Autor: Carlos Ruiz Zafón
páginas: 565
Gêneros: Drama, Suspense, Literatura gótica
Série: O Cemitério dos Livros Esquecidos #1
Sinopse: Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em mãos pode ser o último existente. E ele logo irá entender que, se não descobrir a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles que ama poderão ter um destino terrível.
Muitas coisas impediram que eu terminasse esse livro no prazo, a primeira delas foi o concurso público que prestei no domingo, era para tê-lo terminado na segunda e, bem nesse dia, recebi a notícia do falecimento do meu avô e ainda não consegui ordenar direito a minha cabeça. Acho que de todas as bagunças internas que passamos ao longo da vida, a mais difícil delas é lidar com o buraco que nos abre a partida de alguém que amamos... em especial porque esse é um vazio que nunca se fecha mesmo com a anestesia do tempo. De alguma forma, A Sombra do Vento vai tratar desse tema, sobre a vida, sobre a perda, sobre a essência do presente, do agora.
Esse é o terceiro livro de Zafón que eu leio e cada vez ele se consolida mais como um dos meus autores favoritos dada a sua forma única de contar histórias, isso porque nunca temos apenas uma história, mas um emaranhado de tramas que se converge num costurado de enredo tão bem amarrado que nos arremata da realidade de uma maneira que poucos livros são capazes. Mergulhamos na vida dessas personagens que se descortina para nós de modo gradual e tão completo que é como se lêssemos vários livros dentro de uma mesma história.
Tudo começa quando, no final da infância, Daniel Sempere é levado pelo pai para conhecer o Cemitério dos Livros Esquecidos, como uma forma de ajudá-lo a superar a perda da mãe. É nesse lugar cercado de livros e mistérios que Daniel encontra A Sombra do Vento livro de um autor desconhecido chamado Julian Carax. Imerso nas páginas fascinantes da narrativa do escritor, Daniel se vê fascinado e interessado em descobrir o homem por trás das palavras, é aí que imerge no mistério envolvendo Julian de quem pouco se sabe e muito se especula. A sua descoberta pelo romance, extinto de todas as livrarias e bibliotecas do mundo, o leva a conhecer Clara Barceló ― cujo tio quer comprar o livro a todo custo e qualquer preço ― por quem o jovem Daniel de quinze anos se apaixona, e Fermín Romero, um homem de passado nublado que vive nas ruas e se torna um amigo fiel quando Daniel e seu pai o empregam em sua livraria.
A investigação pela vida de Julia Carax envereda Daniel e Fermín por um passado sombrio pouco antes da guerra explodir nas ruas de Barcelona onde Julian Carax se descobria um filho ilegítimo e se apaixonava por Penélope Aldaya, cujo amor estava marcado a destruir suas vidas para sempre. Enquanto se embrenha pelas descobertas do passado de Julian e Penélope e descobre a teia de intrigas, mentiras e traições que envolvem personagens obcecados e vtimados por um passado obscuro. Quanto mais fundo vai dentro da vida de Caráx, mais Daniel se vê como parte e como alvo dos inimigos do escritor que fazem-no questionar suas atitudes e podem mudar drasticamente o seu futuro.
O mais mágico em Zafón é que a gente nunca lê uma história só. Geralmente, o passado das personagens em livros que habituamos ler se mescla de forma fragmentada na trama, de modo que sabemos aquilo que precisamos para entender seu contexto presente, mas com Zafón isso não acontece. Ele nos mostra a história de cada personagem de maneira total e no momento certo para nos inteirarmos, nos apegarmos e sofrermos suas lutas e seus infortúnios, de forma que a empatia que sua narrativa, por vezes poética e por vezes crua, nos desperta é tal que submergimos no mundo daquele personagem e nos desprendemos do nosso próprio mundo.
Além disso, o universo apresentado é de tal verossimilhança, tal como suas personagens imperfeitas e impecavelmente construídas, que é muito fácil esquecer que os acontecimentos não são reais ou mesmo não imaginar todo o filme do que vamos lendo na nossa mente. A trama, costurada de maneira a nos deixar ávidos e cheios de adrenalina, mescla o drama e a tragédia de Shakespeare e Sêneca com elementos de aventura, ação, mistério e um toque de horror. Zafón nos cativa com uma história sobre amor, sacrifício, obsessão e ódio que nos leva a refletir sobre a brevidade da vida e o poder das nossas escolhas.
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