Gênero: Comédia romântica
Autor: Robico
Direção: Hiro Kaburaki
Ano: 2012 (OVA em 2013)
Episódios: 13
Sinopse: Tonari no Kaibutsu-kun é focado na relação entre Shizuku Mizutani, uma garota que não tem nenhum interesse, a não ser em estudar e em seus planos no futuro, e um garoto chamado Haru Yoshida, que senta ao seu lado na escola, porém raramente a frequenta. Um dia, Shizuku é encarregada de levar os deveres de classe na casa de Haru. Dessa forma, começa a estranha amizade entre uma garota fria e calculista com um garoto problemático e ingênuo.
Qual não foi minha surpresa quando, após ver o live action desse anime, me dar conta que não tinha escrito resenha dele no blog (inteligentona, a menina!). Lá vai eu assistir tudo de novo pra poder escrever a resenha dos dois sem negligenciar a história, a coisa é que demorou porque minha internet não andou cooperando muito esses dias então, era uma vida pra esperar cada episódio carregar bonitinho e eu relembrar o que acontecia.
Na época em que assisti esse anime (não lembro se esse ano ou ano passado), inicialmente eu não dei muito nele não, levou uns quatro a seis episódios para eu me entrosar de verdade na história. O plot é simplinho, mas não simplista, e envolve algumas questões muito bacanas da cultura japonesa de uma maneira leve, mas que faz a gente refletir no final.
A história é contada sobre o ponto de vista de Mizutani Shizuku, uma garota do ensino médio que não tem amigos e é dona de uma personalidade fria e indiferente com relação a tudo que não sejam seus estudos. A garota é uma verdadeira nerd, dorme estudando e acorda para estudar, para ela, estar em primeiro lugar no hanking escolar é o mais importante na vida. Shizuku vive com o pai e o irmão mais novo, a mãe dela é uma workaholic que nunca para em casa e aquém do dinheiro na conta, não faz mais nada pela família. Tanto é que ela nem aparece no anime. Por isso, desde criança, Shizuku aprendeu que a única compensação que teria na vida era o resultado dos seus esforços e os estudos supriam não apenas a falta da mãe, mas lhe proporcionavam uma fuga da realidade e uma sensação de reconhecimento que ela não encontraria em mais ninguém. Mais ou menos como acontece com quem pratica exercício para liberar endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina.
Porém, seus dias de estudo estavam prestes a serem ameaçados por Yoshida Haru, o garoto que deveria sentar ao lado dela, mas que desde o início do ano nunca foi a uma aula sequer. Preocupada com ele, a professora pede a Shizuku que leve à casa do garoto as matérias dadas até então e uma advertência de que ele seria desmatriculado caso não frequentasse a escola. Mesmo a contragosto, a garota aceita e leva as coisas até a casa de Haru que fica no prédio onde funciona um campo de treino de baseball. Quando está saindo da casa dele após deixar o recado com o responsável pelo menino (não lembro se tio ou primo), ela acaba sendo 'atacada' por Haru que indaga a razão de sua visita, ela explica e lhe adverte para ir à escola se não quiser ser expulso. Ele então deduz que ela é sua amiga uma vez que foi notificá-lo de sua ausência e, assim, aceita ir à escola por causa dela.
A relação de Haru e Shizuku vai se estreitando devagar, conforme ela descobre que ele não frequenta a escola porque se sente solitário uma vez que todos têm medo dele. Ao passo que, graças a Shizuku, Haru vai conseguindo corrigir seu comportamento aos poucos e se aproximando de outras pessoas. Ela, que até então não se relacionava com ninguém, se vê preocupada com aquele garoto ingênuo que só queria ter amigos e ele começa a interpretar as ações dela de maneira diferente, até deduzir que está apaixonado por ela (e ficar de verdade logo em seguida). Contudo, Shizuku não tem tempo para sentimentos e fica presa no dilema de se deve acolher Haru e o que sente por ele ou focar na única coisa que foi importante para ela a vida inteira.
O anime aborda a questão da pressão sobre os estudantes e as longas jornadas de estudo não fazendo exatamente uma crítica, mas levantando a questão de até que ponto as instituições extrapolam o limite saudável nesse ponto. Shizuku, assim como muitos estudantes da atualidade asiática, é um retrato da pressão social e familiar (no caso dela mais autoral) sobre o futuro e os estudos. Além do que, tem toda a questão familiar envolvida também no desenvolvimento dessa compulsão dela pelos estudos embora o anime não explore muito essa questão. Haru, por outro lado, vem na questão da exploração intelectual uma vez que, por sua superdotação, se torna um alvo do próprio pai e fora rechaçado pela família que fazia com que se sentisse uma espécie de monstro, ao mesmo tempo em que era cobiçado como o herdeiro da empresa do pai por sua inteligência causando a inveja de Yusan, seu irmão mais velho que sempre procurou merecimento do cargo.
