Título Original: Wuthering Heights
Autor: Emily Brontë
Ano: 1847
País: Reino Unido
Gêneros: Romance, Ficção gótica, Romance de amor, Tragédia
Eae, pessoas!
Bom, como eu havia dito, estava fazendo um trabalho de literatura Inglesa, no qual eu tive o prazer de precisar reler esse maravilhoso livro, e só então dei por mim que não havia escrito para ele uma resenha e nem mesmo feito um vídeo depois que o li. Eu ganhei este livro do meu pai em 2010, mesma data que lembro ter lido e, para realizar o trabalho em questão, passei alguns dias maravilhosos na releitura e re-viagem desta fantástica história e trago agora, portanto, uma devida resenha para ele.
OBS: A resenha a seguir poderá conter spoilers do livro, pois trata da história de maneira cronológica e pormenorizada. Se você ainda não o leu é aconselhável não ler a resenha no caso de você não gostar de spoilers.
É narrada em primeira pessoa pelo senhor que aluga a Granja dos Tordos.
Um velho senhor, de nome Lockwood, fugindo de seus próprios fantasmas do passado, vem à isolada região do Morro dos Ventos Uivantes, onde aluga a casa, conhecida como Granja dos Tordos, de um estranho senhor chamado Heathcliff. Quando vai visita-lo, na esperança de conhecer seu locatário e até mesmo um pouco curioso, o senhor Lockwood percebe que o senhor Heathcliff, assim como todos que o rodeiam, não são pessoas assim tão comuns e muito menos cordiais e o clima de tensão dentro da casa de seu locatário, assim como sua estranha família despertam-lhe um especial interesse por sua história. Assim, de volta à Granja dos Tordos, ele pede a criada Ellen Dean, a mais velha de todos, para lhe contar a história de Heathcliff e da jovem menina que vira morando com ele no Morro dos Ventos Uivantes.
A história então passa a ser narrada por Nelly, apelido concedido a Ellen, que conta ao senhor Lockwood a história desde o começo quando fora levada à viver na casa dos Earnshaw.
O patriarca da família planejava uma viagem e, antes de sair, pergunta aos filhos Catherine e Hindley o que desejariam que lhes trouxesse. Mas ao retornar à casa dias depois traz consigo um menino, descrito como tendo uma pele escura e com feições que dificultam a dedução de sua real origem, e é imediatamente rejeitado pelos demais membros da família, que chegam a chama-lo de filho do diabo. Isso acaba aumentando o afeto do patriarca Earnshaw que toma o menino como seu protegido e exige que ele seja tratado como um igual chegando a mandar seu filho Hindley para estudar fora e, assim, diminuindo os maus tratos que o garoto passara a sofrer por parte dele.
Mas após a morte do velho senhor, o filho mais velho da família retorna, agora casado, assumindo seu posto e passa a maltratar Heathcliff de maneira severa obrigando-o a trabalhar duramente e aplicando-lhe castigos rígidos. O menino aguenta tudo calado, pois tem como consolo a amizade de Catherine que lhe dedica um carinho afetuoso e tornara-se sua melhor amiga. Ambos conheciam um ao outro melhor que qualquer pessoa no mundo, eram almas gêmeas de espírito intrépido e selvagem. Certa noite, em uma de suas estripulias acabam indo parar na Granja dos Tordos a fim de espionar Edgar e Isabella Linton, mas são pegos e na pressa pela fuga Catherine é pega pelo cachorro dos Linton que morde seu tornozelo até sangrar e nem mesmo Heathcliff consegue salvá-la. A garota é ajudada pela família enquanto ele é expulso da casa depois de grande humilhação, que assim como tudo que tem lhe acontecido, não lhe atinge.
