será mesmo que seu casamento está por um fio ou apenas falta diálogo entre ela e o marido?
Enfim, no último conto, Mamedaifuku do Adeus, conhecemos a história de como Kogetsu se tornou o proprietário da loja de doces e sua motivação para recolher sentimentos humanos como forma de entender nossa natureza.
A escrita é bem simples e traz muita sensibilidade. Os contos evocam reflexão e são ótimos para quem procura uma leitura leve, mas não rasa, com um pouco da cultura e do folclore japonês. Eu gostei bastante, terminei querendo saber mais sobre os personagens e suas vidas, mas, sobretudo, sobre Kogetsu e seu amigo. Outro ponto bem interessante se refere a fabricação dos doces japoneses, os wagashi, que além de terem todo um preparo especial e artesanal cheio de significados e processos, se tornam um personagem das histórias desse livro também. Para quem tem interesse no tema, o drama Watashitachi wa douka shiteiru (Cursed in Love) de 2020 aborda esse tema com uma pitada de suspense e vale muito a pena ver. Está disponível no NewZect Fansub.
domingo, 7 de setembro de 2025
[Livro] Clave de Dó
Gêneros: Ficção, Romance de amor
Ano: 2023
Páginas: 25
Sinopse: Layla vive e respira música. É seu trabalho, e também seu hobby. Vicente Callalta, um de seus músicos favoritos, é a personificação desse amor tão grande. Assistir ao seu show é um de seus sonhos, finalmente realizado quando o cantor se muda para sua cidade. Entre marcações em posts e stories, o direct de Vicente acaba se tornando seu bloco de notas, um jeito prático e fácil de anotar lembretes.
Tudo funciona até o dia em que uma mensagem de "visualizado" aparece na conversa. Vicente Callalta conhece agora sua existência e detalhes embaraçosos de sua vida. Layla está determinada a se esconder em um buraco para sempre, mas dentre todas as notas, o acaso parece desconhecer o Dó.
Layla finalmente está num show de Vicente Callalta, simplesmente seu cantor favorito. Endividada? Sim, mas ela tem certeza que valerá a pena. Durante o show ela tem certeza que aquele cantor maravilhoso e cheio de talento sorriu para ela. No dia seguinte, ela vai trabalhar cansada, mas extremamente feliz e, como o whatsapp está fora do ar, decide usar o direct de Vicente no instagram como bloco de notas (porque provavelmente é difícil demais baixar um se o dela não vem com um instalado de fábrica).
Layla é cantora e compositora anônima, se apresentando em bares para ganhar um dinheiro extra e, numa dessas, ela nem faz ideia que Vicente Callalta, junto com a irmã, estão no mesmo bar assistindo seu show. A verdade é que Vicente se mudou para sua cidade e, mesmo sabendo disso, ela não julga que vá conseguir encontrá-lo e continua usando o direct dele no instagram como bloco de notas. A coisa é que Vicente e ela acabam, por via das circunstâncias, frequentando a mesma academia.
Quando ele visualiza suas mensagens, e lê todas elas, nota que há algo diferente naquela garota desastrada e começa uma improvável relação que deixa o mundo de Layla de cabeça para baixo. Entre confusões de conhecer seu cantor favorito, músicas e encontros inimagináveis, ela está prestes a descobrir que Vicente Callalta é, como toda pessoa, alguém incrível, mas humano.
Olha, confessar que as narrações desse livro não estavam tão boas não, a voz do cara que fez o Vicente me dava muita agonia... muita mesmo! Achei também os diálogos não foram expressivos, como se os atores estivessem só lendo mesmo, sem nenhuma emoção. Sei lá. A história é boazinha sim, meio clichê, confesso que até pensei que o curso ia mostrar o lado ruim de celebridades e coisa assim, mas no fim foi só o clichê fofinho mesmo e a maneira como o casal se apaixona foi bacaninha.
Pra quem tá atrás de um livrinho leve e engraçado em algumas partes, é uma boa pedida. Me diverti ouvindo, talvez acabe descolando a versão ebook depois para ver se o desenvolvimento é melhor.
[Bíblia] Eclesiástico — Parte I
Introdução:
- Ø Escrito
por Jesus Ben Sirac por volta de 180
a. C. em hebraico que se perdeu e, mais tarde, é encontrado por seu neto que
traduz para o grego. Muito próximo dos Evangelhos, é um livro “recente” na
cronologia antiga.
