Original: Juliet
Autor: Anne Fortier
Ano: 2010
Gêneros: Romance, Romance de amor, Ficção histórica
Sinopse: Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena, mas, desde que seus pais morreram, foram criadas nos Estados Unidos por sua tia-avó Rose. Quando Rose morre, deixa a casa para Janice. Para Julie restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente: seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei. A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar muito antigo e misterioso. Intrigada, Julie parte para Siena. Mas tudo o que a mãe deixou foram papéis velhos – um caderno com diversos esboços de uma única escultura, uma antiga edição de Romeu e Julieta e o velho diário de um famoso pintor italiano, Maestro Ambrogio. O diário conta uma história trágica: há mais de 600 anos, dois jovens amantes, Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti, morreram vítimas do ódio irreconciliável entre os Tolomei e os Salimbeni. Desde então, uma terrível maldição persegue as duas famílias. E, levando-se em conta sua linhagem e seu nome de batismo, Julie provavelmente é a próxima vítima. Tentando quebrar a maldição, ela começa a explorar a cidade. À medida que se aproxima da verdade, sua vida corre cada vez mais perigo. Repleto de romance, suspense e reviravoltas, Julieta nos leva a uma deliciosa viagem a duas Sienas: a de 1340 e a de hoje. É a história de uma lenda imortalizada por Shakespeare. Mas é também a história de uma mulher moderna que descobre suas origens, sua identidade e um sentimento devastador e completamente novo para ela: o amor.
Se você leu minha primeira resenha de Julieta (resenha 84 na lista de livros resenhados) deve lembrar que eu não gostei muito do livro quando o li a primeira vez sete anos atrás. Ali em meus 25 anos, a história soou chata, com uma protagonista tonta e descrições massantes que tornavam o livro cansativo. Pois bem, para escrever ROMEO - Teatro da Meia-Noite, minha mais nova história no wattpad, estou me "nutrindo" de tudo que posso a respeito do folclore asiático e de Romeu e Julieta, afinal, eles são o foco do plot de certa forma.
Comecei minhas pesquisas vendo alguns dramas (inclusive, ainda preciso rever alguns) e optei por pegar esse livro para ler de novo, já que fazia um bom tempo desde a primeira leitura e, anos depois, com um leque maior de livros (apesar de ter lido bem pouco esses últimos dois anos) consegui ter uma visão e experiência bem diferentes do meu primeiro contato com a obra. Mas vou começar falando da história.
Julie Jacobs é uma professora de literatura com incurável vício em Shakespeare, em especial a famosa tragédia de Romeu e Julieta. Enquanto dá aulas sobre a peça para uma turma de ensino médio em um acampamento do autor, o mordomo de sua tia, Umberto, vem com a notícia de que esta havia falecido, forçando Julie a voltar para casa depois de muitos anos vivendo quase como nômade. Mas não só isso, ela tampouco queria se reencontrar com sua irmã gêmea, Janice, com quem nunca teve um bom relacionamento.
Das posses deixadas, para Julie restou uma comprida carta com a promessa de um tesouro na Itália enquanto a casa e todo o dinheiro da tia ficou para Janice, algo que Julie não conseguiu entender, mas aceitou. O problema é que, por causa de Janice, ela não podia voltar à Itália por ter problemas com a polícia e para isso Umberto lhe dá um passaporte com seu verdadeiro nome, Giulietta Tolomei. A descoberta de sua nova identidade é tão surreal quanto a possibilidade de ter uma ligação com a personagem de Shakespeare.
No aeroporto, ela conhece uma rica mulher chamada Eva Maria Salimbeni que, curiosamente, fica muito feliz ao descobrir que ela é Giulietta Tolomei e parece saber muito sobre a família que Julie nunca conheceu. Ela faz arranjos para sentar ao lado de Julie no avião e as duas conversam muito, a mulher expressa o desejo que a garota conheça seu afilhado, Alessandro, com quem acredita que ela vai se dar muito bem. Contudo, contrariando suas expectativas, o rapaz é super desagradável com ela quando se encontram, embora haja nele algo que atraia Julie. Não fosse ainda pior, o homem é capitão da polícia sienense.
Temendo que ele pesquise sobre o seu passado - e tendo a certeza que ele vai fazer isso - Julie tenta se manter o mais longe possível dele enquanto tenta desvendar o enigma do seu passado que pode estar ligado a uma rivalidade centenária entre famílias sienenses arrastando-se até a atualidade. Além disso, a família rival dos Tolomei pode ter sido responsável pela morte dos seus pais. Em paralelo, Julie também descobre que Romeu e Julieta foi uma realidade bem diferente e até mesmo amena da sangrenta história real entre as famílias Tolomei e Salimbeni que ainda permanece mesmo séculos depois.
Quanto mais fundo vai na investigação do passado que culminou a morte de seus pais e na história verdadeira de Romeu e Julieta, Julie se vê numa teia de conflitos e interesses que se mostra mais intrincada — e mortal — do que ela imaginou. Agora, se quiser sobreviver, ela vai ter de unir forças com sua irmã Janice para desvendar a verdade da sua vida e ter a chance de sair viva da história sem final feliz.
Como é bom reler livros. Por mais que você lembre da história, é sempre como se você estivesse lendo pela primeira vez e com esse não foi diferente. Talvez a primeira vez que o li não fosse o momento certo dele para mim já que a leitura agora não só foi muito mais empolgante e imersiva, simplesmente me apaixonei pela história. A maneira como ela reinventou Romeu e Julieta de uma forma plausível e, sobretudo, verossímil, foi deliciosa de ler. Claro que se manteve aquele amor a primeira vista meio sem sentido, mas pelo menos teve alguma espécie de fundamento que sustentou nossa crença naquele sentimento.
Ainda achei Julie muito chata. Mas simplesmente cai de amores com a crueza e a veracidade com que ela retratou o passado, sem a maquiagem que geralmente a idade média recebe. Já na atualidade, a trajetória de Julie é mais uma mistura de investigação sherlockiana com a tumba perdida. Dessa vez eu pude ter uma visão melhor da trajetória e evolução da personagem, ainda que continue não gostando dela (não tem como, gente, ela é muito besta) entendi o contexto em torno dela e sua situação. Isso tornou algumas atitudes dela muito mais coerentes.
Quanto as descrições, em determinados momentos realmente ajudavam na imersão, ainda assim senti que bo parte delas, especialmente quando eram muito longas, deixavam a história um pouco arrastada, contudo em nada diminuindo brilho e o fôlego da narrativa. Plot twists maravilhosos e pontuais que deixam a gente de cara, mistérios bem construídos e sombrios, quebra-cabeças dignos de uma boa história de suspense, enfim, a receita perfeita de um livro apaixonante. Mesmo o romance é gradual e construído de maneira que a gente se pegue torcendo por eles mesmo que não seja fã da protagonista. Alessandro, por sua vez, foge do estereótipo de herói romântico sendo construído como um homem intenso e apaixonado na medida certa para sua natureza ponderada e estrategista.
Julieta é o tipo de leitura que leva a gente para outro mundo, tirando nossa mente da realidade e nos transportando direto para um mundo medieval de ódio e disputas que atravessam o tempo. Eu não diria ser uma leitura obrigatória, mas acredito ser indispensável para os bons amantes de romance romance ficção histórica. No começo pode ser meio lento, mas persistam na leitura que vai ser uma experiência incrível.
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