Heathcliff volta então para casa, no Morro dos Ventos Uivantes e conta o ocorrido à Nelly que lhe passa um sermão. No dia seguinte, o senhor Linton vai ao Morro conversar com o irmão de Catherine, Hindley, sobre o acontecido e sobre a permanência de sua irmã na Granja dos Tordos até que a mesma esteja recuperada. Catherine passa lá cinco meses e volta para o Morro dos Ventos Uivantes transformada em uma dama; completamente diferente da menina selvagem e livre que outrora ali vivia. O Reencontro entre ela e Heathcliff não é muito bem sucedido embora a menina ainda nutra por ele um enorme carinho. Hindley perde a razão após a morte da esposa rejeitando inclusive o filho, Hareton, que fica aos cuidados de Nelly que acompanha dia após dia, o declínio do patrão e acaba afeiçoando-se demasiadamente ao menino. Catherine fica dividida entre sua amizade com Heathcliff e os Linton, dissimulando as personalidades quando está com ambos adequando-as a cada um. A amizade com Heathcliff é apenas afastada por Edgar que mostra profundo interesse amoroso por Catherine, mesmo que esta se recuse terminantemente a por de lado o primeiro.
Movida pelos seus sentimentos egoístas e seu espírito ambicioso e narcisista ela confessa a Nelly que ama Heathcliff, mas que se casará com Edgar Linton apenas por dinheiro, para manter uma vida de status e conforto que Heathcliff não pode lhe ofertar e crente de que sua estima por ele mudará com o tempo. Inconformado e furioso, Heathcliff vai embora com o desejo de vingar-se de todos por não poder ter Catherine para ele. Quando descobre a ida do amigo, a menina adoece de tristeza, mas não impede que, três anos mais tarde, ela se case com Edgar. Meses após o casamento, a vida de Catherine seguia tranquila, até a volta de Heathcliff agora um cavalheiro, rico e instruído, mas com um espírito possuído pela vingança e crueldade.
Exultante com a volta dele, Catherine exige do marido tolerar sua presença para que ambos possam se ver sempre em sua casa, Edgar, para manter o capricho da esposa, aceita-o muito a contragosto. Mas a presença do perverso homem acaba tornando-se um veneno na até então vida pacífica da família Linton. Heathcliff atrai a atenção de Isabella Linton, o que gera uma intensa discussão entre ela e Catherine que a alerta do perigo de envolver-se com Heathcliff dada é sua natureza vil, a discussão se agrava quando o mesmo chega a beijar Isabella e acaba gerando a fúria de Catherine que por mais que negue fica enciumada e acarretando entre os dois acalorada briga e também a ira de Edgar, proibindo assim as visitas de Heathcliff à granja. Catherine, mimada e explosiva, acaba adoentando-se de propósito na intenção de vingar-se do marido. Mas sua doença acaba por se agravar tornando-se séria. Nesse ponto, ignorando completamente o estado da amiga, Heathcliff persuade Isabella a fugir com ele para casar-se, no que a garota aceita para desgosto do irmão Edgar.
Alguns meses se passam e Catherine aparenta fraca melhora, o médico crê em sua recuperação, mas não com muita fé alertando Edgar de que ela poderá reter sequelas e que nunca mais voltará a ser a mesma. Ele vela por ela dia e noite incansavelmente, acompanhando cada melhora de perto e fazendo o possível para mantê-la confortável. Ellen recebe então uma carta de Isabella, agora casada com Heathcliff, a garota narra sua chegada ao Morro dos Ventos Uivantes e a recepção nada calorosa com a qual foi recebida; descreve a crueldade com que é tratada pelo marido e os demais na casa e implora para que Nelly vá visita-la e que não conte nada daquilo ao irmão. A mulher, compadecida, vai até o morro ver a menina depois de conversar com Edgar e pedir que este lhe escreva algo, o que se recusa terminantemente alegando que cortara de vez qualquer vínculo que viesse a ter com ela. Quando chega ao Morro, Nelly é recebida por Hareton e vê como o menino que ela cuidara ao nascer ser transformado em um “bicho”, não recebe educação, está mal cuidado e corrompido graças a negligência do pai e os péssimos exemplos que Heathcliff lhe ensinara. A mulher fica profundamente triste ao ver que o menino não se lembra dela, e sua tristeza é reforçada pelo estado deplorável no qual se encontra Isabella.
