Autor: Holly Black
Ano: 2013
Gêneros: Drama, Terror, Ficção juvenil
Sinopse: No mundo de Tana existem cidades rodeadas por muros são as Coldtowns. Nelas, monstros que vivem no isolamento e seres humanos ocupam o mesmo espaço, em um decadente e sangrento embate entre predadores e presas. Depois que você ultrapassa os portões de uma Coldtown, nunca mais consegue sair. Em uma manhã, depois de uma festa banal, Tana acorda rodeada por cadáveres. Os outros sobreviventes do massacre são o seu insuportavelmente doce ex-namorado que foi infectado e que, portanto, representa uma ameaça e um rapaz misterioso que carrega um segredo terrível. Atormentada e determinada, Tana entra em uma corrida contra o relógio para salvar o seu pequeno grupo com o único recurso que ela conhece: atravessando o coração perverso e luxuoso da própria Coldtown.
Houve duas razões básicas para que eu selecionasse esse livro pra ler. A primeira foi o título e a capa azul, ambos me chamaram a atenção e formei um milhão de teorias na minha mente, a segunda foi a autora que é super amiga da minha musa da escrita Cassandra Clare. Contudo, talvez eu tenha ido com "muita sede ao pote".
A história começa com a personagem principal, Tana Bach, acordando de ressaca em uma banheira após uma festa na casa de fazenda de um dos colegas de escola, ela não se lembra de muita coisa até acordar ali, mas seu estado de alerta cresce quando vê uma das janelas da casa abertas em um lugar totalmente silencioso. Pensando que todos estavam dormindo, a garota descobre que seus amigos de escola estão mortos em uma confusão de corpos gélidos e azulados drenados até o fim e sangue por todos os lados. Tentando vencer o choque, Tana se obriga a ir até o quarto de hóspedes, pegar suas coisas e sair dali o mais rápido que puder, é nesse quarto que ela encontra Aidan, seu ex-namorado problemático, amarrado em uma cama e, ao seu lado, no chão, preso com grossas correntes está um menino de aparência lânguida e olhos vermelhos. Um vampiro.
Tentando raciocinar e com o pôr do sol prestes a chegar, Tana trava uma batalha contra sua força e contra o tempo para libertar o ex infectado e o vampiro que, ao que parece, está prestes a entrar em uma encrenca séria. Quando está às portas (ou melhor, janelas) da liberdade, eis que dois vampiros quase a capturam e ela é parcialmente mordida dando-lhe o risco de ficar resfriada. Assim, sem saber se pode voltar pra casa a garota parte com o vampiro e Aidan para a Coldtown mais próxima. Coldtowns eram lugares de quarentena onde as pessoas infectadas eram colocadas, cidades inteiras dominadas por vampiros onde não haviam leis e onde pessoas que aspiravam a vida eterna iam para serem transformadas.
Tana nunca quis ser uma vampira. Em especial porque sua mãe morrera por causa daquela infecção e mesmo que não tenha sentido os horrores de passar pelo resfriado, ela era uma testemunha da agonia e da loucura que ele provocava. Ainda assim, com o risco de estar infectada, ela não podia voltar para casa e fazer o pai e a irmã mais nova passarem por todo aquele pesadelo novamente. Assim, seu plano é ir até Coldtown para levar Aidan, que também não pode voltar pra casa, e Gavriel, o misterioso vampiro que parece muito cortês e solícito mesmo que Tana possa ver a sede irradiando nos seus olhos. Eles encontram um casal de gêmeos de estilo alternativo que pede carona até a cidade vampírica com o sonho da vida eterna, ambos fugidos de casa e a garota mais inclinada a ser uma imortal que o irmão.
Ao chegarem na cidade, Gavriel se separa dos demais e Tana segue, meio a contragosto, os gêmeos e Aidan até a casa de um conhecido de Midnight, a estúpida adolescente blogueira controladora que está ávida por ser vampira e nunca mais envelhecer. Porém, como as aparências podem enganar, Tana logo percebe que estava muito errada em julgar a companhia que levara até Coldtown e, vendo-se traída e sozinha, ela precisará lutar pela sua humanidade na fria cidade de monstros se quiser ter a chance de voltar para casa.
Começo a pensar que a maioria dos livros usa adolescentes como protagonistas porque todas elas tem a desculpa dos hormônios para ser idiota. Meu Deus. Tana até tenta passar aquele tipo "girlpower", mas no fundo é só uma garota fadada a tomar decisões idiotas com uma frequência que devia lhe render um prêmio! Midnight foi outra que me tirou a paciência, toda vez que essa guria abria a boca eu queria dar na cara dela até ficar roxo. Aidan é um idiota e o fato de Tana dar tanta corda pra ele só me fazia detestá-la mais. Gavriel faz aquele estilo experiente, meio Edward Cullen, meio Stefan Salvatore, simpatizei com ele apesar de, em alguns momentos, querer dar-lhe uns cascudos também. Perl, a irmã mais nova de Tana, é o retrato típico do adolescente cabeça oca manipulado pela mídia, prova disso é a sua estupidez sem precedentes fugindo de casa e indo até Coldtown atrás da irmã.
Toda a mitologia envolvendo vampiros é uma mescla de alguns dos clássicos envolvendo a espécie, a criação das coldtowns e da própria epidemia que evoca Resident Evil e Meu Namorado é um Zumbi, onde os humanos convivem entre as feras ao mesmo tempo que lutam contra elas, embora no caso do livro isso não se aplique muito bem, foi interessante. Somos tragados para um mundo distópico cheio de um horror cru que nos leva a refletir sobre a própria "humanidade" em si, afinal, o que separa os humanos dos vampiros? São os vampiros ainda humanos ou bestas sedentas cegas e sem princípios? E os humanos, não agem como tal? Contudo, fora a única reflexão prática que tirei da leitura, além, é claro, da luta contra o tempo. Acho que o vampirismo tem essa carga sobre as pessoas justamente por isso, por oferecer uma saída para o tempo que tanto amedronta e inquieta o ser humano, a imortalidade é atraente e histórias com vampiros levam essa ideia aliada às consequências da escolha caso ela fosse possível.
Não digo que o livro é ruim. Não é. Ele fica ali naquela linha das histórias da Meg Cabot, dá para entreter, mas não é o suficiente para nos arrebatar, pelo menos não foi comigo. Inclusive, nunca nem me passou pela cabeça que ele mexesse com a mitologia vampírica de modo que isso me pegou de surpresa. Não foi ruim, uma vez que eu gosto do universo, mesmo que muita gente diga que está saturado e tudo mais, acho muito bacana e acredito sim que ainda dê para criar algo bacana em cima do gênero. Contudo, A Garota mais Fria de Coldtown não me cativou muito, serviu para um passatempo, mas suas personagens não são (talvez com exceção de Gavriel) amigos que eu gostaria de rever. O livro funciona no subgênero horror teen, com umas cenas bem grostescas, mas como romance adolescente e drama achei que deixou muito a desejar. Os backgrounds históricos foram muito legais e acho que eram as melhores partes do livro, na maior parte do tempo ele é narrado em terceira pessoa sob o ponto de vista de Tana o que, apesar de tudo, reduz um pouco a nossa visão dos demais personagens, mas nada que atrapalhe muito a sequencia.
Enfim, é isso. Recomendo o livro pra quem quer uma história de vampiros sem muita pretensão e com algumas surpresas, mas não pra quem procura algo no estilo Diários de um Vampiro ou Entrevista com um Vampiro. É mais no estilo A Mediadora (ainda que A menina mais fria de Coldtown seja melhor escrito).
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