Ano: 2011
Autor: Janne Teller
Gênero: Ficção
Sinopse: Fortemente comparado a O Deus das Moscas, Nada é um livro bastante polêmico, chocante e que convida à reflexão.
Pierre Anton acha que nada vale a pena, a vida não tem sentido. Desde o momento em que nascemos, começamos a morrer. A vida não vale a pena! O rapaz deixa a sala de aula, sobe a uma ameixieira e lá fica. Os amigos tentam fazer de tudo para o tirar de lá, mas nada resulta. Decidem então pôr em prática um plano: fazer uma «pilha de significado».
Mas cada um começa a desafiar os outros para que faça sacrifícios cada vez mais sérios e à medida que as exigências se tornam mais radicais, tudo aquilo toma uma dimensão mórbida e os acontecimentos precipitam-se para um final arrasador. E se, depois de todos aqueles sacrifícios, a pilha continuar a não ser capaz de fazer descer Pierre Anton?
Eu ainda não sei o que posso dizer sobre esse livro. Terminei de lê-lo, mas há um turbilhão de emoções e pensamentos loucos dentro de mim. A história fala sobre um garoto entre os 12 ou 13 anos que. um dia, sai da escola porque ele descobriu que nada importa e que não vale a pena porque tudo é inútil já que o fim é o mesmo. Por aí você já tira que esse livro é niilismo puro e Pierre leva isso ao extremo, ele contorce as verdades das pessoas, desarma suas crenças e aniquila sua construção pessoal com algumas poucas palavras em um dia quente de volta às aulas. Mas Pierre faz muito mais que isso, ele planta uma ideia na cabeça daquela turma, uma ideia que vai levá-los a extremos que nós nem cogitamos pensar quando começamos a ler.
"Uma perda de tempo — gritou um dia. — Porque tudo só começa para acabar. Você começa a morrer no instante em que nasce. E isso vale para tudo."
Assim, ele apenas sobe no galho de uma ameixeira e fica contemplando o nada e gritando suas ideias niilistas. A turma de Pierre se sente confusa, chateada e a narradora, Agnes, apesar de se sentir dividida com relação ao que pensa, não expõe suas ideias por medo dos demais amigos. Até que, decididos, eles acordam que vão tirar Pierre daquela árvore, mas todas as suas tentativas são inúteis, ele rebate facilmente seus argumentos e só aumenta as confusões internas do grupo que decide como única saída encontrar um significado que refute a ideia de Pierre e, dessa forma, o derrote.
Dessa forma começa um tira tira daquilo que é mais importante para cada um e, nesse ponto, os sacrifícios vão tomando proporções assustadoras! Começa com um objeto de valor emocional e evolui para coisas que envolvem crimes absurdos como sacrilégio, mutilação, estupro, violação de túmulo entre outros. Conforme o livro avança a gente vai lendo aqueles absurdos sem conseguir conceber que é uma guria que, na época, tinha fucking 12 anos com mais um monte de adolescentes da mesma idade cometendo atrocidades dignas de um filme de terror.
Quanto mais a "pilha de significados" cresce, mais Agnes, a narradora, começa a se questionar se aquilo vai funcionar e mesmo sendo contrária a várias das atitudes de seus amigos, ela nunca tem coragem o bastante para se opor ao que a maioria decide.
"(...)por que todo mundo age como se aquilo que não é importante fosse muito importante enquanto estão ocupados fingindo que as coisas realmente importantes não são importantes?"
A gente vai vendo aquelas "crianças" fazendo e refazendo interpretações das palavras de Pierre, indo à loucura e a leitura vai se tornando mais e mais incômoda. Gente, esse povo comete crimes e saem impunes. Acho que a história se passa na Dinamarca, não sei qual é o tipo de lei que tem lá, mas te falar que foi bem complicado terminar esse livro sem um pouquinho de revolta. Eu decidi ler Nada depois de assistir alguns vídeos da Beatriz Palludeto em que ela fala quase sempre desse livro e, apesar de ser válida como uma experiência diferente de leitura (às vezes a gente precisa sair um pouco da zona de conforto, ler algo novo, variar) e um livro que abrange campos como ética, filosofia, interpretação de texto (sim) e causa e consequência, não acho que seja um livro pra todo mundo.
Nada foi um livro angustiante, pesado, denso, frenético e intenso, uma companhia bem inusitada e não muito amigável para um dia meio deprimente como costumo me sentir nos meus aniversários haha. Mas ainda assim, foi interessante.
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