A garota pede-lhe notícias do irmão, que Nelly logo lhe explica não desejar manter nenhum contato com ela, ao ouvir isto, Heathcliff manda que Isabela saia e pede a Nelly notícias de Catherine, a mulher diz-lhe algumas coisas, garantindo-lhe que ela passa bem. Ele então a persuade a marcar um encontro com ela, ao que Nelly se recusa terminantemente, então Heathcliff insiste chegando até a ameaça-la até que Nelly concorda em entregar a Catherine um bilhete e informa-lo se ela vai ou não querer vê-lo. Heathcliff passa a ficar de guarda próximo a Granja dos Tordos, na esperança de um sinal da criada para que possa entrar e ver a amada sem ser flagrado por Edgar ou os outros criados. O encontro entre os dois acontece e é marcado por forte emoção que não faz nada bem a Catherine que piorara muito quando Heathcliff saiu em prol da chegada de Edgar. Naquela mesma noite, ao dar à luz a sua filha, Catherine esmoreceu e partiu.
Destruído pela dor da perda, Heathcliff volta para casa e entra em confronto com Hindley que vem à falecer alguns dias depois. Isabela foge de casa após a acalorada discussão e dá à luz a Linton, filho de Heathcliff.
Doze anos se passam e Cathy, a filha de Catherine e Edgar, tem treze anos. Isabela escreve ao irmão informando-lhe de que está gravemente doente e em seu final e pede-lhe que vá vê-la, pois tem coisas que precisa confiar-lhe inclusive a tutela de seu filho Linton a quem ela teme que o pai destrua. Edgar atende prontamente o pedido da irmã deixando Cathy aos cuidados de Nelly com instruções claras para que a menina fique longe do Morro dos Ventos Uivantes e de seus habitantes, fato esse que Nelly acaba não conseguindo evitar. Edgar voltou com o menino frágil e mimado para a Granja dos Tordos e o apresentou a Cathy, que imediatamente afeiçoou-se a ele, mas Heathcliff, ciente da vinda do filho em virtude da morte de Isabela, mandou busca-lo imediatamente, para tristeza de Edgar que ordenou a Nelly que o levasse para o pai no dia seguinte. Heathcliff mostrou-se complacente com o menino, prometendo trata-lo bem e fazer dele seu herdeiro, fato que deixou Nelly levemente aliviada.
Disseram a Cathy que o pai mandara buscar o primo e que este morava muito longe. A menina ficara arrasada, mas com o tempo esquecera-se. Até o seu aniversário de dezesseis anos, quando por ser a mesma data de morte da mãe, Edgar trancava-se em sua profunda melancolia e permitira a menina, acompanhada por Ellen, passear pela propriedade. Mas, teimosa e mimada como era, Cathy acaba indo parar nas terras de Heathcliff que a vê e, já firme em seu propósito, a convida com falsa cordialidade a ir à sua casa conhecer o seu filho. A verdade é que, depois de vingar-se de Hindley tornando seu filho Hareton um bruto sem cultura alguma, revoltado com a vida e sem a mínima civilidade, agora também sem direitos sobre a própria propriedade que fora ganhada por Heathcliff em prol do vício de Hindley, ele planejava vingar-se também de Edgar Linton casando Cathy com seu filho Linton que, muito doente, viria logo a falecer tornando ele, Heathcliff, o herdeiro único e dono do Morro dos Ventos Uivantes e da Granja dos Tordos assim como do dinheiro de Edgar.
