Autora: Tahereh Mafi
Ano: 2017
Gênero: Fantasia, Conto de Fada
Sinopse: Nossa história começa em uma noite congelante… Laylee mal consegue se lembrar dos tempos felizes antes de sua mãe morrer. Antes de seu pai, levado pela dor, perder o juízo (e o caminho), e ela ser abandonada como a única mordeshoor restante na cidade de Whichwood, destinada a passar seus dias esfregando a pele e a alma dos defuntos nos preparativos para suas vidas após a morte. Ficou fácil esquecer e ainda mais fácil ignorar não apenas sua crescente solidão, mas a forma como suas mãos exaustas, assim como seus cabelos, estão se enrijecendo e se tornando acinzentados. No entanto, alguns estranhos conhecidos irão aparecer e o mundo de Laylee irá virar de ponta-cabeça enquanto ela redescobre a magia, a cor e o poder de cura da amizade. Exuberante e encantadora, a aclamada Tahereh Mafi tece uma nova aventura mágica neste mundo persa fantasiosamente sombrio, trazendo ao público novamente Alice Queensmeadow e Oliver Newbanks, protagonistas de Além da Magia.
A segunda resenha de Agosto saiu bem fora da data, mas com a viagem domingo passado eu acabei me perdendo um pouco nas coisas, muita coisa ficou pra esse mês e tudo ficou bem apertado, além do mais acabei adoecendo colocando em xeque qualquer energia que me restava. Mas bem, vamos ao que interessa.
Ano passado li Além da Magia e, ao contrário do que esperava (com sinceridade não estava dando muito naquele livro não) gostei bastante, é como um conto de fadas moderno que tenta reviver o melhor do estilo dos Grimm sem perder a autenticidade. Para esse ano, decidi colocar o segundo volume da duologia para ver se seria tão bom quanto seu predecessor e fiquei bem dividida quanto ao que achei da história.
Seguimos Laylee, uma modershoor que seria como um grau de ceifador responsável por encaminhar os mortos a otherwhere cujo nome é autoexplicativo, né? Ela é uma adolescente de treze anos cuja mãe morreu ha um tempo e, tão desesperado ficara com a morte dela, o pai desbandou-se pelo mundo a procura da morte para "reclamar" por ter levado sua esposa tão cedo da sua vida. Assim, Laylee ficou sozinha para realizar todo o trabalho e lidar com a hostilidade de toda a wichwood que, além de não reconhecer o importante trabalho que ela faz, a tratam como uma pária.
É quando suas esperanças e sua vida estão à beira do precipício que surgem Alice e Oliver. Para Alice, Laylee representava o desafio fruto de sua Entrega. Para Oliver, inicialmente, ela representava uma nova aventura. Para Laylee, há tanto tempo sozinha, os dois representavam uma chance de adiantar seu trabalho acumulado. Não bastasse isso, lhe restava pouco tempo de vida. Depois de trabalhar tantos anos a fio, sem descanso e sem ajuda, abandonada pelo pai e perturbada pelo espectro da mãe, Laylee Layla Fenjoon estava morrendo sem cor.
Claro que, de início, é difícil para a modershoor aceitar a ajuda que Alice e Oliver estavam lhe oferecendo, Laylee passou tanto tempo longe das pessoas, sem receber qualquer tipo de afeto, que esqueceu como se relacionar com as pessoas. Dentro do seu coração só havia solidão e rejeição. Alice começava a ficar preocupada quanto ao que precisava fazer para realizar sua missão enquanto Oliver se via cada vez mais encantado com a geniosa e forte garota que vivia na barreira entre o mundo dos vivos e dos mortos. As coisas parecem se complicar quando a doença de Laylee avança mais rápido e seus mortos, aos pensar que foram abandonados, decidem causar o caos no mundo dos vivos.
Oliver e Alice, junto ao seu novo amigo Beyanmin e sua mãe Madajoorn precisarão correr contra o tempo para salvar Laylee da morte, do julgamento da cidade e, sobretudo, de si mesma.
A primeira coisa que quero falar sobre esse livro é que demorei um pouco para gostar dele. Levou um tempo para que me inteirasse melhor de Wichwood e de sua magia, contudo, o tom mais sombrio da história me agradou bastante. Em geral, morte é um assunto meio batido e até "cabuloso" dependendo da forma como é abordada, mas Mafi deu aquela cara de conto de fadas com filme de terror que se encaixou muito bem. Cenas como a que os fantasmas arrancam as peles dos mortais (literalmente) chegou a causar náuseas. Toda a mitologia dos mundos é muito bem construída e, não fosse pela narração estilo "vovó pondo neto pra dormir" seria fácil esquecer que não era um conto de fada dos Grimm.
Também precisou aplaudir as analogias super válidas que ela faz no livro como o pai de Laylee indo buscar a morte (também literalmente), afundado na depressão da perda da esposa. Ou mesmo a evolução de Laylee que exemplifica traumas de infância, as consequências da alienação parental, o processo de evolução da depressão (magistralmente mostrado conforme a cor vai desaparecendo do seu corpo que está se tornando acinzentado), a forma como vivemos mecanicamente para o trabalho e quão ingratos somos na maior parte do tempo ao ponto de sermos cegos para as coisas bonitas do mundo que nos cerca.
Mesmo que, num primeiro momento, a história pareça rasa e até mesmo bobinha, conforme vamos conhecendo melhor as personagens e nos inteirando do enredo percebemos quão densa e cheia de significados ela é. Não gostei tanto quanto do primeiro, mas ainda assim me agradou bastante. Sem contar que descobrindo novas facetas dos poderes de Oliver e Alice que ficaram ou nubladas ou não ditas em Além da Magia. Recomendo.
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