Original: Romeo and Juliet
Autor: William Shakespeare
Primeira apresentação: 1597
Gênero: Tragédia
Adaptação de: A Trágica História de Romeu e Julieta
Sinopse: Romeu e Julieta é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra.
Não é, claro, de hoje que eu conheço Romeu e Julieta, acho que todo mundo no planeta pelo menos já ouviu falar dele. Passado meu "preconceito" de que era estranho ou difícil ler peças de teatro, após ler Hamlet — que já salientes aqui ser maravilhoso — por causa das minhas pesquisas para minha nova história, decidi ler Romeu e Julieta, já que tinha lido adaptações e releituras, mas nunca o texto original.
A história, presumo, vocês já sabem, mas vou fazer um apanhado assim mesmo caso alguém nunca tenha se interessado em ver nada a respeito (o que eu duvido, mas vai saber). A história segue Romeu Montequio, um bon vivant de Verona que está perdidamente apaixonado — de novo! — por um jovem que não pode ter. A bela Rosalina havia prometido se dedicar a vida religiosa e, além disso, era sobrinha do inimigo de sua família, os Capuleto. Enquanto está amargurado sob a janela de seu objeto de desejo, é abordado por seu primo Benvolio, que lhe diz sobre uma briga entre os servos das famílias.
Os dois acabam topando com um garoto em desespero que lhes pergunta se sabem ler e, assim, Romeu descobre que Rosalina vai estar em uma festa na casa de Capuleto aquela noite e decide juntar os amigos para participar, aquém de todo o perigo. Enquanto isso, o senhor Capuleto recebe do nobre Paris, parente do príncipe Escalo, uma proposta de casamento para sua filha Julieta, ao que, animado, manda sua esposa sondar a filha a respeito do enlace. A menina de 14 anos, porém, diz não pensar no assunto, mas promete tentar dar uma chance ao jovem apaixonado e considerar proposta.
Na noite do baile, contudo, ela é arrebatada por Romeu, sem fazer ideia que ele é filho do inimigo de seu pai. Os dois se apaixonam praticamente na hora e na mesma noite trocam juntas de amor eterno e planos de casamento. Para isso, pedem ajuda do confessor de Julieta e amigo de Romeu, Frei Lourenço, que diante da situação aceita traçar um plano para casar os dois, e de fato eles se casam. A coisa se complica quando o primo de Julieta mata o melhor amigo de Romeu e, no calor do momento, força Romeu a matá-lo condenando a ser banido de Verona sob pena de morte caso volte.
Desolada e se vendo prestes a ser forçada ao adultério, pois seu pai insiste em casá-la com Paris, Julieta e Romeu consumam o casamento confiando que encontrarão uma chance de fugir. Mas o plano de Frei Lourenço dá errado, Romeu acaba recebendo notícia da falsa morte de Julieta como se fosse verdadeira e vai até um boticário comprar um veneno potente, assim, no mausoléu dos Capuleto, ele tem um confronto com Paris, a quem acaba matando, e depois bebe o veneno ao lado de sua esposa.
Julieta, contudo, acorda da morte falsa e encontra o marido morto ao seu lado. Desesperada, ela pega a adaga dele e crava no próprio peito, morrendo em seguida. E assim acaba a história, com as famílias dando um fim ao conflito e prometendo erguer uma estátua de ouro do casal.
Já perdi a conta de quantas adaptações eu assisti dessa peça, por enquanto a única que me falta é a ópera. Vi a adaptação de 68, apesar de me lembrar muito pouco recordo que é até bem fiel à peça. O que não digo da adaptação de 96 com Leonardo Di Caprio, todas aquelas armas e cenas coloridas parecendo um faroeste moderno. Tem ainda a versão de 2013 com o Douglas Booth no elenco que, tirando aqui e ali uma licença poética, também se mostrou fiel à peça. Tem também um musical chamado West Side Story que recentemente recebeu um reboot, mas esse fez uma repaginada geral na história abordando o preconceito contra os latinos nos EUA e a briga entre gangues. E nem posso esquecer de Cartas para Julieta que, apesar de não focar realmente na trágica peça, indubitavelmente reúne alguns elementos adaptativos da obra, tal como o quase ridículo Cupido Trapalhão do Didi que é risível de tão mal atuado.
Já na literatura, li Julieta Imortal, de Stacey Jay tal como sua sequência Romeu Imortal, e Julieta de Anne Fortier recentemente resenhado por aqui pela segunda vez. (pelo menos que eu me lembre de livro foi só), devo dizer que ambas as versões são excelentes, mas a de Fortier foi a que mais gostei, pois ela não só fez uma versão completamente nova da história, mas trouxe elementos históricos factuais que contribuíram muito para a imersão na leitura.
O negócio é que eu tenho problema com essa peça antes mesmo de ler, verdade seja dita. Sempre achei o amor súbito dos dois muito superficial, se por um lado Romeu era um cabeça de vento que só se preocupava em cantar mulheres que não podia ter "pra ver se rola" Julieta era muito menos jovem inocente do que se fazia mostrar, além disso, aquele extravasar de sentimentos tumultuados quando eles sequer se conheciam de verdade, acho que Shakespeare matou os dois porque se eles conseguissem mesmo fugir o casamento ia ser um fracasso! Não encontrei verossimilhança nesse "amor" deles.
Novamente, isso é opinião MINHA.
Num cômputo geral, prefiro muito mais as adaptações literárias da peça, não lembro de ter gostado de nenhum dos filmes adaptados ou inspirados nela. Nem tracei perfil psicológico dos personagens porque não é da minha área. Pretendo, sim, ler outras peças de Shakespeare, mas de já posso dizer que essa não chega aos pés de Hamlet, embora tenha sim algumas passagens bonitas.
Algo interessante sobre a obra é que realmente existiu uma família Montequio em Verona no século XIII, se não me engano, e uma Capeletti creio que na mesma época, mas não achei nada concreto a respeito de uma possível rivalidade entre as duas. Sei que a casa hoje considerada museu da casa de Romeu realmente pertenceu à família Montequio na idade média. A inspiração de Shakespeare, todavia, foi um poema de Arthur Brooke que, por sua vez, se inspirou em textos anteriores contando praticamente a mesma história. Contudo, o intuito original de Romeu e Julieta era, na verdade, moralista, uma mensagem aos jovens para obedecer aos pais, do contrário teriam um fim trágico, algo que Shakespeare sabiamente ignorou.
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