Surda a qualquer conselho de Nelly e sem medir as consequências de seus atos, Cathy aceita o convite de Heathcliff e, logo que reencontra Linton fica extasiada perante a descoberta de parte de sua família que até então ignorava a existência. Mentindo, o tio diz à menina que Edgar não lhe tem nenhuma estima, pois certa vez discutiram e ele ainda não o perdoou impedindo assim que Cathy soubesse de sua existência. Chocada diante de tal revelação a menina promete falar com o pai, ao passo que Heathcliff pede que não o faça, pois pode acarretar na proibição de sua visita ao Morro dos Ventos Uivantes, o vil homem então diz para Nelly de seus planos de casar os primos para assim apoderar-se de todas as propriedades e arruinar-lhes a felicidade completamente atingindo assim Edgar, o último alvo de sua vingança doentia. Heathcliff via na geração presente o seu passado, Hareton era a sua personificação, mas muito mais maltratado, Cathy mesmo muito diferente da mãe em espírito, assemelhava-se e ocupava bem seu lugar e Linton, apesar de ser seu filho era a personificação perfeita de Edgar mesmo que com menos saúde. Ele incitava então a discórdia entre o filho e Hareton pela atenção e apreço de Cathy que deliciava-se perante a situação.
Cathy queixa-se ao pai da desavença que há entre ele e o tio que ela nem conhece, mas estima por sua “cordialidade”. Vendo que não há como dissuadi-la a afastar-se do Morro dos Ventos Uivantes, Edgar conta então a filha a conduta de Heathcliff para com ele e com os que conhecera deixando a menina pasma diante de tal frieza de espírito, preocupada com Linton ela suplica a Nelly que lhe permita escrever a ele um bilhete, mas a mesma nega-se terminantemente fazendo com que Cathy aja por suas costas. Ao descobrir a troca de cartas e livros, Nelly preocupa-se e vê que a menina apaixonara-se pelo primo como era o plano de Heathcliff que ela tinha certeza ter influencia direta nas cartas do filho. Ameaçando contar a Edgar ela confronta Cathy que lhe suplica que não o faça e queime as cartas prometendo não mais escrevê-las, Nelly assim o faz.
Alguns meses se passam e Cathy põe-se melancólica ao ser afastada do primo pela promessa que fizera. Edgar, na tentativa de alegrá-la, passa a fazer longos passeios com ela todos os dias, mas acaba pegando uma forte gripe que torna-se cada vez pior, deixando a cabo de Nelly a distração de Cathy que agora sofre pela preocupação com o pai. Em um de seus passeios, a menina é interceptada por Heathcliff que mente dizendo que o filho piorara muito pelo desgosto do afastamento dela, e alertando que ele morrerá se ela não for em seu socorro, pois a desilusão deixara-o enfraquecido e debilitado. Nelly tenta de todas as formas convencer Cathy das más intenções de Heathcliff, mas a menina não sossega até que a mesma a leve ao Morro dos Ventos Uivantes para certificar-se de que o primo está bem. Sem saída, Nelly assim o faz e o reencontro com Linton beira o desastre, mas acaba fazendo com que o propósito de Heathcliff se torne efetivo, aproximando ainda mais os dois primos e fazendo com que a imatura Cathy burle as regras do pai para visitar o primo mais vezes, escondido dele e de Nelly que adoentara-se e aumentando ainda mais o vínculo entre eles.
Logo que fica melhor, Nelly passa a fazer companhia para Cathy percebendo sua inquietação e aumentando assim as suspeitas que já nutria antes de que a menina estava a visitar a residência de Heathcliff, suspeita essa que é reforçada pelas mentiras que Cathy inventava para recolher-se cedo e, provada quando Nelly fora atrás dela e percebeu que ela não estava em lugar algum ficando a espera no seu quarto até o regresso dela. Vendo que sua máscara caíra a garota confessa à Nelly o que fizera narrando com pormenores as suas visitas ao Morro dos Ventos Uivantes e implorando que a mesma não os relatasse ao pai. Mas Nelly, cumprindo o seu dever por estar ciente dos planos de Heathcliff conta na mesma noite a Edgar da desobediência da filha ao que o deixa muito alarmado, decepcionado e obriga-o a escrever para Linton autorizando suas visitas à Granja dos Tordos uma vez que Catherine está proibida de voltar lá.
