Autor: Richelle Mead
Série: --
Páginas: 280
Ano: 2016
Sinopse: Pelo que Fei se lembra, nunca houve um ruído em seu vilarejo todos são surdos. Na montanha, ou se trabalha nas minas ou na escola, e as castas devem ser respeitadas. Quando algumas pessoas começam também a perder a visão, inclusive a irmã de Fei, ela se vê obrigada a agir e a desrespeitar algumas leis.
O que ninguém sabe é que, de repente, ela ganha um aliado: o som, e ele se torna sua principal arma. Ao seu lado, segue também um belo e revolucionário minerador, um amigo de infância há muito afastado em função do sistema de castas.
Os dois embarcam em uma jornada grandiosa, deixando a montanha para chegar ao vale de Beiguo, onde uma surpreendente verdade mudará
suas vidas para sempre. Fei não demora a entender quem é o verdadeiro inimigo, e descobre que não se pode controlar o coração.
Eu estava tão ansiosa pra ler esse livro que o adicionei na minha meta de leitura e interrompi a trilogia das peças infernais só pra ler. Ganhei de aniversário da minha melhor amiga. Acompanhamos a história de Fei e seu povoado que, ha muito tempo, perdeu a audição, sua irmã, Jian Jing está ficando inexplicavelmente cega também. O pequeno povoado de Fei, que fica no topo de uma montanha íngreme, sobrevive à mercê de um sistema de troca de minério por alimento, há uma hierarquia no pequeno vilarejo divida em serventes, artistas, mineradores e mendigos. Fei e sua irmã são artistas, regalados com uma vida confortável e respeitados por todos. Porém, seu amigo e amor de infância, Li Wei, é minerador e, portanto os dois são impedidos de ficar juntos uma vez que, segundo essa hierarquia, artistas só se casam com artistas. Apesar de todas as tristezas que o pequeno povoado já enfrentou, com a chegada da cegueira a comida está ficando cada vez mais escassa uma vez que os mineradores estão perdendo a capacidade de trabalhar. E já não bastasse ter de trabalhar próxima a Li Wei sem poder aproximar-se como queria, Fei ainda tem que conviver com um novo segredo aterrador que está tentando de todas as formas entender: a audição.
Ela não sabe porque é a única que voltou a escutar, mas quando Li Wei decide se aventurar a descer a montanha íngreme, mesmo com todas as avalanches que ele não pode ouvir e certamente vão matá-lo, Fei vê a oportunidade de fugir com o amado e assim salvar sua vida, além de tentar convencer o guardião dos cabos a cooperar com seu povo que entra em desespero pela fome. Assim, eles se lançam em sua fuga desesperada a fim de salvar o seu povo, mas a verdade que descobrem é muito pior do que suas inocentes mentes poderiam imaginar e agora, caberá a Fei decidir entre salvar o amor da sua vida ou o seu povo.
O livro não foi nada do que eu imaginei, eu criei muitas expectativas quando vi que era pautado em lendas chinesas e tudo mais, no entanto, me deparei com uma personagem que abdica da própria força interior em prol da vida confortável que tem, ignorando, inclusive, o amor que sente por Li Wei em nome dessa vida. O instinto protetor por uma irmã que é tão inteligente e ativa quanto um saco de arroz me desconcertou algumas vezes, Jian Jing não queria mendigar e não queria ser servente, mas em nenhum momento ela se impôs ou abriu a boca para dizer o que realmente queria para si, apesar de ser mais velha que Fei, era a menor que tomava todas as decisões. Li Wei é um rebelde e, contrariando todas as regras, ele até que luta por Fei do seu jeito, querendo quebrar a hierarquia posta no povoado para impedir que ela case com Sheng, que é um idiota completo. A única parte sobre o folclore Chinês aparece em uma profecia que ganha destaque perto do fim do livro, apesar de tudo, o final é satisfatório até certo ponto embora seja um pouco previsível. Ainda assim, achei interessante a maneira como ela lidou com a variação linguística chinesa, que muita gente pensa que é uma coisa só e não é, o modo como ela dinamizou a linguagem de sinais e a ideia de abordar esse tema. O mais legal desse livro é que enquanto você lê você meio que acaba imergindo na surdez de Fei, e passa a olhar seus sentidos com outros olhos, vê a importância que eles desempenham na nossa vida, mas estamos ocupados demais para agradecer ou notar. Além da analogia à exploração social que o capitalismo impõe à sociedade, onde os fortes mantêm a influência através da ignorância dos mais fracos, tudo a ver com o Brasil (A Globo odiaria esse livro!).
Não foi o que eu esperava, mas valeu a pena.
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