- Ø Eclesiástico
vem do ekkalein = Eclésia significa “referente
à Igreja”.
- Ø Feito
durante a época selêucida durante o
domínio do império grego que, impondo seus costumes helênicos, queria destruir
os judaicos, assim, o livro surge para preservar esses costumes e conhecimento.
- Ø Josué,
no original em hebraico, também se chamava Jesus (Yeshua) um nome muito comum
no hebraico. Ben Sirac significa “filho
de Sirac”. O nome Josué foi mudado no português para evitar confusão.
- Ø Jesus
Ben Sirac era um escriba e professor reconhecido em Jerusalém e presente nos
anais. Ao contrário de muitos livros na Bíblia, onde o autor é desconhecido, o
eclesiástico é assinado por ele, como sua tradução feita pelo neto assinala e
sua autoria reconhecida.
O
primeiro capítulo apresenta conceitos de sabedoria
e temor de Deus. A sabedoria, que é o
próprio Deus, vem antes da criação e criou todas as coisas, pois Deus o fez e
Ele existe antes de tudo.
O
temor de Deus é a obediência a Deus e
à sua palavra, não o medo de Deus. É a atitude de quem crê: amor e obediência a Deus.
Quem
não conhece os mandamentos e não obedece não alcança a sabedoria e tampouco se
torna justo. Se nos preparamos para cumprir a obra a Deus, seremos perseguidos
como afirma o segundo capítulo. A obediência ao Senhor atrai o sofrimento, mas há
certeza de que ele nos fortalece para vencer as provações.
O
mal não quer que a obra de Deus cresça, por isso, colocará obstáculos para nos
afastar do caminho e nos impedir de perseverar no caminho certo. Só se vence o mal perseverando no bem que se
faz. Desde aqui, a palavra já reforça o futuro ensinamento de Cristo sobre
a humildade e o mandamento de honrar os pais, pois a benção de Deus recai sobre
quem honra e cuida dos pais.
Há
ainda uma forte advertência aos judeus da época a respeito da filosofia grega
que, naquele tempo, acreditava-se afastar a fé e igualmente acautela sobre o
orgulho, o pecado elemental que fundamenta todos os outros. O orgulhoso perece no próprio mal.
Ninguém chega a Deus sem passar pelo pobre e o coração generoso com quem
necessita mostra a extensão do nosso amor, tanto Jesus quanto João Batista vão
reforçar essa ideia em seus ministérios. Deus vê com olhos diferentes quem olha
pelos pobres e o próprio Cristo optou por eles.
Tal
como todos os livros sapienciais, esse bate constantemente na tecla da
sabedoria como caminho para a santidade. Essa advertência sobre ser prudente vem
do fato de estar meio na “moda” ser grego e muitos judeus estavam ocultando sua
origem e abandonando seus costumes em função disso, é um puxão de orelha para
aqueles que se envergonhavam do seu Deus. Ben Sirac dá muita ênfase àquilo que
se fala, dando enfoque no cuidado com o que se diz.
O
quinto capítulo ainda é categórico ao afirmar que a pessoa que confia na
riqueza não confia em Deus já reforçando aqui a fala de Cristo de que não se
pode servir dois senhores. A riqueza geralmente é a fonte do orgulho e da
autossuficiência que leva a esquecer de Deus. Tanto quanto é misericordioso, o
Senhor é igualmente justo e cobrará de nós todos os nossos crimes. Quando nos
tornamos conscientes da nossa precariedade e nos voltamos para Deus, a riqueza
nos dá a falsa segurança de que somos eternos nos afastando de nossa brevidade
o que é um perigo para a vida espiritual.
Por
isso, o problema não é o dinheiro, mas o espaço que ele ocupa na nossa vida.
Riquezas injustas adquiridas por meio de mentira e falsidade nunca trarão
felicidade. Seguindo, temos uma explanação sobre a amizade que é considerada um
dos maiores tesouros da vida e, tal como o amor, é constante e necessita ser
cultivada. Por isso, a palavra adverte no cuidado ao escolher os amigos, se
almejamos a sabedoria devemos andar na companhia de sábios. A sabedoria é um
dom que vem do próprio Deus e escolhe apenas aqueles que buscam com disciplina
e desejo sincero.