Com o tempo a saúde de Edgar piora e este lamenta-se por deixar a filha desamparada, consente assim que a menina vá ver o primo nas imediações da Granja dos Tordos, sem nunca chegar a ir ao Morro dos Ventos Uivantes, mas Heathcliff arquiteta um plano para atraí-la e, a mesma vendo a saúde do primo cada vez pior consente em acompanha-lo até em casa seguida por Nelly, e logo as duas se dão conta da armadilha, pois Heathcliff as prende na casa alegando a Cathy que só poderá ver o pai se casar-se com Linton. Essa, movida pelo amor que sente pelo pai e também pelo carinho que nutre pelo primo aceita de bom grado, mas não sem antes implorar que ele lhe liberte para ficar ao lado do pai que está morrendo. Cruel, Heathcliff nega e a tranca no quarto do filho. Na manhã seguinte Cathy se casa e Nelly permanece presa no quarto da governanta. Após cinco dias, quando Edgar está quase morto, Nelly é permitida sair e voltar para a Granja ao que descobre que o patrão está morrendo e que Heathcliff enganou a todos dizendo ter-lhe salvo a vida e tratado de sua saúde perturbada no Morro enquanto ela se recuperava, assim como procedera com Cathy a quem ele manter prisioneira no quarto do filho. Indignada, a mulher recorre ao marido de Cathy para liberta-la e o mesmo, envenenado pelo pai, se faz contra ao que Nelly ralha-lhe um sermão grande e vai embora.
Linton então ajuda Cathy a fugir para ver o pai e a menina chega a tempo de vê-lo antes que ele parta o que acontece ainda no mesmo dia. Ela fica na Granja dos Tordos ainda para o funeral e é levada de volta por Heathcliff para o Morro dos Ventos Uivantes onde é tratada com violência por parte do sogro e maldade e indiferença por parte dos outros residentes, ao que se torna uma pessoa amarga e fria até o dia em que Linton morre, um mês depois do pai de Cathy ter partido.
O relato de Nelly termina e o senhor Lockwood (voltando ao seu posto de narrador) menciona a sua indignação e a decisão que tomara de regressar a Londres o mais brevemente possível e de passar antes na casa de seu locatário para avisar-lhe que procure um outro inquilino. Precipitou-se então ao Morro dos Ventos Uivantes no dia seguinte ao que foi recebido por Hareton Earnshaw, após o relato de Nelly Dean o homem não conseguia deixar de sentir-se próximo daquelas pessoas por quem nutria os mais diversificados sentimentos. Após o garoto informar-lhe que Heathcliff não estava em casa, Lockwood manifestou a Hareton o desejo de aguardar sua volta ao passo que o garoto acompanhou-o até a sala onde estava Cathy. O homem não teve como não observar os modos frios e nada cordiais da menina sem contrapor-se à imagem doce e angelical a que Nelly lhe atribuíra em seu relato.
Durante as horas que antecederam a volta de Heathcliff, o senhor Lockwood ficara em companhia de Hareton e Cathy, lembrando-se que Nelly lhe havia confiado um bilhete para a menina ao que tentou dar-lhe silenciosamente para que o outro não visse, mas a mesma tratou-o com rispidez perguntando-lhe em voz alta o que era, imaginando provavelmente ser uma carta do senhor, ao passo que lhe disse ser um bilhete de Nelly que Hareton fizera questão de interceptar sob o dever de mostrar antes a Heathcliff. Vendo a tristeza de Cathy diante da violação ele devolvera a ela o pequeno papel com aspereza e a menina pôs-se a ler apressadamente passando logo depois a engatar curta conversa com o emissário do bilhete que aconselhou-a a devolver a gentileza a Nelly, porém a menina lhe disse que não dispunha das ferramentas para escrever-lhe uma resposta. Começou então uma acalorada discussão entre Cathy e Hareton quando o senhor Lockwood inquiriu-a a respeito de seus livros, dos quais a garota queixou não poder sequer ter um para arrancar-lhe uma página e enviar a ama um bilhete. Ela confessou ter achado no quarto de Hareton seus exemplares favoritos, queixando-se de ele a ter furtado por pura maldade, ao passo que o senhor Lockwood ciente de todos os acontecimentos e dos sentimentos do menino por ela, tentou de todas as formas ajuda-lo com argumentos em sua defesa, mas Cathy não poupou suas humilhações, rebaixando-se ao ponto de ele enfurecer-se e aplicar-lhe um corretivo físico.
