País: Tailândia
Episódios: 12
Ano: 2023
Diretor: X Nuttapong Mongkolsawas
Roteirista: Lemon Waneepan Huaphoklang, Jarini Thanomkat, Suwanan Phokutsai
Gêneros: Romance, Sobrenatural
Sinopse: Achi chegou aos 30 anos de idade ainda virgem e, por isso, adquiriu o poder de ler a mente das pessoas. Ele é funcionário de um escritório e acidentalmente toca em Karan, o homem bonito e mais popular da empresa, descobrindo que Karan está apaixonado por ele. O que Achi fará agora?
Sempre sou cautelosa com remakes de dramas que eu gosto, especialmente porque na maioria dos casos não funciona muito bem (Boys over Flowers que o diga!). Cherry Magic está no meu top 3 de BLs favoritos, então quando saiu essa adaptação tailandesa fiquei com um pé atrás, em especial porque já tinha começado um drama com esses atores (perdoem, mas esses nomes tailandeses são impronunciáveis) e não tinha gostado, acho que era dark blue kiss o nome, não lembro.
A história segue quase a mesma premissa, mas adaptada ao contexto tailandês, claro, são países com costumes distintos então é claro que haveria novidades. Achi e Karan trabalham em uma empresa japonesa de papelaria, isso pra mim soou meio estranho, não quero dizer que não tenha empresas japonesas na Tailândia, mas esse fato não tinha qualquer relevância pro enredo, podendo se passar em qualquer lugar de trabalho tailandês.
Quando completa trinta anos, Achi se descobre com o poder de ler a mente das pessoas quando toca nelas, mas embora esse fato seja quase enlouquecedor, o remake reduziu isso apenas ao Karan, tirando a tortura que isso representa para o personagem. Com o pressuposto de que os expectadores já teriam a base do original, a história se permite resumir bastante coisa, focando quase exclusivamente no casal principal. Quando descobre os sentimentos do colega de trabalho, Achi fica muito sem reação (normal) e, conforme vai conhecendo melhor Karan, seus sentimentos também vão mudando.
Aqui acontece algumas liberdadezinhas, a personagem da secretária que era apaixonada pelo Adachi, aqui é uma fujoshi de carteirinha e maior defensora do casal imaginário do escritório. Inclusive, ela ganha seu próprio interesse romântico o que, a meu ver, foi até acertado, embora o casal não tenha peso quase nenhum no drama. Algumas coisas como a proibição de relacionamentos na empresa e a cliente que insiste em assediar o Karan para ele dormir com ela, bem, isso foi um drama bem desnecessário.
Achi não é fofinho como Adachi, ele se mostra mais forte e mais confiante em si mesmo ao contrário do tímido e retraído Adachi que só percebe as coisas em si mesmo quando passa a se ver pelos olhos de Kurosawa. Inclusive, não posso dizer que Karan é uma versão melhorada de Kurosawa, a personalidade dele, embora seja fofa até certo ponto, não funciona de contraponto pro Achi, sendo só um complemento dos sentimentos que o outro começa a enxergar. Senti falta desse desenvolvimento no remake. Ainda assim, é inegável que os dois deram o melhor no papel, e não quero dizer de jeito nenhum que o remake ficou ruim, só não pode ser comparado em nenhum ponto ao original.
O casal secundário me incomodava bastante na versão original. Eu não conseguia shippar os dois, talvez pela disparidade de idade, talvez pela nítida falta de química dos atores, embora eles tenham tido seus momentos fofos, não conseguia criar um vínculo com eles como acontecia com Kurosawa e Adachi. A mesma coisa acontece aqui, Jinta é pintado como um personagem caricato, infantil com seus momentos de lucidez quase súbita que tornam o personagem instável e dificulta muito comprar a ideia dele sendo um adulto quando o Min parece ter muito mais maturidade que ele.
Enquanto na versão japonesa a comédia envolvendo esses personagens soava natural, tanto pela cultura envolta neles, quanto pela própria construção, na tailandesa soa tão forçado que a gente sente mais vergonha alheia que graça. Claro, eles têm alguns momentos acertados, sim, mas na maioria das vezes não dá pra torcer por eles não. Pelo menos foi como me senti. E olhando aquela cara de 20 fica bem difícil comprar o Jinta como um "tio" como tentaram pintar ele, mesmo com toda a triste questão da idade envolvendo a Ásia.
Se fosse pra dar uma nota, o drama ganharia meu 7,0. Não é ruim, inclusive oferece uma perspectiva diferente pela mudança cultural, mas não se compara nem de longe com a fofa e bem construída história japonesa que soube dar um brilho particular para o desenvolvimento dos personagens e do seu romance.
Soube a pouco que fizeram o contrário agora, uma versão japonesa de Love in The Air, vou esperar completar e decidir se vou ou não ver, considerando que do mesmo jeito que aconteceu aqui, as chances de erro também são grandes.