Contos de Fadas era o livro desse box que eu estava com mais vontade de ler. Alguns dos contos eu já conhecia, mas relê-los foi fantástico. Outros me deixaram muito surpresa, pois não conhecia essas versões.
Perrault, cujos contos abrem o livro, mexe mais com o fantástico simbólico, seus contos tem resquícios de analogias da realidade e são cheios de moral, ainda que os outros tenham morais do mesmo modo, Perrault torna isso mais óbvio, inclusive, com versinhos no final de cada conto ilustrando isso. O modo como ele contou Cinderella, o Pequeno Polegar e Barba Azul, contos que já conhecia em outras versões, me deixou realmente surpresa, em especial pelas cenas de certa barbárie que aconteciam. Pele de Asno ainda não tinha lido, e o Gato de Botas eu tinha ouvido essa mesma versão em Conte Outra Vez.
Seguindo para A Bela e a Fera, esse eu pulei porque tenho um livro a parte com as duas versões originais desse conto, então deixei para aproveitá-lo nele.
Chega então os famosos irmãos Grimm, dessas versões deles eu só conhecia mesmo Rapunzel. Achei o modo deles de contar histórias um pouco mais descontraído, ainda que tenham certas coisas nas entrelinhas que tenha me deixado um pouco "chocada" na falta de uma palavra melhor. O que eu mais pensava enquanto lia esse livro era em como é uma besteira amenizar as histórias para criança como se elas fossem seres de cristal. A magia crua dos contos me deixou fascinada e fiquei triste por não ter mais a inocência pueril para apreciá-los sob a ótica de minha infância tão aconchegante.
Vem então Andersen. A impressão que tive dele é que era um pessimista nato. Todos os seus contos envolviam forte drama ou tragédia e dos cinco apresentados no livro apenas 2 tinham de fato um final que se pode ser considerado "feliz". A versão dele de A Pequena Sereia foi pra mim não somente fascinante, mas um pouco chocante por causa do contraste com a história vulgarmente conhecida graças à Disney. E mesmo já tendo visto um curta russo de A Pequena Vendedora de Fósforos, ainda senti um aperto no peito e uma angústia muito forte lendo esse conto. Ao meu ver, ele é praticamente um retrato do descaso e da falta de humanidade da sociedade hipócrita. Quando a menina morre eles finalmente se dão conta de que ela existia fingindo uma tristeza e empatia que me enojam.
Esse Jacobs eu não conhecia, inclusive, nem fazia ideia que Os três porquinhos e João e o Pé de Feijão eram dele. Conhecia versão das duas histórias, mas fiquei surpresa ao lê-las porque são muito diferentes das que conhecia, Os três porquinhos mais que João, mas gostei muito de ambas. Além de mexer com o fantástico elas flertam um pouco com a ironia e, eu diria, até mesmo a anarquia.
Fechando o livro tem a história dos três ursos que eu conhecia (e acredito que a maioria das pessoas) por Cachinhos Dourados. Essa versão do livro é bem diferente da que eu tinha visto, mais resumida e com um final quase inconcluso.
Amei esse livro, supriu todas as minhas expectativas e agora estou mais que curiosa para saber o que vou encontrar nos três volumes do Box dos Grimm que tenho em casa.
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