Heathcliff chegou alguns segundos depois do ocorrido dispersando assim o jovem casal de inimigos. Lockwood informou então ao locatário sua decisão e recebe dele um sarcástico comentário de advertência sobre os honorários do acordo de locação que devem ser devidamente cumpridos. Furioso, o homem propõe acertarem imediatamente os aluguéis dos meses futuros ao que o locatário dispensa e, numa falha tentativa de redimir-se convida-o para cear com eles. A permanência do homem no entanto é o mas curta que ele pode tornar, e já na manhã seguinte o senhor Lockwood retorna a Londres.
Alguns meses depois, Lockwood é convidado por um amigo a umas batidas em sua propriedade que ficava próxima à Gimmertom, o homem pensou então em pernoitar na Granja dos Tordos, uma vez que seu contrato de locação ainda valia e assim o faz aparecendo de surpresa e notando a nova criadagem que lhe avisa que Nelly voltara para o Morro dos Ventos Uivantes, quando o homem pergunta por ela. Intrigado, Lockwood deixa à criada instruções para que lhe arrumem a ceia e um quarto para pernoitar enquanto ele visita à casa de Heathcliff e parte imediatamente para o Morro. Qual não é sua surpresa ao chegar e ver Cathy e Hareton em completa paz, trocando beijos enquanto a primeira lhe ensina a ler sem muita paciência, mas com zelo e afinco. Levemente incomodado com a cena, ele caminha até os fundos onde encontra Nelly na cozinha a cantarolar uma música enquanto Joseph resmunga. Feliz em vê-lo, ela troca abraços e cumprimentos com o amigo para alarme do velho resmungão logo atrás, Nelly então lhe conta que Heathcliff havia falecido sob inexplicáveis circunstâncias e, após acomodar o amigo confortavelmente trata logo de voltar a contar-lhe os acontecimentos que sucederam sua volta ao Morro dos Ventos Uivantes.
Com a demissão de Zillah, a antiga governanta, Heathcliff manda chamar Nelly para ocupar seu lugar, ao passo que a velha senhora aceita alegremente para assim ficar perto de Cathy. Confidencia como ele estava cada vez mais cruel e transtornado e que a principal função que lhe confiara fora manter Cathy livre de suas vistas. Assim, como tinha sempre de estar perto de Nelly e muitas vezes se punha aborrecida pelo tédio, Cathy tenta ganhar o perdão de Hareton que se mostra inicialmente ríspido e relutante em aceitar-lhe a amizade, depois de ter sido duramente maltratado por ela. Certo dia, quando o garoto se fere gravemente na sua volta do trabalho, Cathy faz o possível para iniciar uma amizade com ele e promete ensina-lo a ler, movido pelos sentimentos que nutria pela prima ele acaba por aceitar e os dois passam a ser cada vez mais próximos. O modo estranho como Heathcliff passa a agir nos dias que se seguem, recusando-se a comer, falando sozinho, vendo coisas e saindo todas as noites para caminhar em meio a escuridão começam a preocupar Nelly que tenta diversas vezes conversar com o patrão temendo por sua sanidade. No ápice de sua morbidez, ele tranca-se no antigo quarto de Catherine e Nelly ouve os gemidos do homem, mandando Hareton buscar um médico que heathcliff recusa-se a ver, na manhã seguinte, estando a chuva a cair torrencialmente, a mulher sai para verificar se ele saíra pela janela, e vê que a mesma está aberta e molha tudo dentro do quarto, precipita-se então para cima encontrando-o sobre a cama, os olhos abertos e um sorriso assustador nos lábios. O médico não conseguiu atribuir uma causa à sua morte e Nelly cuidou para que seu sepultamento fosse feito como ele pedira a ela e combinara antes com o coveiro de ser enterrado ao lado de Catherine. Sem ocultar-lhe também dos boatos que se formaram sobre os espíritos dos amantes rondarem as estradas e as imediações do Morro dos Ventos Uivantes.