Há também a questão dos padrões de beleza, representados por Natsume, uma garota muito bonita que não consegue amigas de verdade por ser invejada (e consequentemente odiada) pelo simples fato de ser bonita. Mesmo os amigos online que outrora lhe trouxeram conforto se mostram distantes. Ao se aproximar de Haru e Shizuku ela se empenha em ser mais confiante e melhorar suas notas para manter o relacionamento, além de ser uma das principais torcedoras pela relação amorosa deles. No geeral, o anime é mesmo sobre relações humanas. Aquela questão do necessitar de companhia não exatamente para ser feliz, mas para evoluir. Shizuku não percebeu que era solitária até se ver rodeada de amigos, pessoas que se importavam com ela e com quem ela aprendeu a se importar, além do sentimento por Haru que a transformou em uma pessoa um pouco mais acessível ao mesmo tempo que o tornou mais adorável e compreendido pelos demais.
Não há como não adorar Haru, apesar do seu típico comportamento violento diante do que ele julga como injustiça, ele é muito inocente (tanto ou mais que Sawako!) e adorável chegando até a ser fofo principalmente a forma como ele é direto com relação ao que sente, sempre falando o que pensa sem pesar as palavras e eu gostava muito disso nele. Vale muito a pena ver em especial se você gosta de animes colegiais com uma boa dose de comédia e alguns puxõezinhos de orelha filosóficos sobre relações humanas. A OVA se passa no período Edo do Japão feudal, apesar de ter referências com o anime, não tem muita relação, mais parece uma espécie de vidas passadas dos personagens, mas é bacaninha de ver.
Direção: Sho Tsukikawa
Roreito: Arisa Kaneko
Ano: 2018
Elenco: Masaki Suda (Oboreru knife, princess jellyfish, todome no kiss)
Tao Tsuchiya
Yuki Furukawa
Yuki Yamada
Passando para a adaptação live action que saiu em abril desse ano no Japão, com um elenco de peso entre les Masaki Suda (Oboreru knife, princess jellyfish, todome no kiss), Tao Tsuchiya (Ani ni Aisaresugite Komattemasu), e o reencontro de Yuki Furukawa (Itazura na Kiss; Erased) e Yuki Yamada (Itazura na Kiss) parceiros de elenco em Itazura na Kiss.
O filme cobre os principais eventos do anime trazendo uns adicionais que achei muito bem vindos. Primeiro, foca na razão para Shizuku ser tão obcecada com os estudos dando toda uma contextualização para o fato, do mesmo modo com Haru, mostrando de um modo mais abrangente sua conturbada relação familiar o que achei muito bacana. Além disso, ainda nos traz uma visão do presente das personagens o que foi fofíssimo, porque foi além dos eventos abordados no anime.
Masaki Suda está brilhante no papel de Haru (se bem que esse ator é magnífico em qualquer papel que faça, pensa num guri talentoso e carismático!) com mais de 30 filmes no currículo, ele nos entrega um Haru cheio de vida, fofo, doce, mas com sua personalidade agressiva e incompreendida fazendo jus ao personagem do anime e dando um toque a mais na personalidade dele sem mudá-la. Tsuchiya Tao ficou bem no papel de Shizuku, dando uma interpretação coerente com a personagem que evolui vagarosamente sem perder a identidade de iceberg humano. Furukawa Yuki está mais jovem que nunca (sério, esse cara não envelhece não? kkkk) na pele de Yusan, irmão mais velho de Haru que está dividido entre o amor pelo irmão e as próprias ambições. Quanto a Yuki Yamada, ele nos entrega um Yamaguchi mais sério e provocador, mas com um senso de direção um pouco melhor que no anime, mais uma vez condenado à friendzone (será ele o Ji Soo do Japão? kkkkk).
Em meu ponto de vista, o longa é uma excelente propaganda para quem não conhece a obra e um deleite a parte para quem já leu o mangá ou viu o anime. Recheado de atuações maravilhosas e com adicionais que deixam aquele calorzinho no coração, embora eu tenha achado que a comédia diminuiu bastante no filme. Fica aqui minha recomendação!