Comunica então ao senhor Lockwood os planos de Cathy e Hareton de casarem no início do ano novo e mudarem-se para a Granja dos Tordos e satisfeito com tal desfecho, mesmo ainda levemente chateado por ter perdido a oportunidade conquistar antes a senhora Linton, o homem despede-se sem despedir-se do jovem casal agora em sua devida posição como dono das terras que lhe pertencem por direito e mantendo a salvo duas gerações que por pouco não foram destruídas pela avassaladora cegueira de um amor intenso interrompido pelo orgulho, pela ganância, o egoísmo e o desejo de vingança.
O Morro dos Ventos Uivantes é um livro arrebatador, que transporta você em um universo das mais variadas sensações tendo como protagonista um personagem altamente imperfeito, como todos os outros, é um livro altamente realista que não prima a utopia, mas que mostra o tamanho do ódio que pode ser proporcional ao amor de um ser humano e quão logo ele pode ir em nome de ambos. E, parafraseando brilhantemente Cassandra Clare, como acho que cabe perfeitamente neste livro “Amar é destruir e ser amado é ser destruído.”
Quando paramos para pensar que essa obra foi escrita por uma jovem introspecta, filha de um pastor de igreja, não é surpresa saber a razão pela qual a história causou horror e alvoroço em sua época. Vejo muito da repressão que Emily (tal como todas as mulheres de sua época) sofria, acredito que essa obra foi sua maneira de enxergar o mundo que lhe cercava e os desejos profundos do seu âmago, aquilo que a sociedade de seu tempo a impedia de falar e de sentir. Suas personagens são de uma complexidade singular e cheios de camadas, a história tórrida de Catherine e Heathcliff passeia nas camadas mais íntimas da psique e do desejo humano e, graças a isso, esse livro permanece atemporal.
A primeira vez que li fiquei bem dividida, talvez por ainda estar com 20 anos não tinha maturidade suficiente para desvendar todas as camadas da história, posteriormente, minhas cinco outras leituras me proporcionaram uma visão mais aprofundada pela experiência e pude desfrutar de verdade desse romance maravilhoso que, acredito, deveria ser lido por todas as pessoas que gostam de histórias de amor. A imperfeição criada por Emily torna o sentimento verossímil e acredito que este seja o maior trunfo do livro.
Frases de Efeito:
"Se o amor dela morresse, eu
arrancaria seu coração do peito e beberia seu sangue." - Heathcliff
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Assim está escrito na contracapa do exemplar da edição de 2009 da Lua de papel. E agora trago para vocês as frases mais marcantes desse magnifico livro:
"Os meus grandes desgostos nesse
mundo foram os desgostos de Heathcliff, e eu o acompanhei e senti cada um
deles desde o início; é ele que me mantem viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse,
eu continuaria, mesmo assim a existir." - Catherine Earnshaw
(Wuthering Heights página 74)
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"O meu amor pelo Linton é como a
folhagem dos bosques: irá se transformar com o tempo, sei disso, como as
árvores se transformam com o inverno. Mas o meu amor por Heathcliff é como as
penedias que nos sustentam: podem não ser um deleite para os olhos, mas
são imprescindíveis. Nelly, eu sou Heathcliff. Ele está sempre,
sempre no meu pensamento. Não por prazer, tal como eu não sou um prazer para
mim própria, mas como parte de mim mesma, como eu própria." - Catherine
Earnshaw
(Wuthering Heights página 75
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"A minha vida depois de perdê-la
seria um inferno. (...) Nem que ele a amasse com toda a força da sua vil
existência, seria capaz de amá-la em oitenta anos como eu em um só dia.
Catherine tem um coração tão profundo como o meu." - Heathcliff
(Wuthering Heights página 129)
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"Beija-me e não me deixes ver
teus olhos! Perdoo-te o mal que me fizeste. Eu amo quem me mata. Mas... Como
poderei perdoar quem te mata?”
Heathcliff (Página 140)
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“Catherine Earnshaw enquanto eu viver
não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a
existência! [...] Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e me
enlouquece! Não me deixes só, neste abismo onde não te encontro. Oh! Meu
Deus! É indescritível a dor que sinto! Como posso eu viver sem a minha
vida?! Como posso eu viver sem a minha alma?!” - Heathcliff
(Wuthering Heights página 146)
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Adaptações:
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Versão de 1992 |
Eu
tive a oportunidade de ver duas das adaptações feitas para esta obra prima da
literatura Inglesa, a versão de 1992 e uma minissérie de duas partes feita pela
Masterpiece Classic. A versão de 92 é bem parcialmente fiel ao livro, algumas
coisas foram mudadas (como em toda adaptação de livro), mas não achei que o
enredo se perdeu completamente. Já a versão feita pela Masterpiece eu achei um
pouco estranha, por ter cenas que não estão inclusas e nem sequer implícitas no
livro, como uma primeira vez entre Catherine e Heathcliff que não chegara a
acontecer e eles colocarem na série. No demais a releitura trata mais para o
lado da segunda geração do que, de fato, a primeira que é como prima a obra. Há
outras adaptações as quais não tive acesso, mas listo aí embaixo:
- A mais antiga adaptação de Wuthering Heights foi filmada na Inglaterra, em 1920, e dirigida por A. V. Bramble.
- A mais famosa filmagem é a de 1939, estrelando Laurence Olivier e Merle Oberon, sob a direção de William Wyler. Essa adaptação elimina a segunda geração da história (jovem Cathy, Linton e Hareton). Em 1939, venceu o New York Film Critics Circle Award como melhor filme, e foi indicado ao Oscar de filme.
- O filme de 1970, com Timothy Dalton como Heathcliff foi a primeira versão colorida do romance, e é interessante pois supõe que Heathcliff pode ser meio-irmão ilegítimo de Cathy. O caráter de Hindley é retratado de maneira mais simpática, e a história é alterada.
- Em 1978 foi lançada pela BBC uma minissérie, estrelada por Ken Hutchison (como Heathcliff) e Kay Adshead (como Catherine).
- O filme Wuthering Heights de 1992, estrelando Ralph Fiennes e Juliette Binoche é interessante por incluir a segunda geração, antes omitida, na história.
- Em 1998 foi lançado mais um filme, dirigido por David Skynner, com Robert Cavanah e Orla Brady como protagonistas e ainda a participação de Matthew Macfadyen como Hareton Earnshaw. Versão muito interessante, em que o casal Cathy (Linton) e Hareton é destacado de maneira bela e doce.
- Outras adaptações interessantes da história incluem a do espanhol Luis Buñuel em 1954, com Heathcliff e Cathy renomeados como Alejandro e Catalina. Em 2003, a MTV produziu uma versão na moderna Califórnia, com personagens como colegiais.
- O romance tem sido popular em ópera e cinema, ressaltando as óperas escritas por Bernard Herrmann e Carlisle Floyd (ambos fixando a primeira metade do livro) e um musical de Bernard J. Taylor, com uma canção de Kate Bush.
- No outono de 2008, Mark Ryan lançou uma dramatização musical narrada por Beowulf e Ray Winstone. Ele também dirigiu o video para a canção "Women", com Jennifer Korbee, Jessica Keenan Wynn e Katie Boeck.
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Série da Masterpiece em 2009 |
- Em agosto de 2009, ITV levou ao ar uma série em duas partes, estrelando Tom Hardy, Charlotte Riley, Sarah Lancashire, e Andrew Lincoln.
- No ano de 2011, o diretor Andrea Arnold lançou uma adaptação de uma nova versão, estrelando Kaya Scodelario como Cathy.
- No Brasil duas telenovelas foram feitas, em 1967 e 1973, respectivamente O Morro dos Ventos Uivantes e Vendaval.
E é isso, gente! Vale muito a pena ler esse livro! Se você ainda não leu eu recomendo mesmo, e mesmo que você não seja fã de romance eu garanto que deste você vai gostar! Super beijo e até a próxima!